quinta-feira, 12 de abril de 2018

16/04/2018
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Resultado de imagem para 27Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará.
SOMENTE EM DEUS SE ENCONTRA O SENTIDO DE NOSSA EXISTÊNCIA
Segunda-Feira da III Semana da Páscoa


Primeira Leitura: At 6,8-15
Naqueles dias, 8 Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. 9 Mas alguns membros da chamada Sinagoga de Libertos, junto com cirenenses e alexandrinos, e alguns da Cilícia e da Ásia, começaram a discutir com Estêvão. 10 Porém, não conseguiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. 11 Então subornaram alguns indivíduos, que disseram: “Ouvimos este homem dizendo blasfêmias contra Moisés e contra Deus”. 12 Desse modo, incitaram o povo, os anciãos e os doutores da Lei, que prenderam Estêvão e o conduziram ao Sinédrio. 13 Aí apresentaram falsas testemunhas, que diziam: “Este homem não cessa de falar contra este lugar santo e contra a Lei. 14 E nós o ouvimos afirmar que Jesus Nazareno ia destruir este lugar e ia mudar os costumes que Moisés nos transmitiu”. 15 Todos os que estavam sentados no Sinédrio tinham os olhos fixos sobre Estêvão, e viram seu rosto como o rosto de um anjo.


Evangelho: Jo 6,22-29
Depois que Jesus saciara os cinco mil homens, seus discípulos o viram andando sobre o mar. 22No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar constatou que havia só uma barca e que Jesus não tinha subido para ela com os discípulos, mas que eles tinham partido sozinhos. 23Entretanto, tinham chegado outras barcas de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão depois de o Senhor ter dado graças. 24Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, nem os seus discípulos, subiram às barcas e foram à procura de Jesus, em Cafarnaum. 25Quando o encontraram no outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Rabi, quando chegaste aqui?” 26Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. 27Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. 28Então perguntaram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?” 29Jesus respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”.
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Na Primeira Leitura de hoje e na de amanhã vamos refletir sobre a vida de Estêvão, o primeiro discípulo que derramou o sangue, não somente por Jesus, mas também como Jesus. Lucas descreve o final de Estêvão em claro paralelismo com o final de Jesus:
  • Ambos são detidos como consequência de um tumulto popular. O povo, convertido em massa, atua violentamente.
  • Ambos são acusados de pôr em questão a instituição mais sacrossanta dos judeus: o Templo.
  • Ambos reagem de maneira não-violenta. Oram, inclusive, por aqueles que os condenam.
  • Ambos põem suas vidas nas mãos de Deus no momento da morte.

Estêvão morre como Jesus. Sua morte, como a do Mestre, não é estéril. Poderíamos dizer que não há mal que por bem não venha. A morte de Estêvão desencadeia uma perseguição contra a comunidade cristã de Jerusalém. Os cristãos são obrigados a fugir e dispersar-se. Mas esta dispersão não significa a morte da Igreja e sim o nascimento de uma Igreja multicultural que anuncia o nome de Jesus como se anuncia no começo dos Atos dos Apostolos, em Jerusalém, em toda Judeia, em Samaria e até os confins da terra (Cf. At 1,8).



Estêvão, Pedro e Paulo são as três figuras proeminentes que protagonizam nos Atos dos Apóstolos uma consciência mais profunda da identidade cristã, uma maior libertação da Igreja em relação ao molde da sinagoga e uma crescente ruptura do cristianismo com o judaísmo.

O Salmo Responsorial (Sl 118/119) está em sintonia com as leituras de hoje, especialmente encaixa perfeitamente em todo o referente a São Estêvão. Deus quer que todos os homens sejam salvos. Para isso enviou seu próprio Filho. E esta é a vontade de Deus-Pai: que todo aquele que crê em seu Filho obtenha, por seu meio, a salvação. Não há outro caminho nem outro nome no qual possamos obter a salvação. A Lei cumpriu seu papel de conduzir o homem até Jesus Cristo: “Afastai-me do caminho da mentira e dai-me a vossa lei como um presente. Escolhi seguir a trilha da verdade, diante de mim eu coloquei vossos preceitos”. A fidelidade amorosa do Filho à vontade de seu Pai levou a Lei para sua plenitude. Quem aceitar Cristo e seguir seus passos carregando sua própria cruz, estará caminhando para a perfeição que Deus prometeu a todos os que O amam e a Ele são fieis. Deus estará sempre de nossa parte e escutará nossas súplicas, pois vivemos unidos a Jesus Cristo. Um sinal de que nós ressuscitamos com Cristo é a nossa vida irrepreensível.

Ao longo de toda esta semana continuaremos a ler o interminável capítulo sexto do Evangelho de João (nada menos que 71 versículos). Começamos na sexta-feira da semana passada e terminaremos no sábado que vem. Neste capítulo, são oferecidos dois sinais (a multiplicação dos pães e a marcha de Jesus sobre as águas) e um longo discurso no qual o significado desses sinais é explicado. Jesus é apresentado como o alimento que dá a vida eterna.

