terça-feira, 17 de abril de 2018

20/04/2018
Resultado de imagem para São Paulo no caminho de damascoResultado de imagem para minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida
COMER A CARNE E BEBER O SANGUE DE JESUS É VIVER A VIDA DE JESUS
Sexta-Feira da III Semana da Páscoa


Primeira Leitura: At 9,1-20
Naqueles dias, 1Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Ele apresentou-se ao Sumo sacerdote 2e pediu-lhe cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém os homens e mulheres que encontrasse seguindo o Caminho. 3Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo, de repente, viu-se cercado por uma luz que vinha do céu. 4Caindo por terra, ele ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” 5Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. 6Agora, levanta-te, entra na cidade, e ali te será dito o que deves fazer”. 7Os homens que acompanhavam Saulo ficaram mudos de espanto, porque ouviam a voz, mas não viam ninguém. 8Saulo levantou-se do chão e abriu os olhos, mas não conseguia ver nada. Então pegaram nele pela mão e levaram-no para Damasco. 9Saulo ficou três dias sem poder ver. E não comeu nem bebeu. 10Em Damasco, havia um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou numa visão: “Ananias!” E Ananias respondeu: “Aqui estou, Senhor!” 11O Senhor lhe disse: “Levanta-te, vai à rua que se chama Direita e procura, na casa de Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está rezando”. 12E numa visão, Saulo contemplou um homem chamado Ananias, entrando e impondo-lhe as mãos para que recuperasse a vista. 13Ananias respondeu: “Senhor, já ouvi muitos falarem desse homem e do mal que fez aos teus fiéis que estão em Jerusalém. 14E aqui em Damasco ele tem plenos poderes, recebidos dos sumos sacerdotes, para prender todos os que invocam o teu nome”. 15Mas o Senhor disse a Ananias: “Vai, porque esse homem é um instrumento que escolhi para anunciar o meu nome aos pagãos, aos reis e ao povo de Israel. 16Eu vou mostrar-lhe quanto ele deve sofrer por minha causa”. 17Então Ananias saiu, entrou na casa, e impôs as mãos sobre Saulo, dizendo: “Saulo, meu irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu quando vinhas no caminho, ele me mandou aqui para que tu recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo”. 18Imediatamente caíram dos olhos de Saulo como que escamas e ele recuperou a vista. Em seguida, Saulo levantou-se e foi batizado. 19Tendo tomado alimento, sentiu-se reconfortado. Saulo passou alguns dias com os discípulos de Damasco, 20e logo começou a pregar nas sinagogas, afirmando que Jesus é o Filho de Deus.


Evangelho: Jo 6, 52-59
Naquele tempo, 52os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53Então Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. 58Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”. 59Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum.
--------------------------------
A Primeira Leitura fala da conversão de Paulo (Saulo). A conversão de Paulo é, depois da ressurreição de Cristo, o acontecimento ao qual o Novo Testamento alude com mais frequência (Cf. At 9,1-20; 22,6-21; Gl 1,11-17; 1Cor 15,3-8).


Os motivos desta conversão são dois: primeiro, a certeza da glorificação de Cristo (tema da claridade: At 9,3) e, segundo, a certeza da presença de Cristo nos fiéis perseguidos por Paulo (At 9,4).


O tema da glória de Deus é importante. Saulo, como é conhecido, vociferava com a multidão contra Estevão, que pretendia ver esta glória envolvendo Jesus (At 7,54-57). Para um fariseu, com efeito, a glória era própria ao Deus único. Consequentemente, era uma blasfêmia afirmar que Jesus se beneficiava dessa glória. Porém, mais tarde, envolto por uma luz ofuscante (cegadora) da qual veio uma voz, Paulo compreendeu que ele se beneficiava de uma teofania na mais pura tradição do monoteísmo bíblico (Ex 24,7; Dt 4,12; Ez 1, 4.27-28, etc.). No entanto, a voz que foi dirigida a Paulo não era a de Javé, e sim a de Jesus (Cf. At 9,5). Paulo juntou-se, assim, à experiência de Estevão.


