06 de Dezembro de 2013
(Is 29,17-24)
Naquele tempo ,
27partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade
de nós , filho
de Davi!” 28 Quando Jesus entrou em casa , os cegos se aproximaram dele. Então
Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso ?” Eles responderam: “Sim ,
Senhor ”. 29 Então Jesus tocou nos olhos
deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé ”. 30 E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente : “Tomai cuidado
para que ninguém fique sabendo”. 31 Mas eles
saíram, e espalharam sua fama
por toda
aquela região (Mt 9,27-31).
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O texto
do evangelho deste dia
fala de dois cegos . O evangelista
Mateus nos
relatou que dois
cegos gritaram a Jesus: “Tem piedade de nós ,
Filho de Davi!”. O grito
é um sinal .
Sinal de uma necessidade
muito forte ,
de um protesto ,
de um sofrimento muito
intenso , sinal
de uma sensibilidade afetada . Há gritos
em silêncio
que são
gritantes . Mas
há gritos gritantes
que não
dizem nada . Uma necessidade
fortemente sentida
como o sofrimento físico
ou moral ,
ânsia de pão para sobreviver , ânsia de amizade ,
ânsia para viver em um clima familiar , aspiração
para uma vida
melhor , tudo
isso pode ser
o ponto de partida ,
o início de uma busca
de Deus .
“Filho
de Davi, tem piedade de nós !”. Ao dizer “Filho de Davi” os dois cegos reconhecem em
Jesus um titulo messiânico. Eles querem dizer a Jesus: “Tu és Aquele que há de vir , Aquele que foi
prometido pelos profetas .
Em Ti colocamos toda
a nossa esperança ,
e por isso ,
a Ti gritamos!”.
Os dois cegos entraram na casa
onde Jesus morava. Aqui
a casa é a comunidade
cristã onde Jesus é a cabeça dela. Nessa comunidade
é que ecoa a Palavra
que ilumina, que
faz ver as realidades
deste mundo de um
novo modo .
Nessa comunidade é que
ressoa a Palavra que
devolve a esperança perdida.
Nesta casa , Jesus interroga os dois cegos para saber a autenticidade
de sua fé .
Jesus deseja purificar
esta fé : “Credes que
eu posso fazer
isso ?”, pergunta-lhes Jesus. A necessidade humana
que está na origem
de sua oração
poderia não
ser o desejo
de um milagre
para si mesmo . Jesus apenas
suscita neles a esperança , o desejo e a fé . Ele não quer forçar .
“Filho
de Davi, tem piedade de nós !”. A oração
dos dois cegos
é muito simples :
é seu grito , grito que brota de seu
sofrimento, grito que
está cheio de esperança !
É a oração angustiada de quem já sofreu muito por causa de um problema sério .
Podemos até
não ser cegos
fisicamente. Mas precisamos deixar o Senhor abrir
nosso coração ,
pois um coração aberto torna nossa visão aberta diante da vida ,
das pessoas e diante
de todos os acontecimentos
desta vida e entenderemos seu significado
e veremos tudo a partir
do olhar de Deus .
O advento
é um tempo
especial para
ler , estudar e meditar a Palavra de Deus , pois ela ilumina nossa
mente e nosso
coração e para
praticar a fé ,
estando na luz . O Messias
que vai chegar
no Natal é a nossa
Luz , a Luz
do mundo (Jo 8,12). Precisamos contempla
a verdadeira Luz do mundo
para que sejamos Seus reflexos no mundo. Precisamos deixar a Palavra de Deus tocar nossa mente , nosso coração , nosso
agir, nossos olhos para
que possamos ser
iluminados e ver tudo
a partir de Deus .
Sendo iluminados, seremos, por nossa vez , luz que ilumina
para os demais .
“Vós sois a luz
do mundo ”, diz o Senhor
no Sermão da Montanha
(Mt 5,14). Uma pessoa iluminada faz os outros enxergarem bem o caminho que
deve ser trilhado. Mas
uma mente escura
faz todo mundo
tropeçar e viver
apalpando sem saber em que direção deve seguir.
O Advento
nos convida a permanecermos na
contemplação da verdadeira Luz que é o próprio Jesus Cristo. Seja qual for nossa situação pessoal
e comunitária , Deus
nos estende Sua
mão e nos
convida à esperança , porque nos
assegura que Ele
está conosco (Mt 28,20).
Para Refletir
(Algumas frases da Enciclica Lumen Fidei do Papa Francisco)
1.
A fé nasce no encontro com o Deus vivo , que nos chama e revela o seu
amor : um
amor que
nos precede e sobre
o qual podemos apoiar-nos para
construir solidamente a vida .
Transformados por este
amor , recebemos olhos
novos e experimentamos que há nele uma grande
promessa de plenitude
e se nos abre a visão
do futuro . A fé ,
que recebemos de Deus
como dom
sobrenatural , aparece-nos como luz para a estrada
orientando os nossos passos no tempo .
2.
A fé é luz que vem do futuro , que
descerra diante de nós
horizontes grandes
e nos leva
a ultrapassar o nosso
« eu » isolado abrindo-o à amplitude da comunhão .
Deste modo , compreendemos que a fé não mora na escuridão , mas é uma luz para as nossas trevas .
3.
A fé pede para se renunciar à posse imediata que a visão
parece oferecer ; é um
convite para se abrir à fonte da luz , respeitando o mistério
próprio de um
Rosto que
pretende revelar-se de forma pessoal
e no momento oportuno .
4.
O homem
renunciou à busca de uma luz grande , de
uma verdade grande ,
para se contentar com pequenas luzes que
iluminam por breves
instantes , mas
são incapazes
de desvendar a estrada .
Quando falta
a luz , tudo
se torna confuso: é impossível
distinguir o bem do mal , diferenciar a estrada que
conduz à meta daquela que nos faz girar repetidamente em
círculo , sem
direção .
5.
Por isso ,
urge recuperar o caráter
de luz que
é próprio da fé ,
pois , quando
a sua chama
se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor . De fato , a luz da fé possui
um caráter
singular , sendo capaz
de iluminar toda
a existência do homem .
6.
Ora , para
que uma luz
seja tão poderosa ,
não pode dimanar
de nós mesmos ;
tem de vir de uma fonte mais originária ,
deve porvir em
última análise
de Deus .
P. Vitus Gustama,svd
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