No fragmento do Evangelho de hoje (Jo 6, 22-29) Jesus disse: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará”.

Podemos buscar Jesus por uma e mil razões. Quando a pobreza nos oprime, buscamos Jesus para encontrar socorro nele. Nas enfermidades e dores buscamos a saúde em Jesus. Nas opressões buscamos a liberdade em Jesus. Ou na fome e na nudez buscamos o pão e o vestido. Cristo é o rosto amoroso e misericordioso de Deus para a humanidade, especialmente para a humanidade doente. Na Eucaristia o Senhor nos concede em abundância seu Espírito e sua Sabedoria para nos converter em testemunhas suas no mundo. Nós que nos sentamos à mesa do Senhor, temos que estar conscientes de que vivemos fazendo nossa a Vida de Cristo, seu Espírito e sua Missão. A Eucaristia é o momento culminante do caminho da Igreja, pois se compromete a continuar construindo com Cristo o Reino de Deus entre nós neste mundo.

Estendamos um pouco mais nossa meditação sobre alguns pontos das duas leituras de hoje!

Missão-Testemunho e Perseguição

Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Mas alguns membros da chamada Sinagoga de Libertos, junto com cirenenses e alexandrinos, e alguns da Cilícia e da Ásia, começaram a discutir com Estêvão”.

Em At 6,8-8,3 encontramos o relato sobre Estêvão, um dos sete diáconos escolhidos pelos Apostolos (Cf. At 6,1-7). As virtude que ornam a vida de Estêvão são graça e fortaleza. Além do mais ele é um homem cheio do Espirito Santo. Isto significa que Estêvão é o homem que se deixa guiar pelo Espirito de Deus. Ele não teme pregar Cristo mesmo fora do círculo dos primeiros cristãos: se dirige especialmente aos judeus de língua grega.

A maneira de pensar e de falar de Estêvão excita os ânimos dos judeus “libertos”, que se chamam assim porque, depois de ter sido levados como escravos fora de Palestina, foram libertados e voltaram para Palestina. Eles têm sinagoga própria. Para eles é inadmissível que Estêvão, cheio de Espirito, mostre com sua eloquência como Jesus, o Ressuscitado, superou a Lei e o Templo e que somente em Jesus encontra a salvação. Por isso, eles acusam falsamente Estêvão: “Ouvimos este homem dizendo blasfêmias contra Moisés e contra Deus. ... Este homem não cessa de falar contra este lugar santo e contra a Lei. E nós o ouvimos afirmar que Jesus Nazareno ia destruir este lugar e ia mudar os costumes que Moisés nos transmitiu”.

Todos os batizados são chamados a dar testemunho de Cristo Ressuscitado, como foram os Apóstolos. Às vezes como Estêvão nos encontramos em meio de um mundo hostil para transmitir a mensagem cristã. E não é estranho que caiamos na tentação de ocultar nosso testemunho para não ter dificuldades. Mas o Salmo Responsorial de hoje (Sl 118/119) nos inisiste em andar no caminho da verdade: “Afastai-me do caminho da mentira e dai-me a vossa lei como um presente. Escolhi seguir a trilha da verdade, diante de mim eu coloquei vossos preceitos”.

Provavelmente não teremos ocasião de pronunciar discursos eloquentes diante das autoridades ou das multidões. Nossa vida é o melhor testemunho e o mais elquente discurso, se nossa vida se conforma a Jesus Cristo e que “rejeitem o que se opõe a este nome e abracem quanto possa honrá-lo” (Oração da Coleta da missa de hoje).

É Preciso Esforçar-se Para Encontrar o Sentido Da Vida Em Jesus, Pão Da Vida

Continuamos a acompanhar a conseqüência ou a reação da multidão diante da multiplicação dos pães e peixes. A multidão saciada pelos pães multiplicados quer fazer Jesus de rei. Mas Jesus se afastou da multidão. Jesus não se deixa cair nas garras do poder mundano. Ele quer manter ser Filho de Deus até o fim.
 
O texto do evangelho deste dia quer enfatizar, precisamente, o problema da pessoa de Jesus e da capacidade da fé para descobrir o mistério que está por trás dos sinais operados por Jesus. João convida os ouvintes a estarem sempre em estado de busca autêntica da pessoa de Jesus para entender suas palavras e obras.

Quando revela sua própria pessoa Jesus emprega uma fórmula nova: Pão da vida, que era algo desconhecido no AT. Assim como outras fórmulas tais como “Luz da vida” (Jo 8,12), “Palavra de vida” (1Jo 1,1), “água de vida” (Ap 21,6;22,1), Bom Pastor (Jo 10), Videira (Jo 15) e assim por diante. A expressão “Pão da vida” quer nos transmitir que Jesus é a verdadeira vida imortal. Quem crê em Jesus, no sentido de viver de acordo com seus ensinamentos já está com a vida imortal porque está com Jesus e Jesus está nele.

“Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”.

