DEUS NOS AMA E CREMOS
NO SEU AMOR ETERNO POR NÓS
Quinta-feira da XXXI
Semana Comum
07 de Novembro de 2013
Texto de Leitura: Lc 15, 1-10
Naquele tempo, 1 os publicanos e
pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. 2 Os fariseus, porém, e os
mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição
com eles”. 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4 “Se um de vós tem cem
ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás
daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5 Quando a encontra, coloca-a nos
ombros com alegria, 6 e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos
comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ 7 Eu vos digo: Assim
haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por
noventa e nove justos que não precisam de conversão. 8 E se uma mulher tem dez
moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura
cuidadosamente, até encontrá-la? 9 Quando a encontra, reúne as amigas e
vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10 Por
isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que
se converte”.
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Estamos acompanhando Jesus no seu
caminho para Jerusalém escutando suas últimas e importantes lições para todos nós,
seus seguidores (Lc 9,51-19,28). Na passagem do evangelho de hoje Jesus nos
revela o amor sem limite de Deus para todos nós, o amor misericordioso. Quando tivermos
consciência dessa verdade, viveremos na alegria permanente, e no constante ação
de graças, pois saberemos que há Alguém que nos envolve e nos ama de todos os
lados: nosso Pai do céu.
Com a passagem do evangelho de
hoje, começam aqui as três parábolas chamadas de as parábolas da misericórdia:
a parábola da ovelha perdida (Lc 15, 3-7); a da moeda de prata perdida (Lc
15,8-10); e a parábola do pai misericordioso, ou conhecida como a parábola do
filho pródigo (Lc 15,11-32). Ao contar estas parábolas Lucas procede do menos
precioso (ovelha e moeda de prata) ao mais precioso (ser humano). Nestas três
parábolas Jesus nos mostra, como uma característica do coração de seu Pai, a
predileção com que seu amor se inclina até os mais necessitados, contrastando
com a mesquinhez humana que busca sempre os triunfadores.
O que admirável na parábola da
ovelha reencontrada é a medida drástica que o pastor toma para buscar uma
ovelha perdida. Ele deixa noventa e nove ovelhas para que a perdida possa ser
trazida de volta ao aprisco. A ovelha não se desgarrou (cf. Mt 18,12), mas “se
perdeu”, e o pastor toma a iniciativa de encontrá-la. Essa é a condição do
pecador antes da conversão, e a resposta de Deus é buscar o perdido. Um cardeal
escreveu que Deus não sabe matemática, pois deixa 99 ovelhas para buscar uma ovelha
perdida. Isto nos mostra que cada um tem seu próprio valor diante de Deus. Outro
aspecto que Lucas sublinha também é o tom de alegria que acompanha essa
bem-sucedida conversão. Para Lucas, o resultado da verdadeira conversão é a
experiência de estar perdido, depois encontrado, que leva à alegria sem
limites.
A segunda parábola é a da moeda
reencontrada, desta vez usando uma mulher como personagem central. É uma
parábola paralela do mesmo motivo. A mulher pobre faz tudo para encontrar a
moeda perdida. ”Acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até
encontrá-la” (Lc 15,8). Os verbos mostram o esforço incansável para recuperar a
moeda perdida. Com essa solicitude, com essa impaciência amorosa, com esse
carinho Deus se comporta como pai paciente e misericordioso que busca todos os
meios para encontrar e salvar os perdidos.
O tema de perdido e reencontrado
culmina na parábola do Pai misericordioso ou na do filho reencontrado (filho
pródigo). Na parábola do Pai misericordioso, não se trata mais de um animal,
ainda que de estimação, como uma ovelha, nem de um objeto, mesmo precioso como
uma moeda de prata, mas de um ser humano amado por Deus, por ser Seu filho
ainda que seja um filho transviado. Cada um de nós é precioso nos olhos de Deus
e ninguém escapa do olhar misericordioso de Deus. “Veja, Eu tatuei você na
palma da Minha mão: suas muralhas estão sempre diante de mim “(Is 49,16). Basta
que um de nós esteja perdido para que seja objeto da preocupação de Deus.
