quarta-feira, 18 de abril de 2018

21/04/2018

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JESUS TEM PALAVRAS QUE SACIA NOSSA SEDE PELO SENTIDO DA VIDA
Sábado da III Semana da Páscoa


Primeira Leitura: At 9,31-42
Naqueles dias, 31 a Igreja vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo. 32 Pedro percorria todos os lugares; e visitou também os fiéis (santos) que moravam em Lida. 33 Encontrou aí um homem chamado Enéias, que estava paralítico e, há oito anos, jazia numa cama. 34 Pedro disse-lhe: “Enéias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te e arruma a tua cama!” Imediatamente Enéias se levantou. 35 Todos os habitantes de Lida e da região do Saron viram isso e se converteram ao Senhor. 36 Em Jope, havia uma discípula chamada Tabita, nome que quer dizer Gazela. Eram muitas as obras boas que fazia e as esmolas que dava. 37 Naqueles dias, ela ficou doente e morreu. Então lavaram seu corpo e o colocaram no andar superior da casa. 38 Como Lida ficava perto de Jope, e ouvindo dizer que Pedro estava lá, os discípulos mandaram dois homens com um recado: “Vem depressa até nós!” 39 Pedro partiu imediatamente com eles. Assim que chegou, levaram-no ao andar superior, onde todas as viúvas foram ao seu encontro. Chorando, elas mostravam a Pedro as túnicas e mantos que Tabita havia feito, quando vivia com elas. 40 Pedro mandou que todos saíssem. Em seguida, pôs-se de joelhos e rezou. Depois, voltou-se para o corpo e disse: “Tabita, levanta-te!” Ela então abriu os olhos, viu Pedro e sentou-se. 41 Pedro deu-lhe a mão e ajudou-a a levantar-se. Depois chamou os fiéis (santos) e as viúvas e apresentou-lhes Tabita viva. 42 O fato ficou conhecido em toda a cidade de Jope e muitos acreditaram no Senhor.


Evangelho: Jo 6,60-69
Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61 Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64Mas entre vós há alguns que não creem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo. 65E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. 66A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” 68Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
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A Primeira Leitura nos relatou que “Naqueles dias, a Igreja vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo”. A alusão à paz supõe que a perseguição travada contra os cristãos tenha perdido sua força. A Igreja primitiva gozava de paz significa, sobretudo, que os cristaos gozam dos bens de Deus, porque “progredia no temor do Senhor”.


E aproveitando a ocasião de paz, o protagonista de hoje, Pedro, deixa Jerusalém e percorre as comunidades cristãs, como visita pastoral, para reanimá-las em sua fé. Sua presença é acompanhada por dois fatos miraculosos: a cura de um paralítico chamado Enéias, em Lida, e a ressurreição de uma discípula, Tabita, que havia morrido, em Jope. O poder de cura de Jesus agora é comunicado à sua Igreja, na pessoa de Pedro, que explicitamente invoca a Jesus: "Enéias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te e arruma a tua cama!”. E também quando ressuscitou Tabita, primeiro, Pedro se ajoelha e comeca a orar antes de dar a ordem: "Tabita, levante-se". Foi o que ele e John fizeram na porta do Templo quando curaram o paralítico "em nome de Jesus".


Dai, podemos ver os protagonistas da história da Igreja: Jesus, seu Espírito e a própria comunidade, com seus ministros. Jesus, de sua gloriosa existência, permanece presente na sua Igreja (Cf. Mt 28,20; 18,20), enche-a de força através de seu Espírito e continua atuando através dela. Por isso, podemos entender a razão pela qual o autor dos Atos dos Apóstolo descreve o cenário da Igreja primitiva de modo muito otimista: “A Igreja consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo”.


Celebrar a Páscoa é deixar-se preencher com a força de Jesus, e depois transmiti-la aos outros, nos encontros com as pessoas, a exemplo de Pedro. O Papa Francisco na sua exortação apostólica, Evangelii Gaudium, nos chama a sairmos de nosso cantinho ao encontro dos necessitados: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, para toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta” (n.49).


