DEUS QUER NOS USAR COMO “INSTRUMENTO” DE SALVAÇÃO APESAR DE
NOSSAS LIMITAÇÕES
17 de
Primeira Leitura: Gn 49,2.8-10
Naqueles dias, 2 Jacó chamou seus filhos e disse: “Juntai-vos e ouvi, filhos de Jacó, ouvi Israel, vosso pai! 8 Judá, teus irmãos te louvarão; pesará tua mão sobre a nuca de teus inimigos, se prostrarão diante de ti os filhos de teu pai. 9 Judá, filhote de leão: subiste, meu filho, da pilhagem; ele se agacha e se deita como um leão, e como uma leoa; quem o despertará? 10 O cetro não será tirado de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha Aquele a quem pertencem, e a quem obedecerão os povos”.
Evangelho: Mt 1,1-17
1Livro da
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“O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedoso e alegre expectativa. (Normas Universais Sobre o Ano Litúrgico e o Calendário: Carta Apostólica Dada Motu Próprio do Papa Paulo VI, 14/02/1969, n.39).
Por isso, a liturgia do Advento tem um claro caráter escatológico na sua Primeira Parte até o dia 16 de dezembro, contemplando a ÚLTIMA VINDA DO SENHOR no final dos tempos. Assim o exprime os Prefácios do Advento I (“as duas vindas de Cristo”) e do Advento IA (“Cristo, Senhor e Juiz da História”).
A Segunda Parte, partir do dia 17 de dezembro, na chamada “Semana Santa” do Natal, o olhar se dirige mais concretamente para a preparação da festa, o que encontra eco no Prefácio do Advento II (“a dupla espera de Cristo”) e no IIA (“Maria, nova Eva”).
Por isso, a partir de hoje, o Evangelho nos apresenta o que precedeu ao nascimento de Jesus: o Evangelho da Infância. E notaremos que a primeira leitura, tirada do Antigo Testamento, está sempre em correspondência com o que se relata no Evangelho. O evangelista Mateus, particularmente, escreveu seu Evangelho enfatizando a harmonia entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento: Jesus é, certamente, “Aquele que Israel esperava, é Aquele que havia sido prometido... várias vezes e de diversas maneiras...”.
Esta segunda parte quer enfatizar que o Advento recorda a dimensão histórica da salvação. O Deus da Bíblia é o Deus do evento, o Deus da história, o Deus da promessa e da aliança. Deus se deixa encontrar como Salvador da história. O tempo e o espaço, a partir da encarnação, se tornam como sacramento do agir de Deus. Deus, de fato, está aqui e agora (Cf. Mt 28,20). Com Jesus, o tempo chega à sua plenitude (Cf. Gl 4,4) e o Reino de Deus se torna próximo (Cf. Mc 1,15). Dentro deste sentido, o Advento é o tempo litúrgico no qual é recordada a grande verdade da história como lugar da atuação do plano salvífico de Deus. Esta segunda parte quer nos lembrar e relembrar que um dia, na história humana, o número dos seres humanos é acrescentado por mais uma: o Deus encarnado. O ser humano é sempre mais um. Eu não ando sozinho, pois sempre é mais um comigo: “Estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Quando nos mantivermos conscientes disso, teremos forças suficientes para lutar pelo bem da humanidade.
Deus Quer Nos Dar Sua Bênção
A Primeira Leitura tem sua importância por causa de Jesus. O texto nos relatou que o velho patriarca Jacó estava para morrer. Ele sabia disso. Ele se encontrava no Egito com seus filhos. Ele chamou seus filhos para escutarem as últimas palavras importantes do patriarca para todos eles. O velho patriarca quer distribuir sua bênção como herança. A força da bênção do patriarca é a mesma que a força da Palavra de Deus. Com as palavras da bênção o patriarca Jacó abre o véu do futuro. A futura sorte do filho que receber a bênção será fundada na bênção dada pelo patriarca Jacó.
É interessante observar que a bênção do patriarca Jacó não foi dada ao primogênito, Rubem, nem para o segundo filho, Simeão, nem para o terceiro filho, Levi, e sim para o quarto filho, Judá. A bênção de Judá assume maior ênfase pelo fato de vir após as censuras desferidas contra os três primeiros filhos de Jacó. Judá é chamado de ”filhote de leão”. Leão é um símbolo do poder e da força, está separado dos outros animais, governa com sua presença e infunde medo por meio de rude de sua voz. Judá é o filho de Jacó que transmitirá a linha da esperança aos que esperam a vinda do Messias, o Salvador e o Libertador de Israel.
