sábado, 2 de dezembro de 2017

04/12/2017
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UM “PAGÃO” QUE NOS ENSINA A CRER EM DEUS E AMAR O PRÓXIMO
Segunda-Feira da I Semana do Advento


Primeira Leitura: Is 2,1-5
1 Visão de Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém. 2 Acontecerá nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas e dominará as colinas. A ele acorrerão todas as nações, 3 para lá irão numerosos povos e dirão: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos”; porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a Palavra do Senhor. 4 Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate. 5 Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.


Evangelho: Mt 8,5-11
Naquele tempo, 5quando Jesus entrou em Carfanaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6Senhor, o meu empregado está de cama, em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 8O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma palavra e o meu empregado ficará curado. 9Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!, e ele vai; e a outro: ‘Vem!, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze isto!, e ele o faz”. 10Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta . 11Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”.
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Em Cristo Jesus Encontramos a Razão De Nossa Esperança


Acontecerá nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas e dominará as colinas. A ele acorrerão todas as nações, para lá irão numerosos povos e dirão: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos”; porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a Palavra do Senhor”. São palavras cheias de esperança do profeta Isaias para todos os crentes de todos os tempos e lugares. Trata-se de um belo poema do profeta Isaías.


O poema que lemos na Primeira Leitura é um dos mais inspirados e profundos do AT. “O monte se transforma em centro e origem de um duplo movimento, proposto em ordem cronológica inversa: movimento centrífugo de irradiação, lei e a palavra, movimento centrípeto de afluência universal. ... A montanha maravilhosa, através da lei e da palavra, impõe uma ordem humana de justiça, e por meio da justiça se estabelece a paz. ... Do centro do mundo surgiu uma força misteriosa, não de exércitos ou violência, mas de convicção pacífica e irresistível” (Alonso Schökel).


A profunda decadência moral das pessoas que desprezam a Deus e não escutam a sua voz entristece o profeta Isaías (1,21-27). A apostasia religiosa e moral é muitas vezes descrita pelos profetas em termos de infidelidade conjugal. A intervenção do profeta não termina com a recriminação de vícios. Sua denúncia não surge apenas da contemplação do escândalo do mal, mas também de uma percepção profundamente religiosa dos fatos.


A realidade que se oferecia aos olhos do profeta Isaías era pouco lisonjeira, porque Judá e Jerusalém eram um povo desamparado e humilhado. Mas entre as ruínas daquela cidade, se encontrava Deus. O profeta tem a capacidade de ver Deus além dos fatos. 


Isto quer nos dizer que os profetas não só anunciam as desgraças. Todo profeta é um homem de esperança, porque sabe como ver e porque sabe ler acontecimentos. Profeta é aquele que vê além e vê adentro. Profeta é aquele que capta o sentido das coisas e dos acontecimentos. Profeta é aquele que conhece o que há no homem e o que está chamado a ser; é aquele que escuta a voz do Espirito de Deus. Isaías foi um profeta.


Aqui, neste poema, está um esplêndido anúncio para "Judá e Jerusalém", para a Igreja e para toda comunidade cristã. Embora a escuridão envolva o mundo, sempre haverá uma luz colocada na montanha; sempre haverá montanhas de esperança. Cristo será o melhor, o mais lindo e luminoso das montanhas (Cf. Jo 8,12). A luz do Senhor é a sua palavra. Cristo é a Palavra de Deus para a humanidade. E sua palavra é paz. Não há mais povo contra povo, nem povo sobre povo, mas povo com povo, em solidariedade fraterna. Que os povos abram suas fronteiras, derrubem suas barreiras e acabem com a guerra, desconfiança e exploração. Que as armas nucleares se tornem centrais de energia luminosa; que as armas biológico-químicas se transforme em fertilizantes; que as armas convencionais sejam capitalizadas para a luta contra a fome, a doença e o subdesenvolvimento. E sempre haverá homens e "numerosos povos", que procuram e escalam aquelas montanhas luminosas, para saciar-se de palavras, justiça e paz. São eles que fazem a justiça e a paz reinarem entre as pessoas na convivência fraterna.


Um “Pagão” Que Nos Ensina a Crer Em Deus e a Amar o Próximo


Segundo Mateus, o primeiro milagre operado por Jesus (a cura do leproso) foi para um membro do povo de Deus (cf. Mt 8,1-4). O segundo milagre foi em favor de um pagão. Tudo é um programa. O movimento missionário da Igreja está presente nesse segundo milagre. A salvação de Deus não está reservada para uns poucos. Deus ama a todos os homens. O amor de Deus rompe as barreiras que levantamos entre nós. Jesus fez seu segundo milagre em favor de um oficial romano, em favor de um pagão, pois ele amava o próximo. Os romanos eram mal vistos pela população, pois ocupavam a Palestina.


Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando:Senhor, meu empregado está de cama, paralitico!’ “


Um oficial romano!”. “Um estrangeiro!”. Um estrangeiro, mais ainda um romano, não pertence ao Povo eleito. Por ser estrangeiro, ele é impuro na concepção do Povo eleito. Por ser impuro não pode receber as bênçãos do Senhor. Mas será mesmo que ele é impuro? O evangelista Mateus quer superar essa mentalidade separatista e discriminatória ao colocar, no seu evangelho, a história de um oficial romano cujo coração está cheio de amor para com o próximo.


