sábado, 31 de março de 2012

DOMINGO DE RAMOS

                                              
Texto de Leitura: Mc 14,1-15,47

Lemos como o evangelho deste domingo o relato da Paixão de Jesus segundo Marcos. O relato é muito rico em detalhes. Por ser tão rico, escolhemos apenas alguns detalhes para a nossa reflexão ou meditação. É impossível pregar todos os detalhes dentro de um tempo limitado. Mas o caminho se abre para quem quiser aprofundar outros temas, pois o evangelho é rico e o Espírito Santo sempre renova a nossa maneira de ler a Palavra de Deus desde que estejamos em sintonia com o Espírito de Deus, fonte de toda a inspiração.


I. Getsêmani e a humanidade de Jesus; e incompreensão dos discípulos

Depois de ter consumado a ceia pascal(Mc 14,12-25), Jesus e os discípulos se dirigem ao Getsêmani. A cena do Getsêmani revela Jesus na sua total humanidade como qualquer ser humano. Se a transfiguração(Mc 9,2-13) revela a glória e a filiação divina de Jesus no seu caminho da cruz, no Getsêmani revela-se a profunda humanidade do Filho de Deus. Este contraste nos leva a compreender melhor o mistério de Jesus e o mistério de nossa vida como seres humanos. Nem sempre o contraste nos leva à divergência. Muitas vezes, o contraste pode terminar na convergência onde aprendemos a descobrir o sentido de uma realidade na sua totalidade. Não basta entender o caminho de subida(de baixo para o alto), o caminho de glorificação, é preciso entender simultaneamente o caminho de descida(do alto para o baixo). A encarnação de Deus em Jesus Cristo é um abaixamento antes de ser uma elevação, e é um gesto de total partilha da condição humana(Fl 2,6-11). Para podermos subir, precisamos aprender a descer: aprender a sermos irmãos uns dos outros. Mas em que consiste a humanidade de Jesus encontrada na cena do Getsêmani?


1. Jesus que se angustia e se entristece

Perante a sua morte iminente Jesus entra na profunda angústia(Mc 14,33). Os três sentimentos de Jesus são perturbação, angústia e tristeza mortal. Ele expressa claramente e afirmativamente sua tristeza ao dizer: “A minha alma está triste até a morte”(Mc 14,34). O lamento de Jesus é o eco dos Salmos(Sl 42,5s.12;43,5;116,3). O que o salmista leva a entristecer-se é  a impressão do afastamento e da ausência de Deus que leva o salmista a fazer uma conclusão de que Deus o tem esquecido. Mas no lamento de Jesus há uma intensidade muito maior: ele está triste até a morte.  A solidão de Jesus é total ao evangelista relatar o total silêncio dos discípulos. Nessa hora a única pessoa que fala é  Jesus(os discípulos nada falam). O que Jesus faz nessa hora?


2. Jesus que reza como qualquer crente
 
Ao sentir essa tristeza profunda e mortal, Jesus “caiu por terra”(Mc 14,35). “Cair por terraou “prostrar-se em terra” é a atitude da oração humilde, dependente e suplicante. O homem, na sua fraqueza, mas também na sua verdade, coloca-se diante da onipotência divina(cf. Gn 17,3.17;Lc 5,8.12;17,16). É na nossa angústia profunda, normalmente, que podemos compreender melhor a nossa fraqueza e limites e os dos outros; mas, ao mesmo tempo, os mesmos limites podem nos levar a reconhecer a grandeza de Deus em quem devemos confiar totalmente. Como o próprio solo onde uma pessoa caiu, ela pode usá-lo como apoio para que possa se levantar novamente. O sofrimento, quando se souber aproveitá-lo, se tornará um meio para acelerar nossa maturidade e crescimento espiritual, social e psicológico. Mas, geralmente, na angústia nós gostaríamos que a resposta de Deus fosse acelerada por causa do tamanho do sofrimento. Gostaríamos que Deus nos libertasse rapidamente dessa situação angustiante. Mas nem sempre acontece como gostaríamos que fosse.

