sábado, 30 de dezembro de 2017

06/01/2018
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 A FÉ EM JESUS  E O AMOR FRATERNO NOS TORNAM VENCEDORES DO MUNDO
Sábado Antes Da Epifania 


Primeira Leitura: 1Jo 5,5-13
Caríssimos, 5 quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 6 Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue). E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade. 7 Assim, são três que dão testemunho: 8 o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes. 9 Se aceitamos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior. Este é o testemunho de Deus, pois ele deu testemunho a respeito de seu Filho. Aquele que crê no Filho de Deus tem este testemunho dentro de si. 10 Aquele que não crê em Deus faz dele um mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus deu a respeito de seu Filho. 11 E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. 12 Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida. 13 Eu vos escrevo estas coisas a vós que acreditastes no nome do Filho de Deus, para que saibais que possuís a vida eterna.


Evangelho: Mc 1,7-11
Naquele tempo, 7 João pregava, dizendo: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”. 9 Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10 E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. 11 E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”.
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Quem Crê Em Jesus Vence o Mundo e Alcança a Vida Eterna


Caríssimos, quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?”.


No vocabulário de São João, sabemos que o termo "mundo" significa "homem trancado em si mesmo e tentado a construir-se e salvar-se por suas próprias forças. De fato, o verdadeiro cristão superou essa tentação: o cristão não vive encerrado em si mesmo e sim aberto a Deus. O verdadeiro cristão superou a ridícula e vã tentação de querer divinizar-se por si mesmo, e deixa o êxito de toda sua vida nas mãos de Deus.


Caríssimos, quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?”. A fé nos torna vencedores da tentação do mundo. A fé nos abre para Deus que faz que confiemos nossa salvação e o êxito de nossa em Jesus, Filho de Deus. A verdadeira fé, que se traduz na prática do amor fraterno, alcança a vitória sobre o mundo e obtém a vida eterna.


Segundo o autor da Carta de João, na fé cristã há dois aspectos. Primeiro, a fé torna o cristão membro da família de Deus. Aquele que mantém a verdadeira fé mostra que “nasceu de Deus”. Consequentemente, ele pertence à família de Deus. Segundo, a verdadeira fé dá ao cristão a força para vencer o mundo e suas influencias nefastas. Quem mantém sua verdadeira fé, vive no mundo de Deus mesmo que esteja ainda nesta terra.


Os dois aspectos da verdadeira fé tem duas consequências para a vida cotidiana do cristão. Primeira consequência, aquele que vive a verdadeira fé deve amar a Deus e aos filhos de Deus. Quem pertence à família de Deus é obrigado a amar a todos aqueles que são membros da mesma família de Deus. Segunda consequência, quem vive a verdadeira fé em Deus deve observar ou cumprir os mandamentos de Deus. Quem ama a Deus tem fé n´Ele. E quem tem fé em Deus, faz tudo aquilo que Deus mandar fazer. O cumprimento dos mandamentos de Deus é a garantia da veracidade do amor que o cristão tem para Deus (1Jo 5,1-3).


Somos Filhos De Deus, Filhas E Filhos Amados Do Nosso Pai Celeste


O texto do evangelho lido neste dia fala da missão de João Batista e do Batismo de Jesus.    


No horizonte teológico da comunidade de Mc, a missão principal de João Batista é preparar a vinda daquele que é “mais forte” que ele. A imagem do “mais forte” evoca as antigas esperanças messiânicas do herói divino que de maneira eficaz e corajosa intervém na história para libertar os oprimidos (cf. Is 9,5;49,24s). Na tradição cristã primitiva, Jesus será apresentado como o “mais forte”, que vence o adversário e liberta os oprimidos (cf. Mc 3,27; Lc 11,22; At 10,38). Esse “mais forte” é quem vai realizar todas as promessas do AT.


Perante esse “mais forte”, João Batista reconhece a sua indignidade total. Até para desamarrar as correias das sandálias, que era uma tarefa exclusivamente dos escravos e que era tido como gesto de extrema humilhação, sente-se indigno.  Só tem que desaparecer para dar lugar a quem “mais forte” que ele: “É necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).


Sentir-se indigno, pequeno e humilde é a atitude normal de quem se encontra perante uma divindade. Consciente ou inconscientemente, em cada comunhão, perante Jesus Cristo presente na hóstia consagrada, também nos sentimos indignos de recebê-lo ao rezarmos: “Senhor eu não sou digno de que entreis em minha morada. Mas dizei uma só palavra, serei salvo!” Mas Jesus quer entrar na nossa vida para que voltemos a ser dignos de ser filhos de Deus (salvos). Mas depois disto temos uma missão de preparar os outros para a vinda de Jesus na vida deles, como João Batista preparava o povo para a chegada do Messias prometido.


