segunda-feira, 11 de março de 2019

13/03/2019
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CONVERTER-SE É PARA VIVER NA ALEGRIA DIVINA E NA COMUNHÃO DE IRMÃOS
Quarta-Feira da I Semana da Quaresma

Primeira Leitura: Jonas 3,1-10
1A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, pela segunda vez: 2“Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive e anuncia-lhe a mensagem que eu te vou confiar”. 3Jonas pôs-se a caminho da grande cidade de Nínive, conforme a ordem do Senhor. Ora, Nínive era uma cidade muito grande; eram necessários três dias para ser atravessada. 4Jonas entrou na cidade, percorrendo o caminho de um dia; pregava ao povo, dizendo: “Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída”. 5Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior. 6A pregação chegara aos ouvidos do rei de Nínive; ele levantou-se do trono e pôs de lado o manto real, vestiu-se de saco e sentou-se em cima de cinza. 7Em seguida, fez proclamar, em Nínive, como decreto do rei e dos príncipes: “Homens e animais bovinos e ovinos não provarão nada! Não comerão e não beberão água. 8Homens e animais se cobrirão de sacos, e os homens rezarão a Deus com força; cada um deve afastar-se do mau caminho e de suas práticas perversas. 9Deus talvez volte atrás, para perdoar-nos e aplacar sua ira, e assim não venhamos a perecer”. 10Vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal, que tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez.


Evangelho: Lc 11,29-33
Naquele tempo, 29quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior que Salomão. 32No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.
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Deus Se Compadece Dos Que Se Convertem


Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior... Vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal, que tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez”. Esta foi a reação dos ninivitas, que lemos na Primeira Leitura tirada do livro do profeta Jonas, diante da pregação de Jonas que exigia a conversão deles. Ao mesmo tempo a reação de Deus diante da conversão dos ninivitas que suspendeu o mal que deveria cair sobre eles.


Jonas, em hebraico, significa “pomba”. No ano 200 a.C já se conhecia o livro de Jonas como parte do conjunto dos “doze profetas menores”. O gênero literário do livro é considerado como uma “parábola com fins didáticos”. A história narrada permanece no âmbito da ficção, porém a mensagem que transmite é verdadeira.  Mediante esquemas e repetições, o autor dessa pequena obra, somente nos quer inculcar ou demonstrar que Deus é, antes de tudo, misericordioso, perdoa a todos, inclusive aos pagãos, desde que se convertam.


O tema fundamental do livro de Jonas é a conversão. A palavra grega tem uma força metafórica e realista: metanoia. Metanoia significa literalmente: mudança de mente; é mudar de cabeça, isto é, deixar que as antigas categorias de julgamento e pensamento adotem novos critérios e novos cânones para enxergar a vida e seus problemas. Também a palavra latina tem a mesma força etimológica: conversão significa voltar-se ou virar-se. Ou seja, refazer o caminho, colocar os pés onde está a cabeça e colocar a cabeça onde estão os pés.


Não nos dizem os pecados de que Nínive era culpada. O pecado da cidade é simplesmente afirmado; todos os seus membros, desde o rei até o último animal, são responsáveis.


A narração neste livro também contém a concepção que o povo de Israel tem de si mesmo como eleito por Deus e consequentemente, a salvação de Deus é só para eles. E Jonas é um hebreu enviado por Deus para pronunciar um oráculo a Nínive, cidade grande, que na consciência dos israelitas é como uma das potências estrangeiras que mais dano causara a Israel.


A contragosto, Jonas pronuncia o oráculo do Senhor para os ninivitas: “Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída”. Jonas não se dirige a Nínive como missionário, e sim como executor do juízo implacável de Deus sobre os ninivitas. Sua expedição é, antes de tudo, punitiva: “Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída” (Jn 3,4). É assim que pensa Jonas que reflete o pensamento dos judeus na época. Para os judeus (na época) o juízo consiste em fazer justiça para Israel castigando e destruindo os pagãos. Pensam também que Deus perdoa a Israel em vez de castigá-lo (cf. Jr 18,7-8). É claro que este pensamento é inconcebível para os pagãos.