No Getsêmani, Jesus, que era uma divindade perante o qual os homens se prostraram,  se encontra na sua fraqueza como um ser humano. No Getsêmani Jesus se encontra ao lado do homem que implora e não ao lado de Deus que escuta.  O libertador do medo também sabe o que é o medo. É o problema de toda pessoa que leva a sério a missão de sua vida. Nessa fraqueza ele suplica ao Pai. O homem bíblico, homem de profunda que reconhece sua própria profunda humanidade, experimenta a ansiedade e o medo, interroga-se e se lamenta, mas sempre diante de Deus. Jesus está amedrontado, mas está diante do Pai. Diante do compromisso, Jesus não se deixa abater nemjamais um passo atrás. Sempre se mantém fiel à vontade do Pai. Em vez de cair no desespero, Jesus ora.     

O relato diz que Jesus se afasta três vezes para orar. O número três indica uma súplica particularmente intensa. A oração que Jesus dirige ao Pai apresenta quatro partes: a invocação(Abba), a profissão da (tudo é possível para ti), a súplica(afasta-se de mim este cálice) e a aceitação da vontade de Deus(porém, não o que eu quero, mas o que tu queres).

Na sua oração Jesus mantém seu relacionamento de ternura com Deus através do ato de chamar Deus de Abba. “Abba”(Paizinho), a palavra com a qual as crianças hebréias se dirigiam ao seu pai(mas não como Deus), expressa a grande confiança de Jesus em Deus, a sua profunda consciência de ser o Filho amado(Mc 1,11;9,7) e a sua ternura. E esta ternura confidente, que Jesus tem, permanece intacta mesmo no momento da provação e da angústia mortal. A certeza de que tudo é possível para o Abba não abala Jesus nesse momento. Ao contrário, essa certeza acompanha permanentemente a vida de Jesus. Esta certeza é que o mantém firme no momento da provação. A consciência de ser Filho amado é algo irremovivel de Jesus. Por isso, apesar da tentativa e da tentação de fugir do “cálice”, a certeza da ternura do Pai para com ele faz Jesus aceitar incondicionalmente a vontade de Deus: “Porém, não o que quero, mas o que tu queres”. Nesta oração , a serenidade de Jesus é reencontrada na certeza de que o Pai o ama eternamente.

Não se atinge o Deus verdadeiro sem passar pela dilaceração. Somente depois de ter atravessado a crise, Jó pode dizer: “Conhecia-te de ouvido, mas agora viram-te meus olhos”(Jó 42,5). Muitas vezes acontece que por causa da experiência muito dolorosa é que podemos começar perceber melhor quem é Deus para nós. Não é mais um Deus de ouvido, mas um Deus vivido e experimentado.

3. Os discípulos que dormem e a exortação de Jesus

Após sua oração e vigília, Jesus retornou junto dos discípulos. Mas Jesus os encontra dormindo(Mc 14,40). Aparentemente Mc retoma o tema da incompreensão dos discípulos ao longo do processo da formação dos discípulos. A incompreensão deles é tão profunda a ponto de estarem totalmente impossibilitados de compreender. O “sono” é o sinal do afastamento e da “ausência” dos discípulos, aos quais falta totalmente a compreensão do momento. É um afastamento que é fruto de fraqueza.

Nessa altura, Jesus exorta os discípulos com estas palavra: “Vigia e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”(Mc 14,38). Vigiar significa atenção espiritual, prontidão, resistência. Além disto, os discípulos precisam orar não tanto para que sejam poupados da prova/tentação, mas para que não sucumbam à mesma. Pois, a carne é fraca. Para o AT, “carne” é o homem inteiro, mas no sentido da fragilidade e fraqueza por causa dos seus inumeráveis condicionamentos e limites e na sua radical insuficiência. “Espírito” é sempre o homem todo, mas não mais considerado em si mesmo, e sim na sua ligação com Deus: espírito é o homem sustentado e solidificado pela força de Deus. Ou na concepção antropológica bíblica paulina(cf. p. ex. Rm 8,5-17), “carne” é o homem sem Cristo, fechado em si mesmo, irremediavelmente prisioneiro do próprio egoísmo, na sua condição carnal. “Espírito”, ao contrário, é o homem renovado e desenvolvido pela graça.

