quinta-feira, 13 de agosto de 2015

21/08/2015
AMOR
A VERDADEIRA VIDA SE RESUME NO AMOR

Sexta-Feira Da XX Semana Comum

Evangelho: Mt 22,34-40

Naquele tempo, 34 sabendo os fariseus que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se 35 e um deles, doutor da lei, fez-lhe esta pergunta para pô-lo à prova: 36 "Mestre, qual é o maior mandamento da lei?" 37 Respondeu Jesus: "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito 38 Este é o maior e o primeiro mandamento. 39 E o segundo, semelhante a este, é: ´Amarás teu próximo como a ti mesmo´. 40 Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas".
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“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento! Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.


Ao colocar o amor como o maior e o primeiro mandamento, Jesus quer nos dizer que o amor é parte essencial de nosso ser. Toda vez que amamos, afirmamos nosso ser. E toda vez que não amamos, negamos nosso ser. Sem amar não se pode Ser. Ao amar nos conectamos com nosso aspecto mais essencial e mais íntimo, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Ao amarmos revelamos nosso ser e com ele cultivamos nosso espírito. Não é por acaso que Victor E. Frankl afirma: “Amo, logo sou”.


“Amarás....”, respondeu Jesus ao fariseu. Tudo na verdadeira vida se resume nesta palavra: amor! Por isso, devo orar a partir desta palavra: amor. Devo olhar para a minha vida e para a minha convivência a partir desta palavra. Devo liderar, orientar e governar a partir desta palavra. Devo corrigir os outros a partir desta palavra. Devo olhar para tudo que faço a partir desta palavra, “pois não importa se você faz muito ou pouco, mas que você coloque o amor naquilo que você faz. Não importa se você dá muito ou pouco, mas que você coloque o amor naquilo que você dá” (Madre Teresa de Calcutá). O amor transforma tudo em obra prima, pois “nada é pequeno quando o amor é grande” (Santa Teresinha do Menino Jesus). “O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não possui, nem se deixa possuir, pois o amor basta-se a si mesmo” (Khalil Gibran). Devo pensar na minha salvação a partir desta palavra, pois “Deus é Amor” (1Jo 4,8.16). “No entardecer de nossa vida seremos julgados sobre o amor” (São João da Cruz). Deus está no ato de amar. “Quanto mais amas, mais alto tu sobes” (Santo Agostinho. In ps. 83,10). E quanto mais alto tu sobes, mais coisas na vida tu verás. O amor é que dá sentido para o resto de nossa vida. Com efeito, sem ele nada tem sentido. O homem morre não quando deixa de viver, mas quando deixa de amar. E Jesus nos alerta que no fim de nossa vida seremos examinados precisamente a partir do amor vivido ou praticado (cf. Mt 25,31-46).


Amar não significa apegar-se e sim desapegar-se. O apego implica dependência, o desapego, independência. O amor genuíno não é possessivo. Por isso, quando alguém ama verdadeiramente não vive aferrado às pessoas nem às coisas. No amor nasce a liberdade. Com o amor se desatam todas as nossas ataduras e com ele assumimos plenamente nossa liberdade. Sempre que alguém desenvolve sua liberdade interior cresce espiritualmente. Todo ato de amor é crescer espiritualmente. Não há amor inoperante. Com amor captamos a essência dos seres ou das coisas. É aguçar o olhar para captar os valores que encerram. O amor é comunhão no valor. Amar é subir de nível e ver com claridade de uma dimensão mais elevada.


“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!” (Dt 6,4-7). Através destas palavras Jesus quer nos dizer que Deus deve ser amado de maneira total de nosso ser, e não somente com uma parte de nossa vida ou de nosso tempo.


“E amarás o teu próximo como a ti mesmo”. São Paulo expressa esse mandamento de outra maneira: “Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o outro cumpriu a Lei” (Rm 13,8). Quem é o próximo? Para Jesus “próximo” é qualquer pessoa que é objeto do amor de Deus. Isto quer dizer todos. “Amando o próximo tu limpas os olhos para ver Deus” (Santo Agostinho. In Joan. 17,8).


O caminho de amor sempre foi o caminho de Jesus. Jesus, na sua vida terrestre, estava sempre no caminho de amor. E ele transformou o amor em mandamento novo para qualquer seguidor: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros” (Jo 13,34; cf. Jo 15,12). Amar é despertar em alguém a força mais poderosa que se conhece. E o amor fraterno será a própria marca da identidade cristã: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35).


Estar no caminho de Jesus é estar no caminho de amor. São Paulo nos aconselhou: “Andai, pois, no Senhor Jesus Cristo” (Cl 2,6). O amor opera grandes transformações. A escuridão se transforma em luz, a solidão em comunhão, o Eu em Nós, o Éros em Ágape, o humano em divino. O amor divino transforma qualquer um em evangelizador.


Portanto, “Amor” é a mensagem central do cristianismo e é o eixo sobre o qual giram todas as virtudes e doutrinas do NT. Todas as virtudes lhe servem de alimento e nenhuma virtude subsiste sem o amor. Alguém pode ter todas as virtudes e habilidades, mas sem o amor, todas elas servem apenas como instrumento de exibicionismo e de vaidade pessoal de quem as tem. Na linguagem de São Paulo pode-se dizer que aquele que tem todas as virtudes, mas sem o amor, ele se transforma em nada; a pessoa deixa de ter valor para Deus (cf. 1Cor 13,1-11). Por isso, dizia Santo Agostinho: “Põe amor nas coisas e as coisas terão sentido. Retira-lhes o amor e se tornarão vazias”. Quando o egoísmo pessoal, o egoísmo de grupo e o exibicionismo tomam conta de nossa vida é porque há um vazio crescente de amor dentro de nós e dentro do grupo. O egoísmo e o amor não convivem. Nós nos tornaremos solitários à medida que nos preocuparmos com o egoísmo ou com a vaidade.


Nós vivemos hoje em sociedades que tem muitas leis e normas, inclusive nossas Igrejas têm extensas legislações e normas. No entanto, todas elas não resolvem positivamente a vida do ser humano. A lei (ou as leis), ainda que oriente alguns comportamentos ou alguns ritos litúrgicos, não pode ser o guia na vida das pessoas. O único guia é o Espírito de amor que nos permite vivermos em paz com Deus e em justiça com nossos irmãos. A maior injustiça que podemos cometer é a falta de amor, pois as outras injustiças são consequências da falta de amor.


Todas as celebrações e todas as atividades na Igreja de Cristo têm só uma função: para que todos cresçam cada vez mais no amor fraterno. Sem o amor fraterno tudo careceria de sentido. O amor faz qualquer um feliz e leva alguém à alegria completa. O cristão não é aquele que é mais sábio, mais “piedoso”, mais mortificado ou mais influente e sim aquele que ama mais. O amor é nossa marca viva. “Quando um de vós ama, não diga: ‘Deus está no meu coração’, mas que diga antes: ‘Eu estou no coração de Deus’” (Khalil Gibran em O Profeta).

P. Vitus Gustama, svd

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