09 de Dezembro de 2013
17Um dia
Jesus estava ensinando. À sua volta estavam sentados fariseus
e doutores da Lei ,
vindos de todas as aldeias da Galileia,
da Judeia e de Jerusalém. E a virtude do
Senhor o levava a curar . 18Uns homens
traziam um paralítico
num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. 19Mas ,
não achando por
onde introduzi-lo, devido
à multidão , subiram ao telhado e por entre as telhas
o desceram com o leito
no meio da assembleia diante de Jesus. 20Vendo-lhes
a fé , ele
disse: “Homem , teus
pecados estão perdoados”. 21Os escribas
e fariseus começaram a murmurar ,
dizendo: “Quem é este
que assim
blasfema ?” Quem
pode perdoar os pecados
senão Deus ?”
22Conhecendo-lhes os pensamentos , Jesus respondeu, dizendo: “Por que
murmurais em vossos
corações ? 23O que
é mais fácil
dizer : ‘teus pecados estão perdoados’, ou
dizer : ‘levanta-te e anda ’?
24Pois ,
para que
saibais que o Filho
do homem tem na terra
poder de perdoar pecados — disse ao paralítico
— eu te
digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa ”. 25Imediatamente , diante
deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa , louvando a Deus .
26Todos
ficaram fora de si ,
glorificavam a Deus e cheios de temor
diziam: “Hoje vimos coisas
maravilhosas!” (Lc 5,17-26).
___________
Jesus está diante
de um paralítico .
Todos sabem que um paralítico
é incapaz de fazer
qualquer coisa
por si
mesma , mas
sempre com
a ajuda dos outros .
Um paralítico
representa uma total dependência de tudo
e de todos , representa uma paralisia total .
“Homem ,
teus pecados
estão perdoados!”, disse Jesus ao paralítico .
A Palavra de Deus
ressoa como uma condenação
da minha cegueira
espiritual , da minha
vida sem
freio , da minha
vida paralisada por
causa das coisas
fúteis, da minha falta
de fé por
causa das preocupações
exageradas como se Deus
não fosse um
Pai , do meu
hedonismo que
me causou viver
na minha solidão
incurável , pois
nosso coração
continuará inquieto enquanto não repousar em Deus (Santo Agostinho).
A Palavra
de Deus não
se limita apenas em
denunciar meu
pecado e minha
vida sem
rumo , mas
ela também
me brinda com
a grande notícia
do perdão : “Homem ,
teus pecados
estão perdoados!”. Por isso , posso viver a minha liberdade
que o pecado
me paralisava tanto
tempo . O perdão
dos pecados é mais
urgente do que
qualquer coisa
porque o pecado
é a maior das desgraças
que tortura
ou aflige a humanidade .
O Reino de Deus
se manifesta , sobretudo ,
como reconciliação do meu ser com Deus , como nova
possibilidade, dando-me a graça de voltar a empreender o caminho depois
das paralisias de minha
liberdade causada por
minha culpa
ou pelos
meus pecados .
O Reino
de Deus se aproxima porque
Deus decidiu oferecer
seu perdão
aos homens : “Homem ,
os teus pecados
estão perdoados!”. Disposto a demonstrar a força
salvadora do “Evangelho do Reino de Deus ”,
Jesus começa a comunicar
ao paralítico a Boa Notícia
da reconciliação com Deus . Jesus confere o perdão
libertando o homem do complexo de culpa
e possibilitando sua relação com Deus e com os demais homens . Não há notícia que seja melhor
do que a notícia
da reconciliação com Deus . Cada
reconciliação feita é o céu
que se ganha .
Mas Jesus não
se contenta com
o perdoar os pecados
e sim que
tenhamos consciência de que o perdão é real e cura também as enfermidades
físicas . Jesus Cristo
é a encarnação da resposta
de Deus ao pecado
do homem , pois
Ele é Aquele
que foi enviado
para proclamar a libertação aos prisioneiros
de todo tipo
de escravidão .
O perdoa bíblico é o ato pelo qual Deus põe fim a uma situação
desgraçada , originada pelo
pecado . É uma anistia ,
um ato
que restabelece o ser
humano em
relação filial
com Deus
e em comunhão
com os irmãos .
Deus se mostra
misericordioso ao perdoar ; quer
a conversão , não
a morte , mas
exige o reconhecimento da fé e da contrição
do coração . Só
os corações contritos
recebem o dom do perdão .
Se o pecado é um
entregar-se ao nada , o perdão tira o homem do nada para voltar a ser
uma pessoa livre .
O campo de nossa
miséria é muito
menor do que
o campo da misericórdia
de Deus . Por
isso , podemos melhorar
nossa vida
apoiando-nos na misericórdia de Deus .