A Eucaristia deve nos dar a força de Cristo para poder ajudar os outros ao longo do dia. Sair de nós mesmos - foi um bom símbolo que Pedro saiu de Jerusalém - e percorrer os caminhos dos outros para encorajá-los em sua fé. A Igreja em saída como quer o Papa Francisco deve servir como slogan para todos os agentes pastorais, em particular e todos os cristãos, em geral.


Com sua ressurreição, Cristo venceu a morte. As correntes que nos atavam foram permanentemente quebradas. Jesus nos salvou. Mas o que devemos oferecer a Jesus que nos fez um bem tão imenso? A Santa Missa é a ação de graças mais agradável ao Pai. Com o Salmo Responsorial (Sl 115/116), dizemos: “Que poderei retribuir ao Senhor Deus, por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido. É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos. Por isso oferto um sacrifício de louvor, invocando o nome santo do Senhor”. Deus não quer a morte do pecador e sim que se converta e viva. Deus está sempre perto de seus fieis para libertá-los da morte. Quem invoca ao Senhor jamais será defraudado por Ele. A partir da ressurreição de Cristo o caminho da humanidade tem um novo significado: Quem crê em Jesus Cristo, mesmo que tenha que passar pela morte, deve saber que depois da cruz está a ressurreição e glorificação junto a Ele. Por isso, não tenhamos medo de oferecer a Deus nossa própria vida como uma oferenda agradável ao Seu Santo Nome, sabendo que Ele velará sempre por nós e nos levará são e salvos para seu Reino celestial.


No Evangelho de hoje, lemos a passagem final de Jo 6 onde se encontra o discurso de Jesus o Pâo da Vida com as reações da parte dos ouvintes perante o discurso. Jesus declarou Seu carne como verdadeiro alimento e Seu sangue, verdadeira bebida. Para alguns o discurso é duro, impossível de admitir. Muitos dos discípulos de Jesus o abandonam. Mas Simão Pedro proclama sua fé em Jesus, o Messias, o Filho de Deus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. Humilde palavra de Pedro. Palavra de amor delicado: Jesus é insubstituível para Pedro e outros discípulos fieis a Jesus.


’Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?’ ... A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele”.


A dureza da fé pode nos levar ao cansaço e ao abandono. São muitos os batizados optaram por sair, para procurar formas mais simples de viver uma vida cristã, para ser “cristão light” que não quer se comprometer muito com a Igreja e com os ensinamentos do Senhor, pois “Esta palavra é dura”. As atrações do mundo dão mais prazer do que os ensinamentos de Cristo. Mas trata-se de atrações que alienam o homem de uma vida com sentido. Possuir muitos bens, mas o coração está vazio de sentido. Não adianta correr atrás de outros ídolos ou de outros mestres, pois somente em Jesus se encontram palavras de vida eterna. As palavras de Jesus são “Palavras de vida eterna” porque fazem o crente participar desde já a vida divina.


Estendamos nossa reflexão partindo de outros pontos como mensagens das duas leituras de hoje!


Jesus Continua e Quer Continuar Atuando Através Dos Cristãos


“Enéias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te e arruma a tua cama!”. “’ Tabita, levanta-te!’ Ela então abriu os olhos, viu Pedro e sentou-se”. São palavras pronunciadas pelo Apóstolo Pedro.


A Primeira Leitura nos relata dois milagres de Deus através de Pedro. Um é a cura de Eneias de sua paralisia. O outro é a reanimação (“ressurreição”) de uma mulher generosa chamada Tabita.


A cura de Eneias nos lembra Mc 2,1-12 (cura de um paralítico). A reanimação de Tabita lembra Mc 5,36-43 (ressurreição da filha de Jairo; cf. 1Rs 17,17-24; 2Rs 4,18-37): mesma exclusão das pessoas, mesma fórmula, (exceto: “Tabita, levante-se”), gesto idêntico da mão e assim por diante.


