Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2013
Leitura da Primeira: 1Jo 2, 12-17
12 Eu vos escrevo, filhinhos: os
vossos pecados foram perdoados por meio do seu nome. 13 Eu vos escrevo, pais:
vós conheceis aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevo, jovens: vós
vencestes o maligno. 14 Já vos escrevi, filhinhos: vós conheceis o Pai. Já vos
escrevi, jovens: vós sois fortes, a Palavra de Deus permanece em vós e
vencestes o Maligno. 15 Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama
o mundo, não está nele o amor do Pai. 16 Porque tudo o que há no mundo – as
paixões da natureza, a concupiscência dos olhos e a ostentação da riqueza – não
vem do Pai, mas do mundo. 17 Ora, o mundo passa, e também a sua concupiscência;
mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
Evangelho: Lc 2, 36-40
Naquele tempo, 36 havia também uma
profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito
avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37
Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do
Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38 Ana chegou nesse
momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a
libertação de Jerusalém. 39 Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor,
voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40 O menino crescia e tornava-se
forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
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1. Testemunho da Profetisa Ana
O texto do evangelho deste dia é a
conclusão da cena da apresentação de Jesus no Templo e tem duas partes. A
primeira parte fala do testemunho da profetisa Ana. A segunda parte fala da
volta da Sagrada Família para Nazaré onde Jesus fortemente e cheio de sabedoria
e está com a graça de Deus.
A figura feminina de Ana se
corresponde com a figura masculina de Simeão, formando um par ideal no relato
da apresentação do Menino Jesus no Templo.
O texto diz que “Ana, da tribo de
Aser, era viúva e tinha 84 anos de idade”. O número “84” é um múltiplo de 12
(12 x 7), alusão às 12 tribos de Israel; enquanto que o numero “7” tem, entre
outros, valor de globalidade.
A alusão à tribo de Aser a qual
pertencia a profetisa Ana, uma das dez tribos do Norte, confirma o alcance de
sua representatividade. A menção da “idade avançada”, situada já no limite,
contrasta com a dupla menção da “idade avançada” de Zacarias e Isabel (cf. Lc
1,7.18). De um lado, Ana está muito arraigada ao passado (genealogia) e à
instituição judaica (Templo). De outro lado, por sua qualidade de “viúva”, diz
relação com o povo de Israel, que enviuvou de seu Deus, enquanto que como
“profetisa” lança um grito de esperança diante da semelhante desastre nacional.
Jesus veio como Deus-Conosco para não deixar o povo órfão na sua luta de cada
dia.
Além disso, a figura de Ana nos faz
pensar, em primeiro lugar, na dedicação calada e silenciosa a Deus. O silêncio
possibilita a presença da plenitude e dá oportunidade para Deus falar de si
próprio e de nós e de nossa vida. Quanto mais silêncio criarmos, mais
inspiração nós teremos. Qualquer grande obra que existe sempre foi e é o fruto
de horas de silêncio. O silêncio possibilita qualquer um usar devidamente
palavras que serão ditas ou escritas para os outros.
A figura de Ana nos faz pensar
também no espírito atento para as chamadas e manifestações de Deus. A atenção
faz parte da espiritualidade cristã. Ser atento é ser vigilante. É saber estar
ligado com tudo ao redor. O espírito atento faz alguém se perguntar: Será que
alguém está precisando de alguma ajuda? Será que minha maneira de falar e de
viver está incomodando a tranqüilidade dos outros? Somente quem tem espírito
atento é que capaz de captar as chamadas de Deus e suas mensagens para nossa
vida diária.
A figura de Ana nos faz pensar também
na alegria da salvação que sempre é nos mostrada. A consciência de que Deus sempre quer nossa
salvação nos faz sempre alegres: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito,
alegrai-vos!” (Fl 4,4). Quem tem Deus, sua vida tem futuro. Por isso, a
alegria é a característica do cristão que vive na esperança, na expectativa e
na certeza da ressurreição; que vive na certeza de uma vitória final que será
realizada apesar dos sofrimentos, do fracasso aparente e da morte no presente:
“Penso, com efeito, que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção
com a glória que deverá revelar-se a nós” (Rm 8,18). Por esse futuro
garantido os cristãos jamais podem desistir de lutar por um mundo mais
fraterno, mais justo, mais solidário e mais humano, onde um se preocupa com o
outro, onde um protege o outro. Com efeito, a tristeza e o desânimo não são
apenas sintomas de um profundo cansaço, e sim são um sinal da ausência de uma
verdadeira esperança cristã que no fundo tem sua origem na falta de fé em Deus. A firme intenção de sermos portadores de alegria e o
empenho em contagiar os outros com uma alegria santa, com alegria no Senhor,
são uma defesa muito eficaz contra a perda da mesma.
2. Maria Educa Jesus na Sabedoria e na Graça
A segunda parte do evangelho fala
da volta da Sagrada Família para Nazaré e Lc nos relatou que “Jesus
crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens”
(Lc 2,52).
“Jesus crescia em sabedoria...”. A
palavra “sabedoria” provém do latim “sapere” que significa ter inteligência,
ser compreendido; mas, propriamente, significa ter gosto, exercer o sentido do
gosto, ter este ou aquele sabor. A sabedoria é o sabor que conduz ao sabor. É
saborear para saber que mais tarde é o saber que permite saborear. A sabedoria
é refinar o gosto pela vida. com a sabedoria, a existência e a convivência se
tronam mais saborosas. Por isso, a sabedoria é uma companhia indispensável para
a existência e a convivência mais fraternas.
“Jesus crescia em sabedoria,
estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens” (Lc 2,52). Este texto
nos mostra que Maria (com José) é uma grande e perfeita educadora. Ela
acompanha o crescimento de seu Filho não apenas no conhecimento humano
(sabedoria), mas também na graça de Deus. Trata-se de uma educação completa,
pois há um equilíbrio entre a espiritualidade e o conhecimento. O conhecimento
tem uma função para servir a Deus e ao próximo. Nisto todo conhecimento tem uma
função social e espiritual.
Quem pode assumir, primeiramente,
essa missão de fazer filho crescer na sabedoria e na graça é a família.
A família é
o lugar privilegiado para a educação na justiça, no respeito mútuo, na
solidariedade, no amor, na liberdade, na verdade, na sabedoria e na paz. A
família é lugar privilegiado de encontro e de amor, lugar privilegiado de
compreensão e de perdão, lugar privilegiado de criatividade e superação, lugar
privilegiado da presença de Deus, pois Deus se fez carne em uma família humana.
Que a Sagrada Família nos conceda
um pouco de sua sabedoria para nossas famílias para cada membro de cada família
possa crescer na sabedoria e na graça diante de Deus e diante dos homens. Assim
seja!
P.Vitus Gustama, SVD
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