SANTA
ROSA DE LIMA
(1586-1617)
23 de Agosto
Evangelho:
Mt 13,44-46
Naquele
tempo, disse Jesus à multidão: 44'O Reino dos Céus é como um tesouro escondido
no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai,
vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos Céus também é
como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola
de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.
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Isabel
se torna Rosa
Santa
Rosa de Lima, a primeira santa canonizada da América (canonizada pelo Papa
Clemente X em 1671), nasceu da descendência espanhola na capital de Peru, Lima,
em 20 de abril de 1586 do casal Gaspar de Flores e Maria de Oliva (um casal
humilde. O pai de Rosa fracassou na exploração de uma mina e a família se viu
nas circunstancias econômicas difíceis).
Rosa de
Lima tinha como nome de Batismo Isabel. Os anos passaram Isabel se revelou cada
vez mais bonita, sorridente e formosa como uma rosa. Por causa de sua beleza
tão encantada, em todos os sentidos, Isabel começou a ser chamada de Rosa. Na
hora de receber o sacramento da confirmação (Crisma) o arcebispo na época
deu-lhe o nome de Rosa definitivamente.
Renunciando a Um Amor
Um jovem
de alta classe social se apaixonou pela Rosa e queria casar-se com ela. Seus pais
estavam muito entusiasmados porque eles eram pobres e isso daria à jovem um
porvir brilhante. Porém, ela falou para seus que havia prometido a Jesus que
seu amor seria totalmente para Deus e que renunciava completamente ao matrimônio
por brilhante que ele fosse. Podemos entender porque Rosa rezava: “Meu Deus, podes aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor
por Ti”.
Um dia
rezando diante de uma imagem da Virgem Maria apareceu a Rosa o Menino Jesus
dizendo-lhe: “Rosa, consagra-me a mim todo teu amor”. A partir de então, ela
dedicou sua vida só para amar a Jesus Cristo. Seu irmão lhe disse que muitos
homens estavam apaixonados perdidamente por causa de seus longos cabelos. Rosa
decidiu, então, cortar seus cabelos e usar o véu para cobrir o rosto para não ser
motivo de tentações para nenhum homem.
Desejo de ser monja
agustiniana
Rosa
queria ser monja agustiniana. Um dia em que ela estava, de joelho, diante da imagem
da Virgem Maria para pedir-lhe a intercessão que a iluminasse se devia ir ao
convento das monjas agostinianas ou não. Naquele momento ela começou a sentir
que não podia levantar-se do lugar onde ela estava de joelho. Rosa chamou seu irmão
para que este a levantasse, mas nada aconteceu. Como se o joelho de Rosa
ficasse colado no chão firmemente. Então se deu conta de que não era a vontade
de Deus de entrar no convento. Rosa rezou, então, à Nossa Senhora: “Ó Mãe
celeste, se Deus não quer que eu vá a um convento, eu desisto agora desta idéia”.
Assim que terminou a oração, Rosa conseguiu se levantar.
Rosa continuava pedindo a Deus que
lhe indicasse a que associação religiosa deveria ingressar. Finalmente ela pediu
para ser admitida entrar na ordem terceira das dominicanas. E o pedido foi
aceito. A partir de então Rosa se vestia com túnica branca e manto negro e
levava a vida como a de religiosas, mas os membros viviam em suas próprias
casas.
Ganhando Pão Com o Próprio
Suor
O pai de
Rosa fracassou no negócio de uma mina e a família ficou em grande pobreza. Rosa
se dedicou, então, durante várias horas de cada dia a cultivar uma horta e várias
horas da noite a fazer costuras para ajudar o orçamento da casa.
Suas
Penitências
É difícil
encontrar na América outro caso de mulher que fez maiores penitências. A
primeira penitência de Rosa era mortificar seu orgulho, seu amor próprio, seu
desejo de aparecer e de ser admirada e conhecida.
A segunda
penitência de Rosa de Lima foi a dos alimentos. Seu jejum era quase contínuo. E
sua abstinência de carne era perpétua. Ela comia o mínimo necessário para não desfalecer
de debilidade. Mesmo nos dias de maiores calores ela não tomava bebidas refrescantes
de nenhum tipo mesmo que, às vezes, a sede a atormentava. Ela olhava apenas
para o crucifixo e recordar a sede de Jesus na cruz para continuar agüentando sua
sede, por amor a Deus.