Através destes milagres o autor dos Atos dos Apóstolos (Lucas) quer nos dizer que Jesus continua agindo por meio de Pedro, Seu Apóstolo. Por isso, em vez de dizer “Eneias, eu te curo”, Pedro diz: “Eneias, Jesus Cristo te cura”. A fonte do poder de Pedro é Jesus Cristo. Esta frase quer nos enfatizar que Pedro é apenas um instrumento de Deus neste milagre. O agente principal nesta cura é o próprio Jesus Cristo. A fé de Pedro e a misericórdia de Jesus Cristo se encontram unidas nesta cura. Ninguém faz milagre, mas somente Deus. Mas Deus pode usar qualquer um para acontecer qualquer milagre. Jamais poderíamos ficar arrogantes por uma cura por causa de nossa oração, pois o autor da cura é o próprio Senhor. Jamais poderíamos atribuir qualquer milagre ao nosso mérito. Jesus Cristo continua sendo a fonte de todos os milagres. Jamais podemos pensar demasiadamente naquilo que fazemos em termos de qualquer milagre e pensamos pouco no Cristo que é o próprio autor dos milagres.


Da mesma maneira quando aconteceu o milagre da reanimação de Tabita. Antes da ordem de levantar Tabita do leito da morte, Pedro rezou, pois o poder está em Jesus Cristo: “Pedro mandou que todos saíssem. Em seguida, pôs-se de joelhos e rezou”. A exemple de Pedro, sejamos instrumentos eficazes do Senhor para qualquer coisa que possa edificar a vida humana e a convivência. Nós pensemos demais do que podemos fazer e muito pouco do que Cristo pode fazer


Além disso, através destes milagres, Lucas (autor dos Atos dos Apóstolos) quer destacar a função de Pedro no caminho da Igreja. Com estes milagres Lucas quer colocar Pedro no grupo dos grandes profetas taumatúrgicos na Bíblia como Elias (cf. 1Rs 17,17-24) ou como Eliseu (cf. 2Rs 4,18-37). Encontramos também dois milagres analógicos operados por meio de Paulo: a cura do paralítico em Antioquia da Pisídia (At 14,8-10) e a ressurreição de Êutico em Troade (At 20,7-10). Pedro e Paulo são dois Apóstolos (missionários) que têm uma grande contribuição, cada um com sua própria maneira, para a expansão da Igreja. São dois grandes colunas da Igreja do Senhor.


O que nos chama a atenção do texto da Primeira Leitura é que os cristãos de Lida e de Jope são chamados de “santos” (At 9,32.41; o Lecionário traduz a palavra “santos” por “fieis”). São Paulo usa a palavra “santo” para descrever o membro da Igreja quando ele escreve uma carta para determinada comunidade.


A palavra grega é hagios. Às vezes é traduzida por “santo”. A raiz desta palavra significa “diferente”. O cristão é aquele que é diferente dos que simplesmente são habitantes do mundo. Os cristãos são diferentes por terem sidos escolhidos para a especial proposta de Deus. Os cristãos são chamados para ser luz do mundo e sal da terra. Eles são diferentes porque eles sabem que passam a vida fazendo o bem a exemplo de Cristo. Se não o fizerem, os cristão deixarão de ser cristãos; a diferença fica desaparecida. Os cristãos foram salvos para servir os outros; foram libertados para libertar os outros; são escolhidos para o serviço por amor.


É Preciso Seguir a Jesus, Pois Somente Ele Tem Palavras de Vida Eterna


A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.