Jesus alerta à multidão que o que ela busca é apenas algum benefício imediato, um puro consumismo. No imediatismo, na superficialidade, no consumismo procura-se um Deus utilizável; um Deus que sirva para nossos pequenos interesses e caprichos; um Deus comerciante que distribua seus benefícios para os homens; um Deus padeiro que multiplica os pães de maneira mágica sem nenhum esforço da parte do homem; um Deus à nossa pequena medida para satisfazer nossos pequenos desejos e prazeres. O Deus que nos tira do comodismo e da passividade afastamos imediatamente. O imediatismo, o consumismo nos deixa vazios por dentro. O consumismo nos leva a buscarmos o nosso próprio bem-estar e abandonarmos o bem que deveríamos fazer. O consumismo nos leva a corrermos atrás de nossos próprios interesses para, depois, cairmos na indiferença e sermos alheios para o apelo de quem necessita do básico para viver. O consumismo nos faz esquecermo-nos do amor. Quem se alimenta só do efêmero vive sem raiz profunda e fácil de ser derrubado em qualquer momento por um pequeno sopro do vento da vida.

 “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. “Eu gostaria de falar de Deus não nos limites e sim no centro; não na debilidade e sim na força; não a propósito da morte e da carência e sim da vida e da bondade do homem” (Bonhoeffer). Somente Deus fala bem do próprio Deus e somente Cristo é o verdadeiro interprete do Pai, pois Ele é a própria Palavra de Deus feita carne e por isso, devemos acreditar n’Ele: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. Ninguém pode manejar Deus.

Esforçai-vos, não pelo alimento que perece, mas pelo que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará (Jo 6,27). 

Não somos somente animais de necessidades: comer, beber, dormir, respirar, vestir-nos e assim por diante. Não somos homens unidimensionais que sacrificamos nossa vida aos imperativos de ídolo do consumismo. Somente com o pão, o homem não se satisfaz. Somos homens multidimensionais. Somos homens de sentido. Somente encontrando o sentido de sua vida, o porquê e o para quê da vida é que o homem alcançará sua verdadeira felicidade, paz e serenidade. Sem o alimento interior o homem cairá no vazio. Necessitamos cuidar do Eterno dentro de nós.

O homem de hoje, ainda que não conscientemente, busca felicidade, segurança, vida, verdade e o sentido da vida. Há boa vontade em muita gente. O que essas pessoas necessitam é que alguém lhes ajude. Às vezes tem uma concepção pobre da fé cristã por temor ou por um sentido meramente de preceito ou por interesse. Alguns procuram Deus pelos favores que d’Ele esperam, sem buscar o próprio Deus. Se nós cristãos ajudarmos as pessoas que buscam Deus, com nossas palavras e obras, se formos sinais de Deus nesta terra, creio que muitas pessoas vão procurar não somente alimento que se perde, mas principalmente alimento que perdura para sempre que é Cristo que dá valor para o resto. A partir de Cristo tudo ganha seu próprio valor.

É importante recordar que nem tudo que você quer é o que você necessita e nem tudo que você necessita você vai conseguir no momento em que desejar. Mas apesar de tudo, nunca renuncie a suas metas e por isso, continue em frente! Não permita que as desilusões da vida abortem seu potencial e o afastem de seus sonhos de dignidade. Procure fazer as coisas e estar com as pessoas que acrescentam valor à sua vida. Não basta encontrar solução para a necessidade material; há que aspirar para a plenitude humana e isso requer a colaboração do homem: “Esforçai-vos”. O alimento que se acaba (o pão) dá somente uma vida que perece. O que não se acaba, que é o amor, dá vida definitiva. O pão há de ser expressão do amor. Precisamos ser sinais de amor para os demais. Na ausência desse amor, perdermos nossa autoridade de cristãos e não teremos nada para oferecer para as pessoas que buscam o sentido da vida.

A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”, disse Jesus à multidão que o procurou. É curiosa a escolha dos termos laborais (termos que tem a ver com o trabalho) no texto de hoje: a obra, o trabalho. Crer em Jesus para o evangelista João é considerado como trabalho, como esforço. Por que crer em Jesus é considerado como trabalho ou esforço? Porque a tradição, a mentalidade herdada, as idéias que se tem são algo complexo. O mundo em que vivemos pode nos dificultar muito a crer em Jesus Cristo. Em todos os momentos temos que renovar nossa fé em Deus com muita oração, muita reflexão e muita atenção ao que acontece ao nosso redor e no mundo. O que Deus quer de nós diante de tudo isso? O que Deus quer que façamos diante dos acontecimentos. Em cada acontecimento há sempre algum recado de Deus e há, ao mesmo tempo, uma chamada da parte de Deus para que façamos algo.

Esforçai-vos, não pelo alimento que perece, mas pelo que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará” (Jo 6,27). Meditemos e reflitamos bem sobre esta frase! Necessitamos reconhecer nossa necessidade de Deus onde se encontra o sentido de nossa vida. Não deixemos que essa necessidade seja coberta por algo efêmero.

Portanto, que Deus abra nosso coração, ilumine nossa mente e aviva nosso amor para que possamos sentir ou experimentar Sua presença indispensável para nossa vida e salvação.
P. Vitus Gustama,svd

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