O oficial romano do qual fala o evangelho deste dia demonstra sua grande bondade para com o próximo, para com seu empregado/escravo, apesar de não pertencer ao Povo de Israel. Sua sensibilidade humana ou sua humanidade é tão alta a ponto de ele se preocupar com seu escravo (empregado). Ele trata seu escravo como se fosse membro de sua família.  Ele não manda nenhum subordinado para procurar Jesus, mas é ele próprio quem se aproxima de Jesus para pedir a ajuda (cura) em favor do seu escravo/empregado. É um patrão exemplar! É um oficial extraordinário. É um líder que ama. Um líder que ama, é respeitado. Um líder temido, geralmente, não é respeitado.


Ao atender esse oficialpagão” Jesus quer nos mostrar que ele não aceita nossas divisões, nem nossos racismos nem nossas discriminações. O coração de cada seguidor de Jesus deve ser universal e missionário, como o próprio coração de seu Mestre, Jesus Cristo.


É impressionante também a profunda humildade desse oficial ao dizer a Jesus: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma palavra e o meu empregado ficará curado”. Este oficialpagão” é muito consciente da lei judaica a respeito dos pagãos. Ele não quer pôr Jesus em uma situação de “impureza legal”. Por isso, ele quer evitar que Jesus entre em sua casa. “Dize uma palavra e o meu empregado ficará curado”, diz o oficial a Jesus. Este homem valoriza e acredita no poder da Palavra de Jesus, porque ele sabe que a Palavra de Jesus está cheia de autoridade e de poder, pois Jesus é a própria Palavra de Deus (cf. Jo 1,1.14).


Jesus elogia esse homem porque acredita no poder da palavra de Jesus: “Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta ”. É a de quem se considera pagão. Mas se comporta como um verdadeiro cristão. Jesus elogia quem acredita no poder de Sua palavra.


Jesus põe em contraste a incredulidade dos seus contemporâneos com a do pagão: “Em verdade, vos digo: em ninguém de Israel encontrei tanta ”. A que Jesus exige é um impulso de confiança e de abandono pelo qual o homem renuncia a apoiar-se em seus pensamentos e em suas forças para abandonar-se à Palavra divina e ao poder d’Aquele em quem o homem deve acreditar.


O oficial romano não pertence a uma Igreja ou a uma religião, oficialmente, porém se comporta como um verdadeiro homem de Deus. É um verdadeiro e autêntico cristão. Podemos encontrar os cristãos em qualquer religião, crença ou grupoVós os reconhecereis pelos seus frutos” (Mt 7,16.20). Com efeito, o paganismo não depende da pertença ou não a uma religião. O paganismo depende do modo de viver e de se comportar para com os demais homens. Por causa do modo de viver há cristãos- pagãos comotambém pagãos- cristãos. Um cristão pode ser um pagão por causa do seu modo de viver não-cristão. E aquele que se diz pagão pode ser um verdadeiro cristão se comportar-se como o oficial romano que se preocupa com o bem do outro.


Senhor, meu empregado está de cama, paralitico”. A oração desse homem serve de exemplo para nós. Ele expõe simplesmente a situação; descreve a doença. E o mais notável é que ele pede em favor do outro, de seu empregado. É uma oração de intercessão. Será que eu rezo somente por mim mesmo, somente pela minha família? Será que tem lugar na minha vida uma oração de intercessão?


Antes de receber o Corpo do Senhor na comunhão, repetimos a frase desse oficial romano: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha morada. Dize uma palavra, serei salvo”. A Eucaristia quer curar nossas debilidades. O próprio Senhor Jesus se faz nosso alimento e nos comunica sua vida: “O Pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6,51.54). Em cada verdadeira Comunhão do Corpo do Senhor acontece uma verdadeira transfusão de vida: a vida de Jesus passa a ser a vida de quem a recebe na comunhão. Quando isso acontecer, será cumprido tudo aquilo que São Paulo escreveu: Eu vivo, mas não sou eu; é Cristo que vive em mim (Gl 2,20).


Podemos também pedir a Jesus da seguinte maneira: “Senhor Jesus, mesmo que eu não seja digno de recebê-Lo na minha vida, na minha família, mas pode entrar para que minha vida, minha família seja digna de receber sua bênção. Se em Belém o Senhor não encontrava nenhum abrigo para seu nascimento, entre na minha família e renasça entre nós para que minha família esteja cheia de luz para depois irradiá-la para os demais.


Jesus não encontrou a naqueles que se acham “crentes”. “Em verdade, Eu vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta ”. Ele encontrou a fé naquele é considerado “pagão”. Será que o Senhor encontrou a fé em mim ou apenas naqueles que não pertencem a nenhuma Igreja, mas acreditam? Será o Senhor encontrou o amor em mim ou somente naqueles que não freqüentam Igreja nenhuma?
P. Vitus Gustama,svd

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