O texto do evangelho deste dia, com que se encerram as reflexões sobre o sinal da multiplicação dos pães e peixes, formula a única atitude de entender esse sinal. Quem entende o significa do sinal ou quem capta o espírito de Jesus nesse discurso, continua a seguir Jesus (Pedro e companheiros). Os que não o entendem, ou não penetram no espírito de Jesus, abandonam Jesus (outros discípulos que se sentem escandalizados). Somente aqueles que descobrem a importância da mensagem de Jesus, pois cheia de vida eterna, são capazes de relativizar o que até aquele momento parecia ser fundamental. Quem encontra a prata, relativiza o bronze; quem descobre o ouro, relativiza a prata.


No fim do discurso sobre o Pão da vida o entusiasmo das multidões por Jesus vai se esfriando e chega um momento em que, escandalizadas pelas palavras de Jesus, O abandonaram. A desilusão penetra, inclusive, no interior do círculo dos mais apegados: no grupo dos discípulos. Mas Jesus, apesar deste aparente fracasso, anuncia já a vitória de sua ressurreição e a glória de sua ascensão ao céu: “E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes?”, perguntou Jesus retoricamente. Os que permanecerem até o fim, terão, um dia, experiência deste mistério e conhecerão a existência gloriosa do Senhor ascendido ao céu e serão confirmados na fé. As palavras de Jesus são espírito e vida. O Espírito de Deus dá às palavras de Jesus um sentido e uma força divina capaz de fortalecer os que nele creem e escutam as palavras de Jesus: “O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida”.


Muitos se escandalizaram por causa das palavras de Jesus porque não penetraram ainda no mistério da pessoa de Jesus. Uma palavra ou uns fatos são escandalosos na medida em que rompem os esquemas, hábitos ou comportamentos dos indivíduos ou dos grupos.


O grupo que hoje se escandaliza já não é o grupo dos mestres de Israel e sim um grupo dos discípulos de Jesus. Eles se sentem mais seguros sendo observantes do que sendo crentes. Eles preferem o estado de vida orientado pela Lei ao estilo de vida orientado pela fé, preferem o estilo de vida carnal ao estilo de vida espiritual. Diferentemente da pessoa carnal, a pessoa espiritual é aquela que se entende a si mesma a partir de uma relação com Deus manifestada por Jesus: “O espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida”, disse Jesus aos discípulos. Mesmo assim muitos discípulos abandonaram Jesus.


“Vós também vos quereis ir embora?”, perguntou Jesus aos demais discípulos. Pedro responde à pergunta de Jesus fazendo em nome de seus companheiros uma sincera profissão de fé: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus”.


Pela primeira vez e única vez no quarto Evangelho aparecem os Doze como um grupo já formado. João os apresenta como os homens da experiência mística: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus”. É Pedro quem fala por todos. Trata-se do descobrimento do insondável mistério de Jesus, de sua pessoa de carne e de osso. Daí o caráter fundamental e insubstituível dos Doze. Os Doze creem que Jesus tem palavra de vida eterna e que ele é o Messias ou “santo de Deus” por outra parte.


Por isso, a questão não é somente seguir ou deixar de seguir Jesus, e sim encontrar o Outro que tenha ele palavras capazes de dar o sentido para nossa vida e por isso, a vida eterna. Este descobrimento leva os Doze a relativizarem tudo que até naquele momento parecia ser fundamental e importante. No lugar de tudo isso surge Jesus, sua pessoa, sua palavra, iluminando tudo na vida deles com uma luz nova. Sob a luz de Jesus há coisas que deixam de ter interesse e valor, outras que surgem e outras que cobrem novo valor. A sede da busca do absoluto se sacia em Jesus, e a partir de Jesus, o relativo perde sua importância. Jesus tem palavras de vida eterna, pois Ele é a Palavra do Pai no meio da humanidade e para a humanidade (cf. Jo 1,1-3.14).


São Paulo nos convida a descobrirmos e a experimentamos a maravilhosa experiência mística: “Por essa razão eu dobro os joelhos diante do Pai de quem toma o nome toda família no céu e na terra para pedir-lhe que ele conceda, segundo a riqueza da sua glória, que vós sejais fortalecidos em poder pelo seu Espírito no homem interior, que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados e fundados no amor. Assim tereis condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede a todo conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus” (Ef 3,14-19).


