domingo, 3 de março de 2019

07/03/2019
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ESCOLHA A VIDA PARA QUE SEJA FELIZ E SALVO
Quinta-feira, Após Quarta-feira de Cinzas


Primeira Leitura: Dt 30,15-20
Moisés falou ao povo dizendo: 15 “Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. 16 Se obedeceres aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que vais entrar, para possuí-la. 17 Se, porém, o teu coração se desviar e não quiseres escutar, e se, deixando-te levar pelo erro, adorares deuses estranhos e os servires, 18 eu vos anuncio hoje que certamente perecereis. Não vivereis muito tempo na terra onde ides entrar, depois de atravessar o Jordão, para ocupá-la. 19 Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, 20 amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele — pois ele é a tua vida e prolonga os teus dias —, a fim de que habites na terra que o Senhor jurou dar a teus pais Abraão, Isaac e Jacó”.


Evangelho: Lc 9, 22-25
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”
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Viver De Acordo Com Mandamentos De Deus Para Encontrar a Felicidade e a Vida Eterna


Hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. Se obedeceres aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que vais entrar, para possuí-la”. É o discurso de Moisés para os israelitas que lemos na Primeira Leitura.


O tema dos dois caminhos, o da vida e o da morte, é muito típico das literaturas religiosas da antiguidade. A vida e a felicidade dependem da obediência aos mandamentos do Senhor. Enquanto que o caminho da morte ou o da desgraça parte do coração desviado dos mandamentos do Senhor que resulta na idolatria. O homem tem a total liberdade para escolher entre a bênção ou maldição de Deus.


Vivemos a vida de cada dia escolhendo. Entramos numa loja ou num supermercado para escolher o que é melhor. Ninguém leva nada para casa sem antes escolher o que é melhor. Em tudo na vida temos que escolher. Na escolha está decidida nossa vida e nosso futuro. Ninguém é nem pode ser espectador da própria vida. A vida é para ser vivida a partir da escolha feita. Não reclame nem se lamente pelos resultados, e sim pela escolha feita anteriormente. Como disse uma canção: “Eu não choro pela despedida e sim pelo encontro”. Por causa do encontro tem como consequência a despedida. A morte supõe o nascimento. A alegria e a tristeza vivem lado a lado.


A história dos dois caminhos é, portanto, a história do homem diariamente: bem e mal, maldição e bênção, fidelidade e idolatria, vida e morte, obediência e traição, senda larga e senda estreita. Qualquer escolha que o homem faz ou fizer, se jogarão seu futuro e sua vida. Cada escolha na vida sempre tem suas consequências seja para o bem, seja para o mal. Não fazer nenhuma escolha é também uma escolha, e o futuro e a vida são decididos também a partir desta atitude de indiferença.


Na vida, então, nos encontramos com duas realidades bem definidas: o caminho da vida, pelo qual todos nós aspiramos; e o caminho da morte, contra tudo que lutamos. Contemplando nossa realidade, percebemos quealguns ou muitos lados escuros de nossa vida como fruto do egoísmo do ser humano. Muitos confundiram a felicidade com o possuir o passageiro. Eles se tornaram, muitas vezes, compradores compulsivos de coisas que finalmente continua deixando para eles o coração vazio.


O texto do livro de Deuteronômio que lemos na Primeira Leitura nos convida a começarmos a Quaresma optando entre a vida e a morte, a bênção ou a maldição. Optar pela vida é optar por Deus e optar por Deus significa levantar-nos cada dia com a alegria e o compromisso de voltar para nossa Terra prometida (família, comunidade, país etc.) para reconstruir a fraternidade, a esperança, a justiça, a paz.


A Quaresma é tempo de renovação cristã, retomando o caminho iniciado por nosso Batismo, de dar um novo passo a uma maior perfeição cristã no seguimento de Cristo. Isto significa que o cristão deve se converter permanentemente. No momento em que o cristão se converte, ele se abre para Deus, se compromete com Ele e assume a responsabilidade de lutar contra o mal, e tudo o que causa a morte, a destruição, a injustiça, a violência e assim por diante.


No Evangelho de hoje, Jesus propõe a cruz como um caminho, uma via para a plenitude da “vida”: é preciso que o Filho do Homem padeça muito para entrar em sua glória, “morte” que conduz para a “ressurreição”.


Mas precisamos entender que toda a razão de ser de Jesus é amar. Sua missão é amar e dar a vida aos homens. Mas o pecado dos homens unirá esta missão à morte.


É óbvio que Deus não quer que seu Filho sofra. Deus quer Ele ame e dê a vida por todos (cf. Is 53). A morte de Jesus não é a meta; é somente o passo para a “Vida”.


