sábado, 2 de março de 2019

04/03/2019
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USAR E PARTILHAR OS BENS MATERIAIS COM OS NECESSITADOS, SEM SER POSSUIDO POR ELES, SIGNIFICA VOLTAR PARA DEUS
Segunda-Feira da VIII Semana Comum

Primeira Leitura: Eclo 17,20-28
20 Aos arrependidos Deus concede o caminho de regresso, e conforta aqueles que perderam a esperança, e lhes dá a alegria da verdade. 21 Volta ao Senhor e deixa os teus pecados, 22 suplica em sua presença e diminui as tuas ofensas. 23 Volta ao Altíssimo, desvia-te da injustiça e detesta firmemente a iniquidade. 24 Conhece a justiça e os juízos de Deus e permanece constante no estado em que ele te colocou, e na oração ao Deus altíssimo. 25 Anda na companhia do povo santo, com aqueles que vivem e proclamam a glória de Deus. 26 Não te demores no erro dos ímpios, louva a Deus antes da morte; o morto, como quem não existe, já não louva. 27 Louva a Deus enquanto vives; glorifica-o enquanto tens vida e saúde, louva a Deus e glorifica-o nas suas misericórdias. 28 Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o seu perdão para com todos aqueles que a ele se convertem!


Evangelho: Mc 10,17-27
Naquele tempo, 17Ao retomar seu caminho, alguém correu e ajoelhou-se diante de Jesus, perguntando: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” 18Jesus respondeu: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus.19Tu conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não defraudes ninguém; honra teu pai e tua mãe!” 20Entao, ele replicou: “Mestre, tudo isso eu tenho guardado desde minha juventude”. 21Fitando-o, Jesus o amou e disse: “Uma só coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” 22Ele, porém, contristado com essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens. 23Entao Jesus, olhando em torno, disse a seus discípulos: “Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus!” 24Os discípulos ficaram admirados com essas palavras. Jesus, porém, continuou a dizer: “Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26Eles ficaram muito espantados e disseram uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27Jesus, fitando-os, disse: “Aos homens é impossível, mas não a Deus, pois para Deus tudo é possível”.
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Somos Chamados a Voltar Para Deus (Conversão)


“Volta ao Senhor e deixa os teus pecados, suplica em sua presença e diminui as tuas ofensas. Volta ao Altíssimo, desvia-te da injustiça e detesta firmemente a iniquidade”. É uma exortação a converter-se a Deus.


O sábio, Ben Sirac, neste breve texto, que lemos na Primeira Leitura, cheio de ternura, nos convida a nos converter a Deus, enquanto tiver tempo: segundo Ben Sirac, depois da morte já não poderemos louvar a Deus nem dar-Lhe graças nem nos converter: “Não te demores no erro dos ímpios, louva a Deus antes da morte; o morto, como quem não existe, já não louva. Louva a Deus enquanto vives; glorifica-o enquanto tens vida e saúde, louva a Deus e glorifica-o nas suas misericórdias” (Eclo 17,26-27). Convém recordar que no Antigo Testamento não tinha ideia clara da outra vida: tudo se resolve nesta vida.


“Volta ao Senhor e deixa os teus pecados, suplica em sua presença e diminui as tuas ofensas. Volta ao Altíssimo, desvia-te da injustiça e detesta firmemente a iniquidade”.


Em Hebraico como em Latim, converter-se significa voltar-se, voltar: o homem volta para Deus, porque Deus o chama. É uma voz que salva a distância e e supera os obstáculos para voltar a criar presença e intimidade. A conversão é um retorno. Jesus ilustra demaneira inolvidável (inesquecível) essa imagem do retorno com a maravilhosa parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,11-32). Converter-se significa mudar de direção, voltar para a face de Deus, não cair na mideicridade, narotina do pecado e na decadência espiritual. Volta-te! Deixa de viver por ti e para ti!


O pecado é sempre um isolamento. O pecado estabelece distâncias; abandona-se a casa paterna. Por Jesus podemos saber, através da parábola do filho pródigo, que o Pai fica na espera de nossa volta.


A conversão implica um duplo movimento. O movimento do pecador que se “volta” para Deus. Isso se chama a liberdade. O movimento de Deus que “abre o caminho do retorno”. Isso se chama a Graça.


Na próximo Quarta-feira começaremos a Quaresma, a preparação para a Páscoa. Essa vida ressuscitada, livre do pecado e do egoísmo, que Deus quer nos comunicar mediante seu Espirito.


Nenhum cristão é totalmente convertido e o esforço para chegar a ser convertido constitui, junto com a fé, umesforço constante da vida cristã.


O motivo fundamental com o qual Ben Sirac quer animar os pecadores a se converterem é a bondade de Deus: "Aos arrependidos Deus concede o caminho de regresso, e conforta aqueles que perderam a esperança, e lhes dá a alegria da verdade. Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o seu perdão para com todos aqueles que a ele se convertem!.


Também hoje Jesus nos olha com carinho, a cada um de nós, e nos diz o mesmo: “Siga-me!”. Uma coisa te falta porque uma coisa é que te impede, te estorva, te dificulta, te embraça: vendê-la, abandoná-la.


Portanto, nossa atitude mais sábia é “retornar a Deus”, “abandonar o pecado”, “afastar-se da injustiça e da idolatria”.