Mas este novo apóstolo não podia ver a glória de Jesus, porque como ver a Deus sendo cego? (Ex 3,6, 1Rs 19,13, Ex 33,18-22). Mas Paulo dá um passo além no descobrimento do Senhor: não pode vê-Lo na própria pessoa, mas pode descobri-Lo em seus irmãos: a dimensão horizontal leva Paulo para a dimensão vertical (Cf. At 9,3b; 1Jo 3,18-23).


Paulo não é homem que se omita. Desde que compreendeu o mistério de Cristo ressuscitado, ele se engaja na fé e segue as regras estabelecidas na época para o catecumenato. Depois de ter feito a pergunta quase ritual: “O que devo fazer?” (At 9,6; Cf. At 22,20; 2,37; 16,30; Lc 3,10), o onvertido é assumido pela comunidade que “apadrinha” seu esforço. Ananias exerce aqui este padrinhamento. A iniciação dura pelo menos três dias (Cf. Mc 8,2; At 10,30; 9,9); leva consigo uma imposição das mãos (At 9,12; cf. Mc 7,32) e uma cura dos sentidos (Ephpheta- Éfeta) para introduzi-lo no regime da fé (At 9,17; cf. At 22,14-16); termina com o batismo propriamente dito (At 9,18).


A visão luminosa do caminho de Damasco influenciou a missão de Paulo e o conteúdo de sua mensagem. Ao partir para revelar esta luz às nações (At 26,17-18; 13,47), o apóstolo Paulo une mística e missão, revelação e apostolado. Em outras palavras, sem a experiência mística com o Senhor, a missão se torna vazia. A espiritualidade e a missão devem andar juntas. Quem não conversa com o Senhor, quem não tem experiência de convivência com o Senhor, não tem autoridade de falar do Senhor para os outros.


A Primeira Leitura quer nos dizer que Deus ama, corrige, perdoa e elege. A cada qual chama por seu nome e envia sua graça. O texto da Primeira Leitura é uma composição formosa que descreve a transformação interior de Paulo de Tarso, o processo dessa transformação e a preparação para uma enorme mudança exterior de perseguidor em discípulo do Senhor ressuscitado.


Por isso, o melhor que podemos fazer é cantar com o Salmo Responsorial (Sl 116/117): “Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o! Pois comprovado é seu amor para conosco, para sempre ele é fiel!”. Glorifiquemos a Deus e demos-Lhe graças, pois Ele fez que sua salvação não ficasse como privilégio de uma raça/etnia ou de um só povo. Ao contrário, a salvação de Deus chega a todas as nações, de todos os tempos, lugares e culturas. Efetivamente, Deus que que todos os homens e mulheres sejam salvos.


O Evangelho proclamado hoje quer nos reafirmar que o Filho de Deus se fez homem, carne e sangue de nossa raça/etnia, no seio da Virgem Maria pelo obra do Espirito Santo. Mediante seu Mistério Pascal nos redimiu, pois por sua morte fomos perdoados de nossos pecados, e por sua gloriosa ressurreição, recebemos Vida nova. Quem se alimenta de Jesus na Eucaristia faz sua a Encarnação e a Redenção que Deus nos oferece em Jesus Cristo. Por isso, o Senhor nos diz: “A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida”. Se não nos alimentarmos d´Ele, não teremos vida em nós, pois somente aquele que o comungar, viverá por Ele, já que Ele é o verdadeiro Pão do céu que nos dá vida, e Vida eterna.


Vamos estender um pouco mais nossa meditação sobre alguns outros pontos das duas leituras proclamadas hoje!


Conversão de São Paulo e Minha Conversão


A Primeira Leitura nos conta como foi a conversão de São Paulo que era um grande perseguidor dos cristão. Paulo sempre perseguia os cristãos, logo perseguia o próprio Cristo que se identifica com cada seguidor. Mas até certo momento em vez de perseguir os cristãos, o próprio Senhor perseguiu o próprio Paulo.


