quarta-feira, 13 de dezembro de 2017




15/12/2017
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VIVER CONFORME OS MANDAMENTOS DO SENHOR PARA VIVER COM SABEDORIA
Sexta-feira da II Semana do Advento


Primeira Leitura: Is 48,17-19
17 Isto diz o Senhor, o teu libertador, o Santo de Israel: “Eu, o Senhor teu Deus, te ensino coisas úteis, te conduzo pelo caminho em que andas. 18 Ah, se tivesses observado os meus mandamentos! Tua paz teria sido como um rio e tua justiça como as ondas do mar; 19 tua descendência seria como a areia do mar e os filhos do teu ventre como os grãos de areia; este nome não teria desaparecido nem teria sido cancelado de minha presença”.


Evangelho: Mt 11,16-19
Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 16 Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: 17 ‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!’ 18 Veio João, que nem come e nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. 19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras”.
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Privação Da Bênção De Deus É O Preço Do Pecado


Se tivesses observado os meus mandamentos! Tua paz teria sido como um rio e tua justiça como as ondas do mar; tua descendência seria como a areia do mar e os filhos do teu ventre como os grãos de areia; este nome não teria desaparecido nem teria sido cancelado de minha presença”.


Is 48,17-19, o texto que lemos na Primeira Leitura de hoje, é uma reprovação a Israel pela sua infidelidade aos mandamentos do Senhor. Durante seis anos de desterro Israel sofreu bastante como consequência do pecado cometido.


O texto quer nos afirmar que todo pecado priva da benção divina. É por isso que toda infidelidade exige o exílio, símbolo da distância de Deus.


Na verdade, o maior pecado do povo não era quebrar os mandamentos de Deus, e sim considerá-los inúteis em sua vida. Prescindir de Deus e de Sua vontade para se converter em seres autônomos sem outra lei do que seu próprio arbítrio ou critério.


Por isso, Deus se apresenta diante do povo para que compreenda o verdadeiro sentido dos mandamentos que deu ao povo: “Ah, se tivesses observado os meus mandamentos!”  Os mandamentos que o Senhor deu para o povo não era para impor um jugo sobre ele, para oprimi-lo com uma carga pesada. Ele os entregou como sinais do caminho para que eles não estivessem equivocados no caminho que o povo deveria seguir. Os mandamentos do Senhor têm como objetivo ensinar o povo para seguir o verdadeiro caminho: o caminho da paz, da justiça e da felicidade.


Se tivesses observado os meus mandamentos! Tua paz teria sido como um rio e tua justiça como as ondas do mar”. Trata-se da preciosa concepção da lei antiga, tão esquecida não só pelos israelitas, mas também por muitos cristãos de nossos dias. O homem, cego por sua autossuficiência egoísta, continua caminhando ao acaso, fazendo o seu caminho, desprezando as indicações do caminho, sem perceber o grande perigo de não alcançar o único objetivo ao qual ele está destinado.


Apesar de todas as nossas recusas, de todas nossas faltas de amor, Deus quer nossa felicidade, nossa justiça, nossa retidão, nossa santidade. Deus quer que nossa vida seja fecunda. Mas há somente uma condição: estar atento aos mandamentos do Senhor.


O mal não tem rosto porque ele pode tomar o ser de qualquer um de nós. Ninguém está isento da possibilidade do mal. O mal é tudo que serve à morte; tudo que sufoca a vida, estreita-a, e corta-a em pedaços.  As principais ameaças à nossa sobrevivência vêm de nossa natureza humana interna: são nossas hostilidades, nosso descaso, o egoísmo, o orgulho/a arrogância, prepotência e a ignorância deliberada que põem o mundo em perigo. Por isso, a realidade do mal exige vigilância.


