14/01/2017
SEGUIR
A JESUS E VIVER DE ACORDO COM SUA PALAVRA CAPAZ DE NOS TRANSFORMAR
Irmãos, 12 a Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada
de dois gumes. Penetra até dividir
alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as
intenções do coração. 13 E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo
está nu e descoberto a seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas. 14
Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus.
Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15 Com efeito, temos um
sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi
provado em tudo como nós, com exceção do pecado. 16 Aproximemo-nos então, com
toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e
alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno.
Naquele tempo ,
13 Jesus saiu de novo para
a beira do mar .
Toda a multidão
ia a seu encontro ,
e Jesus os ensinava. 14 Enquanto
passava, Jesus viu Levi, o filho de
Alfeu, sentado na coletoria de impostos ,
e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu. 15 E aconteceu que , estando à mesa
na casa de Levi, muitos
cobradores de impostos
e pecadores também
estavam à mesa com
Jesus e seus discípulos .
Com efeito ,
eram muitos os que
o seguiam. 16 Alguns doutores da Lei ,
que eram fariseus ,
viram que Jesus estava comendo com pecadores e
cobradores de impostos .
Então eles
perguntaram aos discípulos : “Por que ele come com os
cobradores de impostos
e pecadores ?” 17 Tendo ouvido , Jesus respondeu-lhes: “Não
são as pessoas
sadias que precisam de médico , mas as doentes . Eu não vim para chamar
justos , mas
sim pecadores ”.
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A Palavra De Deus É Viva e Penetrante
“A
Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes.
Penetra até dividir alma e espírito,
articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. E
não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto a
seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas” (Hb 4,12-13).
Através da Primeira Leitura, o autor da Carta
aos hebreus nos apresenta a força da Palavra de Deus. A Palavra de Deus
continua viva, penetrante, cortante e nos conhece inteiramente. Deus nos
conhece por dentro, sabe de nossas intenções mais profundas. É como uma luz
poderosa que tudo envolve e manifesta, e não há nada que seja escondido.
A Palavra de
Deus não é um simples som, nem uma suma de conceitos e sim a própria pessoa de
Jesus Cristo (cf. Jo 1,1-3.14), nosso juiz misericordioso, nosso sumo Sacerdote,
capaz de compadecer-se de nossas dores, porque Ele as padeceu, um trono da
misericórdia, da graça de Deus em quem podemos depositar toda a nossa
esperança. Jesus, por sua morte e ressurreição, entrou no santuário do céu,
como o sacerdote do Templo que atravessava a cortina para entrar no espaço
sagrado interior. Jesus está diante do Pai intercedendo por nós. Podemos sentir
nossa debilidade e estar rodeados de tentações no meio de um mundo que não nos
ajuda, mas temos um Sacerdote que nos conhece profundamente e sabe de nossas
fragilidades e quer nos ajudar, pois confiamos nele.
Todos os dias estamos diante da Palavra de
Deus viva e penetrante. Palavra eficaz como a do Gênesis (“disse e se fez”). Ela
nos ilumina por dentro e para o mundo nos tornamos reflexos dessa Palavra, se
realmente a contemplamos e meditamos. Uma vez a Palavra de Deus nos acaricia e
consola. Outras vezes, ela nos julga e nos convida a um discernimento mais
claro de nossas atuações. Ou ela nos condena quando nossos caminhos nãos são caminhos
de Deus. Ela vai nos sustentando em nosso caminho de fé. A Palavra de Deus é
uma grande ajuda para superar nossos cansaços ou nossas tentações de cada dia.
Os primeiros cristãos saindo do judaísmo sabe
muito bem a eficácia da Palavra de Deus: “Tal
como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra,
sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o
pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter
produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão”
(Is 55,10-11; cf.).
O autor da Carta aos hebreus nos apresenta
cinco qualidades da Palavra de Deus: viva e eficaz, cortante e penetrante, e judicante
(que exerce as funções de juiz).
O autor usa a imagem da espada ligada à
Palavra de Deus que não é novidade para a Bíblia (cf. Sb 18,15; Ef 6,17). Não é
qualquer espada e sim a espada de dois gumes para enfatizar a força inexorável da
Palavra de Deus que penetra no homem. Mas tanto no mundo profano como no mundo
bíblico a espada evoca o contexto do julgamento em que através da espada a
sentença é executada (cf. Dt 13,13-16; Rm 13,4).
Portanto, é preciso ler a Palavra de Deus,
meditá-la e colocá-la em prática, pois “a
Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga
os pensamentos e as intenções do coração. E não há criatura que possa
ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto a seus olhos, e é a ela que
devemos prestar contas” (Hb 4,12-13).
A Palavra de Deus Tem Poder de Converter as Pessoas
“´Segue-me!
´ Levi se levantou e o seguiu”.