A expressão de Jesus “a carne é fraca” se refere ao homem todo que experimenta o medo, a fraqueza, a hesitação, a perplexidade e o temor de se perder. Por causa dessas fraquezas, o homem tende a fugir das exigências de Deus. Ao contrário disto, “o espírito está pronto” significa também o homem todo, mas que se sente atraído por Deus: disponível e aberto em qualquer circunstância. As duas atrações coexistem no homem. Por isso, para que o homem não seja levado pelacarne fracamas peloespírito pronto”, os seguidores precisam  vigiar e orar. Jesus recorda os seguidores que somente através de vigiar e orar é possível superarem as provas, como fez Jesus.


II. A traição de Judas e a negação de Pedro: uma exortação para todos

1. A traição de Judas

Judas, que faz parte do pequeno círculo de homens chamados por Jesus, é uma figura em grande evidência no relato da paixão de Jesus. Ele trai o próprio Mestre para entregá-lo aos seus inimigos. As autoridades planejam a eliminação de Jesus, mas Judas sugere a maneira de executá-la.

A traição de um amigo esconde sempre um engano. Mas escolher o beijo como sinal significa levar o engano ao extremo. O beijo na mão ou na testa era um gesto de veneração e de amizade. Isto quer nos dizer que Judas trai, fingindo um grande amor. O provérbio diz: “Os golpes do amigo são leais, e mentirosos os beijos do inimigo”(Pr 27,6).

Em relação com esta traição Mt acrescenta ainda sobre o preço pago a Judas para que ele possa entregar o Mestre, pois o próprio Judas pede algo em troca: “O que me dareis se eu o entregar”(Mt 26,15). O desejo pelo dinheiro(riqueza material) pode ser uma coisa terrível. Este desejo pode fazer alguém cego para decência, honestidade e honra.  Ficará pior ainda se este desejo dominar quem é chamado para formar o círculo de pessoas chamadas para estar com Jesus.

O relato sobre a traição de Judas termina com o relato sobre o abandono. Todos abandonam Jesus.  No início da caminhada os discípulos abandonaram o trabalho(Mc 1,18), a família(Mc 1,20), tudo(Mc 10,28). Por Jesus, encontraram a coragem de abandonar tudo. Agora, no momento do perigo, o seu abandono se inverte. Por medo, eles abandonaram Jesus. O medo vence completamente a sua lealdade. Apesar disso, Jesus anuncia um novo reencontro: “...Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galiléia”(Mc 14,27-28).

A traição de Judas não deve nos levar a condenarmos Judas, mas deve sim nos levar a fazermos uma reflexão séria, pois no fundo do nosso coração mora um possível santo ou um possível traidor. Somos convidados a fazer a revisão de vida pessoal e comunitária sobre a nossa resposta ao amor imenso que nos precedeu, o amor de Deus visível em Jesus Cristo.

2. A negação de Pedro

Em Cesaréia de Filipe, Pedro professou, sem hesitação, que Jesus era o Messias(Mc 8,29). Aqui ele renega Jesus três vezes repetidamente. No entanto, no relato, Pedro se distingue dos outros discípulos, pois somente ele quem segue Jesus na sua Paixão, apesar de eleseguir de longe”(Mc 14,54). Encontramos aqui um paradoxo. A negação de Pedro não está ligada ao abandono, e sim à tentativa de seguir Jesus. Pedro renega o Mestre porque procura segui-Lo. Mas não é possível, efetivamente, um seguimento “de longe”, pois este tipo de seguimento não admite compromissos. Não se pode estar com Jesus e ao mesmo tempo colocar ao abrigo a si mesmo. Pedro tenta seguir Jesus também no momento da Paixão, mas com a pretensão de permanecer na sombra. Mas o caminho do seguimento possui um êxito, não dois. Por isso, exige-se do discípulo um grande amor e uma imensa coragem ao mesmo tempo.