Viver Com Sabedoria Nos Leva à Alegria De Viver e De Conviver


Jesus é um grande observador da vida cotidiana. Ele contempla tudo e nada escapa de seu olhar. Seu olhar é atento, penetrante e sensível para tudo e diante de tudo. Jesus é uma pessoa que está sempre ligada com tudo. Ele observa tudo: a natureza (árvores, aves, flores, plantações, chuva, relâmpago, etc.), as atividades dos homens como agrícola, pescaria, agropecuária (ovelha, cabrito, cordeiro etc.), construir casas, casamento, banquete etc. para depois tirar alguma lição para a própria vida das pessoas de seu tempo. Basta ler todas as parábolas de Jesus logo confirmaremos a verdade de tudo o que foi dito. Para Jesus a vida cotidiana com seus acontecimentos e a natureza servem como se fosse um grande livro divino onde ele página por página, dia após dia, suas mensagens ou suas lições para a própria vida do homem.


Desta vez Jesus nos conta sua observação sobre a atitude de crianças que brincam nas praças. Com certeza, um dia ele observou as crianças que brincavam em uma praça que repetiam o seguinte refrão durante a brincadeira: “Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!”. Um dia ele usou essa observação para falar do comportamento de seus contemporâneos diante de João Batista e diante do próprio Jesus.


João Batista, como o Precursor do Senhor, se apresenta como um homem austero, que não comia comidas cotidianas nem bebia bebida alcoólica. Ele comia apenas gafanhotos e o mel silvestre e se vestia de pele de camelo. Por causa disso, seus contemporâneos que tem mentalidade hedonista e que procuram a todo o custo o prazer consideram João Batista como “louco”.


Na verdade, a vida de João Batista é uma crítica severa sobre o hedonismo sem freio que causa tristeza para tantas pessoas que acabam vivendo uma vida solitária mesmo que se encontrem no meio da multidão ou no meio de uma festa, e que sacrificam tantas pessoas em nome do seu prazer. Nosso coração não está sedento de prazer, de poder, de fama, de riqueza e sim de sentido. O que nos frustra e tira a alegria de viver é a falta ou a ausência de significado de nossa vida. Não passamos a ser felizes perseguindo a felicidade. Nós nos tornamos felizes vivendo uma vida que signifique alguma coisa. Geralmente, as pessoas mais felizes que conhecemos são aquelas que se esforçam para serem generosas, solidárias, compassivas, prestativas, atenciosas, confiáveis, mansas, amorosas... Quem desejar fazer a experiência da verdadeira e autentica alegria, deve aprender primeiro a renunciar à intemperança e aos prazeres efêmeros, deixar de pensar em si mesmo e nos seus interesses. Ao fazer alguém feliz, nós seremos felizes verdadeiramente.


Jesus veio com seu projeto de felicidade (cf. Mt 5,1-12), trouxe a vida em abundância para todos (cf. Jo 10,10), anunciou a igualdade (cf. Mt 20), pois todos são filhos e filhas de Deus, e por isso, comia e bebia com os excluídos da sociedade (pecadores, publicanos, prostitutas, doentes etc.). Ele anunciava um Deus que é bom, que não exclui nem castiga quem errou, que convida para a festa com Ele todos os homens sejam bons sejam maus (Mt 22,10; Mt 5,45). Em outras palavras, Jesus ensina os homens o passo de dança alegre da vida como um prelúdio da felicidade celeste no banquete eterno com Deus de Amor (cf. 1Jo 4,8.16). Mas por causa de sua maneira de viver e de conviver, Jesus é chamado de “comilão” e “beberrão”.


Diante do comportamento de seus contemporâneos Jesus deu uma resposta cheia de sabedoria: “Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras.  Trata-se de um provérbio.


Quando se fala da sabedoria no mundo grego, e também em nosso mundo, pensa-se simplesmente na ciência. O mundo da Bíblia pensa de maneira distinta. A sabedoria, sem qualificativo nenhum, é a sabedoria de Deus. Com ela faz-se referencia ao plano de Deus sobre o mundo e sua execução através dos homens eleitos por Deus para realizá-lo.


