quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

IV DOMINGO DO ADVENTO, 20 De Dezembro de 2020

 MARIA COLABORA ATIVAMENTE NA  ENCARNAÇÃO DE DEUS

IV DOMINGO DO ADVENTO ANO B


Primeira Leitura: 2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16

1 Tendo-se o rei Davi instalado já em sua casa e tendo-lhe o Senhor dado a paz, livrando-o de todos os seus inimigos, 2 ele disse ao profeta Natã: “Vê: eu resido num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda!” 3 Natã respondeu ao rei: “Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo”. 4 Mas, nessa mesma noite, a palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: 5“Vai dizer ao meu servo Davi: ‘Assim fala o Senhor: Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar? 8b Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. 9 Estive contigo em toda a parte por onde andaste, e exterminei diante de ti todos os teus inimigos, fazendo o teu nome tão célebre como o dos homens mais famosos da terra. 10 Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não tornarão a oprimi-lo como outrora, 11 no tempo em que eu estabelecia juízes sobre o meu povo, Israel. Concedo-te uma vida tranquila, livrando-te de todos os teus inimigos. E o Senhor te anuncia que te fará uma casa. 12 Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. 14 a Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16 Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre”.

Segunda Leitura: Rm 16,25-27

Irmãos: 25 Glória seja dada àquele que tem o poder de vos confirmar na fidelidade ao meu evangelho e à pregação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério mantido em sigilo desde sempre. 26 Agora este mistério foi manifestado e, mediante as Escrituras proféticas, conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé. 27 A ele, o único Deus, o sábio, por meio de Jesus Cristo, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém!

Evangelho: Lc 1,26-38

Naquele tempo, 26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38 Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

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Um Olhar Geral Sobre As Leituras Deste Domingo

O Advento é tempo litúrgico no qual coloca-se em destaque a relação e cooperação de Maria no mistério da redenção. O Advento considera Maria especialmente em relação com a vinda do Senhor. Com a imagem bíblica da “filha de Sião”, a liturgia nos lembra que em Maria culmina a expectativa messiânica de todo o povo de Deus do Antigo Testamento. O Advento, na sua imediata preparação para o Natal, recorda particularmente a divina maternidade de Maria. O Filho de Deus não desce do céu em um corpo adulto, plasmado diretamente pela mão de Deus (Cf. Gn 2,7), mas entra no mundo como “nascido de mulher” (Gl 4,4), salvando o mundo por dentro. Maria é aquela que, no mistério do Advento e da encarnação, une o Salvador ao gênero humano. Os textos evangélicos das genealogias de Jesus e da anunciação (evangelho deste domingo) são proclamados neste tempo, nos lembram do mistério da “assunção” do homem e da “imersão” de Deus no humano através de sua encarnação.

O mistério da Encarnação do Verbo anunciado pelo Anjo a Maria Santíssima é o ponto de união das leituras deste domingo.

O Segundo Livro de Samuel, que lemos na Primeira Leitura, nos apresenta o rei Davi com intenção de construir um templo para Deus. Em um primeiro momento, o profeta Natã aprova o projeto, mas a continuação indica a Davi que a vontade de Deus é diversa/diferente: não será ele, o rei Davi, quem construirá o templo, e sim que será Deus quem dará a Davi uma “casa”, uma descendência e um reino que durará para sempre. Assim pois, Davi não poderá apoiar-se sobre a estabilidade de um templo construído por mão humana, e sim sobre a estabilidade que Deus dará a sua casa, da qual nascerá o herdeiro da promessa. 

A mensagem de Natã ao rei Davi se concentra nesta ideia: “Tu não colocarás tua força e esperança num templo construído por mãos humanas. “Você não colocará sua força e esperança em um templo construído por mãos humanas.“No pondrás tu fuerza y ​​tu esperanza en un templo construido por manos humanas. Tua segurança está, antes, na promessa de Deus de que Ele lhe dará uma casa e uma descendência que durará para sempre. Assim, pois, tu deverás contar sempre e em cada ocasião, com a estabilidade que Deus dará a tua casa. Esta será tua segurança, esta será sua força. Desta descendência nascerá o Messias”.

