sexta-feira, 6 de abril de 2018

11/04/2018
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DEUS NOS AMA PERMANENTEMENTE E CREMOS NO SEU AMOR ETERNAMENTE
Quarta-Feira da II Semana da Páscoa


 


Primeira Leitura: At 5,17-26
Naqueles dias, 17 levantaram-se o sumo sacerdote e todos os do seu partido — isto é, o partido dos saduceus — cheios de raiva 18 e mandaram prender os apóstolos e lançá-los na cadeia pública. 19 Porém, durante a noite, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os fez sair, dizendo: 20 “Ide e, apresentando-vos no Templo, anunciai ao povo tudo o que se refere àquela Vida”. 21 Eles obedeceram e, ao amanhecer, entraram no Templo e começaram a ensinar. O sumo sacerdote chegou com seus partidários e convocou o Sinédrio e o Conselho formado pelas pessoas importantes do povo de Israel. Então mandaram buscar os apóstolos na prisão. 22 Mas, ao chegarem à prisão, os servos não os encontraram e voltaram dizendo: 23 “Encontramos a prisão fechada, com toda segurança, e os guardas estavam a postos na frente da porta. Mas, quando abrimos a porta, não encontramos ninguém lá dentro”. 24 Ao ouvirem essa notícia, o chefe da guarda do Templo e os sumos sacerdotes não sabiam o que pensar e perguntavam-se o que poderia ter acontecido. 25 Chegou alguém que lhes disse: “Os homens que vós pusestes na prisão estão no Templo ensinando o povo!” 26 Então o chefe da guarda do Templo saiu com os guardas e trouxe os apóstolos, mas sem violência, porque eles tinham medo que o povo os atacasse com pedras.


Evangelho: Jo 3,16-21
16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. 19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus.
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A Primeira Leitura nos narra a volta dos Apóstolos para a prisão. O Sinédrio, especialmente o grupo dos saduceus, mandou prender novamente os Apóstolos. Mas o anjo do Senhor os liberta e lhes anima a continuarem dando testemunho. Assim se repete a dinâmica da Páscoa de Jesus: a morte e a ressurreição, a perseguição e a libertação. Obedientes à ordem do anjo do Senhor (At 5,20), os Apóstolos continuam a dar seu testemunho sobre Jesus Ressuscitado. E a obra de Deus segue adiante.


Quantas vezes vários cristãos foram presos por ser cristãos que deram testemunho de Jesus! Quantas vezes fomos e seremos criticados e desprezados por ser cristãos. O anjo do Senhor fala para os Apóstolos “aquela Vida”: “Ide e, apresentando-vos no Templo, anunciai ao povo tudo o que se refere àquela Vida”. Trata-se do estilo da vida de Jesus. Nossa fé é um “modo de vida”, é “aquela Vida”; é um estilo evangélico.


O Salmo Responsorial (Sl 33/34) reflete muito bem o espirito da Primeira Leitura: “O Anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o temem, e os salva”; “O infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia”. Não é com as próprias forças como os Apóstolos dão testemunho: Deus os ajuda eficazmente. Em Deus encontramos nossa verdadeira segurança apesar das ameaças que nos cercam. Por isso, precisamos contar sempre com o Senhor permanentemente, pois “Todas as vezes que O busquei, Deus me ouviu, e de todos os temores me livrou”. Quando contamos sempre com o Senhor, teremos forças suficientes para continuar com nosso testemunho como cristãos tanto com palavras como com obras em meio dos ambiente em que vivemos e trabalhamos.


O Evangelho de hoje continua a nos falar sobre o diálogo de Jesus com Nicodemos como nos dias anteriores. No Evangelho de Jesus apresenta a maior profundidade que consiste na revelação de seu próprio mistério: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. Através de sua encarnação (Jo 1,14) Deus demonstra historicamente seu amor pela humanidade, pois Ele quer a vida eterna a todos. Deus ama e ama a todos. O próprio de Deus não é condenar e sim salvar, como se viu continuamente na vida de Jesus: veio para salvar e perdoar. Ele acolheu os pecadores. Ele perdoou a adúltera. A ovelha perdida recebeu as melhores atenções do Bom Pastor para salvá-la.


Mas de nossa parte há total liberdade de ter possibilidade de aceitar ou não o amor de Deus. Trata-se de uma liberdade tremenda! Quem decide crer em Jesus, o Amor encarnado do Pai aceita em si a vida de Deus. Quem não aceita Jesus, ele se condena, pois recusa a vida de Deus. O evangelista usa a metáfora sobre luz e escuridão.


Avancemos um pouco mais nossa reflexão!


Somos Enviados Pelo Senhor Ressuscitado Para Respeitar, Proteger e Defender a Vida


Ide e, apresentando-vos no Templo, anunciai ao povo tudo o que se refere àquela Vida”. Esta é a mensagem do anjo do Senhor para os Apóstolos no momento em que foram libertados da prisão milagrosamente. 


