CREIO NO DEUS QUE ME DÁ O VIGOR DE EXISTIR DIARIAMENTE
Quarta-feira, 07 de Dezembro de 2011
Texto de Leitura: Mt 11, 28-30 (Is 40, 25-31)
***********************************
*******************************************
Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
**********************************
“O Senhor é o Deus eterno que criou os confins da terra; ele não falha nem se cansa, insondável é sua sabedoria; ele dá coragem ao desvalido e aumenta o vigor do mais fraco” (Is 40,28-29), são palavras do profeta Deutro-Isaías para seus companheiros no exílio de Babilônia.
Este grande Deus é um Deus surpreendente. Ele se preocupa com cada um de nós, especialmente com os pequenos, os débeis, os cansados e os desesperados. Isto quer nos dizer que o Deus grande e transcendente, Criador das estrelas e do cosmos é também o Deus próximo, o Emanuel que comunica sua força aos que se abrem a Ele, aos que põem nele sua confiança. Este Deus próximo devolve cada manhã a cada homem o vigor de existir, de empreender, de começar de novo, e de vencer sempre o desespero e desesperança: “Cansam-se as crianças e param, os jovens tropeçam e caem, mas os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar” (Is 40,30-31). Para isto, o único requisito é a fé que é o reconhecimento do próprio desamparo e a aceitação do poder salvador de Deus.
Diante deste Deus tão próximo ninguém tem mais razão para se desesperar, ninguém tem mais desculpa para dizer que está só. Ao contrário devemos ouvir no silêncio seu suave convite: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11,28).
Trata-se aqui da opressão moral e religiosa, provocada pelo formalismo de uma religião estéril e de um moralismo legalista. Os “cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos” aqui são os pobres e famintos, ignorantes e pequeninos, os míseros/miseráveis e os doentes. O legalismo é sufocante, é uma moral sem alegria. Assim, a religião fica longe de ser motivo de liberdade e alegria, pois ela é reduzida a uma carga pesada. O ser humano se torna animal, pois a quem se impõe “jugo” e “carga”, senão aos animais?
Pelo contrário, o cristianismo e a moral cristã não são uma imposição. A lei de Cristo é amor (Jo 13,34-35; 15,12), libertação, é lei de liberdade, lei do Espírito que dá vida, lei de relação filial com Deus, Pai Nosso, e amigo da vida. Ao lado de Jesus Cristo, todas as fadigas se tornam amáveis e tudo o que poderia ser mais custoso no cumprimento da vontade de Deus se suaviza. Quem se aproxima de Jesus, encontrará repouso para suas aflições. Jesus veio, certamente, para libertar o ser humano de todo tipo de escravidão, mostrando-se manso e humilde de coração e recusando-se a multiplicar normas religiosas. Jesus reduziu tudo ao essencial: amor e misericórdia. A religião torna-se, assim, prazerosa por respeitar a liberdade e por ser humanizadora.
Para tudo isso se tornar possível, há uma chave principal: o amor, tanto como um dom recebido de Deus, pois ele nos amou primeiro (1Jo 4,19), como uma responsabilidade, a exemplo de Jesus Cristo que se dá a si mesmo a Deus e aos irmãos (Jo 15,12-14; cf. Jo 13,1). Quem ama não sente a lei de Cristo como uma obrigação pesada. Pela experiência sabemos que quando se ama de verdade muitas coisas se tornam fáceis e suportáveis que seriam difíceis e até insuportáveis sem o amor.
Ir para Jesus é descarregar o fardo aos seus pés, olhá-lo nos olhos, renunciando às nossas pequenas idéias sobre a questão e preferindo seu pensamento ao nosso.
A pessoa fatigada encontra em Jesus a força necessária para continuar o caminho porque Ele cura todos os males e enfermidades, perdoa todas as culpas, sobretudo, cumula de graça e de ternura, como diz o Salmo 103 (102),3-5: “É Deus quem perdoa todas as tuas faltas, e cura todos os teus males. É Ele quem redime tua vida da cova e te coroa de amor e compaixão. É Ele que renova tua juventude”. As palavras de Jesus são uma proclamação da esperança. Dar esperança é o aspecto principal da figura de Jesus. Esta imagem acolhedora de Cristo deve ou deveria ser também a imagem que cada cristão ofereceria a todos.
“...aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração...”(v.29). O humilde é aquele que tem noção da própria capacidade e da própria fraqueza e está aberto totalmente a Deus; e o manso é a pessoa boa nas relações com os outros. Jesus se proclama o Mestre “manso e humilde de coração”, pois ele é totalmente aberto a Deus e extremamente bom para com os outros a ponto de compartilhar de sua existência. Por isso, a palavra “mansidão” é fruto do Espírito (Gl 5,23) e é sinal da presença da sabedoria do alto (Tg 3,13.17).
Todos nós sabemos como é fácil combater a ira com a ira, a cólera com a cólera, a raiva com a raiva. A mansidão, pelo contrário, rompe esse círculo vicioso, cumprindo aquilo que é justo diante de Deus. A mansidão é a força que resiste e domina a ira. A mansidão é a virtude que modera a ira e conserva a caridade. Quem a possui, é amável, prestativo e paciente. Até os pecadores mais endurecidos não resistem diante de quem tem a virtude de mansidão. A um coração manso e humilde como o de Cristo, os homens se abrem. Por isso, a mansidão não é característica dos fracos; pelo contrário, ela exige uma grande fortaleza de espírito. Aquele que é dócil a Deus, é manso para com os outros. A mansidão é a arma dos fortes. Da falta dessa virtude provém as explosões de mau humor, irritação, frieza, impaciência, violência e ódio entre as pessoas que vão corroendo gradativamente amor.
Portanto, as leituras deste dia nos convidam a não duvidarmos de Deus, porque o nosso Deus está próximo de nós e conhece nossa debilidade. Sabendo de nossa fragilidade e debilidade, Deus se oferece como força, pois sem Ele nada podemos fazer (cf. Jo 15,5b). Ao mesmo tempo somos convidados a ser pessoas que acolham e que diante da dor ou da busca das pessoas não respondamos com legalismo e exigências e sim com compreensão. Nos tempos atuais, talvez mais do que nunca, existe vazio de Deus, e pouca unidade e harmonia na própria existência.
P. Vitus Gustama,svd
Um comentário:
Parabens pelo seu blog Padre Vetus.
Que todas as pessoas possam encontrar Aquele que é capaz a prencher os corações vazios.
Que com as suas reflexões ajudem as pessoas a encontrar um rumo certo que leva a felicidade eterna...
Desejo lhe uma boa missão
Postar um comentário