A queda de Paulo na estrada de Damasco foi a linha divisória para sua vida entre antes e depois. Essa queda é a chave geral para entender Paulo e toda a sua luta incansável.


Paulo sempre foi um homem profundamente religioso, judeu praticante, irrepreensível na mais estrita observância da Lei (Fl 3,6;At 22,3), cheio de zelo pelas tradições paternas (Gl 1,14). Para defender essas tradições, chegou a perseguir os cristãos e isso com o apoio do Sinédrio.


Mas na estrada de Damasco Paulo, Paulo se encontrou com o próprio Senhor. São Paulo é obrigado a viver seu estado de criatura, a voltar a reconhecer que é pó. Esta volta ao seu estado primordial como pó, o texto bíblico usa a expressão “Cair por terra” (At 9,4). Caído no chão, Paulo se entregou. Lucas não diz que Paulo cai do cavalo, mas “cai por terra”, porque essa é a fraseologia usada em alguns textos bíblicos para descrever a reação humana diante da manifestação divina. Após a visão da glória Javé junto ao canal Quebar, no país dos caldeus, Ezequiel descreve a sua reação nestes termos: “Quando vi, cai imediatamente com o rosto no chão e ouvi a voz de alguém que falava comigo” (Ez 1,28; cf. 43,3; 44,4). O mesmo esquema se encontra no livro de Daniel (cf. Dn 10,7.9; e veja também Dn 8,17-18).


Paulo é interpelado duas vezes pelo seu nome hebraico, transcrito em grego: “Saoúl, Saoúl” (v.4). A repetição do nome corresponde ao esquema de diálogos de revelação aos patriarcas bíblicos: Abraão, Jacó, Moisés (Gn 22,1; 46,2; Ex 3,4). A novidade na experiência de Paulo é a pergunta: “Por que você me persegue?” (v.4). Ela revela uma situação singular. Aquele que fala com Paulo, no contexto de uma luz divina, se identifica com aqueles que Paulo está perseguindo (v.5). A identificação de Jesus com os seus discípulos perseguidos coloca Paulo diante de uma escolha sem alternativas. Ele precisa mudar radicalmente os seus projetos.


Por que você me persegue?” é a pergunta que o Senhor faz para cada um de nós toda vez que maltratamos, exploramos, praticamos a injustiça contra o próximo. Não podemos pedir nada ao Pai do céu quando maltratamos os homens e as mulheres na terra que são filhos e filhas do Deus Pai do céu. A pergunta do Senhor a Paulo nos obriga a revermos nosso comportamento em relação ao próximo, pois sem querer querendo acabaremos maltratar o próprio Deus que está em cada um homem e mulher (cf. 1Cor 3,16; 6,19).


Para nos ajudar a aprofundarmos nossa meditação precisamos lançar algumas perguntas como ponto de partida para nossa reflexão. Onde tu estavas quando a Palavra de Deus te alcançou? Para que direção te levou o Senhor? Como aconteceu esta passagem? Que existe em ti de parecido, diferente ou análogo à experiência de Paulo? Como podes acolher na tua vida a ação proveniente de Deus que te faz ser o que és? Como e de que maneira o Senhor, que foi para Paulo a revelação da misericórdia divina, é para ti o ponto de referência fundamental para compreender quem és, o que és, de onde vens, para que tu foi chamado? Quais são as posses que te impedem de acolher com liberdade a iniciativa divina com relação a ti?


Devemos fazer estas perguntas com amor: se as fizermos com espírito possessivo ou autojustificativo, responderemos com pressa e não conseguiremos ver em profundidade a história da nossa vida sob o olhar de Deus. Mas se nos interrogarmos com amor e misericórdia poderá emergir o que em nós é obra de Deus e o que em nós é resistência de Paulo à obra de Deus. Como o próprio Paulo disse: “Esta palavra merece crédito e toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou o primeiro” (1Tm 1,15).  O pecado fundamental do homem é não reconhecer Deus como Deus, não reconhecer-se como dom seu, como fruto do seu amor. Carregamos todos dentro de nós a incapacidade de reconhecer a Deus como Deus, “dos quais eu sou o primeiro. E se a misericórdia me foi dada, foi para que Jesus Cristo manifestasse primeiro em mim toda a sua generosidade, para que eu servisse de exemplo aos que devem crer nele a fim de conseguir a vida eterna” (1Tm 1,16).