Precisamente, Jesus nascerá da tribo de Judá na Judeia, em Belém, como diz o evangelho de hoje, na genealogia: “Jacó gerou Judá e seus irmãos” e de Judá vai chegar até José, o pai adotivo de Jesus. Um descendente de Judá reinará não somente sobre as demais tribos do povo eleito e sim sobre todas as nações: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és o menor entre os clãs de Judá, pois de ti sairá um chefe que apascentará Israel, o meu povo” (Mt 2,6; Mq 5,1).
É bom lermos Gn 49,1-28 para entender o texto em seu conjunto. A bênção do patriarca Jacó não foi dada ao primogênito, Rubem, “porque subiste ao leito de teu pai e profanaste minha cama, contra mim!” (Gn 49,4). A bênção também não foi derramada sobre o segundo filho, Simeão, nem para o terceiro filho, Levi “porque na sua cólera mataram homens, em seu capricho mutilaram touros. Maldita sua cólera por seu rigor, maldito seu furor por sua dureza” (Gn 49,6-7). Mas a bênção do patriarca Jacó foi dado para Judá, o quatro filho, que é imaculado, sem mancha. A bênção de Deus está sempre a nossa disposição, da parte de Deus. Mas nem sempre encontra o lugar em nós. O pecado bloqueia ou impede a entrada da bênção de Deus na nossa vida, como a água que não entra numa garrafa bem tampada. Quais são os pecados que impedem a bênção de Deus de chegar até nós? Quais são nossos modos de viver que dificultam a vinda do Senhor para nossa vida e nossa família?
Em Jesus Se cumprem Todas As Profecias Do Antigo testamento
O
Essa genealogia é uma espécie de resumo de toda a história. Na genealogia sabemos que Jesus se enraíza numa linhagem de antepassados concretos. Desse modo Jesus é um verdadeiro “Filho do Homem (Mt 8,20; 9,6; 10,23; 11,19; 12,8 etc.), que participa totalmente da condição humana, com seus limites e suas particularidades. Foram necessários muitos progenitores para que um dia nascesse o último fruto da humanidade, isto é, Aquele que salva a humanidade. Além disso, quer-se enfatizar que Jesus pertence à casa de Davi. Jesus é o “Filho de Davi” (cf. Mt 12,23; 21, 9.15 etc.).
O Messias esperado, o Filho de Deus, a Palavra eterna do Pai se encarnou plenamente na história humana, está arraigada num povo concreto, o de Israel. Ele não é um extraterrestre. Ele pertence com pleno direito à família humana.
Na
1. Jesus é o
O
Mas Mt não pára na identidade de Jesus como “Filho de Davi”. Através deste capítulo primeiro do seu evangelho Mt quer realmente nos mostrar que Jesus é o Filho de Deus, o Emanuel que ele explicará nos vv. 18-24. Para explicar que Jesus é o Filho de Deus, Mt usa na genealogia a palavra “GERAR”: “Abraão gerou... Jacó gerou... Judá gerou... e assim por diante”.
A
2.
“A história da salvação realiza-se, ‘na esperança para além do que se podia esperar’ (Rm 4, 18), através das nossas fraquezas. Muitas vezes pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa fraqueza. Isto mesmo permite a São Paulo dizer: ‘Para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: ‘Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza’ (2 Cor 12, 7-9)”, escreveu o Papa Francisco na sua Carta Apostólica: Patris Corde (n.2d).
A
Dos 14 reis judeus que Mateus elenca entre Davi e a deportação somente dois (Ezequias e Josias) poderiam ser considerados fiéis aos padrões de Deus. O resto não passou de um estranho bando de idólatras, assassinos, incompetentes e adoradores de poder e prodígios. O próprio Davi foi uma surpreendente combinação de santo e pecador. Houve naturalmente o assassínio premeditado do marido de Betsabéia (Urias) de modo que Davi pudesse possuir legalmente a viúva.
Mas Deus é aquele que cumpre seus propósitos através daqueles que outros considerariam como não importantes e facilmente esquecíveis. Deus se serve tanto de instrumentos fracos como de instrumentos saudáveis, pois o agente principal da salvação é o próprio Deus.
·
Tamar: Uma Cananéia,
·
Raab:
·
Rute/Ruth: Foi
·
Betsabéia: Era adúltera. É uma
Todas estas
A proclamação desta genealogia na liturgia do Advento
ocorre para nos dar esperança a respeito de nosso destino e de nossa
importância. Deus pode nos usar como Seus instrumentos apesar de sermos
pecadores. Mas que tenhamos uma disponibilidade para servir esse Deus que nos
compreende profundamente nossos defeitos. Servir é uma adoração em ação, é uma
continuação da minha adoração. Servir é prestar ajuda sem esperar recompensa e
reconhecimento, pois servir significa ser servo e o servo está sempre à
disposição de seu senhor. Quem serve com o Espírito de Deus jamais murmura,
pois o tempo é precioso para ele.
P.Vitus
Gustama,svd
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