A celebração da Eucaristia sempre começa com um breve ato penitencial, reconhecendo diante de Deus nossa debilidade e pedindo-Lhe que nos purifique interiormente.


Mas temos outro sacramento, o da Reconciliação, especificamente destinado a celebrara esta conversão e este perdão: por parte de Deus é o perdão; por nossa parte é a conversão, para que continuamente trilhemos uma vida nova que vai amadurecendo nossa comunhão com Deus.


Uma Só Coisa Te Falta Ainda!


Lemos no evangelho deste dia que “alguém” (sem nome, que pode ser qualquer um de nós) correu ao encontro de Jesus para fazer a seguinte pergunta: “Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna?” É uma pergunta que jovens faziam aos rabis, quando se apresentavam para iniciarem a formação acadêmica nas escolas hebraicas: que devo fazer? No evangelho de Mateus o jovem rico diz: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?” (Mt 19,16).


Antes de responder à pergunta desse rico, Jesus se cautela diante do apelativo “bom”: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus. Essa precisão servirá para se compreender a resposta que Jesus fará a esse rico. Esta observação de Jesus corresponde perfeitamente à concepção bíblica e judaica segundo a qual só Deus é chamado bom, porque ele usa de misericórdia, socorre os pobres e defende os fracos (cf. Dt 10,18). Por isso, a única condição para entrar na vida eterna é imitar o único bom, Deus. A fidelidade a Deus é exercida no amor ao próximo, síntese dos mandamentos (cf. Rm 13,8-10).


Jesus prossegue, indicando ao seu interlocutor o caminho para “herdar” a vida definitiva junto a Deus, e citou só os mandamentos que se referem aos deveres para com o próximo (v.19). Jesus omite os mandamentos referentes a Deus. Em vez disso, ele recorda os éticos, os que se referem ao próximos, que são independentes de todo contexto religioso: Tu conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não defraudes ninguém; honra teu pai e tua mãe!”.  O rico responde: “Mestre, tudo isso eu tenho guardado desde a minha juventude” (v.20).


O texto prossegue: “Fitando-o, Jesus o amou e disse: ’uma só coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me’” (v.21).


“Fitar” é o mesmo que cravar, admirar, fixar a atenção e o pensamento, ficar imóvel. O sinal distintivo da identidade do discípulo é seguir a Jesus, isto é, ficar envolvido em seu destino, seu modo de amar e de ser fiel ao outro homem até o testemunho supremo da cruz (cf. Jo 13,1). A diferença entre a renúncia aos bens como estilo de vida e o seguimento evangélico está nessas duas palavras de Jesus: “dá-os aos pobres”. Se nos detivermos na primeira: “vai e vende tudo o que tens”, ainda nós estaremos no limiar do evangelho que para termos liberdade interior, devemos nos afastar (longe de cobiça ou ganância) de todas as coisas e preocupações materiais.


A novidade evangélica é o convite: “dá aos pobres, porque assim tu imitas o único bom, Deus; depois vem e segue-me”. Trata-se de seguir aquele que, pelos pobres, deixou não só sua atividade, a segurança social e os laços de parentesco, mas também entrega sua própria existência como dom de amor pelos muitos, pela libertação deles (cf. Mc 10,45).


O homem rico, pelo seu apego à riqueza, não aceita o convite de Jesus. Seu amor aos outros é relativo, não chega ao nível necessário para um cristão. Não está disposto a trabalhar por uma mudança social, por uma sociedade justa; a antiga lhe basta. Prefere o dinheiro ao bem do homem.


A cena do evangelho de hoje é simpática: uma pessoa (jovem) inquieta que busca caminhos e quer dar um sentido mais pleno para sua vida. Mas o diálogo, que prometeu muito, acaba em fracasso. Tampouco Jesus consegue tudo o que quer em sua pregação, pois ele respeita, com delicadeza, a liberdade das pessoas. Alguns lhe seguem, deixando tudo para trás, como os apóstolos. Outros, como o homem rico no evangelho de hoje, ficam para trás, pois seus bens estão na sua frente que acabam não vendo mais nada senão os bens.


O jovem rico se converteu em símbolo de qualquer cristão que quando chegou o momento não quis aceitar a mensagem de Jesus. Jesus não pede “coisas” e sim a entrega total. Não se trata de “ter”, mas trata-se de “ser” e de “seguir” vitalmente a Jesus: “Quem quer me seguir, carregue sua cruz de cada dia e me siga. Quem quer guardar sua vida, vai perdê-la”. Para todos nós custa muito renunciar ao que estamos apegados: as riquezas ou ideias ou a família, ou os projetos individuais ou a mentalidade. Quando estamos cheios de coisas, menos agilidade para avançarmos pelo caminho de vida e de Deus. Um atleta que quer correr, mas com uma mala às costas, será difícil conseguir medalha.


Jesus pede a todos os seus seguidores que tenham o desprendimento que sabe se conformar com o necessário e compartilhar com os outros o que se tem, sem entesourar nem incorrer na idolatria do dinheiro como bem supremo. Um dia seremos obrigados a largar tudo quando chegar nosso momento para partir deste mundo. De fato, temos apenas o usufruto das coisas criadas por Deus para nossa felicidade neste mundo e não para possuí-las.
P. Vitus Gustama,svd

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