Por isso, Lucas 15 é o coração do
Evangelho de Lucas. É quase um “evangelho“ dentro do Evangelho. Neste capitulo
Jesus fala de sua doutrina sobre a Divina Misericórdia e a alegria de Deus por
ter reencontrado o que estava perdido. Estes dois temas, misericórdia e
alegria, são características da obra de Lucas. Por isso, sem dúvida nenhuma “a
face mais bonita do Amor de Deus é a Misericórdia” (João Paulo II).
Para falar desse tema Jesus começou
com esta frase, na parábola sobre a ovelha perdida: “Quem de vós que,
tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto
e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?” (Lc 15,4).
A aritmética ou a matemática de
Deus é diferente de nossa. Por isso, a matemática de Deus não é nossa. O número
e a quantidade nos impressionam sempre. Para nós “um” não é igual a “noventa e
nove”, pois o nosso critério é a quantidade. Para Deus “um” é igual a “noventa
e nove”, pois o critério de Deus é baseado ao valor de cada um. Cada homem tem
um valor inestimável para Deus. É o mistério do respeito que Deus tem para cada
um de nós. Cada um de nós é amado por Deus com um amor “pessoal”,
“individualizado”. Deus ama cada um na sua individualidade. Sou amado por Deus
independentemente da minha situação atual ou do meu passado. Ele me ama por
aquilo que sou. E esse amor me potencia para melhorar minha vida e minha
convivência.
“O pastor vai em busca da ovelha
que se perdeu, até encontrá-la?”. É precisamente aquela que se
escapou, se perdeu. É para aquela ovelha perdida que o pensamento do pastor é
dirigido. É assim nosso Deus! Um Deus que continua pensando nos que O
abandonaram, um Deus que ama os que não O amam, um Deus que anda em busca de
seus filhos perdidos e desaparecidos de Sua presença. É a ovelha que causa
preocupação para Deus. Esta ovelha talvez seja eu, talvez seja você, porque
podemos estar ausentes na presença de Deus, podemos comer diante de Deus e não
com Deus (cf. Lc 13, 26-27).
“E depois de encontrá-la, o
pastor a põe nos ombros, cheio de júbilo” (Lc 15,5). É um homem, um pastor feliz, sorridente,
exultante e muito contente. É assim que Deus é apresentado para nós. Deus é um
Ser que se alegra, e de Sua alegria faz partícipes os demais. A alegria de Deus
é encontrar novamente os filhos que estavam perdidos. Um só que se converteu
passa a ter uma importância desmesurada diante dos olhos de Deus. Onde há
experiência da graça de Deus (grego: “cháris”) sempre há alegria (grego:
“chára”). Somente quando experimentamos que Deus é alegre e que nos contagia
sua alegria é que poderemos renunciar a tudo sem sentir que nossa vida fique
vazia. Nada é possível sem um coração alegre. A alegria é fonte de heroísmo. O
esforço sem alegria gera ressentimento, pois não tolera os erros, como se
comportam os fariseus criticados por Jesus.
Este evangelho nos faz sentirmos
gozo, sobretudo esperança. Quem de nós que, alguma vez, não se sentiu como a
ovelha perdida? Não só pelo pecado. Há tantos conflitos e problemas na vida.
Todos nós conhecemos dias amargos na vida. Mas nossa vida tem sentido porque
Deus cuida de nós, nos ama, se alegra com nossas alegrias e nos consola nas
nossas tristezas. Além disso, precisamos estar conscientes de que onde
estivermos, para onde formos, em que situação nos encontrarmos, Deus continua
nos amando do mesmo jeito, pois para Ele
cada um tem nome (cf. Is 43,1) e nosso nome está tatuado na palma das mãos
de Deus (cf. Is 4916). Quando tivermos essa consciência, aconteça o que
acontecer, Deus é nosso Pai que nos ama eternamente (cf. Jr 31,3). Como é bom
saber que nós somos amados de Deus e por Deus. Essa consciência nos leva a
vivermos nossa vida com força total e com carinho. Sabemos que Deus nos ama e
cremos no seu amor.
P. Vitus Gustama,svd
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