Também no mundo de hoje, como para os ouvintes que estavam em Cafarnaum, Jesus se converte em sinal de contradição, como anunciou o ancião Simeão, quando Maria e José apresentaram seu filho no Templo (cf. Lc 2,34-35). A dureza da fé pode nos levar ao cansaço e ao abandono. São muitos batizados que optaram por buscar caminhos mais fáceis em vez de encarar a verdade e se esforçar para melhorar a qualidade de vida e de fé. Cristo é exigente, e seu estilo de vida está não poucas vezes em contradição com os gostos e as tendências de nosso mundo. Crer em Jesus, e concretamente comungar com ele na Eucaristia, que é uma maneira privilegiada de mostrar nossa fé nele, pode resultar no algo difícil, mas termina na coisa preciosa.


Quando nos cansamos de seguir o bem, de viver de acordo com a verdade, o amor, e a justiça, de praticar a caridade e o perdão, quando nos pesa a fidelidade a Deus e aos irmãos, quando o mal nos circunda e nos assedia, quando a dúvida e a incredulidade nos oprimem, então, Jesus também nos pergunta: “Também tu queres partir e me abandonar?”. Constantemente temos que escolher entre vários deuses e senhores. Temos que matar muitos deuses que criamos e que não nos dá salvação. Se quisermos optar pela vida em plenitude, sem limite nem ocaso, temos que fazer nossas as palavras de Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.


Nós cremos em Jesus e sabemos disso. Mas a fé é uma adesão pessoal a Cristo. A fé entendida como adesão pessoal a Cristo nos conduz a um maior conhecimento de sua mensagem e de sua pessoa. A fé entendida como pautar nossa vida à vida de Cristo nos exige renunciar a muitas coisas. Conhecer Jesus, refletir sua mensagem e assimilar suas atitudes nos conduz a uma maior maturidade na fé.


A quem iremos, Senhor?”. Esta expressão é incompreensível para o mundo, mas cheia de luz para nós que cremos em Jesus, pois “Tu tens palavras de vida eterna, Senhor”. “Palavras de vida eterna!”. Palavras que nos dão garantia para vivermos eternamente com Deus. A expressão “Palavras de vida eterna”, quando vividas por nós, nos torna portadores de sinais de vida e não de morte; quando vividas por nós torna a vida eterna presente desde já na nossa vida em história.


Ao participar da Eucaristia, ao comungar o Corpo e Sangue do Senhor estamos permitindo Deus que, por meio do Mistério pascal de Seu Filho, sejamos restaurados no íntimo de nosso ser, pois somente em Jesus tem “palavras de vida eterna”. A Igreja de Cristo, que são todos os batizados, é chamada a ser portadora de vida; da Vida que nos vem do próprio Deus. No cumprimento da missão que o Senhor nos confiou, nos encontraremos com muitas pessoas deterioradas pelo pecado, pela enfermidade, pela pobreza, pela injustiça, pelo abuso, pela exploração da dignidade humana. Não podemos passar adiante sendo traidores de Cristo e de seu evangelho. Quem abandona Cristo não somente quem não reza nem participa dos sacramentos, mas também quem fecha os olhos diante do sofrimento de seu próximo com quem Jesus se identifica (cf. Mt 25,40.45). Nenhum cristão pode justificar o próprio egoísmo ao perguntar: “Acaso, sou eu responsável do meu irmão ou pelo meu irmão?”. A Eucaristia nos faz entrarmos numa comunhão de vida com Cristo que passou a vida fazendo o bem (cf. At 10,38). A Eucaristia nos move para que sejamos pão de vida a fim de continuarmos a fortalecer aqueles que necessitam de uma mão para levantá-los de seus túmulos de maldade e para ajudá-los a caminharem no bem.
P. Vitus Gustama,svd

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