Anunciai ao povo tudo o que se refere àquela Vida. Trata-se de uma mensagem muito densa teologicamente. Jesus devolve a vida aos mortos (Lc 7,11; Mt 9,18; Jo 11,1). A missão que Jesus recebeu consiste em dar ao homem “vida eterna”, a mesma vida de Deus que provém da “água e do Espirito” (Jo 3,3) e que se concede aos homens em virtude do Filho do Homem elevado. Ser elevado significa para Jesus não somente a cruz e a morte, mas também sua ressurreição e exaltação junto ao Pai. Pedro e Paulo também o fazem como os profetas antigos (At 9,36; 20,7). Jesus ressuscitou para morrer nunca mais. Jesus ressuscitou para mostrar ao homem que é princípio de vida, princípio e fim da existência de todos os homens. A ressurreição de Jesus foi um fato revelador sobre o destino de Jesus e do homem. A ressurreição de Jesus é a mensagem mais clara sobre o futuro do homem. A imortalidade, a vida eterna é um dom de Deus. A fé na ressurreição é parte da fé de todo o Novo Testamento.


Anunciai ao povo tudo o que se refere àquela Vida. É uma bela definição do anúncio cristão. Tudo que o cristão anuncia deve dizer respeito à vida para que os destinatários de seu anúncio possam ser animados para seguir adiante, pois o próprio Senhor é a Vida (Jo 14,6). É um anúncio sobre a vitória de Jesus, o Vivente, sobre a morte. É um anúncio cujo objetivo é bem claro: para que os ouvintes optem pela vida e não pela cultura de morte. Optar pela vida significa dizer sim ao homem como valor supremo, a uma paternidade ou maternidade responsável, a uma distribuição justa dos bens da terra, a um progresso que melhore a qualidade de vida, aos movimentos pacifistas e ecologistas, a Deus e à vida que não termina com a morte, pois Deus é a Vida, por excelência. Optar pela vida significa estar pronto para se chocar com o poder que para auto conservar-se e para se manter nos seus privilégios, e dominado pela inveja, o poder produz escravidão e morte, sacrificando principalmente os inocentes.


A defesa incondicional de todos os seres humanos, principalmente dos excluídos e marginalizados, se converte na obra de Deus no mundo. Deste modo, a vida alcança a todos os seres humanos e os ilumina com a luz da esperança, pois Jesus venceu a morte ao ressuscitar dos mortos e continua a estar conosco (Cf. Mt 28,20).


O Senhor Se Encarnou Por Amor, Morreu Por Nós e Ressuscitou Para Continuar a Nos Amar


 Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Palavras profundas nas quais o nosso coração deve abismar-se. Deus se dá a Si mesmo. Com Ele nos é dado tudo, pois Ele se dá a Si mesmo. Deus se converte em dom para nós todos. É um dom de tal categoria que o próprio dom nos concede a graça de recebê-lo. Somente na medida em que reconhecermos isso, nós possuiremos aquilo que nos é dado.


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


Esta frase é uma síntese bíblica que condensa todo o quarto Evangelho (Evangelho de João). O quarto Evangelho foi escrito para que acreditemos em Jesus, oferta de amor e salvação de Deus para a humanidade, e para que, crendo nele, tenhamos a vida em seu nome (cf. Jo 20,31). Ele veio para que todos nós tenhamos vida e a tenhamos abundantemente (Jo 10,10). E esta oferta tem um motivo e uma finalidade e um meio. O motivo da oferta é o amor apaixonado de Deus pela humanidade: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único”. E a finalidade desta oferta é a salvação da humanidade: “... para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. E o meio para que o amor de Deus chegue até a humanidade é a encarnação de Deus em Jesus Cristo. Jesus é a manifestação tangível do amor do Pai (1Jo 4,9). O objeto da fé em Jo é acreditar em um Deus que nos ama e que este Deus acampou no meio de nós (Jo 1,14). Toda a Bíblia é a história de amor de Deus por nós todos. “Se queres falar sobre o amor, não precisas dar-te ao trabalho de buscar citações. Onde quer que abras a Bíblia, ali se fala do amor” (Santo Agostinho: Serm. Mai 14,1).


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


No vocabulário do cristianismo primitivo essa maneira de falar está sempre em relação à cruz. É uma reflexão sobre a morte na Cruz de Jesus por amor à humanidade. Nesta entrega do Filho único há uma recordação do sacrifício que outro pai fez também de seu filho único: Abraão (cf. Gn 22,2). Aquele sacrifício não chegou a realizar-se. O cordeiro que substitui Isaac e se sacrifica sem resistência é este Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29). O Pai não envia o Filho para a morte e sim para o cumprimento fiel de sua missão de revelar o amor de Deus, Sua misericórdia sobre todos os homens, e a morte de Jesus na cruz é a consequência desse amor levado até o fim (cf. Jo 13,1).


