quinta-feira, 26 de abril de 2018

Domingo,29/04/2018
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PERMANECER EM CRISTO PARA PRODUZIR BONS FRUTOS
V DOMINGO DA PÁSCOA ANO “B”

Primeira Leitura: At 9,26-31
Naqueles dias, 26Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo. 27Então Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. 28Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor. 29Falava também e discutia com os judeus de língua grega, mas eles procuravam matá-lo. 30Quando ficaram sabendo disso, os irmãos levaram Saulo para Cesaréia, e daí o mandaram para Tarso. 31A Igreja, porém, vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo.


Segunda Leitura: 1Jo 3,18-24
18Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! 19Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar diante dele o nosso coração, 20pois, se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas. 21Caríssimos, se o nosso coração não nos acusa, temos confiança diante de Deus. 22E qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado. 23Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. 24Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu.


Evangelho: Jo 15,1-8
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. 2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais frutos ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.
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O texto se encontra no complexo literário de Jo 13-17 que fala da despedida de Jesus de seus discípulos. Na presença dos seus amigos íntimos, Jesus começa a transmitir sua mensagem final (Jo 13,31-17,26). Como qualquer grande líder que reúne seus seguidores na véspera de sua morte para dar-lhes instruções quando ele partir, também Jesus, antes de sua morte, faz a mesma coisa. Mas ele lhes garante que sua morte não é um fim, pois ele vai para seu Pai. Aqui, nestes capítulos, Jesus repetidamente promete que ele vai voltar para os discípulos através de sua ressurreição e do dom do Espírito Santo. Esta volta vai trazer-lhes paz e alegria, e que os discípulos vão entrar também na comunhão de sua vida através do Espírito, que é o dom de Jesus ressuscitado.


“Eu sou a verdadeira videira e vós, os ramos”, diz Jesus. Esta imagem serve para sublinhar a comunicação e circulação de vida divina que existe entre Jesus e aqueles que nele crêem. Meditar estas palavras sobre a videira e os ramos significa encontrar a relação que nos liga, na sua dimensão mais profunda, a Ele. É uma relação mais profunda até do que aquela que existe entre pastor e o rebanho, sobre a qual meditamos no domingo anterior. No evangelho deste domingo descobrimos onde é que reside a força interior de nossa religião (2Tm 3,17). É em Jesus.


Quando Jesus se autoproclama como a “verdadeira videira”, é porque existe outra videira falsa. A verdadeira videira é a imagem que evoca vida, seiva, fruto abundante ou ramos cheios de frutos de qualidade.


Somos Ramos Da Verdadeira Videira Que é Cristo


Se no Domingo passado, São João nos advertia que o mundo não nos conhece porque não conhece Pai em Cristo (1Jo 3,1), as leituras de hoje (deste Domingo) nos ajudam a reconhecermos nosso próprio ser cristão: “Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”, diz-nos Senhor. Isto quer nos dizer que estamos enraizados numa origem, dado no Batismo, que nos dá força e produz fruto, em virtude da qual podemos viver uma existência útil e cheia de sentido.


Se Cristo é a videira e nós somos os ramos, logo cada cristão, seguidor do Senhor deve estar desarraigado de si mesmo e desconcentrado. Sua morda e seu centro, de agora em diante, se encontram em Cristo de quem provem toda sua força. Cristo, sua vida, sua mensagem constituem, pois, o terreno vital no qual deve radicar a Igreja, todos os cristãos. Se a Igreja, se cada cristão radica sua vida “em outra parte”: na força, no poder, no triunfo, no número, no prestígio, na riqueza, pode ser tudo, menos a vinha do Senhor, e está condenado inexoravelmente à esterilidade.