Ao longo desta semana, lendo os primeiros capítulos
do Evangelho de Marcos temos acompanhado Jesus atuando: Ele nos ensina com suas
atitudes, com suas obras, com suas tomadas de posição, muito mais que com suas
palavras. Um endemoninhado, a sogra de Pedro com febre, um leproso, uma
paralitico. É o povo de Jesus que o busca e que Jesus o cura e salva.
Hoje também nos ensina, não como longos
discursos e sim com atitudes bem concretas. Não é mais um enfermo e sim um
pecador, um cobrador de impostos ao serviço do odioso império romano, um sanguessuga
do povo necessitado. Mas Jesus vê além do ódio com que os demais veem o
cobrador. Jesus vê o núcleo intacto da dignidade deste cobrador capaz de
realizar grandes e boas coisas, no lugar de estar roubando centavos por
centavos do dinheiro do povo necessitado através dos tributos. Jesus chamou o cobrador e aceitou o convite de
comer em sua casa com seus amigos e colegas, os outros publicanos, todos
pecadores, todos exploradores/ladrões do dinheiro público, pois Jesus proclama
ter vindo, não para condenar e sim para salvar e declara que são os enfermos
que necessitam de sua medicina e não os sãos. Tudo isso nos faz pressentirmos
que o coração de Deus não tem margem e que nele cabemos todos nós, muito
especialmente os mais necessitados de seu amor e de seu perdão. Esta lição da
escola de Jesus deve romper nossos esquemas de tratar os outros, deve nos fazer
olharmos os outros com novos olhos depois que vimos Jesus sentado ao redor da mesa
com os pecadores.
Ao perdoar os pecados do paralítico ,
no evangelho do dia
anterior , (Mc 2,1-12) Jesus rompeu a distância entre
o pecador e Deus .
Mas que
implicação tem isso
na sociedade ? Que
exige da Igreja que
se diz portadora de perdão e de
reconciliação entre os homens (cf. Mt 16,19;18,18;Jo 20,22-23)?
O texto
do evangelho de hoje
fala da vocação
de Levi. Levi é o quinto discípulo de Jesus segundo
o evangelho de Mc. (cf. Mc 1,16-20).
Jesus se apresenta diante dele como o Senhor que ordena: “Segue-me!”. Aqui
há novidade ! Não
é mais pescador
que Jesus chama ,
mas é um
cobrador de impostos
para ser seu discípulo ,
e por isso ,
é um pecador
público (publicano) que
para a sua época , era mal visto pela população .
Levi é descrito como um homem que “estava sentado”. Mas
ao ouvir a chamada
de Jesus para segui-lo, Levi se levantou. A partir daquele dia ,
Jesus será quem dará sentido para a vida de Levi. E Levi aprenderá de Jesus uma nova forma de viver com sentido .
Olhando para Levi
e para o comportamento
de Jesus diante deste, cada um de nós pode dizer em silêncio ao Senhor : “Senhor , eu sou também um pecador . Obrigado , Senhor , por não me julgar , como não julgou
Levi. O Senhor me
conhece e me ama
e por isso ,
não me
despreza ”.
Os escribas
e os fariseus , vendo o comportamento de Jesus, perguntaram aos discípulos de Jesus: “Por
que ele
come com os cobradores
de impostos e pecadores ?”.
Fazer refeição com os demais era um reconhecimento da igualdade
e da dignidade . Os cobradores
de impostos eram considerados ladrões do dinheiro
publico, e por isso ,
eram excluídos e considerados impuros . Os escribas
e os fariseus , puritanos
fechados em sua
auto-suficiência e convencidos de serem
os perfeitos , não
se relacionavam com este
tipo de pessoas
para não comprometer sua pureza legal .
Há aqui
uma revelação de Deus
que chama
nossa atenção .
Jesus não julga os que
dele se aproximam; não faz diferença entre
os homens (cf. At 10,34-35). Não entra nas classificações habituais
da opinião de seu
tempo . Jesus é um
homem de idéias
amplas, um homem
tolerante e compreensivo ,
é um homem
muito humano
para com todos . Ele era tão humano a ponto de se tornar tão divino . Para ser
verdadeiro cristão
o homem tem que
ser muito humano profundamente .
Na profunda vivência
da humanidade é que
chegaremos à divindade . Paradoxalmente ,
o caminho da subida
até Deus
passa pelo caminho da descida
até a nossa
humanidade .
A resposta
de Jesus é um dos melhores
retratos do amor
misericordioso de Deus , manifestado em Cristo
Jesus. Com uma liberdade
admirável , Jesus vai pelo
seu próprio caminho , anunciando a Boa Nova
aos pobres , chamando os “pecadores ” apesar
das reações dos puritanos
que afastam os outros
e fazem isso , em
nome de um
suposto Deus
em quem
acreditam. Jesus continua a salvar os débeis e os enfermos . Continua fazendo o bem
apesar dos comentários
negativos a respeito .