Como Jesus, os cristãos/discípulos devem amar, viver para os demais, em meio do egoísmo do mundo. Este é dar a vida, enterrar-se cada dia no dom tendo como apoio a esperança.


Dar a vida, morrer, neste sentido, é viver para o cristão. É realizar-se no dom total. Este viver na morte é duro quando se pensa no caminho dos triunfalismos. É mais fácil destruir os outros do que construí-los, quando a condição para isso é a própria morte.


O viver cristão é uma contínua proximidade à cruz d Jesus. A cruz é o caminho para a plenitude da vida e a condição indispensável para seguir a Jesus.  Morrer é viver, ganhar o mundo é perde-lo, amar a própria vida é odiar-se. Somente quem abraça a morte por amor aos demais passa além da morte e entra na vida de Aquele que venceu a morte: Jesus Cristo, nosso Salvador.


Ser Cristão É Uma Opção Fundamental


Dentro da reflexão sobre a Primeira Leitura, o texto do Evangelho de hoje quer nos dizer que ser cristão não é uma pequena opção e sim uma opção fundamental. Ser cristão não é um cargo honorifico nem um doutorado honoris causa. Há condições claras resumidas em três linhas: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará”. Seguir a Jesus e carregar a cruz, perder a vida por Cristo e ganhá-la são interligados.


Jesus Cristo nos ensina, não somente com palavras, e sim com seu próprio exemplo que o caminho da felicidade, o caminho da vida se encontra na capacidade de nos relacionarmos com os demais e de vivermos fraternalmente unidos pelo amor. Por isso, temos de ir atrás das pegadas de Cristo, carregando nossa cruz de cada dia. Quem for por um caminho diferente ao de amor que Cristo nos mostrou, em lugar de dar vida, dará morte, ele próprio se converterá em destruidor da vida alheia.


A glória de Cristo passa, primeiro, pela cruz. E passa pela cruz como consequência de sua maneira de viver a missão cuja alma é o amor. Por isso, a cruz de Jesus não é um acidente, tampouco uma equivocação. Quando Jesus anuncia sua morte, não está dizendo outra coisa que assumirá consequentemente sua vida justa e solidária. Mas não somente anuncia sua morte, anuncia também sua ressurreição. É a ressurreição que somente virá como consequência de sua morte na cruz pela vida justa e solidaria que ele viveu. O ressuscitado é o crucificado.


Tomar a cruz”, por isso, não é outra coisa que assumir o projeto de vida que Jesus nos mostrou. A cruz é o resultado de decisões voluntárias e compromissos escolhidos ao querer seguir a Jesus. Carregar a cruz é um estilo de vida cotidiana como resultado da vivência dos valores do Reino, da escolha de uma ética de justiça e de solidariedade e de compromisso com o projeto de Deus na transformação de um mundo mais fraterno.


O caminho de Jesus se resume em três palavras: sofrimento, morte, ressurreição (mistério pascal). Nosso caminho constitui três aspectos: negar-nos a nós mesmos, tomar cada dia a cruz e acompanhar Jesus. “Negar-se a si mesmo” é renunciar a nossos gostos, desejos para estar com Jesus. O problema de nosso cristianismo hoje é que queremos levar as vantagens de ser cristão sem tomar as responsabilidades que estas implicam (benefícios sem obrigações). A Quaresma pode ser uma boa oportunidade para iniciarmos no exercício da renúncia. Pensemos bem de que maneira utilizaremos nossa Quaresma para que a Páscoa seja verdadeiramente uma “Páscoa de Ressurreição”.


Portanto, as leituras de hoje nos falam, por um lado, de um coração resistente diante de Deus e por outro lado, de um coração que se adere a Deus. Meu coração é resistente diante de Deus quando não quero ver Sua graça, quando não quero ver Sua obra na minha vida, quando não quero ver Seu caminho sobre a minha existência. Meu coração se adere a Deus, quando em meio de mil inquietudes e vicissitudes, em meio de mil circunstancias, eu vou sendo capaz de descobrir, de encontrar, de amar, de pôr-me diante d’Ele e Lhe dizer: “Aqui estou, Senhor! Pode contar comigo!”. Escutar Deus será o esforço de toda minha quaresma, será a minha escolha da vida e da felicidade. O céu e a terra são testemunhas da minha opção de cada dia: “Tomo hoje por testemunhas contra vós o céu e a terra; ponho diante de vós a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe a vida para viveres, tu e a tua descendência, amando o SENHOR, teu Deus, escutando a sua voz e apegando-te a Ele, porque Ele é a tua vida e prolongará os teus dias para habitares na terra, que o SENHOR jurou que havia de dar a teus pais, Abraão, Isaac e Jacob”.
 
P. Vitus Gustama,svd

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