O segundo momento é o da chegada. Jesus está no meio de nós. O tempo de espera terminou. O anseio se consumou. O céu, fechado até agora, se abre para dar passo ao Espírito. E Deus, calado muito tempo, entra em diálogo com Jesus. Por isso, é o momento de contemplação, de assombro, de alegria contida. Céu e Terra deixam de estar incomunicados pela incompreensão, pela maldade e a hostilidade. Chegou um novo modo e distinto de gerar história. Com sua chegada, Jesus nos introduz em uma atmosfera limpa, pura, maculada e respirável. Com Jesus sempre ganhamos novo fôlego. Esta é sua força.


Neste segundo momento relata-se o batismo de Jesus. Com o batismo de Jesus, Deus mergulha totalmente na vida do ser humano para que o ser humano possa mergulhar na vida de Deus. Jesus se manifesta um de nós, igual a todos, menos no pecado, mas assumindo os pecados dos seres humanos (cf. Mt 8,17). Deus torna-se um de nós em Cristo para que nós nos tornemos divinos. Ele morreu não para pagar os próprios pecados, mas os nossos: “Nossos pecados ele os carregou em seu corpo no madeiro, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça” (1Pd 2,24). Ao receber esse batismo, Jesus assume a ansiedade dos homens de receber a salvação e ao mesmo tempo assume o desejo do seu Pai de conduzir os homens à comunhão de irmãos.


A abertura dos céus, na hora do batismo de Jesus, que se rasgam significa a abertura de novas relações entre Deus e os homens, um início de um novo diálogo de Deus com os homens, um novo tempo de graça, de novos dons dados por Deus aos homens. Jesus é o lugar do novo, definitivo e pleno encontro de Deus com os homens, dos homens com Deus e, conseqüentemente, dos homens entre si. Neste sentido Jesus se torna para seus seguidores, ao mesmo tempo o ponto de encontro e o ponto de partida no sentido de viver aquilo que Jesus ensinou e viveu.


O batismo de Jesus é o momento de teofania (manifestação divina). A “voz vinda do céu” revela quem é Jesus, sua verdadeira identidade: “Tu és o meu Filho, o amado. Em ti me comprazo” (v.11; cf. Is 42,1). Esta voz é uma indicação a Jesus como ele é amado pelo Pai. Depois de um longo tempo de silêncio de Deus, de vazio do Espírito, os céus se rasgam e Deus atua novamente na história e fala com os homens de maneira definitiva a partir de Jesus. Doravante em Jesus, como o Filho de Deus, vai agir o poder salvífico de Deus.


Durante a nossa curta vida, a questão que guia muitos dos nossos comportamentos é a seguinte: “Quem somos nós?” Raramente nos fazemos esta pergunta de maneira formal; contudo, a vivemos muito concretamente nas decisões do nosso dia-a-dia.


As três respostas que nós geralmente vivemos, e que não damos necessariamente, são: ”Nós somos o que fazemos (sucesso); nós somos o que os outros dizem de nós (popularidade); e nós somos o que temos (poder)”. Uma das tragédias da nossa vida é, certamente, continuarmos a esquecer-nos de quem somos e a perder muito tempo e energias a demonstrar o que não precisa ser demonstrado. É importante compreender a fragilidade da vida que depende do sucesso, da popularidade e do poder. Essa fragilidade provém do fato de esses serem fatores externos sobre os quais temos apenas controle limitado.


Jesus veio nos anunciar que uma identidade baseada no sucesso, na popularidade e no poder é uma falsa identidade, uma ilusão! A nossa verdadeira identidade é que nós somos filhos de Deus, filhas e filhos amados do nosso Pai celeste. Toda vez que proclamamos a nós mesmos a certeza da nossa amabilidade, a nossa vida alarga-se e aprofunda-se. Jesus nos revelou que nós, seres humanos pecadores e fracos, somos convidados à mesma comunhão, à filiação divina que ele viveu, que somos os filhos e filhas prediletos de Deus, precisamente como ele é o seu Filho amado, que somos enviados a este mundo a proclamar a amabilidade de toda a gente, como ele o foi e que finalmente poderemos escapar aos poderes destrutivos da morte, como ele conseguiu.
P. Vitus Gustama,svd

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