Jesus, Pão Da Vida É a Vida Para o Mundo a Fim De Alcançar a Eternidade


No final do discurso de Jesus sobre o Pão da vida, o tema é claramente eucarístico. Antes Jesus falava da fé no Enviado de Deus: “ver”, “vir”, “crer”, “permanecer” que no evangelho de João são sinônimos. Agora fala de “comer” a Carne e de “beber” o Sangue que Jesus vai dar para a vida do mundo na Cruz, mas também na Eucaristia, porque quer que a comunidade celebre este memorial da Cruz (cf. 1Cor 11,24-25). O fruto do comer e do beber a Carne e o Sangue de Jesus Cristo é o mesmo que o do crer nele: participar de sua vida. Antes Jesus havia dito: “Quem crê, tem vida eterna” (Jo 6,47). Agora: “Quem come deste pão viverá para sempre” (Jo 6,58).


Por isso, a palavra que se repete no texto deste dia, dentro do discurso de Jesus sobre o Pão da vida é “carne”. A palavra “carne” designa tudo o que constitui a realidade do homem com suas possibilidades e debilidades (Jo 1,14;3,16;8,15). A carne designa aqui o ser humano, considerado sob o aspecto de ser material, sensível e perceptível; designa o homem na sua condição de fraqueza e de mortalidade.


E um dos verbos que se repete neste texto é comer. Comer a carne e beber o sangue de Jesus significa incorporar-se, fusionar. É entrar em comunhão de amor e de destino de Jesus. Tomar o Corpo e o sangue, além disso, é reconhecer a vida do Espírito na carne e no sangue da humanidade (cf. 1Cor 3,16-17). É a humanidade que sofre, que busca, que dá a luz ao mundo com dor; a humanidade que se alegra, que canta e dança. É a humanidade de ricos e de pobres, humanidade de pecadores e de santos. É a humanidade dos rápidos e dos atrasados em descobrir a graça de Deus. É a humanidade da humanidade.


A eucaristia proporciona uma comunhão real de vida e de destino com a pessoa de Jesus. Seu Corpo nos faz participarmos na ressurreição, nos faz vivermos por Cristo que é vida para sempre, nos faz convivermos como irmãos, nos leva a vivermos na igualdade.


Há três efeitos da Eucaristia que o discurso sobre o Pão da vida nos indica:


1. A vida eterna e a ressurreição


“Quem come minha carne e bebe meu sangue tem vida eterna e Eu o ressuscitarei”.


O pão eucarístico segue as leis de todo pão oferecido pelo pai da família aos seus. O pão não tem significado especial em si sem outros componentes. Alguém tem que ganhá-lo e produzi-lo ou fabricá-lo e tem que ter alguém para comê-lo. Ao entregar ou ao distribuir o pão, que representa sua vida e seu trabalho, o pai e a mãe de uma família podem dizer em certo modo aos seus: “Este pão é minha carne entregue aos meus filhos” (cf. Jo 6,51). E os comensais, ao participar desse pão, compartilham, em certo modo, a própria vida de quem deu ou entregou esse pão (Jo 6,54).


Na Eucaristia comungamos o Cristo vivo ressuscitado. E este corpo ressuscitado passa a ser em nós “semente” de vida divina, vida que recebemos de Cristo (cf. 1Cor 15,1-58). No momento da Ceia Jesus falará do banquete celestial onde reunirá de novo seus amigos: “Não beberei mais do fruto da vinha até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai” (Mt 26,29). Vamos caminhando até este encontro feliz onde beberemos com Cristo o vinho novo, uma alegria sem limite, uma vida sem ameaça de morte, uma vida eterna.