A reação dos ninivitas diante da pregação de Jonas é imediata: “Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior” como sinal de penitência e de conversão. Aqui evidencia o contraste entre o comportamento dos judeus e o dos pagãos. A imediata penitência dos ninivitas está denunciando a dificuldade para converter-se e a persistência na dureza de coração dos judeus que já se consideram justos. A cidade inimiga por excelência de Israel crê em Deus. Os ninivitas não procuram matar o estrangeiro Jonas, mas organizam uma penitência coletiva.


Diante da pregação de Jonas os ninivitas se converteram. A conversão imediata dos ninivitas diante da pregação de Jonas é, na verdade, uma crítica para os próprios judeus na época, inclusive para seus reis. O rei de Nínive se arrependeu diante da pregação de Jonas (Jn 3,5-8), enquanto que alguns reis de Israel ou o rei de Judá se recusaram a se converter (cf. Jr 36,24). O autor quer também envergonhar seus contemporâneos (os judeus) por sua lentidão em se converterem (Jr 7,25-26; 25,4; 26,5 etc.), por outro lado, Nínive se converteu desde o primeiro sinal ou desde a primeira pregação de Jonas.


Não consideramos também que os outros sejam pecadores que merecem castigo severo de Deus e nós próprios nos esquecemos de nos converter? Não somos nós também novo Jonas que quer a destruição dos outros ou sua eliminação desta terra em vez de torcer e rezar pela sua conversão? No nosso coração não mora, de vez em quando, o desejo vingativo e espera uma ação punitiva de Deus sobre nosso suposto inimigo ou adversário? Se nós desejamos, assim, não devemos nós mesmos nos converter, primeiro?


Vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal, que tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez”. É uma das ideias centrais do livro de Jonas: Deus pode mudar, desde que o homem mude. A reação de Deus nos indica que o Deus que nos revela neste livro é um Deus pessoal capaz de relações interpessoais com os homens. Efetuada a conversão, o castigo é revogado. Só um Deus compassivo e misericordioso que nos move à conversão perdoando porque sente compaixão de nós.


Jonas anunciou que “dentro de quarenta dias Nínive será destruída”. A nós a Igreja está anunciando que "dentro de quarenta dias será a Páscoa, a Ressurreição do Senhor” que antecipa nossa futura ressurreição. Hoje faz uma semana que iniciamos a Quaresma com o rito da Cinza. Será que temos entrado seriamente no caminho da preparação para a Páscoa? Está mudando algo em nossas vidas diariamente? Conversão significa mudança de mentalidade (metanoia); retornar ao caminho de Deus. A Palavra de Deus está nos assinalando caminhos concretos: um pouco mais de controle de nós mesmos (jejum), maior abertura para Deus (oração) e a abertura diante da necessidade do próximo (caridade) como expressão de nossa conversão. Terá Jesus motivos para se queixar de nós, como fez dos judeus de seu tempo por sua obstinação e coração duro? Estamos realizando nesta Quaresma aquelas mudanças que cada um de nós necessita? Será que podemos rezar de verdade a oração do Salmo Responsorial de hoje: “Criai em mim, ó Deus, um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido”?


É Preciso Buscar a Conversão Diariamente e Não Milagres


No texto do evangelho lido neste dia, Jesus convida seus ouvintes para a conversão e a penitência, na versão de Lucas. Jesus lhes põe como exemplo a cidade pagã de Nínive, que se converteu ao escutar a pregação de Jonas: “... nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração”.