É bom
tirarmos alguma lição do comportamento dos escribas
e fariseus . Os escribas
vivem discutindo o que pode e o que não pode. Ama menos quem se preocupa apenas
com as regras
ou normas .
As regras servem como
meio para nos ajudar no alcance de nossos objetivos . Jesus, ao contrário
“passa a vida
fazendo o bem ” (cf. At 10,38), mostrando para nós um Deus que é Pai que se preocupa com
a salvação de seus filhos ,
todos nós .
por isso ,
Jesus é capaz de “transgredir ”
uma lei por
sagrada que
ela possa ser
considerada como o Sábado
para os judeus
em nome
de um ser humano que está
precisando de salvação ou de ajuda . O que se
quer ressaltar
é o sentido da missão
do próprio Jesus que
é uma missão de perdão
e reconstrução /restauração
total do homem
(Mc 2,10.17ç 19,28). Por isso , Jesus faz do homem
o centro de sua
mensagem .
Jesus não
quer acabar ou parar com sua grande obra de salvar os homens . Por isso , não somente temos que conhecer nosso Deus de
salvação que nos
oferece em Jesus Cristo .
Como beneficiados dos dons de Deus ,
temos que ser
parceiros de Deus
neste mundo . Temos que
ser os primeiros
em nos
preocupar com
o bem e a salvação dos demais
trabalhando intensamente e utilizando todos os meios
ao nosso alcance
para conduzir os demais para a presença do Senhor de tal forma que também eles possam encontrar n’Ele o perdão de
seus pecados
e a vida eterna ,
a exemplo daqueles homens
no evangelho de hoje
que carregam o paralítico
até Jesus.
1.
Quem não
tem fé , continua a pensar
que os mais
graves problemas
da humanidade são :
a saúde , a economia ,
a gestão do poder ,
o subdesenvolvimento , os desequilíbrios ecológicos … Somente quem tem fé
reconhece que o mais
grave problema
do homem é o pecado
e a falta de amor. Daí provém outros problemas maiores .
2.
O processo de secularização tende a reduzir a fé e a
Igreja ao âmbito privado e íntimo. Além disso, com a negação de toda a transcendência,
produziu-se uma crescente deformação ética, um enfraquecimento do sentido do
pecado pessoal e social e um aumento progressivo do relativismo; e tudo isso
provoca uma desorientação generalizada, especialmente na fase tão vulnerável às
mudanças da adolescência e juventude... Vivemos numa sociedade da informação
que nos satura indiscriminadamente de dados, todos postos ao mesmo nível, e
acaba por nos conduzir a uma tremenda superficialidade no momento de enquadrar
as questões morais. Por conseguinte, torna-se necessária uma educação que
ensine a pensar criticamente e ofereça um caminho de amadurecimento nos
valores. (Papa Francisco: Exortação Apostólica: Evangelii Gaudium n. 64).
3.
O
individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que
debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e
distorce os vínculos familiares. A ação pastoral deve mostrar ainda melhor que
a relação com o nosso Pai exige e incentiva uma comunhão que cura, promove e
fortalece os vínculos interpessoais. Enquanto no mundo, especialmente nalguns
países, se reacendem várias formas de guerras e conflitos, nós, cristãos,
insistimos na proposta de reconhecer o outro, de curar as feridas, de construir
pontes, de estreitar laços e de nos ajudarmos «a carregar as cargas uns dos
outros» (Gal 6, 2). Além disso, vemos hoje surgir muitas formas de agregação
para a defesa de direitos e a consecução de nobres objetivos. Deste modo se
manifesta uma sede de participação de numerosos cidadãos, que querem ser construtores
do desenvolvimento social e cultural (Idem no. 67).
4.
Novas culturas continuam a formar-se nestas enormes
geografias humanas onde o cristão já não costuma ser promotor ou gerador de
sentido, mas recebe delas outras linguagens, símbolos, mensagens e paradigmas
que oferecem novas orientações de vida, muitas vezes em contraste com o
Evangelho de Jesus (Idem n. 73).
5.
No deserto, é possível redescobrir o valor daquilo
que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais
da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos
implícita ou negativamente. E, no deserto, existe sobretudo a necessidade de
pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra
Prometida, mantendo assim viva a esperança». Em todo o caso, lá somos chamados
a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro
transforma-se numa pesada cruz, mas foi precisamente na Cruz que o Senhor,
trespassado, Se nos entregou como fonte de água viva. Não deixemos que nos roubem a
esperança! (Idem n. 86)
P. Vitus Gustama,svd
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