TUDO SERÁ DESTRUÍDO, MAS A PALAVRA DE DEUS PERMANECE
Terça-feira, 22 de Novembro de 2011
FESTA DE SANTA CECÍLIA
Texto de Leitura: Lc 21,5-11
Como os dois outros evangelhos sinóticos (Mt 24-25;Mc 13), também o evangelho de Lucas encerra a atividade de Jesus em Jerusalém (Lc19,29-21,38), antes de sua prisão, com o discurso sobre o fim ou discurso escatológico (Lc 21,5-38). Em seu lugar atual na tradição sinótica esse discurso é considerado como um discurso de despedida de Jesus que deixa à sua comunidade os últimos conselhos e advertências. Para Lucas a destruição de Jerusalém era um fato e as perseguições à comunidade primitiva uma realidade. Tanto Mateus como Lucas inspiram seu discurso escatológico do evangelho de Marcos capítulo 13.
No texto do evangelho deste dia, o evangelista Lucas nos relatou que alguns discípulos de Jesus comentaram sobre a beleza do Templo pela qualidade da pedra (mármores) e das doações dos fiéis.
Nos tempos de Jesus, o Templo era recém-edificado. Sua construção começou 19 anos (dezenove anos) antes de Cristo. O Templo de Jerusalém Era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Seus mármores, seu ouro e toda a ornamentação eram admirados pelos peregrinos.
Diante da admiração dos discípulos Jesus pronuncia algo profético: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra”. Nesse mesmo lugar foi construído o Templo por Salomão até o ano 1.000 a.C e destruído por Nabuconosor em 586 a.C. Logo em seguida foi construído outro Templo por Zorobabel em 516 a.C. O Templo contemporâneo de Jesus foi destruído por Tito em 70 d.C e foi construído novamente em 687 por Mesquita de Omar no mesmo local.
“Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra”. Símbolo da fragilidade, da caducidade das mais esplêndidas obras humanas. Precisamos refletir sobre a grande fragilidade de todas as coisas, sobre “minha” fragilidade, sobre a brevidade da beleza e da vida na história. Todos têm olhar para a verdade desta realidade, pois tudo será destruído. Mas São Paulo nos consola: “Sabemos que, se a nossa morada terrestre, esta tenda, for destruída, teremos no céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos humanas” (2Cor 5,1). O próprio Jesus nos promete: “Na casa de meu Pai há muitas moradas... vou preparar-vos um lugar e quando vos for preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo a fim de que onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14,2-3).
Se tudo for destruído, então, somos chamados a estar vigilantes. Somos chamados a viver com sabedoria, com prudência, com fraternidade, com justiça, com verdade, com caridade, com compaixão, com amor, com fé e esperança que são valores que permanecem e que nos salvam. Quando tudo for destruído, estes valores permanecerão. A beleza sólida destes valores permanecerá, mesmo quando tudo o mais estiver reduzido a escombros.
Cada cristão, como templo de Deus (cf. 1Cor 3,16-17), adornado com as belas pedras das virtudes cristãs, pode e deve perseverar no bem, resistindo às diversas provações e tentações. Nós cristãos temos um dever de ler os sinais dos tempos e de fazer um verdadeiro discernimento do bem e do mal, do verdadeiro e do falso, para não nos deixar enganar pelos falsos profetas e afastar do seguimento de Jesus Cristo, o único Salvador. Concretamente, devemos viver cada dia sob o influxo do Espírito de Deus, deixando-nos guiar pelos Seus dons, irradiando os Seus frutos, exercendo os Seus carismas, vivendo as bem-aventuranças.
Portanto, cada dia nós temos que voltar a começar de novo nossa história, pois cada dia é o tempo de salvação, se estivermos conscientes da provisoriedade da vida humana na história. Mas fazer a história com Deus é fazer a história de salvação.
P. Vitus Gustama,svd
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