terça-feira, 31 de janeiro de 2017


04/02/2017
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DESCANSO NECESSÁRIO COM JESUS, NOSSO PASTOR ETERNO


Sábado Da IV Semana Do Tempo Comum


Primeira Leitura: Hb 13,15-17.20-21


Irmãos, 15 por meio de Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor; isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. 16 Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus.  17 Obedecei aos vossos líderes e segui suas orientações, porque eles cuidam de vós como quem há de prestar contas. Que possam fazê-lo com alegria, e não com queixas, que não seriam coisa boa para vós. 20 O Deus da paz, que fez subir dentre os mortos aquele que se tornou, pelo sangue de uma aliança eterna, o grande pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus, 21 vos torne aptos a todo bem, para fazerdes a sua vontade; que ele realize em nós o que lhe é agradável, por Jesus Cristo, ao qual seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém!


Evangelho: Mc 6,30-34


Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a , e chegaram antes deles. 34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.
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Nosso Sacerdócio No Sacerdócio de Cristo


Terminamos hoje a leitura da Carta aos hebreus, que tem nos acompanhado durante quatro semanas que serve como a Primeira Leitura da celebração eucarística.


A Carta termina com uma exortação que resume toda a doutrina da Carta: o Sacerdócio de Cristo e nossa participação no Seu sacerdócio, e nossa perseverança na fé. A Carta nos pede para que nós mesmos ofereçamos a Deus, como sacerdotes, o sacrifício e a oferenda de nossa vida: “Irmãos, por meio de Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor; isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus.”.


Fazemos tudo isso espelhando-nos em Cristo, o Sacerdote único e eterno. Sobre o sacerdócio de Cristo, a Carta nos evoca com uma imagem bela e familiar, o núcleo da fé cristã: “O Deus da paz fez subir dentre os mortos aquele que se tornou, pelo sangue de uma aliança eterna, o grande pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus”. Cristo é o motivo e centro da Carta: com sua vida, sua fidelidade a Deus e a nós, seus irmãos; com sua morte nos libertou do egoísmo e do ódio, nos fez capazes de oferecer a Deus, já não sacrifícios de animais como os do AT e sim a oferenda pacifica de nossa própria vida, nossas orações, nossa caridade e solicitude com os necessitados.


O verdadeiro sacerdócio consiste, então, no serviço. Não é o sacerdócio ritualista de cerimônias e de gestos deslumbrantes e sim o que promove a fraternidade e procura trazer a felicidade de Deus aos irmãos. Não é sacerdócio interessado dos homens e sim o sacerdócio desinteressado de Jesus Cristo que deu Sua vida por nós, como um pastor por suas ovelhas (cf. Jo 10,11-15). O Senhor encarna a bondade misericordiosa de Deus para todos nós. Ele se compadece de nossos males e nos chama à fraternidade, à justiça e à paz entre nós.


Jesus Cristo, o Bom Pastor, dá Sua vida pelas suas ovelhas em todo momento, também quando nem tem tempo para comer. Ali está Cristo, buscando um tempo para descansar em companhia de seus discípulos, mas as almas necessitadas de Deus O procuram para que lhes dê o que mais necessitam: AMOR (cf. Mc 6,34).  Cristo é como o pai que, depois de uma jornada cansativa e agitada, volta para a casa com o único desejo de descansar. Mas não tem em conta de que ali estão os filhinhos que lhe esperam para jogar ou brincar um pouco antes de ir-se à cama. Ao ver que seus filhinhos lhe pedem algo, que humanamente lhe é impossível pelo cansaço, o pai tira suas últimas forças, dando-lhes o melhor de si para poder jogar ou brincar a fim de que seus filhinhos possam ser felizes.


Não importam as dificuldades para quem ama. Quando ama de verdade, então, tudo fica em segundo plano. O primeiro é a felicidade daqueles que ele ama. Assim é Cristo com nós. Cristo é o verdadeiro Pastor em quem todos os cristãos, no exercício de seu sacerdócio comum, e em quem todos os sacerdotes ministeriais (pelo sacramento da ordem), possam se espelhar. Em Cristo encontramos o verdadeiro sacerdócio que todos os cristãos devem levar em conta na sua vida diária.


