30/12/2016
APRENDER
A CRESCER NA SABEDORIA E NA GRAÇA DE DEUS
30 de Dezembro
Primeira Leitura: 1Jo 2, 12-17
12 Eu vos escrevo, filhinhos: os vossos
pecados foram perdoados por meio do seu nome. 13 Eu vos escrevo, pais: vós
conheceis aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevo, jovens: vós vencestes
o maligno. 14 Já vos escrevi, filhinhos: vós conheceis o Pai. Já vos escrevi,
jovens: vós sois fortes, a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o
Maligno. 15 Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo,
não está nele o amor do Pai. 16 Porque tudo o que há no mundo – as paixões da natureza,
a concupiscência dos olhos e a ostentação da riqueza – não vem do Pai, mas do
mundo. 17 Ora, o mundo passa, e também a sua concupiscência; mas aquele que faz
a vontade de Deus permanece para sempre.
Evangelho: Lc 2, 36-40
Naquele tempo, 36 havia também uma profetisa,
chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada;
quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37 Depois
ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo,
dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38 Ana chegou nesse momento e
pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a
libertação de Jerusalém. 39 Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor,
voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40 O menino crescia e tornava-se
forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
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1. Testemunho da Profetisa Ana
O texto do evangelho deste dia é a conclusão
da cena da apresentação de Jesus no Templo e tem duas partes. A primeira parte
fala do testemunho da profetisa Ana. A segunda parte fala da volta da Sagrada
Família para Nazaré onde Jesus cresce fortemente e cheio de sabedoria e está
com a graça de Deus.
A figura feminina de Ana se corresponde com a
figura masculina de Simeão, formando um par ideal no relato da apresentação do
Menino Jesus no Templo.
O texto diz que “Ana, da tribo de Aser, era
viúva e tinha 84 anos de idade”. O número “84” é um múltiplo de 12 (12 x 7),
alusão às 12 tribos de Israel; enquanto que o numero “7” tem, entre outros,
valor de globalidade.
A alusão à tribo de Aser a qual pertencia a
profetisa Ana, uma das dez tribos do Norte, confirma o alcance de sua
representatividade. A menção da “idade avançada”, situada já no limite, contrasta
com a dupla menção da “idade avançada” de Zacarias e Isabel (cf. Lc 1,7.18). De
um lado, Ana está muito arraigada ao passado (genealogia) e à instituição
judaica (Templo). De outro lado, por sua qualidade de “viúva”, diz relação com
o povo de Israel, que enviuvou de seu Deus, enquanto que como “profetisa” lança
um grito de esperança diante da semelhante desastre nacional. Jesus veio como
Deus-Conosco para não deixar o povo órfão na sua luta de cada dia.
Além disso, a figura de Ana nos faz pensar,
em primeiro lugar, na dedicação calada e silenciosa a Deus. O bem não faz
barulho e o barulho nas faz bem. O silêncio possibilita a presença da plenitude
e dá oportunidade para Deus falar de Si próprio e de nós e de nossa vida.
Quanto mais silêncio criarmos, mais inspiração nós teremos. Qualquer grande
obra que existe sempre foi e é o fruto de horas de silêncio. O silêncio
possibilita qualquer um usar devidamente palavras que serão ditas ou escritas
para os outros. No silêncio cada um de nós pode se ver. O silêncio é o momento
de privacidade que cada um de nós deve conservar. A pessoa que sabe conservar a
privacidade é mais confiável e mais discreta e, por isso, tem mais
credibilidade. Sem momento de privacidade tudo se torna vulgar. Tenho medo de
que a vulgaridade possa invadir até o espaço sagrado. Tenho medo de que até nas
palavras possamos ser vulgares. Quem não sabe ser dono da própria boca pode se
tornar escravo das próprias palavras. O silêncio nos capacitar a medirmos as
nossas palavras. Deus é um grande mistério. Somente poderemos penetrar neste
mistério, se nos habituarmos em criar o silêncio no meio de nossos afazeres de
cada dia. Não somos coisas e sim, somos obra sagrada que foi criada no
silêncio.
A figura de Ana nos faz pensarmos também no espírito atento para
as chamadas e manifestações de Deus. A atenção faz parte da espiritualidade
cristã. Ser atento é ser vigilante. É saber estar ligado com tudo ao redor. O
espírito atento faz alguém se perguntar: Será que alguém está precisando de
alguma ajuda? Será que minha maneira de falar e de viver está incomodando a
tranqüilidade dos outros? Somente quem tem espírito atento é que capaz de
captar as chamadas de Deus e suas mensagens para nossa vida diária.