Mas a história de Pedro não se fecha com a negação, e sim com a “recordação” de uma palavra de Jesus: “Em verdade te digo, hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me terás negado”(Mc 14,30) e com o “choro”(pranto) do arrependimento. “Recordar” é um verbo religiosamente importante, pois significa não apenas conservar, mas principalmente colocar em jogo o coração e não somente a memória. A Palavra de Deus pronunciada no passado se torna viva, contemporânea, salvífica e dirigida pessoalmente a cada um. Aqui, a memória e o pranto mantém aberta a história de Pedro.

Pedro e Judas testemunham a fraqueza do homem e , por conseguinte, o dever da vigilância. Testemunham também as duas faces do mistério: a grandeza do perdão de Deus e a terrível possibilidade do Juízo. Toda queda pode ser a última, diz o destino de Judas(Mt 27,5). Mas pode ser, igualmente, o início de uma profunda conversão, diz a negação de Pedro. Pedro reaparecerá para recomeçar. Como o Mestre, também ele percorrerá o caminho do martírio. Além disso, o relato mostra dois homens que falham, mas cada um tem o pecado de origem diferente: um é o pecado de avareza que odeia, o outro é o pecado de debilidade que ama. E seu final é muito diferente: Judas desespera, Pedro se arrepende. Naturalmente, quem ama, conhece melhor Jesus do que quem o odeia.


III. Crucificação e morte de Jesus: o momento mais elevado da revelação

1. O véu do Templo que se rasgou e reconhecimento do centurião pagão

No relato de sua crucificação e morte, Jesus se encontra numa solidão total. Incompreendido e abandonado pelos homens, Jesus pergunta se também o Pai o abandonou: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”(Mc 15,34). A voz que falou no Batismo(Mc 1,11) e na Transfiguração(Mc 9,7) aqui silencia. A solidão de Jesus transforma em oração. A cruz é o momento em que parecem ter razão os zombeteiros: “Se Deus não o salva, porque ele não é o Messias”. É a lógica dos adversários.  Na sua oração, Jesus não pede para ser tirado da cruz para demonstrar o poder que os zombeteiros queriam, mas ele pede ao Pai para não ser deixado . Jesus reza como um homem e morre como morre um ser humano. No abandono, Jesus se agarra ao Pai. Na cruz, como em toda a sua existência, a confiança no Pai marcou constantemente Jesus. Uma confiança tão total e tão forte a ponto de permanecer intacta, profundamente, também onde tudo fala de abandono. Jesus morre com uma petição, com a petição. Na profunda, a angústia e a confiança, para um homem de , podem coexistir. 

Mas, invertendo a situação, Deus mesmo responderá a zombaria dos adversários através do rasgo do véu do Templo(Mc 15,38) e o reconhecimento público do centurião pagão ao afirmar: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”(Mc 15,39).

O que é que representa o véu do Templo? O véu serve de separação entre o Santo e o Santo dos Santos(cf. Ex 26,33). O véu é o lugar mais santo e mais reservado do Templo. Esse lugar é reservado somente para o Sumo Sacerdote e fechado para o resto. O texto diz que “...o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo”(Mc 15,38). O verbo está no passivo o que indica Deus como o sujeito da ação e que por isso, este Deus está do lado de Jesus contra os que o injuriaram. Isto quer dizer que com a sua morte, o Templo realmente acabou e uma perspectiva nova foi aberta. Abre-se, assim, o caminho para o encontro com Deus. A partir de agora todos podem ter livre acesso ao Senhor e não somente o Sumo Sacerdote. O Templo não é mais um lugar de separação, mas de universalidade. Cumpre-se assim o que o profeta Isaías dizia: “Minha casa será chamada casa de oração para todos”(Is 56,7).

