07 de Dezembro de 2013
Texto de Leitura: Mt
9,35-10,1.6-8
Naquele tempo ,
35Jesus percorria todas as cidades e povoados ,
ensinando em suas
sinagogas , pregando o evangelho do Reino ,
e curando todo tipo
de doença e enfermidade .
36Vendo Jesus as multidões , compadeceu-se delas, porque
estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor . Então disse a seus
discípulos : 37“A Messe é grande ,
mas os trabalhadores
são poucos .
38Pedi pois
ao dono da messe que
envie trabalhadores para
a sua colheita !”
10,1E, chamando os seus doze discípulos
deu-lhes poder para expulsarem
os espíritos maus
e para curarem todo
tipo de doença
e enfermidade . Enviou-os com as seguintes
recomendações : 6“Ide, antes ,
às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7Em vosso caminho , anunciai: ‘O Reino
dos Céus está próximo ’.
8Curai os doentes ,
ressuscitai os mortos , purificai os leprosos , expulsai os demônios .
De graça recebestes, de graça deveis dar !” (Mt 9,35-10,1.6-8)
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“Jesus percorria todas as cidades e povoados
ensinando em suas
sinagogas , pregando o evangelho do reino
e curando todo tipo
de doença e enfermidade ”,
assim nos
relatou o evangelho deste dia .
O texto
do evangelho que
nos propõe para
nossa meditação
neste dia apresenta um
“sumário ” da atividade
de Jesus na Palestina , especialmente em
Cafarnaum . A atividade
de Jesus nesse sumário tem basicamente
várias facetas .
A primeira , como
Mensageiro . O mensageiro
é aquele que
leva a mensagem do rei. Jesus é Aquele
leva a mensagem do Rei dos reis: Deus. A tarefa do mensageiro é a proclamação
das certezas. Quando prega sempre proclama as certezas. Jesus anda de um lugar
para outro lugar, de uma aldeia para outra aldeia para proclamar as certezas
sobre a vida eterna para todos os homens, pois todos são amados por Deus (cf.
Jo 3,16). O cristão não pode ficar numa encruzilhada da vida sem placas. As
certezas do cristão, as placas da vida de um cristão são os ensinamentos de
Cristo. “Cristo não é apenas Aquele em quem acreditamos, a maior
manifestação do amor de Deus, mas é também Aquele a quem nos unimos para poder
acreditar. A fé não só olha para Jesus, mas olha também a partir da perspectiva
de Jesus e com os seus olhos: é uma participação no seu modo de ver”. (Papa
Francisco: Carta Encíclica Lumen Fidei n.18).
A terceira
faceta é como
Terapeuta . Jesus atende e ajuda os enfermos
para libertá-los de suas
doenças físicas ,
psicológicas e espirituais . Jesus se
preocupa com o homem
na sua totalidade .
Jesus cuida do homem na sua totalidade . O apóstolo Pedro, na sua
pregação , resumiu bem
toda a atividade
de Jesus nessas palavras : “Vós sabeis como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder , como ele andou fazendo o bem e
curando todos os oprimidos
do demônio , porque
Deus estava com
ele ” (At 10,38). O verdadeiro cristão
é, conseqüentemente , aquele que somente prega , ensina e faz o bem até o fim de sua vida terrena .
A quarta
faceta da atividade
de Jesus é como Pastor :
“Vendo Jesus as multidões ,
compadeceu-se delas, porque estavam
cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor ”. Como o verdadeiro
Pastor Jesus se compadece das multidões
e trata de orientá-las pelo
caminho da solidariedade ,
da fraternidade e da tolerância . Jesus sempre
se compadece pelos que
sofrem como se o sofrimento fosse dele próprio . A compaixão
é uma das características de Deus . A compaixão
é comover-se até as entranhas ,
solidarizar-se profundamente , sentir-se
a partir de outrem ;
é sofrer com
(Latim : pati + cum, compaixão = sofrer com ). A compaixão supõe ter uma consciência
coletiva. Supõe a capacidade de sentir o que o outro sente. A compaixão requer que
estejamos com as pessoas
que sofrem e dispostos
a partilhar nosso
tempo com
elas . Quando
compartilhamos nosso coração e tempo
com uma pessoa
que sofre, uma parte
do sofrimento dela será aliviada. O resto ,
deixamos com Deus
desde que
façamos nossa parte
até o limite
de nossa capacidade .
Somos seguidores do Deus
da Compaixão que
se tornou carne em
Jesus Cristo .
