É
PRECISO TER FÉ FIRME EM DEUS EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA
Sábado Da
XVIII Semana Comum
09 de Agosto de 2014
Evangelho: Mt
17,14-20
Naquele tempo, 14 chegando
Jesus e seus discípulos junto da multidão, um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se
e disse: 15 “Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e sofre
ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. 16 Levei-o aos teus
discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo!” 17 Jesus respondeu: “Ó gente sem
fé e perversa! Até quando deverei ficar convosco? Até quando vos suportarei? Trazei
aqui o menino”. 18 Então Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele. Na mesma hora, o
menino ficou curado. 19 Então, os discípulos aproximaram-se de Jesus e lhe
perguntaram em particular: “Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?” 20
Jesus respondeu: “Porque a vossa fé é demasiado pequena. Em verdade vos digo, se
vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai
daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível”.
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O episódio de um pai que se dirigiu
a Jesus para pedir socorro, narrado no texto do evangelho de hoje, se encontra
nos evangelhos sinóticos (Mt, Mc e Lc); um episódio que aconteceu logo depois da transfiguração.
É curioso que o homem em questão, em
vez de se dirigir diretamente a Jesus, dirigiu-se primeiro aos discípulos para
pedir ajuda pela cura de seu filho. Não tendo conseguido nada deles, ele se
dirigiu logo ao seu Mestre. O que se segue é o diálogo de Jesus com seus discípulos.
O sofrimento do filho desse pai é atribuído
ao demônio: “Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele”. A enfermidade se
identifica com um demônio. Esse “demônio” em Mateus representa qualquer
ideologia ou projeto contrário ao plano de Deus (cf. Mt 16,23) que cega o homem
e o faz paralisado ou sem ação. “O filho doente” representa o povo oprimido por
essa ideologia que procura periodicamente (epiléptico) todos os meios, até os
meios violentos (fogo, água) para sair de sua situação. No entanto todos são ineficazes.
O pai se dirige a Jesus com fé. Sua
fé se expressa através do gesto: de joelho (atitude diante
da divindade), e através da profissão: ele chama Jesus de “Senhor”, um título
pós-pascal. Ele quer sair de sua situação (cura de seu filho). E quem pode salvá-lo
de sua situação é Jesus que é o Senhor: “Um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se
e disse: ‘Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e
sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na
água. Levei-o aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo!’”.
Diante do relatório e do pedido do
pai, a resposta de Jesus é bastante dura: “Ó gente sem fé e perversa! Até
quando deverei ficar convosco? Até quando vos suportarei?”.
A paixão do Messias já se inicia não
tanto pelas dores corporais, mas pelas dores provocadas pelo profundo sofrimento
espiritual. Trata-se do impacto da descrença e da falta de fé da parte dos discípulos
apesar das lições dadas a eles e das obras operadas por Jesus em função da libertação
das pessoas. Os discípulos ainda fazem
parte da “geração incrédula e perversa”, pois eles continuam com a idéia dos
homens (Mt 16,23), ou seja, ainda professam o messianismo dos letrados, sem
depositar sua fé em Jesus, o Deus-Conosco (Mt 1,23; 18,20; 28,20), e por isso são
incapazes de libertar o povo. Diante deles, Jesus libertou o menino de seu mal: ”’Trazei aqui o menino’. Então
Jesus o ameaçou e o demônio saiu dele. Na mesma hora, o menino ficou curado”.
Diante da pergunta sobre o porquê da
incapacidade dos discípulos em curar o menino, Jesus deu-lhes uma grande lição sobre
a importância da fé: “Em verdade vos digo, se vós tiverdes
fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui
para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível”. Com suas palavras,
Jesus sublinha, sobretudo, a necessidade da fé para poder vencer o mal.
A fé é onipotente porque nos une ao
Onipotente. A fé é o ponto de apoio em Deus. A fé nos dá um poder incrível,
mesmo nas circunstâncias mais difíceis, como podemos verificar na vida de
tantos homens e mulheres ao longo da história da Igreja. A fé nos permite rezar
de modo eficaz. Segundo Jesus, a verdadeira fé faz desaparecer qualquer impossibilidade,
faz qualquer um caminhar na vida com serenidade e paz, com alegria profunda
como uma criança nas mãos de sua mãe. A verdadeira fé liberta qualquer um do
desapego de todas as coisas. Além disso, é importante para nossa vida
comunitária ter em conta que a fé em Deus nos abre muitas possibilidades e qualidades
que estão escondidas e adormecidas. Ao assumir pessoalmente a fé, começaremos a
ser conscientes de nossas grandes reservas humanas, as quais devem ser postas
para o serviço aos demais.
“Em verdade vos
digo, se vós tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, direis a esta
montanha: ‘Vai daqui para lá’ e ela irá. E nada vos será impossível”.
Há que tomar a sério essas palavras do Senhor. Efetivamente não se trata de
remover as montanhas materiais. Mas pela fé podemos realizar outras tarefas que
não são menos difíceis: remover montanhas de orgulho e de prepotência, de egoísmo,
de covardia, de comentários maldosos, de comodismos, de falta de solidariedade e
de partilha, etc., mudar de coração, de hábitos negativos instalados no nosso coração
para podermos entrar em relação com Deus e com os irmãos, nossos próximos. A fé,
tal como é considerada aqui por Jesus, é uma fonte de audácia, de iniciativa. A
fé, tal como Jesus a vê, é uma força: triunfa sobre o impossível, duplica as
forças do homem para superar o impossível do ponto de vista humano, é um “poder
de Deus” para a salvação de qualquer pessoa que crê.
Jesus tirou o mal do menino no texto
do evangelho de hoje. Nossa luta contra o mal, o mal que há dentro de nós e o
mal dos demais, somente pode ser eficaz quando se baseia na força de Deus. Somente
em união com Cristo é que se pode libertar o mundo de todo mal. Não se trata de
fazer gestos mágicos ou de pronunciar palavras que tem eficácia por si só. Quem
salva e quem liberta é Deus e nós, somente se permanecermos unidos e Deus pela
oração. Esta é uma das lições que Jesus nos dá hoje.
O que acontece é que muitas vezes
nossa fé é débil, como a fé dos discípulos. Os discípulos encontraram
dificuldade em libertar os outros de seus males porque confiaram apenas em suas
próprias forças. Muitas vezes nos fracassamos, como os discípulos de Jesus,
porque confiamos somente nas nossas próprias forças e nos esquecemos de nos
apoiar em Deus.
Para que nossa fé permaneça fé é
preciso nutri-la com a oração. A oração, por sua vez, consiste em pensar em
Deus amando-o, eleva-nos para o mesmo Deus, a partir de qualquer circunstância.
É a oração que nos permite abrir o cofre dos favores divinos, pois nos põe em
contacto com o Deus vivo a quem, segundo o ensinamento de Jesus, dizemos:
«Faça-se a tua vontade». Este abandono a Deus é importante para nós, pois Ele
sabe o que mais nos convém ou não convém. Rezamos não para mudar Deus e sim
para mudar quem reza de acordo com a vontade ou o plano de Deus sobre o ser
humano. quem não reza erra muito o caminho.
P. Vitus Gustama,svd
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