Ela dormia
sobre duras tábuas com uma madeira que servia como almofada. Uma vez ela teve
desejo de mudar suas tábuas por um colchão e uma almofada, mas ela olhou para o
crucifixo e lhe pareceu que Jesus lhe dizia: “Minha cruz era muito mais cruel
do que tudo isso”. A partir de então Rosa de Lima nunca mais voltou a pensar em
buscar uma leito mai cômodo.
Distintas
enfermidades atacaram Rosa de Lima por muito tempo. Quando as pessoas a
criticavam por suas demasiadas penitências, lhes respondia: “Se vocês soubessem
o formoso que é uma alma sem pecado, estariam dispostos a sofrer qualquer martírio
para manter a alma na graça de Deus”.
Os últimos
anos Rosa de Lima vivia continuamente num ambiente de oração mística com a
mente quase já mais no céu do que na terra. Sua oração e seus sacrifícios e
penitências conseguia numerosas conversões de pecadores, e o aumento de fervor
em muitos religiosos e sacerdotes. Não é por acaso que o Papa Inocêncio IX
dizia: “Provavelmente não teve
na América um missionário que com suas pregações alcançou mais conversões do
que as conversões que Rosa de Lima obteve com suas orações e suas mortificações” . Na cidade de Lima havia já uma convicção geral de que a moça Rosa de
Lima era uma verdadeira santa.
Desde 1614
já cada ano ao chegar a festa de São Bartolomeu (24 de agosto), Rosa de Lima
demonstra sua grande alegria. E explica o porquê deste comportamento: “É que
numa festa de São Bartolomeu irei para sempre a estar perto do meu Redentor,
Jesus Cristo”. E assim sucedeu. No dia 24 de agosto de 1617, depois de terrível
e dolorosa agonia, Rosa de Lima expirou com alegria, pois estava indo para
estar eternamente com o amaríssimo Salvador. Tinha 31 anos de idade.
Desde
pequena Rosa de Lima teve uma grande inclinação para a oração e a meditação. “Se
os homens soubessem o que é viver em graça (de Deus), não se assustariam com
nenhum sofrimento, e padeciam de bom grado qualquer pena porque a graça é o
fruto da paciência”, dizia Santa Rosa de Lima.
A graça é
aquilo que nos dá alegria. A graça é também a razão principal de nossa coragem.
O que foi que Deus respondeu a São Paulo, quando se queixava do aguilhão em sua
carne? Deus respondeu: “Basta-te a minha graça” (2Cr 12,9). Todos podem
abandonar-nos, também pai e mãe, diz um Salmo, mas Deus nos acolhe sempre (cf.
Sl 27,10). Por isso, nós podemos afirmar com o salmista: “A graça e a
fidelidade hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida” (Sl 23,6).
Ela
também ajudava os pobres e os enfermos. No dia em que sua mãe repreendeu Rosa
por atender, na casa, pobres e enfermos, Rosa lhe contestou: “Quando servimos
aos pobres e aos enfermos, servimos a Jesus. Não devemos nos cansar de ajudar
nosso próximo, porque neles servimos a Jesus” (cf.
Novo Catecismo no. 2449).
O amor de
Santa Rosa de Lima a Deus era tão
ardente que, quando falava d’Ele, mudava o tom de sua voz e seu rosto se
acendia como um reflexo do sentimento que embargava sua alma. Esse fenômeno se
manifestava, sobre tudo, quando Rosa se falava na presença do Santíssimo
Sacramento ou quando na comunhão unia seu coração à Fonte de Amor. Na linguagem
do evangelho lido na festa desta Santa, Santa Rosa de Lima encontrou sua perola
preciosa que é seu amor total por e para Deus.
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O evangelho lido na festa de Santa
Rosa de Lima fala do tesouro ou de pérola preciosa. Do ponto de vista de um
homem que busca o sentido de sua vida, o tesouro de sua existência ou de sua
vida é como uma utopia: não sabe onde está, nem sequer sabe se está em algum
lugar ou em nenhum lugar. A busca é um esforço para encontrar algo que não se
tem. Quem busca reconhece uma carência de algo. É uma atitude humilde por si
mesma.
