As leituras : 1Samuel 1,24-28; Lc 1,46-56
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Naquele tempo , 46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor , 47e o meu espírito se alegra em Deus , meu Salvador , 48porque olhou para a humildade de sua serva . Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada , 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor . O seu nome é santo , 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração , a todos os que o temem. 51Ele mostrou a força de seu braço : dispersou os soberbos de coração . 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes . 53Encheu de bens os famintos , e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo , lembrando-se de sua misericórdia , 55conforme prometera aos nossos pais , em favor de Abraão e de sua descendência , para sempre ”. 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa .
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As leituras deste dia nos propõem um paralelo entre o cântico de Ana e o de Maria. As duas mulheres , a do Antigo Testamento e a do Novo Testamento , reconhecem a intervenção de Deus em suas vidas e louvam a Deus por isso .
No cântico de Ana se inspira o Magnificat de Lucas, fragmento que lemos hoje . Esta resposta de Maria à saudação de Isabel, sua prima , que conhecemos tradicionalmente com o nome de Magnificat, é uma oração de ação de graças composta de citações do Antigo Testamento . Depois de escutar os louvores de sua prima , Maria entoa um cântico de admiração , alegria e gratuidade a Deus , o Magnificat, que a Igreja tem cantado ou rezado de geração em geração . “Magnificat” (= engrandece) é, na verdade , a primeira palavra latina da tradução do texto na versão latina : “Magnificat anima mea, Dominum”. No canto , as expressões "minha alma " e "meu espírito " são sinônimas e equivalem a "eu ". É o "eu " de Maria, não simplesmente psicológico , mas ontológico e espiritual . O Magnificat de Maria é uma das mais belas orações do Novo Testamento com múltiplas reminiscências do Antigo Testamento ( cf. 1Sm 2,1-11; Sl 110,9; 102,17; 88,11;106,9; Is 41,8-9).
No Magnificat, Maria aparece consciente de sua grandeza , mas , como humilde Serva do Senhor , transfere-a para Deus , reconhecendo, pois , sua pequenez , e dobrando-se diante do mistério do Deus sempre eterno e misericordioso. Maria sabe relacionar sua maternidade divina e messiânica com as promessas antigas, feitas a Abraão e à sua descendência , ligando, assim , o favor de Deus operante nela ao cumprimento de tais promessas . Maria se deixou ver por Deus , deixou-se amar por Deus com total transparência .
Nas palavras do Magnificat, a ordem dos valores do mundo sofre uma alteração radical , e aqui numa ressonância também política , econômica e social , pois os pobres e humildes são exaltados; os soberbos , derrubados de seus tronos ; os ricos , opulentos e insensíveis , são despedidos de mãos vazias.
O canto ou a oração que o evangelista Lucas põe tão acertadamente nos lábios de Maria e provavelmente provinha da reflexão teológica e orante da primeira comunidade é um magnífico resumo da atitude religiosa de Israel na espera messiânica e é também a melhor expressão da fé cristã diante da história da salvação que chegou à sua plenitude com a chegada do Messias , Salvador e Libertador da humanidade . Jesus, com sua clara opção preferencial pelos pobres e humildes , pelos oprimidos e marginalizados, pelos abandonados e excluídos, pelos doente e pecadores , é o melhor desenvolvimento prático do que é dito no Magnificat.
Maria louva a Deus pelo Natal de seu Filho , nosso Salvador , Jesus Cristo . O Magnificat de Maria é o melhor resumo da fé de Abraão e de todos os justos do Antigo Testamento . É um canto dos humildes de todos os tempos , de todos os que necessitam da libertação de suas várias opressões que a vida ou os outros impõem. Através de Maria Deus distante se torna Deus-Conosco para que vivamos o Natal com convicção de que Deus está presente e atua em nossa história por difícil que ela pareça ser . Se soubermos apreciar o Deus-Conosco, crescerão a paz interior e a atitude de esperança em nós . Ana nos ensina que com Deus não há nada que seja perdido. Só o tempo vai comprovar tudo isso . Mas o tempo de Deus é o tempo certo para nossa salvação.
P. Vitus Gustama,svd
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