11 de Dezembro de 2013
Is 40, 25-31
Mt 11, 28-30
Naquele tempo ,
tomou Jesus a palavra e disse: 28“Vinde a mim
todos vós
que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos ,
e eu vos
darei descanso . 29Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim , porque
sou manso e humilde
de coração , e vós
encontrareis descanso . 30 Pois o meu
jugo é suave
e o meu fardo
é leve ”.
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“O Senhor é o
Deus eterno
que criou os confins
da terra ; ele
não falha
nem se cansa, insondável
é sua sabedoria ;
ele dá coragem
ao desvalido e aumenta
o vigor do mais
fraco ” (Is 40,28-29), são palavras do
profeta Deutero-Isaías para
seus companheiros
no exílio de Babilônia.
A catequese
do profeta Deutero-Isaías quer enfatizar que o verdadeiro conhecimento de Deus
consiste muito mais em adotar certas atitudes concretas do que em afirmar uns princípios
teóricos. Essa catequese parte do drama do exílio de Babilônia que suscita o
sentimento de que a fé é insuficiente para afrontar os problemas da vida. Porém,
por outro lado, Deus não está para satisfazer as pequenas ou grandes
curiosidades do homem. A tentação contra a fé parte de uma tremenda solidão (no
exílio de Babilônia). No entanto, a certeza da fé não está em função das verificações
que dela podemos fazer. Somente uma adesão global pode responder a uma questão global.
As razões da fé não podem ser menores do que o próprio Deus. Mas nesta
catequese o profeta leva o leitor para um ato de fé no amor e na vida: “Os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam
asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar” (Is 40,31).
O profeta
Deutero-Isaías acredita no Grande Deus. Para ele este grande
Deus é um
Deus surpreendente .
Ele se preocupa com
cada um
de nós , especialmente
com os pequenos ,
os débeis, os cansados, os desamparados e os desesperados. O profeta quer nos dizer que o Deus grande e transcendente , Criador
das estrelas e do cosmos
é também o Deus
próximo , o Emanuel (cf. Mt 1,23; 18,20; 28,20) que comunica sua
força aos que
se abrem a Ele , aos que
põem nele sua confiança .
Este Deus
próximo devolve cada
manhã a cada
homem o vigor
de existir , de empreender ,
de começar de novo , e de vencer sempre o desespero e desesperança :
“Cansam-se as crianças e param, os
jovens tropeçam e caem, mas os que
esperam no Senhor renovam suas
forças , criam asas
como as águias ,
correm sem se cansar ,
caminham sem parar ”
(Is 40,30-31). Para
isto , o único
requisito é a fé
que é o reconhecimento
simultâneo do próprio desamparo e a aceitação do poder salvador de Deus .
Diante deste grande Deus, o profeta nos
convida: “Levantai os olhos para o
alto e vede: quem criou tudo isso? Aquele que expressa em números o exército
das estrelas e a cada uma chama pelo nome: tal é a grandeza e força e poder de
Deus” (Is 40,26). Se nós somos capazes de admirar o poder e a
inteligência do homem, por que seríamos cegos diante da obra de Deus tão vasto
como o próprio universo e infinitamente maravilhoso? Se a inteligência humana é
tão desenvolvida capaz de enviar cosmonautas à lua (e a outros planetas) e
naves espaciais tripuladas ou não tripuladas, por que não seríamos capazes de
admirar a grandiosidade do cosmos com suas galáxias e bilhões de estrelas? Esta citação nos chama a contemplarmos a
“inteligência” de Deus. Neste exato momento bilhões de estrelas está se movendo
e girando em suas respectivas órbitas. A terra gira neste momento e sempre. O
sol se levanta em algum lugar, e suscita a vida. E tudo isto não nos faria
maravilhados, não renovaria nossas forças e nossa esperança?
Trata-se aqui
da opressão moral
e religiosa , provocada pelo
formalismo de uma religião
estéril e de um
moralismo legalista. Os “cansados e
fatigados sob o peso
dos vossos fardos ”
aqui são
os pobres e famintos ,
ignorantes e pequeninos ,
os míseros /miseráveis
e os doentes . O legalismo é sufocante , é uma moral
sem alegria .
Assim , a religião
fica longe de ser
motivo de liberdade
e alegria , pois
ela é reduzida a uma carga pesada . O
ser humano se
torna animal ,
pois a quem
se impõe “jugo ” e “carga ”,
senão aos animais ?
A pessoa
fatigada encontra em
Jesus a força necessária
para continuar o caminho porque Ele cura todos os males
e enfermidades , perdoa todas as culpas , sobretudo , cumula
de graça e de ternura ,
como diz o Salmo
103 (102),3-5: “É Deus quem perdoa todas as tuas faltas ,
e cura todos
os teus males .
É Ele quem redime tua vida
da cova e te
coroa de amor
e compaixão . É Ele
que renova tua juventude ”.
As palavras de Jesus são uma proclamação da esperança .
Dar esperança
é o aspecto principal da figura de Jesus. Esta imagem
acolhedora de Cristo deve ou deveria ser também a imagem
que cada
cristão ofereceria a todos .
“... aprendei de mim , porque sou manso
e humilde de coração ...”(v.29).
O humilde é aquele
que tem noção
da própria capacidade
e da própria fraqueza
e está aberto totalmente
a Deus ; e o manso
é a pessoa boa nas relações
com os outros .
Jesus se proclama o Mestre
“manso e humilde
de coração ”, pois
ele é totalmente
aberto a Deus
e extremamente bom
para com os outros a ponto de compartilhar de sua existência . Por
isso , a palavra
“mansidão ” é fruto
do Espírito (Gl 5,23) e é sinal da presença da sabedoria do alto
(Tg 3,13.17).
1.
O Senhor não é o Deus de um lugar , nem mesmo o Deus
vinculado a um tempo
sagrado específico ,
mas o Deus
de uma pessoa , concretamente
o Deus de Abraão, Isaac e Jacob, capaz de entrar em contato com o homem e estabelecer com ele uma aliança .
A fé é a resposta
a uma Palavra que
interpela pessoalmente , a um Tu que nos chama por nome (Papa
Francisco: Carta Encíclica
Lumen Fidei n. 8).
2.
A fé
nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor
que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a
vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que
há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé,
que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a
estrada orientando os nossos passos no tempo (Idem n. 4).
3.
O homem
fiel é aquele que crê no Deus que promete; o Deus fiel é aquele que concede o
que prometeu ao homem (Idem n. 10).
4.
A fé pede para se renunciar à posse imediata que a visão parece oferecer ; é um convite para
se abrir à fonte da luz , respeitando o mistério
próprio de um
Rosto que
pretende revelar-se de forma pessoal e no momento oportuno (Idem n. 13)
P. Vitus Gustama,svd
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