Este oráculo serve de fundamento para um tema característico da história da salvação: o tema do templo de Deus, da morada de Deus entre os homens. A tradição cristã reconheceu em Jesus de Nazaré, Filho de Deus e Filho de Maria, este verdadeiro templo, morada de Deus. Com efeito, o Novo Testamento nos oferece várias passagens significativas: Jesus é a pedra angular do templo (1Pd 2,4-10); Deus habita no meio de nós no Corpo de Cristo, filho de Davi e Filho de Deus (Jo 1,14); o Corpo de Jesus ressuscitado e vivente entre nós é o verdadeiro templo (Jo 2,20-22; 1Cor 3,17).

Construamos primeiramente o templo de Deus em nossa própria vida. Permitamos que Deus dirija e governe nossos passos. Colaboremos ativamente em Seu plano de salvação. Sejamos pedras angulares, edificação de Deus, construamos com arte e dedicação o templo de Deus. Cada um de nós, como pessoa humana e como cristão, deve ser o lugar da manifestação de Deus entre os homens; é ser transparência de Deus. Construamos, pois, em nós o templo de deus mediante a vida da graça, mediante a vida de caridade dedicada com nossos irmãos e mediante a verdadeira humildade. Construamos o templo de deus nos demais homens pelo trabalho evangelizador. Sintamos a viva responsabilidade de participar na história da salvação como enviados, como apóstolos, homens de mensagens de Deus, embaixadores de Cristo. Participemos nas atividades apostólicas de nossa paróquia, de nossa comunidade. Não reduzamos nossa fé apenas na participação das missas. Missa e Missão são uma coisa só. Quem participa da missa é enviado.

Por meio das palavras do Anjo dirigidas a Maria, nós conhecemos a encarnação do Filho de Deus e entramos em contato com o mistério do Emanuel, do Deus-Conosco como sublinha o texto do Evangelho de hoje.

Ao escutar a mensagem do Anjo, Maria é convidada, em primeiro lugar, à alegria: “Alegra-te, Maria!”. Certamente trata-se de uma alegria especial, a alegria que nasce porque Deus vem, Deus está para vir, e Maria, a donzela de Nazaré quem será uma “digna morada” para seu Filho. Mistério imensurável: Deus se faz homem! Deus se faz homem no seio de uma Virgem puríssima, sua criatura! Deus quis pedir a colaboração de Maria na encarnação de seu Filho. Maria, portanto, deve alegrar-se porque é “agraciada”, porque é privilegiada. Foi preservada de toda mancha de pecado para ser digna morada de seu Filho. Maria deve alegrar-se porque o Senhor vem, o Senhor se encarna nela, porque chegou a plenitude dos tempos e Deus está conosco. Maria é “cheia de graça e o Todo-poderoso fez coisas grandes nela”. A alegria cristã nasce deste acontecimento: Deus veio em resgate do homem que se perdeu pelo pecado. O Messias esperado está aqui e sua chegada supera qualquer expectativa.

E o mistério escondido por séculos se manifestou em Cristo com o fim de atrair todos à obediência da fé, como enfatiza a Segunda Leitura de hoje (Rm 16,25-27). Porque Deus amou tanto os homens que lhes é enviado seu Filho único (Cf. Jo 3,16).

O Senhor escolheu uma humilde donzela de um pequeno povo de Israel para constitui-la em Mãe de seu Filho. O poder do Espirito Santo, com sua sombra, cobrirá Maria e terá lugar nela o mistério escondido por séculos, o mistério da encarnação do Verbo de Deus.

Um Olhar Específico Sobre o Evangelho De Hoje

E Lucas coloca esta cena na narrativa da infância de Jesus também para destacar Maria como modelo de qualquer cristão: Ela é a primeira discípula-modelo; modelo de e modelo de quem medita a Palavra de Deus no coração.