Mais significado ainda do que o rasgamento do véu do Templo é o reconhecimento do centurião pagão: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”(Mc 15,39). Jesus é mesmo aquele que ele disse ser. As zombarias dos sacerdotes caem todas em vão. Por meio do reconhecimento do centurião, o evangelista rompe a solidez da incredulidade. A cruz se torna, assim, o momento mais elevado da revelação. Aos pés da cruz, alguém compreendeu. É uma grande ironia: quem compreendeu Jesus foi um desconhecido soldado pagão, e não um judeu nem mesmo um discípulo. É preciso olhar para a cruz para entender de maneira correta a filiação divina de Jesus. É preciso trilhar os caminhos de Jesus para compreender o caminho da cheio de surpresas.


2. As mulheres que acompanham e dão continuidade ao testemunho de Jesus          

Encontra-se também no relato da Paixão do Senhor um grupo de mulheres. São mulheres que acompanham Jesus no momento mais atormentado e perigoso da vida de Jesus(Mc 15,41). A presença destas mulheres junto da cruz é importante, porque são elas que farão a ligação entre o acontecimento da cruz e o da ressurreição, e entre os discípulos que abandonaram Jesus crucificado e o Jesus ressuscitado que quer reuni-los novamente(Mc 16,1-8). Elas são justamente que dão continuidade ao testemunho de Jesus no momento decisivo e conclusivo da sua vida: a cruz(Mc 15,40s), a sepultura(Mc 15,47), e a ressurreição(Mc 16,1-8).

A atitude principal destas mulheres neste três episódios e que faz uma ligação entre os três episódios é “olhar”(além de dois outros verbosseguir” e “servir”). “Olhar” caracteriza estas mulheres. As mulheres tiveram a coragem de permanecer junto de Jesus. Mas apesar disto elas demonstrarão mais adiante o medo: “E nada contaram a ninguém, pois tinham medo”(Mc 16,8).

O que é que o relato sobre a presença das mulheres quer nos transmitir? Para que sejamos discípulos verdadeiros e autênticos exige-se seguir, servir, olhar e dizer(testemunhar). O dizer requer coragem. Assim como pode existir o medo de seguir e servir e o medo de estar presente para olhar e observar, pode também existir o medo de anunciar. Em que etapa estamos?

Finalizando tudo que foi dito, chegamos a afirmar que para Marcos, o acontecimento da cruz não é somente um gesto de salvação, mas também é lugar de revelação. A cruz revela quem é Deus. A própria ressurreição confirma a verdade da cruz, mas não a modifica. O Cristo ressuscitado tem sempre o rosto do dom de si, como Cristo crucificado.
   
Em alguns ambientes tem-se insistido mais em falar exclusivamente da ressurreição. Eles pretendem tirar da cruz o seu aspecto escuro. Falam de ressurreição sem mencionar a crucificação. Assim, acabam se esquecendo do presente trágico da exploração, da injustiça e da dor reinantes em qualquer lugar. Não se pode esquecer de que Jesus morreu porque o ser humano não tolera a defesa do pobre, nem o desvelamento da hipocrisia, nem a denúncia da injustiça, nem a ruptura das convenções e privilégios sociais e religiosos. Jesus ao optar pelos desprezados e deserdados, está acusando quem fundamenta sua prosperidade ou sua superioridade no desprezo e na exploração dos demais. A desumanidade do homem para com o seu semelhante através da história produziu pobreza, fome, sofrimento e morte. Entendida desse modo, a imagem do Crucificado não é a provação do sofrimento, mas sim a rebeldia contra ele. Sem a ressurreição, o amor não seria verdadeiramente poderoso; mas sem a cruz, o poder não seria amor. Da união do amor e do poder divinos surge nossa redenção.

P. Vitus Gustama,svd


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