RENUNCIAR POR AMOR
Quarta-feira da XXXI
Semana Comum
06 de Novembro de 2013
Textos: Lc 14, 25-33
Naquele tempo, 25 grandes multidões
acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26 “Se alguém vem a mim, mas
não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e
suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 Quem não carrega sua cruz e não
caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. 28 Com efeito: qual de vós,
querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para
ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário,
29 ele vai lançar o
alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a
caçoar, dizendo: 30 ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de
acabar!’ 31 Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear com
outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá
enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32 Se ele vê que não pode,
enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as
condições de paz. 33 Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não
renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
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A moral cristã é uma moral simples
que tem seu grande ponto de referência no amor ao próximo: “Não fique
devendo a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está
cumprindo a Lei. O amor é o cumprimento perfeito da Lei”, diz São Paulo aos
romanos (Rm 13,8.10). Todos os preceitos da ética cristã ficam profundamente
condicionados pelo preceito do amor ao próximo. Por isso, uma falta contra
qualquer dos preceitos se descobre como uma falta contra a lei do amor. Todas
as injustiças são conseqüências da falta de amor. Para os justos, os bons, os
honestos, os que têm amor no coração não necessitariam de nenhuma lei.
Amar, não tem término. Há que
avançar sempre no amor para alcançar o Deus de amor (1Jo 4,8.16). Amor é um
grande desafio de cada dia, pois ele é essencial para os seres humanos e sua
convivência diária a fim de chegar à sua plenitude. Por ser essencial, tudo
deve partir dele e nele tudo deve terminar. Quando cumprirmos as leis civis,
diremos que estamos dentro da lei. Mas o amor é uma “chamada” dirigida a todos
para que o ser humano seja mais humano a fim de ser mais divino.
A partir do amor podemos entender o
seguimento renunciante de Jesus, que nos recorda a passagem do evangelho lida
neste dia. Jesus, para levar até o fim Sua missão salvadora da humanidade,
renunciou a tudo, inclusive, a sua vida. Por isso, foi constituído Senhor e
Salvador de todos. E nos diz que também nós devemos saber carregar a cruz de
cada dia para fazer o bem como Ele e com Ele.
A fé em Cristo abarca toda nossa
vida. Por isso, para ser um verdadeiro cristão é preciso aprender a renunciar a
muita coisa na vida. Renunciar não é um ato negativo e sim uma opção por aquilo
que é superior na escala de valores. Cada renúncia supõe o amor. Se cada
renúncia não se complementar por, com e no amor, a renúncia poderá se converter
em anti-entrega. Somente o amor é que transforma qualquer renúncia em doação
gratificante.
A adesão a Jesus leva cada pessoa ou
cada cristão a um comportamento novo diante de todas as coisas e diante de
todas as pessoas, inclusive diante das pessoas que tem uma ligação afetiva.
Para ser seus discípulos, Jesus não
nos pede que cumpramos as regras, ou que sejamos bons. Tudo isso é necessário.
Jesus nos pede que sejamos absolutamente disponíveis. Ser discípulo de Jesus
não é somente ser bom, pois todos têm que sê-lo independentemente de ser ou de
não ser cristão. Ser discípulo de Jesus é ser diferente, por ser disponível e
pronto para renunciar a tudo pelo valor superior. Ser cristão é sério e
difícil. Por isso, muitos caminham com Jesus, mas poucos chegam a ser
discípulos.
Carreguemos nossa cruz de cada dia,
sendo fieis à missão que o Senhor nos confiou de anunciar Seu Evangelho. Sejamos
um Evangelho encarnado do amor de Deus para os demais. Passemos a vida, como
Cristo, fazendo o bem a todos (cf. At 10,38). Somente edificaremos a Igreja
sobre a Pedra angular que é Cristo, se renunciarmos a nossos egoísmos, a nossas
injustiças, a nossas paixões ordenadas, a nossas inclinações desenfreadas aos
bens materiais ou ao poder. Cristo nos quer livres de toda carga de maldade, de
toda injustiça e de todo sinal de morte.
Nesta Eucaristia ou celebração, o
Senhor nos manifesta quanto nos ama, dando sua vida por nós todos, e
fazendo-nos participes da Vida que Ele recebeu do Deus Pai. Em seu amor por
nós, Jesus carregou sobre si nossos pecados para nos redimir. Por isso, ele se
converteu para nós no Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Entremos em
comunhão de vida com Ele e estejamos dispostos a ir atrás de suas pecadas,
carregando nossa cruz de cada dia. Carreguemos nossa cruz de cada dia, sendo
fieis à missão que o Senhor nos confiou de anunciar seu Evangelho de salvação.
Sejamos um evangelho encarnado do amor de Deus para os demais. Vivamos fazendo
o bem para todos.
Que Deus nos conceda a graça de
viver com lealdade nossa fé em Jesus Cristo para que, sendo luz em meio das
trevas do mundo, colaboremos para que todos encontrem o caminho que leva a Cristo
que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6), Luz das nações e salvação para
todos os homens.
P.Vitus Gustama, SVD
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