1. Maria É A Primeira Discípula-Modelo        

A primeira mensagem dessa anunciação é centrada na concepção de Jesus como Messias e Filho de Deus. E Lucas apresenta Maria como a primeira a ouvir e a acertar a mensagem, para depois proclamá-la (Lc 1, 39-45). Sua condição de discípula realiza-se quando ela diz “sim” à vontade de Deus a respeito de Jesus. Mas tal prontidão lhe é possível porque Maria dispõe da graça de Deus pelo seu modo de vida. Desta maneira nãoexagero ao dizer-se que Maria ouviu o Evangelho de Jesus Cristo e de fato, foi a primeira a fazê-lo. Assim Lucas eleva Maria à condição de primeira discípula-modelo e Lucas fornece aqui a mais forte evidência para o fato importantíssimo de que ela é discípula de Jesus (observe bem La Pietá de Mikhael Ângelo).        

Para que possamos dizersim” à vontade de Deus, devemos viver na graça e com a graça de Deus, como Maria, pois a pessoa que Deus escolhe para exercer a sua vontade é alguém que dispõe de sua graça pelo seu modo de vida. Sem a graça de Deus a nossa própria vontade se torna mais importante do que a de Deus. E o Senhor continua oferecendo às pessoas (todos nós) a possibilidade de se tornarem seus discípulos, aprendizes na arte de viver o amor de Deus. Não importa a vida passada, a fama, a riqueza ou a instrução. O Deus de Jesus Cristo não hesitou em usar a torpeza tanto quanto a nobreza, a impureza tanto quanto pureza, homens a quem o mundo ouviu atentamente e mulheres que o mundo censurou; esse Deus continua a trabalhar com a mesma mistura (basta ler a genealogia de Jesus segundo Mateus 1,1-17).  A graça de Deus pode atuar mesmo em pessoas como nós. Mas será que temos a disponibilidade como a de Maria? Deus nos pede uma disponibilidade absoluta e nos chama com frequência a entregar aquilo que não tínhamos previsto.

2. Maria É Modelo De Fé         

Diante da proposta de Deus, Maria responde prontamente. O seusim” ecoa forte e sem dúvida e cheio de generosidade. Ela une a liberdade com a vontade: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua Palavra”. Com essas palavras Maria abriu seu espaço interior para deixar Deus entrar. Uma vez que reconheceu o chamamento de Deus, não fez qualquer reserva e entrega-se a Ele totalmente. Essa entrega do coração a Deus tem um nome muito simples: . quer dizer arriscar-se e jogar-se nas mãos do Senhor com confiança pois ele nos desde o início de nossa vida até o seu fim. Lucas nos conserva o testemunho de Isabel acerca da de Maria ao dizer: “Feliz aquela que creu” (Lc 1,45).          

Duas coisas transparecem de Maria em relação à : Sua vida de , de entrega humilde e confiante que não entende tudo mas confia e sua que cresce mediante a reflexão e a meditação. E a vida vai tornando manifesto daquilo que lhe era confuso. Mas certamente é próprio da viver no lusco-fusco (o anoitecer) e criar luz na medida em que acolhe e se entrega ao plano de Deus. A convive com a perplexidade mas não pode subsistir com a dúvida. Deve-se superar a dúvida. Faz parte da aqueles momentos de escuridão, onde a razão se cala e a alma se entrega a Deus.

         

Portanto, crer significa confiar apesar da obscuridade; acolher apesar de não ver claro porque é Deus que está falando e convidando. E crer supõe uma atitude que exige uma pobreza interior e desapego das próprias seguranças, que muitas vezes são falsas.         

