segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

22/12/2017
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DEUS NOS OLHA E NOS ATENDE AMOROSAMENTE
22 de Dezembro

Primeira leitura: 1Samuel 1,24-28
Naqueles dias, 24 Ana, logo que o desmamou, levou consigo Samuel à casa do Senhor em Silo, e mais um novilho de três anos, três arrobas de farinha e um odre de vinho. O menino, porém, era ainda uma criança. 25 Depois de sacrificarem o novilho, apresentaram o menino a Eli. 26 E Ana disse-lhe: “Ouve, meu senhor, por tua vida, eu sou a mulher que esteve aqui orando ao Senhor, na tua presença.27 Eis o menino por quem eu pedi, e o Senhor ouviu a minha súplica. 28 Portanto, eu também o ofereço ao Senhor, a fim de que só a ele sirva em todos os dias da sua vida”. E adoraram o Senhor.


Evangelho: Lc 1,46-56
Naquele tempo, 46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem.51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
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Para Quem Tem a Fé em Deus e Vive Na Oração Tudo Se Torna Possível


Ouve, meu senhor, por tua vida, eu sou a mulher que esteve aqui orando ao Senhor, na tua presença. Eis o menino por quem eu pedi, e o Senhor ouviu a minha súplica. Portanto, eu também o ofereço ao Senhor, a fim de que só a ele sirva em todos os dias da sua vida”. É o cântico de Ana. Ana era estéril. Ela implorou a Deus que dignasse "olhar para a aflição de sus serva". Tendo ouvido sua oração, ela consagrou a Deus seu filho, o pequeno Samuel (Samuel= seu nome é Deus).


O texto da Primeira Leitura de hoje foi escolhido (do primeiro livro de Samuel) por duas razões óbvias: o cântico de Ana contém exatamente os mesmos temas que o "Magnificat" de Maria que o texto do evangelho deste dia nos apresenta. Além disso, a maternidade excepcional de Ana, até então, estéril, também anuncia antecipadamente as duas maternidades excepcionais de Isabel e Maria.


As duas leituras nos propõem um paralelo entre o cântico de Ana e o de Maria. As duas mulheres, a do Antigo Testamento e a do Novo Testamento, reconhecem a intervenção de Deus em suas vidas e louvam a Deus por isso.


Ana, a esposa de Elcana, envergonhada por sua esterilidade, pedia a Deus, insistentemente em sua oração, força para encarar essa situação. Agora voltou para o Templo para dar graças a Deus por ter sido escutada, pois agora ela é mãe de Samuel, que será um personagem importante na historia de Israel. A esterilidade da mãe, considerada freqüentemente naquela época como uma maldição é um recurso típico do Antigo Testamento para sublinhar que o filho é um dom particular do Senhor destinado para exercer uma missão importante neste mundo (cf. Gn 21,1-4; 25,21; Jz 13,2ss; Lc 1,5ss).


Deus é a Fonte De Nossa Grandeza


No cântico de Ana se inspira o Magnificat de Lucas, fragmento que lemos hoje. Esta resposta de Maria à saudação de Isabel, sua prima, que conhecemos tradicionalmente com o nome de Magnificat, é uma oração de ação de graças composta de citações do Antigo Testamento. Depois de escutar os louvores de sua prima, Maria entoa um cântico de admiração, alegria e gratuidade a Deus, o Magnificat, que a Igreja tem cantado ou rezado de geração em geração. “Magnificat” (= engrandece) é, na verdade, a primeira palavra latina da tradução do texto na versão latina: “Magnificat anima mea, Dominum”. No canto, as expressões "minha alma" e "meu espírito" são sinônimos e equivalem a "eu". É o "eu" de Maria, não simplesmente psicológico, mas ontológico e espiritual. O Magnificat de Maria é uma das mais belas orações do Novo Testamento com múltiplas reminiscências do Antigo Testamento (cf. 1Sm 2,1-11; Sl 110,9; 102,17; 88,11;106,9; Is 41,8-9).


No Magnificat, Maria aparece consciente de sua grandeza, mas, como humilde Serva do Senhor, transfere-a para Deus, reconhecendo, pois, sua pequenez, e dobrando-se diante do mistério do Deus sempre eterno e misericordioso. Maria sabe relacionar sua maternidade divina e messiânica com as promessas antigas, feitas a Abraão e à sua descendência, ligando, assim, o favor de Deus operante nela ao cumprimento de tais promessas. Maria se deixou ver por Deus, deixou-se amar por Deus com total transparência.