A quinta faceta da atividade
de Jesus é como organizador de comunidades
de homens e mulheres . Havia muitas pessoas
inquietas, mas necessitavam de um fator de coesão , de um líder que os
vinculava e os ajudava a crescerem como pessoas . Esta ultima faceta
de organizador e de promotor
de organizações comunitárias está
condensada nos relatos de eleição dos doze missionários
ou apóstolos
para continuar a missão . E aqui
está condensada um dos seus ensinamentos
fundamentais : a comunidade
cristã (pastorais , movimentos , grupos
eclesiais) existe para evangelizar .
A comunidade cristã existe porque há um “povo cansado
e abatido ” diante
do qual cada
membro da comunidade
cristã é chamado a ser solidário
capaz de aliviar
a dor alheia
e de dar resposta
a partir de sua
própria insignificância
e debilidade. Cada um
de nós , apesar
das fraquezas , tem algo
de bom para ser partilhado com os
outros . Se cada
um tirar um pouco de bom de dentro
de seu coração
o cristianismo vai fazer
a diferença na sociedade .
Jesus é muito
consciente da amplitude
de sua obra .
É necessário ter muito tempo . Sem pressa
Jesus limita a missão no momento só dentro do território
de Israel. Ele mesmo ,
durante sua
vida terrena ,
se limitou ao que podia fazer :
dirigir-se às ovelhas agarradas da casa de Israel. Mais
tarde ele
enviaria os discípulos pelo
mundo inteiro
(Mt 28,18-20). Em outras palavras , é preciso
arrumar primeiro a casa . É preciso
evangelizar os que
estão dentro de casa
para depois evangelizar os que
estão fora dela que
nem sempre
é fácil . É o desafio
de cada missionário-evangelizador.
Ao enviá-los Jesus dá-lhes o poder . Mas este poder deve ser entendido como um dom de autoridade (autoridade : augere =crescer ).
Somente tem autoridade aquele que é capaz de fazer o outro crescer . Aquele que está
com autoridade
tem as seguintes características :
1). Está orientado por inteiro ao ministério
apostólico, ou para
o serviço e não
para dominar ou mandar e desmandar e sim
para expulsar o mal , fazer o bem ,
pregar o Reino .
É um dom
completamente missionário .
Por isso ,
não se trata
de nenhum poder
de direção ou
de governo . 2). É uma autoridade conferida, mas
não abandonada por
Jesus aos seus discípulos .
3). Jesus reconhece que haverá oposição por causa de interesses .
Somos chamados por
Jesus Cristo para
estar com ele a fim de
aprendermos a ser parceiros
do bem . Somos enviados
depois do encontro
com ele
para fazer o bem e em busca dos novos
parceiros do bem .
A alma da missão
é a caridade . A única
coisa que nos faz bem é fazer o bem . A vida não é uma luta para superar
os outros , mas
uma missão a ser
exercida para dar o melhor de nós para a humanidade conforme os talentos
recebidos de Deus . Estamos aqui neste mundo
com um
objetivo único ,
com um
objetivo nobre
que nos
permitirá manifestar nosso
mais alto
potencial enquanto ,
ao mesmo tempo ,
acrescentamos valor às vidas das pessoas
que estão a nossa
volta . Descobrir
a própria missão
significa trazer mais
de você mesmo
para o trabalho , para a convivência e
concentrar-se nas coisas que você sabe fazer melhor e dar sempre o melhor de você para os outros sem esperar nada em troca .
“Proclamai que
o reino de Deus
está próximo ”. Muitas vezes
se busca Deus
demasiadamente longe .
De fato ele
está próximo de nós .
O Deus que
Jesus revela é um Deus
próximo , um Deus amoroso . Por isso , jamais eu estou
sozinho , inclusive
quando me
sinto abandonado ou solitário .
Para poder proclamar
aos demais sobre
a bondade , a proximidade
da presença de Deus ,
o cristão-missionário há que ter feito a experiência do Deus
próximo em si mesmo pessoalmente .
“Curai os doentes ,
ressuscitai os mortos , purificai os leprosos , expulsai os demônios ”. O cristão-missionário é aquele
que distribui benefícios ,
aquele que
faz o irmão crescer
e viver a vida
dignamente , aquele
que leva
a paz . A partir
disso, é bom cada
se perguntar : “Qual
será minha maneira
de ajudar , de servir ,
de distribuis benefícios para
os outros irmãos ?”.