2. A imanência recíproca de Cristo e do cristão


“Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele”.


Nós sabemos muito bem o que significa o estar com alguém a quem se ama? É ser feliz com ele. A vocação de todo homem é estar com Deus, permanecer em Deus e estar com todos os homens. É o tema fundamental da Aliança, que se expressou, ao curso da história da salvação, na Sagrada Escritura, por fórmulas cada vez mais íntimas: “Vós sereis meu povo, e Eu serei vosso Deus”, “Meu amado está comigo e Eu estou com ele”, “Permanecei em Mim e Eu em vós”.


A incorporação a Cristo, que tem lugar pelo Batismo, se renova e se consolida continuamente com a participação no Sacrifício eucarístico, sobretudo, quando esta é plena perante a comunhão sacramental. Podemos dizer que não somente cada um de nós recebe Cristo na comunhão, mas também que Cristo recebe cada um de nós. Cristo estreita sua amizade conosco: “Vós sois meus amigos” (Jo 15,14). Além disso, nós vivemos graças a Cristo: “Aquele que comer minha carne viverá por mim” (Jo 6,57). Na comunhão eucarística se realiza de maneira sublime que Cristo e o cristão estão unidos: um está no outro: “Permenecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,4).


Precisamos meditar aquilo que São João Crisóstomo dizia: “Com efeito, o que é o pão? É o corpo de Cristo. E em que se transformam aqueles que o recebem? No corpo de Cristo; não muitos corpos, mas um só corpo. De fato, tal como o pão é um só apesar de constituído por muitos grãos, e estes, embora não se vejam, todavia estão no pão, de tal modo que a sua diferença desapareceu devido à sua perfeita e recíproca fusão, assim também nós estamos unidos reciprocamente entre nós e, todos juntos, com Cristo”.


E o Papa João Paulo II escreveu: “O dom de Cristo e do seu Espírito, que recebemos na comunhão eucarística, realiza plena e sobreabundantemente os anseios de unidade fraterna que vivem no coração humano e ao mesmo tempo eleva esta experiência de fraternidade, que é a participação comum na mesma mesa eucarística, a níveis que estão muito acima da mera experiência dum banquete humano. Pela comunhão do corpo de Cristo, a Igreja consegue cada vez mais profundamente ser, em Cristo, como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Carta Encíclica Ecclesia De Eucharistia no. 24)


3. A consagração do cristão a Cristo


Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim”. 


Jesus consagrou sua vida ao Pai, viveu totalmente para Ele para viver totalmente para os homens. Por sua vez, ele nos pede para que vivamos para Ele a fim de alcançar a comunhão plena com o Pai na comunhão com os irmãos.


Por isso, comungar o Corpo e Sangue do Senhor não é uma coisa mágica, automática. É um compromisso sério para viver a vida como Cristo a viveu: Viveu somente para o bem. Ensinou somente para indicar o caminho para o bem e para alcançá-lo. Usou até palavras duras como “hipócrita”, “vida como um túmulo: belo por fora, podre por dentro” para dizer-nos que vale a pena largar outros interesses em função do bem e da verdade.


A vida de Cristo é a vida de Deus, pois Cristo vive pelo Pai, e quem comungar o Corpo e o Sangue de Cristo viverá por Cristo. Trata-se de uma vida que se doa, que se sacrifica, que se presenteia. Como Cristo, o cristão deve viver para os outros, para os favoritos de Deus: os pobres, os pequenos, os sofredores e assim por diante. Quem vive em Cristo o egoísmo é superado totalmente.
 
P. Vitus Gustama,svd

Nenhum comentário:

23/11/2024-Sábado Da XXXIII Semana Comum

CREMOS NO DEUS DA VIDA E POR ISSO CREMOS NA RESSURREIÇÃO QUE NOS FAZ RESPEITARMOS A DIGNIDADE DA VIDA DOS OUTROS Sábado da XXXIII Semana C...