O evangelista Lucas demonstra maior interesse na ideia da conversão do que Marcos e Mateus juntos. As palavras básicas para a conversão em Lucas ocorrem com mais frequência (metanoia, 5x; metanoeo, 9x).   O evangelista Lucas desenvolve o entendimento da conversão, ligando-a explicitamente a outros temas como perdão e reconciliação, a salvação, a misericórdia divina e a alegria. Lucas quer nos mostrar que a conversão é algo prazeroso, pois nos traz a alegria de se libertar de uma situação que não nos salva. A conversão nos faz voltarmos para a comunhão (reconciliação). Consequentemente, o convite para a conversão é um convite para a alegria.


Os seus contemporâneos pedem a Jesus um sinal para demonstrar ou comprovar que Ele é verdadeiramente Messias de quem falavam Moisés e os profetas. Ao pedir um sinal, eles renovam a tentação do deserto (cf. Ex 16,1-17,7). Eles querem que Jesus proporcione uma prova palpável, isto é, a prova experimental que se exige na ordem das coisas materiais ou físicas. É uma forma clara da negação da messianidade de Jesus apesar das evidências. A exigência de uma demonstração física, de um sinal que elimine toda dúvida esconde, no fundo, a recusa da fé e, portanto, demonstra também a recusa do amor, pois o amor exige, por sua mesma essência, um ato de fé, um ato de entrega de si mesmo.


Jesus é, mais uma vez, tentado (cf. Lc 4,1-13). Diante desta tentação Jesus responde: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração”.  


A palavra “geração” é sempre empregada por Jesus no sentido pejorativo. É uma alusão típica a uma momento da história do povo de Israel, a primeira “geração”, a do deserto, a dos quarenta anos primeiros no deserto, a geração que passou seu tempo reclamando “sinais de Deus”: “Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração, e Eu disse: ´É um povo de coração desviado, que não conhece os meus desígnios” (Sl 94/95,10).


Os judeus da época de Jesus pedem milagres operados por Jesus para comprovar sua messianidade. O verdadeiro crente, sem menosprezar o papel eventual do milagre, não pede já sinais exteriores porque na própria pessoa de Jesus Cristo, Homem-Deus, descobre a presença discreta de Deus e sua intervenção. A maioria dos milagres faz apelo à conversão interior. Os milagres fazem apelo à fé, mas não dão a fé.


Jesus nos chama à conversão. O vocábulo grego para a conversão é metanoia. Metanoia quer dizer literalmente mudança de mentalidade. A conversão envolve mudança. Quando a Bíblia fala de conversão, isso envolve a pessoa toda: seu senso moral, sua capacidade intelectual e sua vida espiritual. Na conversão corpo, mente e alma juntos são afetados pelo ato da conversão, e as consequência são sentidas em todos os aspectos da vida da pessoa (pessoal, familiar, social, político etc.). Por isso, a conversão opõe-se à manutenção do status quo, ao conservadorismo, pois sempre envolve movimento de uma dimensão para outra.  Trata-se de abandonar as velhas categorias de julgar e de pensar para tomar novos critérios para ver a vida crescer na direção de Deus e do irmão. Converter-se é desandar o caminho, é pôr os pés onde está a cabeça (isto é, viver de acordo com uma nova visão) e colocar a cabeça onde estão os pés.


Lembremo-nos de que Deus, por causa de sua misericórdia por nós, está contra a Si próprio, pois ele poderia usar de justiça contra todos nós, pecadores diários (ninguém está livre de pecar com pensamentos, palavras, atos, omissões etc. diariamente). A misericórdia de Deus é maior do que sua justiça. Nem o próprio Jonas consegue escapar dessa misericórdia. A misericórdia de Deus se estende a todos.


A raiz da equivocada exigência de um sinal da parte dos contemporâneos de Jesus não é outra coisa que o egoísmo, um coração impuro, um coração duro que unicamente espera de Deus o êxito pessoal, a ajuda necessária para absolutizar o próprio ego (eu). Esta forma de religiosidade representa a recusa fundamental da conversão.