Por isso, Maria, por sua palavra e por suas atitudes faz-se modelo para todos os que creem. Olhando para a de Maria, a gente se melhor. Nós temos muito a aprender dessa atitude de Maria. Ao olhar para ela, nos sentimos mais animados, pois compreendemos que não nascemos prontos, que a vida é uma travessia. Descobrimos também que até as crises de são ocasiões de crescimento. Reconhecemos que somos peregrinos na e nos colocamos, com alegria, no caminho do Senhor. Se o Antigo Testamento começa com a de Abraão(Gn 15,6), o Novo Testamento começa com a de Maria. Crendo como ela se constrói a Igreja e a traz novamente o Verbo feito homem, Jesus Cristo, entre os homens para iluminar e libertar todos nós. 

3. Maria É Modelo De Quem Medita A Palavra De Deus         

Quantas vezes Deus se comunica conosco, mas a sua Palavra não penetra em nós. Por que isso acontece? Com toda a agitação e barulho ao nosso redor ou dentro de nosso próprio coração temos muita dificuldade em parar para escutar a voz interior, a voz de Deus. Certamente a vida equilibrada e com sentido começa com a criação de um espaço interior, no qual a pessoa vai juntando os acontecimentos e procura seu sentido e com certeza pode perceber os sinais de Deus na vida.         

A partir de Maria, a acolhida da Palavra nem sempre é consequência de uma escuta em que ela é ouvida com total clareza. Maria passou pela experiência da obscuridade que envolve a Palavra (cf. Lc 2,34s.49s). A Palavra é acolhida na , independentemente da clareza de seu significado.      

Maria vem nos ensinar a cultivar a interioridade. Guardar as coisas no coração, meditar e buscar sentido nos acontecimentos e preparar-se para o que vai acontecer. Deus se comunica através da vida e da Palavra inspirada, a Bíblia. Somos chamados, a exemplo de Maria, a cultivar a interioridade, para meditar fatos e palavras da vida e da Bíblia, guardá-las no coração e melhorar nossa prática cristã.         

Três palavras-chaves resumem o ser-cristão a partir de Maria como o exemplo: ouvir, acolher/meditar, frutificar/proclamar. Com isso Lucas pinta os traços da figura de Maria. Onde é que estamos: no ouvir, meditar ou no frutificar/proclamar? Não basta ouvir a Palavra de Deus, temos que meditá-la. Mas do ouvir e meditar temos que frutificá-la e proclamá-la.

4. Maria é Uma Mulher Revolucionária

Através da cena da anunciação do Senhor a Maria o evangelista Lucas nos mostra um Deus revolucionário e libertador. A sua manifestação, nesta cena, não acontece no Templo, lugar considerado sagrado, como aconteceu com o anúncio do nascimento de João Batista, e sim num lugar desconhecido: Nazaré. Deus é que faz um lugar importante. Nazaré é um lugar jamais mencionado no AT. Esse Deus não se manifestou a um sacerdote no templo durante o culto, como aconteceu com Zacarias, e sim no cotidiano e a uma pessoa simples, pequena, a uma mulher: Maria. Na opção de Deus Maria se torna uma privilegiada.

A Virgem Maria, da perspectiva do evangelista Lucas é uma mulher que aceita a proposta revolucionária de que o Senhor possa nascer de seu ventre virgem, de seu corpo jovem, de seu coração feminino. A mulher, naqueles tempos, não tinha acesso à Palavra escrita da Torá ou dos profetas. Agora Maria, uma mulher, tem em seu ventre materno a mesma Palavra de Deus feita carne: o Emanuel, Deus-Conosco (Jo 1,14).

A mulher, que não podia conversar com outro homem que não fosse seu marido, agora dialoga com sua consciência e toma decisão de ser a Mãe do Senhor. A mulher que vivia dependente de uma estrutura familiar rígida, agora escolhe, opta por ficar embaraçada ou grávida milagrosamente. A mulher que tinha um acesso restringido ao culto, agora dialoga diretamente, cara a cara, com Deus através de seu Anjo. A mulher que devia cuidar de sua imagem de moralidade, sua virgindade até o matrimonio, agora decide enfrentar a sociedade de seu tempo e o mais importante: quem decide é ela.