Jesus, em vez
de se afastar dos “pecadores ”,
se aproxima deles. Ele não tem medo de sentar-se à
mesa com
aqueles que
a sociedade considera como
pessoas não
“certinhas”.
O evangelista
Marcos nos
relatou que , como
fruto da aproximação
tão humana
da parte de Jesus “Com
efeito , eram muitos
que o seguiam”. Esta frase tem um peso porque prepara uma melhor
compreensão de Mc 3,13-16. Aqui tomamos consciência
de que os que
seguem a Jesus sintonizam seu atuar com o do Mestre e também
eles se aproxima dos pecadores . Este
fato era
de grande atualidade
no tempo da comunidade
de Marcos (cf. Gl 2,11-14). Para um cristão de origem
judaica não
era fácil
conviver com
quem havia sido conhecido
anteriormente como
um pecador
publico ou com
quem provinha do mundo
pagão . Somente
recordando o comportamento de Jesus tudo se superava.
“Não
são as pessoas
sadias que precisam de médico , mas as doentes . Eu não vim para chamar
justos , mas
sim pecadores ”.
Para todos nós que não somos santos
estas palavras de Jesus nos consolam. Cristo
nos acolhe e nos
chama apesar
de nossas debilidades e da má fama que possamos ter e nos transforma em
seus discípulos
para continuar sua obra neste mundo . Como a Eucaristia , não
é para os perfeitos .
Por isso ,
sempre começamos nossa
celebração com
um ato
penitencial e na hora de receber
o Corpo do Senhor ,
na comunhão , continuamos a reconhecer nossa indignidade de comungar o Corpo tão santo do Senhor ao dizer : “Senhor , eu não sou digno de que
entreis em minha
morada , mas
dizei uma só palavra ,
serei salvo !”.
Temos que
viver realmente
a espiritualidade da Eucaristia porque
a estrutura da Eucaristia
nos mostra
que somos todos
pecadores . Começamos sempre nossa celebração com um ato
penitencial. E antes de nos aproximar da comunhão , pedimos no Pai-Nosso :
“Perdoai-nos as nossas ofensas ”.
Ao receber o Corpo
e sangue do Senhor
nós acreditamos que
Ele é Aquele
que tira
o pecado do mundo
e aquele que
nos alimenta
a fim de vivermos para
ele e para os
demais . Conscientes
de sermos pecadores rezamos antes de receber o Corpo do Senhor : “Senhor , eu não sou digno
de que entreis em
minha morada ,
mas dizei uma só
palavra , serei salvo ”.
Se realmente vivermos profundamente a espiritualidade
eucarística jamais julgaremos os outros . Ao contrário ,
devemos rezar muito
mais do que
comentamos. “No falar muito
está o pecado ”, diz a Palavra de Deus .
É muito
interessante observar como
Jesus não aprova as catalogações correntes que
na sua época
originavam a marginalização de tantas pessoas .
Quando marginalizamos alguém é porque
nos achamos melhores
do que os outros .
Por isso ,
marginalizar os outros
não deixa
de ser uma manifestação
da arrogância ou
de um sentimento
de superioridade . E a arrogância
é uma maneira de admitir
os próprios defeitos .
É interessante refletir que
todos nós
nascemos iguais , mas
logo no dia
seguinte criamos catalogações. E um dia todos vão entrar na cova (morrer ) de igual maneira , mesmo alguns enfeitem a cova .
No evangelho
de ante ontem
lemos que Jesus tocou e curou um leproso . No evangelho de hoje ,
Jesus se aproxima e chama como seu seguidor nada menos que um arrecadador de impostos ,
um publicano, um
pecador público .
Trata-se de um “pecador ”
segundo todas as convenções
da época . É chocante
tanto para a época de Jesus e, creio que ,
também para nossa época . Mas Jesus Levi, o publicano, e este
O segue imediatamente .
A graça
de Deus não
admite nenhuma demora . Ela chega e nós não podemos
demorar em corresponder com
ela , como
Levi que se levantou e seguiu a Jesus imediatamente .
Jesus encontrou Levi “sentado” e o chama . E este
se levantou e seguiu a Jesus. O que torna nossa vida sem dinamismo ? O que
nos faz “sentados” na vida que nos faz sem horizonte , sem esperança e sem
sentido ? É preciso
repetirmos sempre a frase
do Senhor : “Levanta-te e anda
e tu verás mais
coisas na tua vida !”
É um
dos melhores retratos
do amor misericordioso de Deus encarnado em Jesus Cristo .
Com uma liberdade
admirável Jesus vai pelo seu caminho
anunciando a Boa Nova aos pobres (cf. Lc 4,18-19; Is 61,1-2), chamando “pecadores ” para segui-Lo apesar das reações
diante de sua
atitude . Ele
cumpre sua missão :
Veio para salvar os débeis/ pecadores
e os enfermos .
P. Vitus Gustama,svd
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