sábado, 30 de dezembro de 2017

05/01/2018
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FAZER EXPERIÊNCIA PESSOAL COM JESUS NO AMOR FRATERNO LEVA O CRISTÃO A VIVER A ETERNIDADE DESDE JÁ


05 de Janeiro


Primeira Leitura: 1Jo 3,11-21
11 Caríssimos: Esta é a mensagem que ouvistes desde o início: que nos amemos uns aos outros, 12 não como Caim, que, sendo do Maligno, matou o seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más, ao passo que as do seu irmão eram justas. 13 Não vos admireis, irmãos, se o mundo vos odeia. 14 Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15 Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida. E vós sabeis que nenhum homicida conserva a vida eterna dentro de si. 16 Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. 17 Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas, diante dele fecha o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele? 18 Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! 19 Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar diante dele o nosso coração, 20 pois se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas. 21 Caríssimos, se o nosso coração não nos acusa, temos confiança diante de Deus.


Evangelho: Jo 1,43-51
Naquele tempo, 43Jesus decidiu partir para a Galileia. Encontrou Filipe e disse: “Segue-me”. 44Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. 45Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”. 46Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” 47Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. (Jo 1,43-51)
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Amar Ao Próximo Nos Leva à Verdadeira Vida


Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1Jo 3,14).


Depois de insistir ontem em que nossa condição de filhos de Deus deve nos fazer fugir do pecado (1Jo 3,7-10), hoje a Carta de João se concentra na atitude de amor fraterno, e pelo mesmo motivo: porque somos todos nascidos de Deus e, portanto, irmãos um do outro. Consequentemente deve haver o amor mútuo entre os nascidos de Deus pelo Batismo.


A iniciativa do amor foi Deus. Experimentamos seu amor pela humanidade, enviando-nos seu Filho (Jo 3,16), e entregando o Filho à morte na cruz para nos salvar.


Agora cabe a nós orientar nossa vida em uma resposta de amor: “Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos” (1Jo 3,16). João insiste na vivência do amor mútuo, pois o amor cristão nos leva à verdadeira Vida. Por isso, aquele que ama, vive. Aquele que não ama permanece na morte: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1Jo 3,14).


De acordo com o Evangelho de Mateus (Mt 25,31-46), o julgamento final para o cristão terá como critério o amor fraterno, especialmente para os necessitados. Aqui João coloca a mesma pergunta: “Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o seu irmão passar necessidade, mas, diante dele fecha o seu coração, como pode o amor de Deus permanecer nele? Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!” (1Jo 3,17-18).


O argumento de João se torna ainda mais dramático ao escrever: “Esta é a mensagem que ouvistes desde o início: que nos amemos uns aos outros, não como Caim, que, sendo do Maligno, matou o seu irmão” (1Jo 3,11-12). A característica fundamental e mais surpreendente do mal é sua oposição ao bem. O mal não é concebido sem o bem, enquanto o bem, para ser bom, não precisa do mal.


O amor mútuo é o critério dos cristãos, é o mandamento que eles conhecem desde o início de sua conversão (1Jo 3,11). Em oposição ao amor é o ódio. Esta oposição indica o ritmo da vida do mundo a partir das origens do homem: Abel era o justo e Caim, o ímpio, e o segundo odiava o primeiro (1Jo 3,12). Cristo foi mais tarde o justo odiado pelo mundo até a morte. Nada estranho, então, o mesmo acontece com os cristãos. Na medida em que são sinais de amor, são alvo do ódio do mundo (1Jo 3,13). O ódio pode acabar certamente com a morte do cristão: a morte da morte física (v1Jo 3,15) e não a morte eterna, pois “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (1Jo 3,14).


Seguir a Jesus É Ser Seu Discípulo


A passagem do evangelho lido neste dia descreve a vocação de Felipe e Natanael, modelo de discipulado e de seguimento (veja também a analogia dessa vocação nos evangelhos sinóticos: Mc 2,14; Mt 8,22; 9,9; 19,21; Lc 9,59).


No desenvolvimento da narração acontece um intercâmbio de olhares e de encontros. Jesus chama Filipe para segui-Lo. “Segue-me”, disse Jesus a Filipe. Logo depois, Filipe convida Natanael a encontrar-se com Jesus. “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”. Ao ouvir a palavra “Nazaré” da boca de Filipe, Natanael pergunta: “De Nazaré pode sair coisa boa?”. Filipe não quer nem pretende resolver a dúvida inicial de Natanael, mas prefere convidá-lo para uma experiência pessoal com o próprio Jesus: “Vem e vê!”. Filipe viveu a experiência pessoal com Jesus anteriormente e mudou totalmente sua vida. Para esta mesma experiência é que Filipe convida Natanael a fazer.


