“Feliz Natal”
é a frase comum
no Natal. A própria
palavra “felicidade”
deriva do latim
“felicitas”, substantivo proveniente do adjetivo “felix”, que
quer dizer frutífero, fértil,
fecundo e, por
extensão, próspero.
Sêneca dizia: “A vida feliz
é aquela que está em
conformidade com
sua natureza”.
O mais elevado
do ser humano
é ser homem, ser pessoa humana.
Não é por
acaso que
Aristóteles dizia: “A felicidade está em viver bem
de acordo com
as virtudes. Vivendo de acordo com as virtudes, poderemos ser felizes e possuiremos o melhor
dos bens”.
Por que nos saudamos mutuamente com
a frase “Feliz
Natal”? Porque
“Hoje nasceu para
vós um
Salvador, que
é o Cristo Senhor”
(Lc 2,11). Isto significa que Deus não nos abandona, independentemente
de nossa situação,
porque cada
um é amado
por Deus
eternamente (Jr 31,3), e precisamos acreditar neste amor
e viver nele e dele. Isto
significa que o Senhor
está conosco. A expressão
“O Senhor está conosco”
está carregada de afeto. Esta expressão é típica
da teologia da aliança.
E a expressão máxima
do Deus-conosco para sempre
é a encarnação de Deus
na nossa história
(cf. Jo 1,14). O essencial da encarnação, portanto,
é o amor. Somente
o amor não
se deixa enfatuar
na felicidade própria,
pois não se
incha de orgulho. Somente
o amor não
sente o pungir da consciência
perversa, pois
não se ostenta. Somente
o amor é que
não fica molestado pela
felicidade alheia,
pois não é invejoso. “Somente o amor transforma em
suave tudo quanto é duro”
(Santo Agostinho). Deus
ama o homem
para torná-lo bom
e feliz. Deus
renuncia a si mesmo
por amor.
Deus veio
para participar dos nossos sofrimentos e indicar
o caminho do amor
para não
sofrermos sem sentido.
Para nossos
sofrimentos, nossa dor,
nossa solidão,
nossas lágrimas, nosso
sentimento de abandono
e nosso desconsolo,
Deus vem nos
dizer: “Eu te amo. Tu não estás sozinho, pois eu estou contigo
eternamente. Por
isso, venho fazer
minha tenda
no meio de ti, no meio
da humanidade”.
Através da encarnação, Deus veio participar da vida humana e dar valor à nossa vida. Por isso, a felicidade
não está no isolamento
ou na separação
dos outros, e, sim,
na participação e na partilha. Tudo o que se separa tende a morrer.
Por isso,
se nós conseguirmos ver
no rosto do outro
o nosso próprio
rosto, e sentir
os sentimentos de alegria
e tristeza do outro
como os nossos,
se formos capazes de ver
no coração do outro
o nosso coração,
estaremos realmente celebrando o Natal de Jesus, um
Natal com
Deus. Se procurarmos Deus sem encontrar o irmão, ainda não
encontramos o Deus verdadeiro,
pois o verdadeiro
Deus se encontra
quando o irmão
é encontrado (Mt 25,40.45).
Portanto, o nosso
Natal será feliz
não por
aquilo que
compramos ou vendemos, mas por aquilo que
renovamos dentro de nós.
Natal feliz é
saber ser mais humano em casa, ser irmão no trabalho, na convivência e em qualquer lugar. Natal feliz é saber acolher
com carinho
os filhos, como
Nossa Senhora
acolheu Jesus carinhosamente. Natal feliz em casa é quando o pai e
a mãe e os filhos
vivem unidos no amor e na fraternidade. Celebrar o Natal significa deixar de lado a inveja, o ódio, os ressentimentos, os ciúmes,
o desejo de vingar-se para
lançar os braços
em abraços,
a boca em
beijos, o coração
em centro
de afeto. Natal
feliz é aquele
em que
o nosso coração
passa a atuar
como “uma gruta
de Belém”, acolhendo Jesus e fazendo-o irradiar-se a todos
na mensagem do amor.
Jesus não quer
nascer em estrebarias, mas
quer nascer nos corações
aquecidos pelo amor.
Quer nascer
no seu trabalho,
em suas
conversas, em
suas palavras,
em seus
comentários e em
sua casa.
Quer nascer
num aperto de mão
para pedir e dar o seu perdão. Faça de sua
vida familiar
e profissional um
eterno Natal
pelo seu amor e fé. Feliz Natal para ti, minha irmã e
meu irmão. “Deus
te ama”
é a mensagem do Natal.
P. Vitus Gustama, SVD
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