segunda-feira, 18 de agosto de 2014

 
VIVER NA ALEGRIA DO SENHOR

Quinta-Feira Da XX Semana Comum
21 de Agosto de 2014
 

Evangelho: Mt 22,1-14


Naquele tempo, 1 Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, 2 dizendo: “O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. 3 E mandou os seus empregados chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. 4 O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’ 5 Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, 6 outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. 7 O rei ficou indignado e mandou suas tropas, para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. 8 Em seguida, o rei disse aos empregados: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. 9 Portanto, ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encon­trar­des’. 10 Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. 11 Quando o rei entrou para ver os convidados observou ali um homem que não estava usando traje de festa 12 e perguntou-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu. 13 Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Ali haverá choro e ranger de dentes’. 14 Porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos”.
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A parábola apresentada no evangelho de hoje fala do banquete. Na Bíblia o Reino de Deus é comparado a um banquete, onde se come e se bebe à saciedade, onde se dança, se brinca, se ri, se fala com os amigos e se contam histórias e todos se sentem felizes. Em uma festa alegre o tempo parece ficar parado. É um pedaço da eternidade experimentada nesta terra. É uma antecipação, parcialmente, daquilo que será experimentado perfeitamente na eternidade.


Tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, o banquete é símbolo da abundância, da vida, da felicidade, da fraternidade, da comunhão e  da alegria. É o símbolo da grande reunião, da reunião universal de Deus, a que todos os povos são convidados. Isto quer nos dizer que o Reino de Deus é alegre e gozoso; é semelhante a um banquete de bodas, que, na tradição bíblica, é a expressão mais elevada da festa. Deus nos chama à alegria.


Com efeito, o cristianismo é, antes de tudo, vida, amor, festa, fraternidade, família, comunhão... Nessa família Deus é o Pai de todos. Não é por acaso que São Paulo nos convida com firmeza: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4). E o profeta Isaías (Is 25,1-10) nos conta que Deus, num determinado tempo, vai organizar um banquete e vai convidar todos os povos da terra. Deus simplesmente não discrimina; sua escala de valores e seu estilo de agir são diferentes dos nossos. Nossas classificações das pessoas não são válidas para o Senhor que faz nascer o sol cada manhã sobre maus e bons (Mt 5,45). Com efeito a alegria tem uma relação com o amor. O amor profundo produz uma alegria profunda. A alegria permanecerá, se sua fonte que é o amor não se deixar secar. Tudo que se ama se torna alegre. Sem o amor as gargalhadas se parecem mais a um soluço do que com uma risada.  Ninguém pode encobrir sua tristeza com um gesto de alegria. A alegria compartilhada sempre cresce e se multiplica, pois a alegria se parece com as borboletas: se você as perseguir, fugirão. Basta plantar no seu jardim flores, as borboletas estarão presentes.


O convite à alegria do banquete é uma graça, um dom que compromete a vida. Diante deste convite o homem dispõe da liberdade de aceitá-lo ou de recusá-lo. Deus convida, Deus chama e Deus propõe. É uma das melhores imagens do destino do homem. Hoje em dia, muitas pessoas não sabem mais qual é o objetivo de sua vida: para que nascem e que sentido tem sua vida? Jesus responde que fomos feitos para a união com Deus através de Jesus Cristo: “Eu sou o Caminho, a verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). O objetivo do homem, seu desenvolvimento total, é a “relação com Deus”: amar e ser amado. Deus-nos-ama é a certeza de nossa vida. E cada um é convidado a responder a esse amor com o mesmo amor. E todos os verdadeiros amores na terra são o anúncio, a imagem, a preparação e o sinal desse amor misterioso de Deus por cada um de nós.


Apesar de ser gratuita a entrada para o banquete, dos comensais é exigida uma disposição correspondente: deve-se vestir de acordo com o habito de uma festa de bodas: roupas decentes. O vestido de bodas é a vida levada ou vivida com dignidade. O vestido de bodas significa as “obras de justiça” que cada um deve fazer (Mt 5,20;7,21s;13,47s;21,28ss). O vestido de festa é a mudança de mentalidade, a conversão necessária para entrar na dimensão gozosa do Reino. Sem esta mudança é impossível entrar no Reno da alegria. Nós hoje necessitamos modificar nossa mentalidade, ter um coração mais humano, mais misericordioso, um coração mais fraterno. Um coração duro como pedra pode nos levar para qualquer lugar menos para o céu, menos para a alegria. Nenhuma pessoa de coração duro que seja alegre e feliz. Pessoa de amor é uma pessoa alegre e feliz.


Cada dia é um dia feliz para nós que escutamos o convite que brota das fontes da Palavra de Deus. Deus nos chama à festa de seu Reino, festa autêntica, alegria completa, oferta total de felicidade. A mensagem cristã é a boa notícia da libertação já iniciada e o gozo da esperança plena da mesma; e isto, apesar de tantas misérias que nos cercam. Quem confia em Deus sabe que Deus guarda por ele, que ele está convidado para o futuro de Deus e tem em suas mãos, com isso, o mais maravilhoso convite de sua vida.


O homem que entrou sem a roupa nupcial sublinha a dimensão de vigilância de nossa vida. Devemos estar preparados sempre porque em qualquer momento o Senhor pode nos chamar. Vamos trabalhar como se o encontro definitivo com Deus estivesse longe ainda, mas vamos rezar como se esse encontro estivesse próximo. Vamos viver a vida presente, mas com uma visão do futuro, dar às coisas uma função de meio e não de fim. Vamos eliminar diariamente toda a desordem que há dentro nós mesmos, em especial a auto-suficiência ou orgulho e todo tipo de segurança falsa. É verdade que Deus não vai nos excluir. Cuidado, porém, para não acabarmos ser excluídos por nossa própria iniciativa.


Nós participamos da Eucaristia antecipando o banquete celeste. Que “vestido” nos revestimos? Quais são nossas obras? O homem que não levou vestido nupcial é aquele que carece da graça santificante, sem a qual ninguém pode aproximar-se do banquete do Cordeiro (cf. Ap 19,6ss). Se o cristianismo é um convite à alegria, o que impede você de alcançar essa alegria? O que você faz para manter sua alegria apesar dos problemas desta vida. Para ser alegre e feliz temos que fazer os outros alegres e felizes. Quem mantiver a alegria sempre tem força suficiente para levar a vida com dignidade e leveza. ”A alegria evita mil males e prolonga a vida" (William Shakespeare). “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4). Quem estiver conectado permanente com o Senhor, haverá alegria na vida: alegria no Senhor. Quem vive somente em função do prazer do mundo é porque não tem prazer de viver. “A alegria não está nas coisas, está em nós” (Johann Goethe).

P.Vitus Gustama,svd

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