Além disso, a nós toca a tarefa de não rompermos esse vínculo que nos vincula com o Ressuscitado. Trata-se duma incorporação interior e profunda mediante a fé, a graça e a caridade. E também uma incorporação garantida externamente mediante nossa permanência visível à própria Igreja, una, santa, católica e apostólica que é o próprio Corpo místico do Senhor no qual Ele é a cabeça (Cf. Cl 1,18; Ef 5,22; 1Cor 12,27). Cristo constituiu a Igreja para prolongar sua obra de salvação até o fim dos tempos.


Uma união com Jesus que não é algo automático nem ritual pede a decisão do homem. Esta união mútua entre Jesus e os discípulos, os cristãos, será a condição para a existência da comunidade, para sua vida e para o fruto que deve produzir. O ramo não tem vida própria, e portanto, não pode dar fruto por conta própria. O ramo necessita da seiva, isto é, o Espirito comunicado por Jesus.


Jesus Cristo É a Verdadeira Videira


Assim como no domingo passado, no Evangelho do Bom Pastor (Jo 10,11-18), somos agora surpreendidos pela afirmação absoluta de Jesus: "Eu sou a verdadeira videira". Não diz o que foi ou o que será, porque já é a verdadeira videira, aquela que dá o fruto. Tais afirmações devem ser ouvidas da experiência pascal e com fé na ressurreição do Senhor. Jesus vive e é para todos os crentes o único Autor da vida e o Princípio de sua organização. A seiva sai dessa verdadeira Videira, e é ela quem mantém os galhos juntos em vista da mesma função: "dar frutos". Jesus é a cepa ou tronco, a raiz e o alicerce a partir do qual se estende a verdadeira "vinha do Senhor".


A vinha e a videira são uma imagem amplamente utilizada no Antigo Testamento para referir-se a Israel como povo de Deus, e é recolhida também pelo Novo Testamento. Mas agora a videira não se refere ao povo de Israel e sim que se aplica diretamente ao próprio Jesus.


Eu sou a verdadeira videira”. Como Filho de Deus (Jo 3,16), Jesus se designa a si mesmo, como a videira, no sentido de que somente Ele, como Filho de Deus, pode ser a videira. Jesus se põe no lugar que até agora costumava ocupar o povo de Israel. Jesus é a verdadeira videira no sentido de que Ele é quem dá a autêntica vida que provem de Deus, que encontra sua fonte no Pai.


Permanecer Em Cristo Resulta Na Produção De Bons Frutos


Jesus vive e é para todos os crentes o único Autor da vida (Cf. Jo 1,3-4) e o princípio de sua organização. Jesus é a cepa ou tronco, a raiz e o alicerce a partir do qual podem viver e frutificar os ramos. Entre os ramos e a videira há uma comunicação de vida enquanto permanecerem unidos à videira. E esta é a condição para o ramo dar fruto: “Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto”.


A expressão “permanecer” tem em Jo uma conotação do definitivo, do perene no relacionamento com Jesus fundado na fé, um relacionamento de confiança e fidelidade recíproca que existe entre Jesus e seus seguidores. Com esta permanência, os seguidores terão condições de produzir frutos. O sentido é o da mútua união de Deus (ou Jesus, ou o Paráclito) nos seus e deles em Deus. Não se trata de uma mera “união moral” entre os fiéis e Jesus/Deus. Da parte de Deus (em Jesus) trata-se da presença salvífica; e, na medida em que abrimos espaço para a presença de Deus no meio de nós e em nós, também nós “permanecemos” no âmbito dele. E da parte dos fiéis (nós), esse permanecer significa concretamente o continuar na profissão de fé em Jesus e a comunhão do amor fraterno. Somente em contato com Jesus temos vida e força interior, capacidade e constância para transformar a dura realidade e vencer o mal dentro e fora de nós.


Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto”. O fruto aqui é o efeito da morte do grão de trigo, isto é, é a expressão do amor sem medida. O fruto é a realidade do homem novo, isto é, o homem que não existe só para si, mas que se esforça a morrer de seu egoísmo e a viver para Deus e para os demais.


E todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais frutos ainda”. Quem pratica o amor, tem que seguir um processo ascendente, um desenvolvimento que é possível mediante esta poda permanente que o Pai faz. É a limpeza que o Pai faz do coração do discípulo de Cristo, eliminando cada vez mais os fatores e os sinais de morte, fazendo que o ramo-discípulo seja cada vez mais autêntico e produtivo, mais livre para amar, menos escravo de si mesmo, e com a maior capacidade de entrega e portanto, de eficácia no amor fraterno.


Nossa Verdadeira Humanidade Se Encontra Em Cristo Jesus


Sem mim nada podeis fazer”, disse-nos Jesus. Isto quer nos dizer que Jesus é a força do homem, não somente para ser cristão e sim para ser plenamente homem. Jesus é a humanidade autêntica. É a revelação do que o homem tem que chegar a ser e como tem que alcançá-lo. Por isso, Jesus é meta e caminho do homem: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).


A partir da afirmação do Senhor sabemos que nosso ser mais autenticamente humano não o descobrimos a base de filosofias nem de razocionamentos; não o descobrimos a base de especulações, e sim na contemplação de Jesus e na união permanente com Ele. Por isso, o cristianismo é distinto de toda religião e de todo humanismo. É distinto de toda religião, porque o que está em seu centro não é Deus e sim o homem. Por causa do homem, Deus nviou seu Filho unigênito para que o mundo seja salvo (Cf. Jo 3,16; 10,10b; Mt 25,40.45). E é distinto de todo humanismo porque a razão dessa centralidade do homem não radica no próprio homem e sim somente em Deus. Todo processo de cristianização é ao mesmo tempo um processo humanizador. Deus se fez homem para o homem se tornar divino. Através da humanização o homem alcança sua divinização. Deus desce até a nossa humanidade para que nossa humanidade alcance a divindade.


Um Alerta Sobre Ramo Seco Dentro De Nós


Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados”.


O ramo que não dá fruto é aquele que pertence à comunidade, mas não responde ao Espirito de Jesus; aquele que come o Pão da Vida, mas não se torna semelhante a Jesus; é aquele que escuta a Palavra de Deus, mas espalha os comentários maldosos; é aquele fica de joelho diante do Santíssimo, mas pisa sobre a dignidade alheia. É o ramo que não responde à vida que a ele é comunicada.


Estar em Cristo é acolher Cristo e escutar sua Palavra e viver conforme esta Palavra; é ter seus mesmos sentimentos e atitudes; é morrer e viver com Ele; é crucificar a “carne” para viver no Espirito; é viver na liberdade e no amor; é viver a filiação divina e a fraternidade; é viver em total comunhão com Ele e não ter outra vida que Cristo. Estar unido a Cristo é viver em comunhão com Ele, é deixar-se alentar por Ele. Que seu Espirito me inspire e me vivifique. Estar em Cristo é viver de, em, por e para Cristo. Tudo isso se realiza, naturalmente, através da escuta, da oração, da colaboração, dos compromissos como membros do Corpo do Senhor, e através do amor fraterno. A seiva é como o sangue do corpo saudável no qual o sangue circula livremente levanto o que é bom para o corpo em função de seu bom funcionamento.


Uma das maiores tragédias dos cristaos é a de “praticar a religião” sem nenhum contato com o Vivente. O cristão começa a descobrir a verdade da fé cristã quando acerta a viver em contato pessoal com o Ressuscitado. Somente então se descobre que Deus não é uma ameaça ou um Desconhecido e sim Alguém vivo que põe nova força e nova alegria em nossas vidas. Frequentemente, nosso problema não é viver envoltos em problemas e conflitos constantes. Nosso problema mais profundo é não ter força interior para enfrentarmos os problemas diários da vida.


Portanto, “Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” é o convite diário do Senhor para todos nós cristãos.
P. Vitus Gustama,SVD

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