JOÃO BATISTA É UMA FIGURA QUE NOS INTERPELA
Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2011
Texto de Leitura: Lc 7,24-30
24Depois que os mensageiros de João partiram, Jesus começou a falar sobre João às multidões: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 25Que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que se vestem com roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. 26Então, que fostes ver? Um profeta? Eu vos afirmo que sim, e alguém que é mais do que um profeta. 27É de João que está escrito: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o meu caminho diante de ti’. 28Eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele. 29Todo o povo ouviu e até mesmo os cobradores de impostos reconheceram a justiça de Deus, e receberam o batismo de João. 30Mas os fariseus e os mestres da Lei, rejeitando o batismo de João, tornaram inútil para si mesmos o projeto de Deus”. (Lc 7,24-30)
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Uma das figuras mais marcantes no tempo de Advento é João Batista. João Batista não é somente um profeta e sim aquele que abriu o caminho para Jesus Cristo. João Batista é o autentico profeta que busca Deus no deserto (longe da influância mundana), na penitencia, com fé firme, sem vacilação e fica longe de qualquer compromisso com o mundo de poder (Lc 7,24-25). Jesus indica João Batista como o mensageiro prometido pelo profeta Malaquias: “Eis que vou enviar o meu mensageiro para que prepare um caminho diante de mim” (Ml 3,1). João Batista é aquele que abre o caminho para o Messias, é aquele que assinala uma etapa radicalmente nova da história da salvação, é aquele que chama à conversão.
Por isso, Jesus elogia João Batista com estas palavras: “Eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele”. João Batista é maior porque sabe seu lugar e reconhece o lugar do outro; sabe seu papel e reconhece o papel do outro, mesmo que seja maior do que seu papel. Ele sabe ceder lugar para o novo, para aquele que traz a verdadeira salvação e não se sente diminuído por causa disso (cf. Jo 3,30). A grandeza de João Batista consiste na confissão de sua própria pequenez e humildade e no reconhecimento da grandeza de Jesus Cristo: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). “Chegamos mais perto da grandeza quando somos grandes na humildade" (Rabindranath Tagore).
Mas o elogia sobre João Batista é ao mesmo tempo uma séria reprovação para aqueles que se acham justos e por isso, acham que não necessitam de conversão. “Mas os fariseus e os mestres da Lei, rejeitando o batismo de João, tornaram inútil para si mesmos o projeto de Deus” (Lc 7,30). Esta sentença é bastante séria. Ela é dirigida para todos os homens de religião que presumindo de justos, não acolheram a pregação de João Batista nem seu batismo de purificação. Segundo Jesus, estes frustraram, com seu comportamento, o próprio desígnio salvífico de Deus para com eles e por isso, ficaram privados da salvação.
“Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Mas os que vestem roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. Mas, enfim, que fostes ver? Um profeta?”
Com estas perguntas, Jesus diretamente vai para as motivações profundas. Ele quer que as pessoas tomem consciência do sentido de seus gestos ou de seus atos. Jesus quer, na verdade, fazer a seguinte pergunta: “Com seus atos, o que você quer edificar para sua vida e para a vida das pessoas ao seu redor? Que sentido você dá para tal atitude?”. Jesus não estima qualquer debilidade de caráter.
Para Jesus, João Batista é um homem íntegro que põe sua vida para o serviço da causa de Deus. Ele não é movido pelo interesse mesquinho nem atraído pela vanglória. Ao contrário, ele desperta muitos corações sobre a necessidade de voltar para Deus para o próprio bem e o bem dos demais. João Batista é consciente de sua missão, por isso ele não é movido por qualquer outra coisa a não ser a vontade de Deus.
Em nossa sociedade, os moldes que nos fazem sentir grandes têm a ver com a posição social, com o nível econômico, com a preparação intelectual, com a filiação política, com o grau de poder que manjemos em nossas estruturas. Para o seguidor de Jesus Cristo, nenhum destes critérios conta. O único critério é a disponibilidade para o serviço dos pequenos, dos débeis. É o caminho que Jesus percorreu. Este foi sua práxis. Como diz a Carta de São Paulo aos Filipenses: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Flp 2,6-11).
A figura de João Batista nos interpela, pois, segundo o próprio Cristo. João Batista é o modelo de um seguidor fiel aos planos de Deus. E o plano de Deus não tem outro objetivo a não ser para salvar a humanidade de uma vida sem sentido. João Batista não busca a si mesmo, não sente nenhuma vaidade nem inveja pelo êxito de Jesus entre seus discípulos. Ao contrário ele afirma: “Que Jesus cresça e eu diminua”.
Será que, no nosso trabalho apostólico buscamos a nós mesmos ou o bem para todos? Com nossos atos e pensamentos, o que queremos edificar para nossa vida e para a vida das pessoas ao nosso redor? Que sentido nós damos para tais atitudes? Chegou o momento para vivermos mais conscientes sem movidos pelos impulsos nem interesses mesquinhos, pois Deus quer nos salvar e quer nossa alegria pura e não uma alegria artificial cuja duração é a duração da coisa que está sendo desfrutada.
P.Vitus Gustama,svd
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