Não nos enganemos! Muitas vezes queremos fazer coisas para Deus, queremos sempre amar a Deus com nosso pobre amor. Se conseguirmos, será sempre pouco. De Maria aprendemos que o primeiro movimento da relação a Deus, não é oferecer o que fazemos para Deus e sim acolher o que Deus faz por s. Trata-se de passar da oferenda do meu pobre amor para o acolhimento do grande e maravilhoso o amor do qual Deus quer me preencher e com o qual Deus me ama incondicionalmente.


Nas palavras do Magnificat, a ordem dos valores do mundo sofre uma alteração radical, e aqui numa ressonância também política, econômica e social, pois os pobres e humildes são exaltados; os soberbos, derrubados de seus tronos; os ricos, opulentos e insensíveis, são despedidos de mãos vazias.


O canto ou a oração que o evangelista Lucas põe tão acertadamente nos lábios de Maria e provavelmente provinha da reflexão teológica e orante da primeira comunidade é um magnífico resumo da atitude religiosa de Israel na espera messiânica e é também a melhor expressão da cristã diante da história da salvação que chegou à sua plenitude com a chegada do Messias, Salvador e Libertador da humanidade. Jesus, com sua clara opção preferencial pelos pobres e humildes, pelos oprimidos e marginalizados, pelos abandonados e excluídos, pelos doente e pecadores, é o melhor desenvolvimento prático do que é dito no Magnificat.


Ana e Maria reconhecem a intervenção de Deus em suas vidas e por isso louvam a Deus. Saber louvar a Deus, com alegria agradecida é uma das principais atitudes cristãs. Ana e Maria nos ensinam a verificarmos tantas intervenções de Deus na nossa vida diariamente e que escapam de nossa atenção e por isso, vivemos tristes e insatisfeitos todos os dias. Quando pararmos para reconhecer as ações divinas na nossa vida, mesmo que seja no grau bem pequeno, aprenderemos de Ana e Maria a louvar a Deus diariamente e renovaremos nossas forças para continuar nossa missão sabendo que Deus nos ama e por isso, jamais nos abandonará. Olhar para o que Deus faz por nós desde toda a eternidade significa entrar em ação de graças e de louvores.


Toda tradição bíblica nos conduz a essas expressões: Deus ama os pobres, Ele se torna o Defensor dos fracos, daqueles que não têm apoio humano: “Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3).


Maria louva a Deus pelo Natal de seu Filho, nosso Salvador, Jesus Cristo. O Magnificat de Maria é o melhor resumo da de Abraão e de todos os justos do Antigo Testamento. É um canto dos humildes de todos os tempos, de todos os que necessitam da libertação de suas várias opressões que a vida ou os outros impõem. Através de Maria o Deus-distante se torna Deus-Conosco para que vivamos o Natal com convicção de que Deus está presente e atua em nossa história por difícil que ela pareça ser. Se soubermos apreciar o Deus-Conosco, crescerão a paz interior e a atitude de esperança em nós. Ana nos ensina que com Deus nãonada que seja perdido. o tempo vai comprovar tudo isso. Mas o tempo de Deus é o tempo certo para nossa salvação.


Ana e Maria representam todos os humildes de coração de todos os tempos. A humildade de coração é a mãe de todas as virtudes. Nela e dela geram e derivam as demais virtudes. “O único remédio eficaz para combater a soberba é uma dose diária de humildade, que, na maioria dos casos, também é um remédio amargo” (Santo Agostinho: Serm. 142,5,5). “Qualquer espécie de vicio produz más obras. Porém, a soberba perscruta até as obras boas para fazê-las más (Santo Agostinho: Regra).


Eu preciso contemplar em silêncio a alegria de Maria nesses dias: ela espera e se prepara. O clima interior de Maria é a alegria, a exultação. Sou também capaz de recitar o “Magnificat” para cantar meu gozo e meu agradecimento a Deus por tudo que sou e tenho? Como Maria, saberei fazer a verdadeira hierarquia de valores? Saberei buscar os verdadeiro “bens” e me deixar preencher por eles?
P. Vitus Gustama,SVD

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