ESTEJA VIGILANTE PERMANENTEMENTE PARA NÃO
SER SURPREENDIDO FATALMENTE
Sexta-feira, 11 de Novembro de 2011
Texto
de Leitura: Lc 17,26-37
No texto do evangelho do dia anterior,
Jesus nos anunciava sobre a imprevisibilidade da chegada do Reino de Deus (cf. Lc 17,20-25). No texto do evangelho de hoje Jesus reforça
sua afirmação comparando sua vinda à do dilúvio no tempo de Noé e ao castigo
sobre Sodoma no tempo de Ló (Lot).
O texto do evangelho de hoje fala em
uma linguagem apocalíptica, aludindo uma parte aos dias cruciais de Noé e do
dilúvio e outra parte, aos dias cruciais do encontro derradeiro dos homens com
Deus, seu Criador. Em ambos os tempos se encontram Deus, amor, Criador, juiz
misericordioso e nós, homens, pecadores, objetos do amor misericordioso de Deus
(cf. Jo 3,16; Jo 13,1).
O juízo de Deus se revela em forma de
surpresa (Lc 17,26-32), como aconteceu na época de Ló (Lot) onde os homens
continuavam ocupados em grandes afazeres da vida: fortuna, diversão, comida,
negócios, vida familiar, vida de prazer e assim por diante e foram
surpreendidos por uma fatalidade. Às vezes, o centro da vida de uma pessoa é o
trabalho. Para algumas pessoas há uma dependência exagerada do trabalho. Quando
há dependência, não há liberdade. Há pessoas que se entregam a tudo desde que
não fiquem no vazio. O trabalho absorve tanto a vida de um ser humano a ponto
de ele esquecer a dimensão profunda de sua vida. Não se pode ignorar que tudo
quanto se alcança (materialmente, socialmente) se perde. Só o que se é,
permanece. A vida nunca é o que se tem. A vida é o que se é.
No silêncio de cada dia Deus continua
nos chamando para uma autêntica verdade de nossa vida. Para poder ouvir esse
Deus é necessário criar o silêncio dentro de nós. Noé ouvia esse Deus e se
salvou do dilúvio (cf. Gn 7,1-8,22). Ló (Lot) ouvia a voz de Deus e escapou
do fogo devorador (cf. Gn 19,1-29). O silêncio possibilita a presença da
eternidade. No silêncio posso me encontrar com a própria verdade. No silêncio
posso encontrar meu eixo e minha salvação. Ao contrário, no meio de muito
barulho e de muita agitação nada se ouve claramente e nada se vê nitidamente. A
agitação não deixaria de ser uma fuga do encontro consigo próprio e com a
verdade. O silêncio é um verdadeiro encontro. Qualquer encontro dá-se e
realiza-se a partir do esvaziamento para possibilitar o próprio encontro e a
partilha. Somente podemos apertar a mão do outro se as duas mãos (a minha e a
do outro) estiverem vazias.
Diante desta chamada silenciosa de
Deus há dois tipos de reações: os que estão demasiadamente ocupados em seus
negócios preferem não escutar, pois para eles isso tiraria seu momento de
prazer como os habitantes de Sodoma. E os que, escutando em princípio a chamada,
sentindo a nostalgia do mundo que abandonaram, voltam ao mundo antigo, como
aconteceu com a mulher de Ló (Lot) e se tornou vítima fatal dessa volta para o
mundo antigo (cf. Gn 19,26). São Pedro nos alerta com as seguintes palavras: “Com
efeito, se, depois de fugir às imundícies do mundo pelo conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo, de novo são seduzidos e se deixam vencer por elas, o seu
ultimo estado se torna pior do que o primeiro” (2Pd 2,20; leia
2Pd 2,4-22). Foi isso que aconteceu com a
mulher de Ló (Lot). Não
podemos seguir a Jesus que é a novidade de nossa vida e viver como antes.
Estamos terminando o Ano litúrgico
e a festa do Deus-Conosco (Natal) está próxima. O tempo de Deus é um dom, mas
por sua natureza está ligado a uma tarefa que devemos realizar. Para responder
adequadamente a esse dom é exigido de nós um compromisso no qual estamos
obrigados a empenhar toda nossa força e nossa atuação para praticar o bem. A liberdade
que nos é concedida deve adequar-se ao querer de Deus acerca da história dos
homens. E as leituras bíblicas destes dias são um aviso para que estejamos
preparados e vigilantes permanentemente olhando com seriedade para o futuro
vivendo o presente na sua profundidade. A vida na história é precária e todos
nós, muito caducos. Deus está aqui e agora na vida de cada um de nós. Deus se
faz homem em Jesus Cristo e Jesus Cristo se faz alimento para nós na Palavra
proclamada, meditada e vivida e na Eucaristia. O Jesus eucarístico que
recebemos na Eucaristia será nosso Juiz, como Filho do Homem, e, Ele nos
assegura: “Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e Eu o
ressuscitarei no ultimo dia” (cf. Jo 6,35-57). Aceitar Jesus Cristo e reconhecê-Lo
como nosso Deus (Jo 1,1-3.14), como Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6) significa
não perder a oportunidade de que Aquele que é esperado como Juiz no final dos
tempos, chegará para nós como Pastor misericordioso para nos levar, nos seus
ombros, de retorno para a casa do Pai (cf. Jo 14,1-3). Então, estaremos certos
de que seremos de Deus e estaremos com Ele eternamente.
P.
Vitus Gustama,svd
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