Muitos cristãos não têm consciência da existência do sacerdócio comum como batizados e do sacerdócio ministerial. O Concílio Vaticano II, através da Constituição Dogmática Lumen Gentium Sobre a Igreja quer nos relembrar sobre este sacerdócio: “Cristo Nosso Senhor, Pontífice escolhido de entre os homens (cfr. Hebr. 5, 1-5), fez do novo povo um ´reino sacerdotal para seu Deus e Pai´. Na verdade, os batizados, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual, sacerdócio santo, para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam oblações espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua admirável luz (cfr. 1 Ped. 2, 4-10). Por isso, todos os discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvando a Deus (cfr. At 2, 42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cfr. Roma 12,1), deem testemunho de Cristo em toda a parte e àqueles que lha pedirem deem razão da esperança da vida eterna que neles habita (cfr. 1 Ped. 3,15). O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa” (LG 10).


Nossa vida cristã deveria ser um culto agradável a Deus. O “Sim” de Cristo ao Pai, no Espirito Santo, faz possível nosso “Sim”: “Por Cristo, já podemos dizer ´Sim´ a Deus” (2Cor 1,20). Este “Sim” encontra eco em todo coração que se faz transparente diante do olhar de Deus. Assim, nossa vida se converte em oração e missão, isto é, em abertura aos planos salvificos e universais de Deus. Deus não espera grandes coisas de nós e sim somente que tenhamos um coração aberto, e que saibamos fazer nosso o “Sim” de Jesus Cristo ao Pai. Nossa verdadeira riqueza consiste nesta capacidade de pronunciar continuamente o “Sim” de Jesus ao Pai em meio de todas as circunstâncias de nossa vida cotidiana.


Descansar e Servir Com Cristo


1. Revisão Da Vida Apostólica


Anteriormente Jesus chamou os Doze para depois enviá-los à missão (Mc 6,7-13). Depois de sua primeiramissão”, os discípulos voltaram a se reunir com Jesus: “Naquele tempo, os apóstolos reuniram-se com Jesus...


Muitos cristãos compreendem hoje que sua se torna robusta quando decidem reunir-se, no espírito do Senhor, com outros irmãos para partilhar e dialogar sobre sua . Este é um dos sentidos da assembleia eucarística dominical: depois de sua missão durante a semana, os cristãos se reúnem junto a Jesus na companhia de outros irmãos da .


Os apóstolos contaram tudo (a Jesus) o que haviam feito e ensinado”. Trata-se de uma revisão da vida apostólica. Esta revisão de nossa vida com Jesus é uma das formas mais úteis de nossa oração. Cada noite nós deveríamos criar ocasião pararelatar” a Jesus “o que temos feito”. Se fizermos isso diariamente, a nossa participação na celebração eucarística dominical ficará mais rica e profunda.


2. Descansar com Jesus Uma solicitude pastoral


Depois de ouvir seu relato Jesus convidou os Apóstolos: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”.  Trata-se de uma necessidade de silêncio, de recolhimento, de solidão. É essencial para os homens de todas as épocas, especialmente é indispensável para o homem moderno na agitação de vida de hoje.


A resposta de Jesus se concreta em levá-los com Ele para um lugar onde ninguém possa perturbá-los para descansar com Ele e n’Ele. Esse convite nos recorda aquilo que o próprio Jesus disse no evangelho de Mateus sobre a importância do descanso com o Senhor e no Senhor: “Vinde a Mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e Eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Jesus conjuga muito bem o trabalho e a oração. Dedica-se prioritariamente à evangelização, mas sabe buscar momentos de silêncio e oração para si e para os seus, mesmo que dure apenas pouco tempo como aconteceu no relato do evangelho de hoje.


Convidar os discípulos para descansar na solidão também é um gesto muito humano de Jesus. Jesus sabe o que é a fatiga e busca, muitas vezes, a solidão (no monte, no campo ou de noite). O ativismo nos esgota e empobrece. Não é bom o “stress”, ainda que seja espiritual. Quando não há o equilíbrio interior, todos cairão no nervosismo e diminuirá a eficácia humana e evangelizadora. Necessitamos da paz e da serenidade. Todos os que trabalham, também pelo Reino, necessitam de uma certa serenidade e um certo equilíbrio mental e psíquico. As pessoas que trabalham pelo Reino têm que ser pessoas de paz e de serenidade.


O trabalho de um verdadeiro pastor ou de qualquer líder cristão não é fácil, pois ele tem que manter a unidade e a segurança do seu rebanho. Por isso, quem é enviado como pastor, e, quem é encarregado de ser líder dos outros numa comunidade necessita de descanso. Mas o descanso dos pastores e dos líderes cristãos é feito com e no grande Pastor. Eles fazem seu descanso no Pastor dos pastores. O descanso dos pastores consiste em saberestarcom Jesus: escutá-Lo, viver com Ele, aprofundar em sua comunhão de vida como pastor. É aprender do grande Pastor sobre como deve conduzir e rebanhar as ovelhas do qual ele próprio faz parte. As ovelhas são do Senhor (Jo 21,17) e não dos líderes.