Nesta busca o homem somente conhece
a inquietude de seu coração, porque “onde está teu tesouro, ai estará também
teu coração” (Mt 6,21). Um homem que ainda não encontrou seu tesouro fica
inquieto e busca incessantemente um sentido para sua vida. O coração errático
do homem, sua vontade, pode, nestas circunstancias, fixar-se em qualquer coisa
e agarrar-se a ela como se tivesse encontrado seu tesouro. Mesmo assim, ele
continua inquieto, pois o tesouro do homem não é qualquer coisa. O homem pode
ter tudo, mas se carecer o essencial, ele continuará inquieto.
A busca do Reino de Deus é
compreender uma certa carência essencial em nossa vida, carência que nos
impulsiona a sair de nós mesmos e não repousará até que encontremos essa
realidade que faz completo nosso ser. Por isso, não é a riqueza, nem o êxito,
nem o poder, nem a fama, mas o próprio Deus é o tesouro supremo do homem que o
faz completo. Escondido no nosso mundo, coberto pela carne crucificada de Jesus
de Nazaré, perdido entre os pobres, identificado com eles, está o tesouro do
homem. Jesus é o “lugar de Deus”, e o irmão, o próximo é o “lugar” de encontro
com Jesus. O próximo se transforma, então, em ocasião de salvação. Não é nada
que o homem pode alcançar por si mesmo e somente para si mesmo, pois ele foi
feito por Deus e para Deus na convivência fraterna com os outros. Por isso,
Santo Agostinho rezava: “... Senhor, inquieto está o nosso coração, enquanto
não repousa em Ti” (Confissões I,1). O homem só se encontrará a si mesmo,
somente chegará à sua plena realização na medida em que ele buscar e viver e
conviver de acordo com o Amor que é Deus (cf. 1Jo 4,8.16).
Somente o Reino de Deus, o Reino de
amor, descoberto como o supremo valor da existência, coloca o homem na
possibilidade de descobrir o sentido dos restantes bens que se possui. A vida
em Deus ou ser filhos e filhas de Deus é um valor incalculável, um dom do céu,
e quem desfruta dele, por meio da fé, é um autentico afortunado. A possessão,
desta forma, se apresenta como algo relativo. A experiência do amor de Deus
relativiza o resto sem desprezar seu valor no seu próprio lugar. A partir deste
tesouro que é O Reino de Deus, todo o resto se ordena e adquire o seu valor
próprio. Como aquele que encontrou a pérola preciosa foi capaz de colocar todas
as demais coisas em uma escala justa de valores, de relativizá-las em relação
com a pérola preciosa. E ele o fez com a extrema simplicidade porque, ao ter
como pedra de comparação, a pedra preciosa, sabe compreender melhor o valor de
todas as demais pedras. Quem encontrar
um valor supremo de sua vida, a experiência de fazer parte da família de Deus
em Jesus Cristo não desprezará outros valores, mas colocá-los em seu devido
lugar. O bem relativo pode ser, mais ou menos, importante para a satisfação das
necessidades humanas, porém, deve ser sempre confrontado com o bem supremo que
é a experiência do amor de Deus, a experiência de serem filhos e filhas de
Deus. Desta forma, as parábolas do tesouro escondido e a pérola preciosa
conectam com a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres em espírito
porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5,3).
O homem que encontrou o sentido de
sua vida em Deus é um homem alegre e dinâmico, como os dois homens na parábola
que encontraram seu tesouro. Por este tesouro, ele é capaz de se desprender de
tudo, de se despojar de tudo, de compreender a fraqueza do outro, de perdoar,
de reconciliar-se com todos, de ser justo e honesto nos seus negócios, de ser
correto e coerente no seu modo de ser, pois sua vida é direcionada por este
supremo valor. A busca do Reino de Deus modifica nosso esquema de vida e não
pode ser levado adiante sem uma absoluta sinceridade de coração numa serenidade
de oração.
P. Vitus
Gustama,svd
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