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).


A partir desta frase sabemos quem é Deus? Muitas definições foram feitas sobre Deus tanto a partir da filosofia como da teologia em geral e outras disciplinas científicas e exatas, mas nenhuma definição mais certa e curta do que a de São João: “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Esta frase é carregada de mistério e de promessa, toda nossa história. É a frase nuclear e radiante. Esta frase, ao meditá-la e vivê-la no dia-a-dia, tem a capacidade de manter a esperança no mundo e tem uma força tremenda para o homem continuar sua luta pela dignidade, pois o amor é a última palavra da vida. “O Amor é a nossa origem. O Amor é o chamado constante na vida. O Amor é a plenitude da vida. No entardecer da nossa vida seremos julgados no amor” (Santo Agostinho).


A resposta para o porquê da criação, da encarnação e da redenção é o amor de Deus por todos nós. Toda a atividade de Deus é uma atividade amorosa. Se cria, Ele cria por amor; se governa as coisas, o faz no amor; quando julga, julga com amor. Tudo quanto faz é expressão de sua natureza, e sua natureza é amar. Amar é dar-se a si mesmo. O plano de salvação não tem outro fundamento que o incompreensível amor de Deus por nós todos e por cada um de nós em particular. Por amor anda Deus em nossa busca pelos caminhos do mundo. É um Deus que não tem medo de sacrificar até o próprio Filho para resgatar todos nós, pecadores e perdidos, por amor. O homem nenhum na face da terra sacrificaria seu próprio filho para resgatar os outros. Somente o Deus apaixonado por nós todos.


Deixar de olhar para Deus que se encarna em Jesus será para nós uma perdição eterna e será para nós uma infelicidade sem fim. Levado por seu amor, Deus salta o abismo que nos separava dele e se aproxima de nós para nos dar o que mais quer: seu “único Filho”. Mais ainda, entregou seu único Filho à morte para que todos nós tenhamos vida. E esta vida dada para nós gratuitamente se renova em cada Eucaristia para que sejamos um dom para os outros; para que façamos o bem também para os outros. Jamais um cristão pode fazer o mal ou ser cúmplice do mal.


O melhor comentário para este texto de Jo 3,16 é a primeira carta de São João 4,18-21: “No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor. Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão”.  Será que amamos realmente a Deus no próximo? (Cf. Jo 15,12).


A Paixão e morte de Jesus Cristo é a manifestação suprema do amor de Deus pelos homens. Deus é amor, amor que se difunde e se prodiga; e tudo se resume nesta grande verdade que tudo explica e o ilumina. É necessário ver a história de Jesus sob esta luz. “Ele me amou e sacrificado por mim”, escreveu São Paulo (Gl 2,20). Cada um precisa repetir esta frase a si mesmo. O amor de Deus por nós culmina no sacrifício do Calvário. A entrega de Cristo constitui uma chamada estimulante e apressada para corresponder a esse amor: amor com amor se paga. O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,27), e Deus é amor (1Jo 4,8.16). Por isso, o coração do homem está feito para amar e quanto mais se ama, mais se identifica com Deus e somente quando ama, o homem pode ser feliz.


Num mundo acostumado ao comércio, ao preço das coisas, é difícil entender a gratuidade, é difícil entender a ação de Deus que quer dialogar, amar com liberdade a todos, oferecendo a oportunidade de salvação, graça e vida. Nós, na nossa vida cotidiana, damos uma parte de nossa vida, enquanto Deus dá tudo para a humanidade. Por isso, quando ele pedir do homem, Deus não pede muito do homem, mas pede tudo do homem.


“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.  Segundo o Evangelho de João, o cristão não tem que ter medo do juízo último, pois o juízo não é algo externo e sim dentro do próprio homem. O cristão sabe que o juízo está nele e depende de sua própria escolha. A partir de Deus tudo é governado por amor. E a partir do homem?  Será que nossa vida é governada por amor e com amor? “Quanto mais cresce teu amor, maior é tua perfeição. A perfeição da alma é o amor” (Santo Agostinho: In epist. Joan. 9,2).


“Deus amou tanto o mundo...”. Esta é a única confissão de fé que estamos obrigados a professar para ser fiéis à herança que nos foi dada. Deus nos ama com um amor incompreensível e incomensurável. O Deus que Jesus nos revela é o Deus que ama. Não se pode pensar em Deus sem dar-Lhe este predicado que impressiona profundamente o coração do homem até suas entranhas.


A obra de Deus no mundo é principalmente o amor. Por isso, entregou Seu Filho para que dê vida abundantemente a todos os seres humanos. Na medida em que os seres humanos acolhem a vida divina, suas obras serão iluminadas pela verdade.
P. Vitus Gustama,svd

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