07 de julho de 2011
Continuamos ainda no discurso de Jesus sobre a missão (Mt 9,36-11,1). Na passagem do evangelho de hoje Jesus dá algumas instruções para seus discípulos na tarefa de proclamar a Boa Nova .
“Proclamai que o reino de Deus está próximo ”. Muitas vezes se busca Deus demasiadamente longe . De fato ele está próximo de nós . O Deus que Jesus revela é um Deus próximo , um Deus amoroso . Por isso , jamais eu estou sozinho , inclusive quando me sinto abandonado ou solitário . Para poder proclamar aos demais sobre a bondade , a proximidade da presença de Deus , o cristão-missionário há que ter feito a experiência do Deus próximo em si mesmo pessoalmente .
“Curai os doentes , ressuscitai os mortos , purificai os leprosos , expulsai os demônios ”. Jesus já tinha feito tudo isso : Ele curou os enfermos (Mt 8,5-15); purificou os leprosos (Mt 8,2-4); ressuscitou os mortos (Mt 9,23-25); expulsou os demônios (Mt 8,28-34). O cristão-missionário é aquele que distribui benefícios , aquele que faz o irmão crescer e viver a vida dignamente , aquele que leva a paz . A partir disso, é bom cada um se perguntar : “Qual será minha maneira de ajudar , de servir , de distribuis benefícios para os outros irmãos ?”.
Jesus pede aos discípulos para que vivam despojados: não levar nem ouro , nem prata , nem sandálias , nem bastão . Estas exigências parecem estar tomadas das normas estabelecidas para participar do culto a Deus no templo : “que ninguém entre no templo com bastão , sapatos nem com a bolsa de dinheiro ”. Partindo desta norma judaica se diria simplesmente que os discípulos , na realização de sua tarefa evangelizadora devem fazer a mesma coisa diante de Deus e devem viver como estando na presença de Deus , sabendo que o êxito da missão depende de Deus . Diríamos que os discípulos devem partir desarmados e despojados para enfatizar que a obra é de Deus e não de um ser humano . Este estilo é chamado de “pobreza evangélica ” que não se apóia nos meios materiais e sim na ajuda de Deus e na força de Sua palavra . Nós devemos confiar mais na força de Deus do que em nossas qualidades ou meios técnicos . O homem que se deixa conquistar pelo despojamento, deixa de estar alienado ou agarrado a qualquer coisa . O despojamento se torna um encontro libertador consigo próprio . ”Não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és”, dizia Santo Agostinho (Serm. 23,3).
“Recebestes de graça , de graça dai!”. Além de ter uma vida despojada, o cristão deve ser generoso e viver na gratuidade. O cristão-missionário deve atuar com desinteresse econômico , não buscando seu próprio proveito . Todos sabem que quanto mais se tem, mais se quer . A felicidade ficará cada vez mais distante quando o ser humano começar a criar mais necessidades . Aquele que sabe reduzir ao mínimo suas necessidades encontra uma alegria e uma liberdade maior . Possuído ou dominado pelas coisas o homem perde sua liberdade . “Onde só o amor serve e não a necessidade , a escravidão se torna liberdade ” (Santo Agostinho. In ps. 99,8).
“Entrando numa casa , saudai-a: Paz a esta casa . Se aquela casa for digna , descerá sobre ela vossa paz ; se, porém , não o for, vosso voto de paz retornará a vós ”. O cristão deve propor a Boa Nova e não se pode impor : os homens ficam livres . A tarefa do cristão-missionário é oferecer a paz e a alegria . Dar alento . O cristão deve saber que o trabalho não é forçar de qualquer maneira , nem Jesus fez isso . A tarefa do cristão-missionário é formular a proposta clara e convincente e logo deixa para a liberdade do homem .
A missão está marcada pela constante ameaça dos anti-valores da sociedade e pela oposição dos filhos das trevas . Estes são verdadeiros lobos que sacrificam seus irmãos para obter benefícios pessoais . Os evangelizadores não podem ser ingênuos diante deles. Os cristãos devem manter sua simplicidade , mas acompanhada pela prudência para agir sabiamente e eficazmente : “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos . Sede , pois , prudentes como as serpentes , mas simples como as pombas”.
Vitus Gustama, SVD
Nenhum comentário:
Postar um comentário