A figura de Ana nos faz pensar também na alegria da salvação
que sempre é nos mostrada. A consciência
de que Deus sempre quer nossa salvação nos faz sempre alegres: “Alegrai-vos
sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos!” (Fl 4,4). Quem tem Deus, sua
vida tem futuro. Por isso, a alegria é a característica do cristão que vive na
esperança, na expectativa e na certeza da ressurreição; que vive na certeza de
uma vitória final que será realizada apesar dos sofrimentos, do fracasso
aparente e da morte no presente: “Penso, com efeito, que os sofrimentos do
tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se a nós”
(Rm 8,18). Por esse futuro garantido os cristãos jamais podem desistir de lutar
por um mundo mais fraterno, mais justo, mais solidário e mais humano, onde um
se preocupa com o outro, onde um protege o outro. Com efeito, a tristeza e o
desânimo não são apenas sintomas de um profundo cansaço, e sim são um sinal da
ausência de uma verdadeira esperança cristã que no fundo tem sua origem na
falta de fé em Deus. A firme intenção de sermos portadores de alegria e o
empenho em contagiar os outros com uma alegria santa, com alegria no Senhor,
são uma defesa muito eficaz contra a perda da mesma.
2. Maria Educa Jesus na Sabedoria e na Graça
A segunda parte do evangelho fala da volta da
Sagrada Família para Nazaré e Lc nos relatou que “Jesus crescia em
sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens” (Lc
2,52).
“Jesus crescia em sabedoria...”. A palavra
“sabedoria” provém do latim “sapere” que significa ter inteligência, ser
compreendido; mas, propriamente, significa ter gosto, exercer o sentido do
gosto, ter este ou aquele sabor. A sabedoria é o sabor que conduz ao sabor. É
saborear para saber que mais tarde é o saber que permite saborear. A sabedoria
é refinar o gosto pela vida. Com a sabedoria, a existência e a convivência se
tronam mais saborosas. Por isso, a sabedoria é uma companhia indispensável para
a existência e a convivência mais fraternas.
“Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e diante dos homens” (Lc 2,52).
Jesus
também crescia na graça. O significado mais
comum da graça é o de beleza, fascinação, amabilidade, indulgencia, perdão da
pena, benefício absolutamente gratuito, livre e sem motivo, favor, e agrado. Graça
também é um efeito do favor divino nas criaturas (homens/mulheres) que as
tornam belas, encantadoras e amáveis. A beleza ou a bondade do homem explica o
favor divino. A graça da criatura depende da graça de Deus. Pela educação dada
por Maria, que é cheia de graça, Jesus acaba crescendo na amabilidade que o
torna encantador, amável, bondoso para com todos desde sua infância. Na educação
é impossível ser efetivo sem ser afetivo. A educação deve ser razão e coração. Na
educação ensina-se a escutar, a aprender, a compreender, a amar e a empreender.
Este texto nos mostra que Maria (com José) é
uma grande e perfeita educadora. Ela acompanha o crescimento de seu Filho não
apenas no conhecimento humano (sabedoria), e na estatura, mas também na graça
de Deus. Trata-se de uma educação completa, pois há um equilíbrio entre a
espiritualidade e o conhecimento. O conhecimento tem uma função para servir a
Deus e ao próximo. Nisto todo conhecimento tem uma função social e espiritual.
Quem pode assumir, primeiramente, essa missão
de fazer filho crescer na sabedoria e na graça é a família. A
família é o lugar privilegiado para a educação na justiça, no respeito mútuo,
na solidariedade, no amor, na liberdade, na verdade, na sabedoria e na paz. A
família é lugar privilegiado de encontro e de amor, lugar privilegiado de compreensão
e de perdão, lugar privilegiado de criatividade e superação, lugar privilegiado
da presença de Deus, pois Deus se fez carne em uma família humana.
Que a Sagrada Família nos conceda um pouco de
sua sabedoria para nossas famílias para cada membro de cada família possa
crescer na sabedoria e na graça diante de Deus e diante dos homens. Assim seja!
P.Vitus Gustama, SVD
Um comentário:
Amém 🙏🏼💕
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