Por isso, não podemos imaginar que Maria seja uma mulher passiva, imóvel e submissa. Ela é corajosa, valente e revolucionária. E sua força vem de Deus. Ela se compromete a partir de sua própria liberdade e libertação com a libertação de Deus. Ela é revolucionária com o Deus revolucionário. Quem tem sua força em Deus, quem acredita incondicionalmente em Deus tem força suficiente até mais do que suficiente para encarar tudo na vida porque ele sabe que a palavra final é a Palavra de Deus e não a do homem. Quem é devoto de Maria deve ser uma pessoa valente, corajosa e revolucionária como Maria. “Para Deus e com Deus nada é impossível”.

A partir da cena da anunciação não há que buscar Deus no ar, nas ideias, nos sonhos. Maria O encontra no seu ventre, no seu coração. O Deus que está no coração de Maria transforma seu corpo em morada divina para fazer Deus visível aos homens. Sua maternidade aproxima Deus ao ser humano para compartilhar a experiência de salvação. Para cada um de nós Maria quer mostrar que é possível ser colaborador divino para fazer visível Deus aos outros através de cada um de nós. Para cada cristão trata-se de uma missão a ser cumprida neste mundo: fazer Deus visível através de nossa vida e de nosso modo de viver. “Vós sois a carta de Cristo”, relembra-nos São Paulo.         

Maria vem nos ensinar a cultivar a interioridade. Guardar as coisas no coração, meditar e buscar sentido dos acontecimentos e preparar-se para o que vai acontecer. Três palavras-chaves resumem o ser-cristão a partir de Maria como o exemplo: ouvir, acolher/meditar, proclamar/frutificar.

5. O Senhor Está Com Maria

O anjo também diz a Maria: “O Senhor está contigo”. Na história da salvação, quando alguém é chamado a exercer uma missão divina/ missão particular, é prometida também a presença ou a proteção de Deus: a Isaac (Gn 26,3.24), a Jacó (Gn 28,15), a José (Gn 39,2-3.21.23), a Moisés (Ex 3,11s), a Josué (Js 1,5), a Gedeão (Jz 6,12.16), a Jeremias (Jr 1,8.19;15,20)etc..

A expressão “O Senhor está contigo” está carregada de afeto. Esta expressão é típica da teologia da aliança. E a expressão máxima do Deus está conosco para sempre é a encarnação de Deus na nossa história (cf. Jo 1,14).

Deus continua vindo a cada um de nós, e continua querendo se encarnar através de nosso “sim”. Não importa se somos dignos ou indignos, fracos ou fortes da missão confiada. O importante é a disponibilidade total e ativa diante de Deus. 

Coragem De Maria Nos Surpreende

Em toda parte a covardia é desprezada e em toda parte a coragem é estimada. A coragem é a virtude dos heróis. Quem de nós não admira os heróis?  Os pais são admirados, pois são nossos heróis mais próximos, pois lutam de todas as maneiras para nos manter vivos e realizados na vida. A virtude é uma aptidão ou uma qualidade que inclina o sujeito à prática do bem. Todas as virtudes culminam no amor a Deus e ao próximo. A coragem para fazer algo fora do bem não pode ser considerada como virtude, como um fanático que se sacrifica para acabar com a vida de tantos inocentes.  A coragem é a condição de qualquer virtude.

Não podemos imaginar que Maria seja uma mulher passiva, imóvel e submissa cega. Ela é corajosa, valente e revolucionária. E sua força vem de Deus. Ela se compromete a partir de sua própria liberdade e libertação com a libertação de Deus. Ela é revolucionária com o Deus revolucionário.

Quem tem sua força em Deus, quem acredita incondicionalmente em Deus, como Maria, tem força suficiente até mais do que suficiente para encarar tudo na vida porque ele sabe que a palavra final é a Palavra de Deus e não a do homem. Quem é devoto de Maria deve ser uma pessoa valente, corajosa e revolucionária como Maria. “Para Deus e com Deus nada é impossível”.

P. Vitus Gustama,svd

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