Filipe convida Natanael a não ficar parado nem paralisado onde se encontra: “Vem e vê!”.  É preciso sair do próprio ângulo de sempre para ver a vida de outros ângulos e para perceber como é rica a vida que temos e como é vasta sua dimensão! “Vir” é uma ação, é uma caminhada, é um sair do próprio esconderijo e do próprio comodismo. É preciso desamarrar os pés de tantos apegos para começar a fazer um êxodo rumo à “terra prometida” por Deus. Quem caminha, vê muita coisa e vê muito mais longe. “Vem e vê” é o convite para caminhar e contemplar tudo no caminho. Diante da vitória eu preciso continuar minha luta, pois para mim é dirigido o convite: “Vem e vê!”. Diante da queda, eu preciso me levantar, pois diante de mim há um convite: “Vem e vê!”. Diante do fracasso, eu preciso reaprender, pois na minha frente está escrito: “Vem e vê!”. Diante do presente, eu preciso vibrar, pois trata-se de uma dádiva e continua soando o convite para mim: “Vem e vê!”. “Vem e vê!” é um convite para a novidade capaz de renovar toda nossa vida como aconteceu com Filipe. Quem fica no quarto, somente vê as quatro paredes. “Vem e vê!” é o convite dirigido a cada um de nós se quiser crescer na vida e ampliar sua visão sobre a vida e seus acontecimentos. O isolamento é a autodestruição. “Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder” (Martin Luther King). O céu (Deus) é uma comunhão plena. Ao superar o isolamento vou tendo, aos poucos, o rosto mais parecido com Deus, pois Deus é comunhão plena. “Vem e vê” é o convite de fé, pois trata-se de uma chamada para o encontro pessoal com Jesus. Somente a fé ajuda a superar os motivos de escândalo (“De Nazaré pode sair coisa boa?”) e de auto-suficiência humana.


“Vem e vê” é o convite de Filipe a Natanael. Trata-se realmente de um chamamento à conversão. Jo 1 é dominado pela idéia de “ver” (cf. Jo 1,39). A palavra “ver” não designa, para o evangelista João, tão somente um olhar simplesmente material sobre a humanidade de Jesus Cristo e sim uma contemplação de Sua glória e de Sua divindade. É como João Batista que viu o Espírito Santo descer sobre Jesus Cristo (Jo 1,33-34).


Logo no início da experiência pessoal com Jesus, Natanael ouviu as seguintes palavras da boca de Jesus: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade. (...) Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”.  Jesus chama, precisamente, Natanael para realizar essa “conversão” da vista (“ver”). Jesus convida Natanael a passar de um olhar sobre a humanidade de Jesus para a contemplação de Sua glória. A “conversão” de Natanael se realiza gradualmente. Na primeira etapa viu Jesus como filho de José (Jo 1,45). Na segundo etapa, este “ver” leva Natanael para a messianidade de Jesus: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel” (Jo 1,49). E na terceira etapa, Natanael reconhecerá, de uma vez, a divindade de Jesus: “Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” e sua humilhação (Filho do Homem: Jo 1,51. cf. Jo 3,14; 8,28; 12,22-34; 13,31). Em outras palavras, a conversão de Natanael é progressiva: da humanidade de Cristo para sua messianidade; da messianidade para o mistério pascal da humilhação e da exaltação.


Jesus suscita em Natanael a vontade de acolher o mistério do Filho do Homem: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.  Jesus revela ao futuro discípulo seu conhecimento pessoal porque em Natanael não há falsidade (fraude): Natanael é o verdadeiro israelita piedoso e reto, apaixonado pela Escritura e que sabe confessar sua própria pobreza diante de Deus. Natanael questiona, mas tem humildade de aceitar a novidade.


O homem, tocado no íntimo de seu ser pelo louvor do Mestre e pelo profundo conhecimento que o Senhor tem do homem (representado por Natanael), se rende à evidencia e reconhece em Jesus o Messias e confessa: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.  Natanael, como os outros discípulos que o precederam no encontro pessoal com Jesus Cristo, se encontra no nível da fé autentica e aberto para as revelações posteriores que Jesus fará imediatamente: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás! Em verdade, em verdade, eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. A fé sempre nos leva a “vermos” coisas maiores do que as que vemos sem fé. “A fé é um grau de conhecimento. O conhecimento é o auge da fé” (Santo Agostinho: Epist. 136,4).


Jesus convida o homem a buscá-Lo porque somente Ele se deixa encontrar pelos que o buscam com aconteceu com Natanael. Uma serie de experiências dos discípulos (cf. Jo 1,35-51) permite o homem penetrar no mistério de Jesus. Quem fizer o encontro profundo com Jesus pessoalmente, sairá mais alegre, entusiasmado e será testemunha de Jesus para os demais. E no testemunho de fé dos discípulos o céu também participa: “Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.
P. Vitus Gustama,svd

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