“Recebestes de graça , de graça
dai!”. Além de ter
uma vida despojada, o cristão deve ser generoso e viver na
gratuidade. O cristão deve ter consciência plena de que ele está num mundo de
Deus, isto é, num mundo de gratuidade, pois tudo é de Deus, menos o pecado. Por
isso, o cristão-missionário deve atuar com desinteresse
econômico , não
buscando seu próprio
proveito .Todos
sabem que quanto
mais se tem, mais
se quer . A felicidade
ficará cada vez
mais distante
quando o ser humano começar a criar mais necessidades . Aquele
que sabe reduzir
ao mínimo suas
necessidades encontra
uma alegria e uma liberdade
maior . Possuído ou
dominado pelas coisas o homem perde sua
liberdade .
Para Refletir
1.
“O bem tende sempre a comunicar-se. Toda a
experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua
expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior
sensibilidade face às necessidades dos outros. E, uma vez comunicado, o bem
radica-se e desenvolve-se. Por isso, quem deseja viver com dignidade e em
plenitude, não tem outro caminho senão reconhecer o outro e buscar o seu bem.
Assim, não nos deveriam surpreender frases de São Paulo como estas: «O amor de
Cristo nos absorve completamente» (2 Cor 5, 14); «ai de mim, se eu não
evangelizar!» (1 Cor 9, 16)”. (Papa Francisco: Exortação Apostólica Evangelii
Gaudium no. 9).
2.
“Na Palavra de Deus, aparece constantemente este
dinamismo de «saída», que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou
a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12, 1-3). Moisés ouviu a
chamada de Deus: «Vai; Eu te envio» (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra
prometida (cf. Ex 3, 17). A Jeremias disse: «Irás aonde Eu te enviar» (Jr 1,
7). Naquele «ide» de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre
novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova
«saída» missionária. Cada cristão e cada comunidade há-de discernir qual é
o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta
chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as
periferias que precisam da luz do Evangelho (Idem no. 20).
3.
“A alegria do Evangelho, que enche a vida da
comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária. Experimentam-na os
setenta e dois discípulos, que voltam da missão, cheios de alegria (cf. Lc 10,
17). Vive-a Jesus, que exulta de alegria no Espírito Santo e louva o Pai,
porque a sua revelação chega aos pobres e aos pequeninos (cf. Lc 10, 21).
Sentem-na, cheios de admiração, os primeiros que se convertem no Pentecostes,
ao ouvir «cada um na sua própria língua» (At 2, 6) a pregação dos Apóstolos.
Esta alegria é um sinal de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar.
Mas contém sempre a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de
caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além. O Senhor diz: «Vamos
para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para
isso que Eu vim» (Mc 1, 38). Ele, depois de lançar a semente num lugar, não se
demora lá a explicar melhor ou a cumprir novos sinais, mas o Espírito leva-O a
partir para outras aldeias” (Idem no. 21).
4.
“A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade
itinerante, e a comunhão «reveste essencialmente a forma de comunhão missionária».
Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o
Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem
repugnâncias e sem medo. A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode
excluir ninguém; assim foi anunciada pelo anjo aos pastores de Belém: «Não
temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo» (Lc
2, 10). O Apocalipse fala de «uma Boa Nova de valor eterno para anunciar aos
habitantes da terra: a todas as nações, tribos, línguas e povos» (Ap 14, 6)”.
(Idem no. 23)
5.
A Igreja «em saída» é uma Igreja com as portas
abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não
significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor
diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou
renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às
vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para,
quando este voltar, poder entrar sem dificuldade. (Idem no. 46)
6.
“Vemos assim que o compromisso evangelizador se move
por entre as limitações da linguagem e das circunstâncias. Procura comunicar
cada vez melhor a verdade do Evangelho num contexto determinado, sem renunciar
à verdade, ao bem e à luz que pode dar quando a perfeição não é possível. Um
coração missionário está consciente destas limitações, fazendo-se «fraco com os
fracos (...) e tudo para todos» (1 Cor 9, 22). Nunca se fecha, nunca se refugia
nas próprias seguranças, nunca opta pela rigidez auto-defensiva. Sabe que ele
mesmo deve crescer na compreensão do Evangelho e no discernimento das sendas do
Espírito, e assim não
renuncia ao bem possível, ainda que corra o risco de sujar-se com a lama da
estrada” (Idem no. 45).
P. Vitus Gustama,svd
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