Quantas vezes nos tornamos escravos do sinal do êxito! Quantas vezes pedimos um sinal e nos fechamos diante da chamada à conversão! Nós queremos, muitas vezes, milagres de Deus e Deus poderia dizer: “Me largue! Pois vocês devem ser a luz do mundo e o sal da terra” (cf. Mt 5,13-16). Quantas vezes esperamos a demonstração, o sinal do êxito, tanto na história universal como em nossa vida pessoal! E perguntamos até que ponto nós cristãos transformamos realmente o mundo? Até que ponto nós cristãos demonstramos os princípios cristãos e damos provas de nosso êxito criando o paraíso na terra!?


O próprio Jesus, em sua Palavra e em sua inteira personalidade é sinal para todas as gerações. Por isso, no evangelho de João, Jesus diz: “Quem me , o Pai” (Jo 14,8s). O Pai se faz visível no Filho. É ver Jesus e aprender a vê-Lo! Esta é a resposta. Para isso, é preciso que contemplemos Jesus em Sua Palavra inesgotável, em seus mistérios: nos mistérios de Seu nascimento, nos mistério de sua vida oculta num vilarejo de Nazaré, nos mistérios de sua vida pública, no mistério pascal, nos sacramentos, na história da Igreja com a qual Ele caminha (Mt 28,20).


Para ser redimido, para situar-se na verdade intima da idéia criadora de Deus é preciso que o homem supere o espaço das coisas físicas, do tangível. Ao superar esse espaço o homem pode alcançar a própria certeza das realidades mais profundas e eficazes: as realidades do Espírito divino. A exigência de uma demonstração física, de um sinal que elimine toda dúvida, oculta no fundo a recusa da , um negar-se a rebaixar os limites da segurança trivial e por isso, fecha-se também diante do amor, pois o amor exige, por sua própria essência, um ato de , um ato de entrega de si próprio sem reservas. Atrás desse fenômeno se oculta um empobrecimento da idéia da realidade e no fundo há a miopia de um coração demasiado centrado na busca do poder físico, da possessão, do ter.


Além disso, o maior sinal que Deus nos dá é a sua misericórdia. Jesus se aproxima dos pobres, dos marginalizados, dos excluídos e dos pecadores. Em Jesus eles encontram o Deus misericordioso. Não existe maior milagre do que reconstruir interiormente um ser humano. Quem não tem olhos para a misericórdia, continuará a pedir a Jesus milagres que o fazem acreditar. Diante deste tipo de pessoa Deus permanecerá calado.


O Senhor que é rico em misericórdia quer que também sejamos misericordiosos para com os demais (cf. Lc 6,36). A misericórdia é querer o bem até para aqueles que nos machucaram, pois a misericórdia é amar até aqueles que não merecem ser amados do ponto de vista humano a exemplo de Jesus (cf. Lc 23,34). A misericórdia tem sempre a grande atração de fazer-nos semelhantes a Deus e de sermos sinais de seu amor para este mundo (cf. Mt 5,43-48).


O Senhor nos reúne na Eucaristia para nos fazer conhecermos Sua vontade. Não viemos somente para rezar a fim de expor-lhe nossas angustias e esperanças. Viemos porque queremos entrar em comunhão de vida com Ele para estar em comunhão de vida com os demais.


Jesus se queixa dos seus contemporâneos porque eles pedem um sinal do céu para comprovar que ele é o Messias. Mas Jesus recusa qualquer tipo de sensacionalismo. Será que Jesus tem motivos para queixar-se de nós? Sim, se não nos convertermos.


A Quaresma é um tempo oportuno para a conversão e a confissão. A confissão é o momento do encontro de dois amores: o amor misericordioso de Deus por mim que não se esgota jamais, e meu amor por Deus no próximo (cf. Jo 15, 12). A confissão sincera deixa no nosso coração uma grande paz e alegria.
P. Vitus Gustama,svd

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