Esse convite para descansar com e no Senhor é a primeira solicitude de Jesus como Pastor para aqueles que são encarregados de alguma tarefa na comunidade de irmãos. Esse convite tem como característica a comunhão de ministério com Jesus. Essa comunhão ajudará os pastores e os demais líderes da comunidade a terem a mesma solicitude de Jesus para com todos e para com a multidão que, em cada momento da história vive “como ovelhas sem pastor”, pois o pastor é Jesus e somente Ele. Entender isso significa entender a grande missão dos que são enviados, em Seu nome, com o objetivo de conduzir a humanidade para o grande Pastor, Jesus Cristo.


3. Somos Chamados a Ser Seguidores Compassivos como Jesus


Depois de um rápido descanso dos Doze com Jesus o evangelista Marcos nos relatou com as seguintes palavras: Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.


Esta frase reproduz a situação refletida em 1Rs 22,17: “Vejo todo o Israel espalhado pelas montanhas como um rebanho sem pastor” (cf. Nm 27,17). Trata-se de uma imagem clássica na literatura bíblica no contexto de acusação aos pastores que não cumprem sua missão de rebanhar (unir e reunir) suas ovelhas. E Jesus se apresenta como o verdadeiro Pastor, pois elesua vida pelo rebanho (Jo 10,14-15).


Cristo é o Bom Pastor (Jo 10,11-15). EleSua vida em todo momento, também quando não lhe resta tempo nem para comer. Ali está Ele, buscando um tempo para descansar em companhia de seus discípulos, mas para os necessitados de Deus, Ele oferece Seu amor. é como o pai de uma família que, depois de uma jornada cansativa, volta para casa com o único desejo de descansar. Mas ao ver que seus filhos lhe pedem algo que lhe é impossível humanamente, tira suas últimas forças para brincar e fazer felizes seus filhos, dando-lhes o melhor de si, ainda que o corpo exija um descanso.


Os cristãos dentro da comunidade, de um modo ou de outro, participam do serviço pastoral para com os demais, imitando e representando Jesus Cristo, Pastor de todos. Onde estiver e para onde for, o cristão faz tudo em nome de Cristo. Ele representa Cristo em qualquer lugar. Ele é cristão para todos os momentos e lugares.


Jesus teve compaixão da multidão que vivia sem nenhuma orientação e começou a ensinar-lhes muitas coisas. Jesus teve tempo para a multidão necessitada. Ter tempo para os demais, especialmente para os necessitados é o ponto alto de uma vocação pastoral na Igreja de Jesus. Isso supõe a renúncia aos próprios planos, interesses e horários em função do bem de todos. O cristão existe para servir os demais.


O mundo de hoje continua a estar desorientado comoovelhas sem pastor”, pois, no meio do avanço tecnológico, muitas pessoas morrem de fome. No meio da democracia ainda se encontram os ditadores que adormentam e sacrificam os pequenos e inocentes da sociedade. No meio de tanta facilidade tecnológica encontram-se os imprudentes que fazem tantas famílias chorarem pela perda de seus entes-queridos precocemente. No meio da luta pela solidariedade global encontram-se os gananciosos capazes de pisar sobre os outros em nome do prazer. O perigo e o prazer crescem no mesmo ramo. O fato de que em nossa civilização tão avançadatantos homens morrem de fome ou são vítimas de uma guerra ou de um poder desenfreado, ou de uma imprudência, demonstra que os chefes que dirigem atualmente o mundo não olham para o povo e sim para os próprios interesses ou para os interesses partidários. É preciso ter progresso na verdade, na justiça na caridade.


Cristo quer que todos os cristãos ajudem esta humanidade a encontrar os caminhos da verdade e da felicidade, da paz e do verdadeiro progresso. Ser seguidor de Cristo significa aprender a olhar para os outros com um coração cheio de carinho, ser responsável pelos outros irmãos e falar-lhes do sentido da vida. A maneira com que tratamos um ser humano é a forma com que tratamos a nosso Senhor. Isso não exige explicação e sim contemplação (cf. Mt 25,40.45). O dia mais desperdiçado de todos é aquele no qual não conseguimos fazer alguém sorrir ou deixamos de fazer o outro sorrir. Um sorriso não custa tanto quanto a eletricidade, no entanto, ilumina muito mais do que ela.

P. Vitus Gustama,svd

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