sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DEUS QUER ENTRAR NA NOSSA VIDA PARA  QUESTIONAR NOSSAS ATITUDES

Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011

Texto de Leitura: Lc 19, 45-48

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Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os vendedores. E disse: “Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões”. Jesus ensinava todos os dias no Templo. Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo procuravam modo de matá-lo. Mas não sabiam o que fazer, porque o povo todo ficava fascinado quando ouvia Jesus falar (Lc 19,45-48).

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O evangelista Lucas nos apresenta Jesus expulsando os vendedores do Templo. Trata-se do primeiro gesto profético de Jesus no Templo de Jerusalém. Jesus atua como os profetas clássicos que, primeiro, faziam alguma ação simbólica e logo em seguida, pronunciavam seus oráculos. A ação simbólica de Jesus no texto de hoje é expulsar os vendedores do Templo. Logo em seguida Jesus pronuncia dois oráculos. O primeiro oráculo é tirado de Is 56,7 sobre o caráter do Templo como casa de oração. O segundo oráculo é tirado de Jr 7,1-15, um texto que inspira toda a ação e o pensamento de Jesus. Para Jeremias e Jesus o Templo se transforma em uma cova de bandidos porque nele encontram os assassinos e os idólatras que matam, oprimem e exploram até os mais pobres.


A intervenção de Jesus no Templo na expulsão dos vendedores é uma chamada de atenção para recolocar nossa atitude religiosa em um plano de autenticidade e sinceridade. O espaço sagrado e o tempo sagrado (momento de oração e de celebração) devem adquirir seu verdadeiro sentido como forma de encontro com Deus.  Ambos (o espaço sagrado e o tempo sagrado) têm que assumir sempre a forma da intercessão e da busca do perdão de Deus para um coração arrependido: “Minha casa será casa de oração”.


Diante da intervenção de Jesus na expulsão dos vendedores do Templo “Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo procuravam modo de matar Jesus”.  Enquanto que o povo, na sua simplicidade, não encontrou nenhuma dificuldade para aceitar a mensagem de Jesus, como Lucas nos relatou: “o povo todo ficava fascinado quando ouvia Jesus falar”. 


O valor de nossa religiosidade e o de nosso verdadeiro encontro com Deus que dão sentido para toda nossa existência dependem da escolha que fazemos entre estas duas formas de receber a mensagem de Deus. 


Nem sempre estamos prontos ou preparados diante da intervenção de Deus na nossa vida. Como os dirigentes do povo de Israel podemos também assumir atitudes contraditórias diante da intervenção de Deus na nossa vida. Deus quer expulsar de nossa cabeça ou de nosso coração todas as atitudes que querem ocupar o lugar de Deus na nossa vida. Mas por causa de nossos pensamentos pré-fabricados ou pré-estabelecidos acabamos expulsando Deus de nossa vida e permanecemos na nossa vida sem direção, pois vivemos sem escala de valores. Deus intervém na nossa vida com intuito de recolocar nossa vida no seu eixo verdadeiro ou no caminho da salvação. Mas quantas vezes eliminamos ou procuramos algum meio para eliminar o plano de Deus para nossa vida ou tentamos esquecer Sua Palavra inquietante tal como sucedeu na vida dos dirigentes do povo durante a atuação de Jesus em Jerusalém. 


A entrada de Deus e de Sua Palavra na nossa vida quer colocar em questão as nossas atitudes religiosas. Esta entrada serve para desmascarar nosso egoísmo e nosso jogo de interesse em nome de uma vida sem sentido e sem rumo e para tirar de nós um falso sentimento de segurança. A entrada de Deus e de Sua Palavra na nossa vida exige que coloquemos em revisão a nossa religiosidade se é autentica ou falsa. Ninguém pode crer impunemente. A religião não pode nos assegurar a impunidade em nossas más ações e a religião nunca pode ser considerada como o refugio seguro para malfeitores. Uma religião sem o compromisso de uma conduta coerente em função da vivência dos valores humanos reconhecidos universalmente é um ópio que faz adormecer a própria consciência. Precisamos questionar o questionável e perguntar o perguntável. Precisamos ficar atentos para que nossa prática religiosa não seja mais importante do que o próprio Deus e o ser humano.

P. Vitus Gustama,svd

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