Com o provérbioMas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras, o evangelista Mateus quer afirmar que, tanto João Batista como Jesus são agentes na realização do plano de Deus. A conduta dos dois pode parecer equivocada e ser julgada como tal pelos dirigentes do povo judeu na sua época, mas as obras dos dois (João Batista e Jesus) demonstram que estão na linha da verdade e, portanto, os equivocados são os próprios gerentes do povo. A obra salvadora que Jesus levou até o fim no mundo demonstra que aqueles que O recusaram não tinham razão, pois Jesus é a sabedoria de Deus, pois Ele é o Verbo de Deus.


O retrato de muitos cristãos que não levam a serio os ensinamentos de Jesus em suas vidas pode ser, em parte, o mesmo que os dirigentes do povo na época de Jesus. Há pessoas insatisfeitas crônicas, que se refugiam em suas críticas ou veem somente o mau na história e nas pessoas e sempre se queixam. A insatisfação crônica conduz a pessoa ao perfeccionismo. Uma pessoa perfeccionista considera inaceitável qualquer coisa que não seja perfeito. O perfeccionismo é capaz de roubar a felicidade e a alegria de viver. Somos chamados a ser excelentes e não perfeccionistas. Excelência é a habilidade de melhorar continuamente. E isto supõe a abertura às mudanças, a flexibilidade diante do fracasso e a aceitação dos próprios erros. É possível ser uma pessoa feliz, livre e desfrutar a vida mesmo sem ser perfeito.  Será que isso é uma expressão de não querer mudar?


Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras. Há duas maneiras de viver sabiamente que se complementam ou dois modos de dançar na vida: a maneira de João Batista que nos leva a viver na sobriedade, mas sem perder a alegria de viver como ensinou Jesus através da convivência amorosa como os irmãos do mesmo Pai do céu. Em tudo na vida é preciso nos perguntarmos: tem algo positivo para mim e para os que convivem e trabalham comigo ao fazer, ao falar, ao escrever ou ao comentar alguma coisa?


Além disso, tudo na vida tem seu tempo (cf. Ecl 3,1ss). Reconhecer a hora de Deus, o tempo oportuno, o tempo da graça, o Kairós é um sinal de sabedoria. Somente os simples de coração têm essa capacidade. Se para Deus tudo é simples, para o simples tudo é divino. A simplicidade é a transparência no olhar, a retidão no coração e no comportamento e a sinceridade no discurso, sem nenhuma simulação. A simplicidade é a sabedoria dos santos e a virtude dos sábios.


Como os contemporâneos de João Batista também eu sou convidado pela figura de João Batista para fazer sinceras obras de penitência. Reconhecer a hora de Deus, para mim, significa tirar as máscaras para viver na transparência, renunciar a olhar apenas de um ângulo sobre a vida e seus acontecimentos, aprender o olhar tudo a partir de Jesus Cristo: um olhar de um irmão.


Mas a hora de Deus não é somente a hora da penitência e de mudança de vida. É também a hora do gozo, da alegria que o Evangelho de Jesus nos traz. O gozo evangélico nascerá em mim ao reconhecer que Jesus não se envergonhou de ser chamado de “amigos de publicanos e pecadores”. O perdão que me anuncia não se reduz a uma mera palavra ou uma noticia genérica de Deus diante das minhas falhas e fraquezas, mas que é acontecimento desconcertante, pois Deus continua me amando e voltei a amar o Deus de amor. Apesar de eu ser pecador Deus me convida para o banquete divino. Não se trata de uma festa que se deixa para amanhã. Esta festa para mim é hoje. Eu preciso ouvir atentamente o que o Senhor disse para Zaqueu: “Hoje a salvação entrou nesta casa”. “Esta casa” sou eu, é minha família, são meus amigos e meus irmãos em Cristo.
P. Vitus Gustama,svd

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