MATEUS, APÓSTOLO E EVANGELISTA, 21/9/2015
SEGUIR
A JESUS PARA SER SEU DISCÍPULO
FESTA DE SÃO MATEUS, APÓSTOLO E EVANGELISTA
21 de
Setembro
Evangelho: Mt 9,9-13
Naquele tempo: 9 Partindo dali, Jesus viu um
homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe:
'Segue-me!' Ele se levantou e seguiu a Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa,
em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e
sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e
perguntaram aos discípulos: 'Por que vosso mestre come com os cobradores de
impostos e pecadores?' 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: 'Aqueles que têm
saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que
significa: `Quero misericórdia e não sacrifício'. De fato, eu não vim para
chamar os justos, mas os pecadores'.
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No dia 21 de setembro celebramos a festa de
São Mateus, Apóstolo e Evangelista. O seu nome hebraico significa "dom de
Deus. A tradição da Igreja antiga concorda na atribuição a Mateus da autoria do
primeiro Evangelho. Isto acontece já a partir de Papias, Bispo de Hierápoles na
Frígia por volta do ano 130. Ele escreve: "Mateus reuniu as palavras (do
Senhor) em língua hebraica, e cada um as interpretou como podia" (em
Eusébio de Cesareia, Hist. eccl. III, 39, 16). Como Apóstolo Mateus está
sempre presente nos elencos dos Doze escolhidos por Jesus para serem apóstolos
(cf. Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 6, 15; At 1, 13).
Mateus desempenhava a profissão de publicano
(cobrador de impostos) e por isso era considerado pecador público (publicano),
excluído da convivência. Mas tudo mudou quando Jesus o chamou:
"Segue-me!". Não há nada que seja mais salvador para um pecador do
que ouvir a chamada de Deus para viver novamente o caminho da felicidade e de
salvação. Mateus experimentou isso. E Mateus respondeu prontamente ao chamado:
ele se levantou e seguiu a Jesus. De cobrador de impostos tornou-se
imediatamente discípulo de Cristo. De "último" passou a ser
"primeiro", graças à lógica de Deus que amou a todos de igual
maneira! A base da chamada de Deus é amor, e o amor desconhece a discriminação.
Nisto percebemos que os planos humanos são totalmente diferentes do plano de
Deus: "Os meus projetos não são os vossos projetos e os vossos
caminhos não são os meus caminhos", diz o Senhor (Is 55, 8). Se
dependesse dos planos humanos (especialmente dos fariseus e escribas) Mateus,
como um publicano, jamais poderia ser discípulo do Senhor. O encontro de Jesus
com Mateus, o publicano, foi um escândalo para os escribas e fariseus que
andavam espiando os passos de Jesus para colocá-Lo contra o povo. Mas o Senhor
chama a quem Ele quiser para estar com Ele a fim de ser seu discípulo/Apóstolo.
E Mateus, que sem dúvida nenhuma, havia visto e ouvido Jesus pregando em várias
ocasiões, se decidiu a abandonar seu posto de trabalho de publicano para
seguir, definitivamente, a Jesus até a morte. Desde então, a casa de Mateus em
Cafarnaum foi escolhida por Jesus para descansar de suas excursões apostólicas
na Galileia.
Mateus é um cristão de origem judaica. Seu
conhecimento do Antigo Testamento (AT), suas citações literais do AT (ao todo
44), suas alusões ao AT (cerca de 130), seus hebraísmos ou aramaísmos (cerca de
329) mostram claramente de que se trata de um judeu convertido ao Cristianismo.
Mateus escreveu seu evangelho em língua grega entre anos 80-85 depois de
Cristo, provavelmente em Antioquia da Síria, uma das mais importantes cidades
do Império romano (500.000 habitantes), cidade conhecida por suas escolas, a
cidade que, após a destruição de Jerusalém, se tornou a mãe das igrejas e
centro de expansão do Cristianismo. Foi ali que, pela primeira vez, os
discípulos de Jesus foram designados como “cristãos” (cf. At 11,26. E foi de
Antioquia que Paulo e seus companheiros empreenderam as três viagens missionárias
(cf. At 13,1-3). Destinatários do seu evangelho são cristãos convertidos do
judaísmo e cristãos convertidos do gentilismo (paganismo). Isso indica que a
comunidade destinatária é mista. O evangelho de Mateus possui 28 capítulos com
um total de 1.068 versículos e 18.278 palavras.
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O texto do evangelho lido na festa de São
Mateus nos relatou que depois da cura do paralítico Jesus se encontrou com
Mateus, cobrador de impostos e o chamou para segui-lo: “Segue-me!”. Trata-se de um homem que o povo detesta, pois um
colaborador do governo romano na cobrança de impostos. Os publicanos se
enriquecem, especialmente, a custo dos pobres. Por isso, é uma profissão
odiada.
Mas Jesus chama Mateus para segui-lo:
“Segue-me” (Mt 9,9). E ele o segue (Mt 9,9). Ele diz a mesma coisa para Simão e
André (Mt 4,19) e para Tiago e João (Mt 4,21). O termo “seguir” (akoloutheo,
em grego) aparece 90 vezes no NT, das quais 11 vezes se encontram fora dos
Evangelhos (em Atos, 4 vezes; em Ap, 6 vezes; e o resto em 1Cor 10,4). Nos
evangelhos este termo se refere ao seguimento de Jesus (no total 73 vezes).
O verbo “seguir”, em sentido próprio,
significa “ir atrás de alguém”; e no sentido figurado significa “ser
discípulo”, “ir em seguimento de alguém”. Seguir significa andar, avançar, ver
mais, aprender mais. Quem andar, quem caminhar vai encontrar muita coisa no
caminho. Quem fica parado e paralisado vê menos.
Seguir a Jesus significa romper todo o
passado, abandonar tudo (cf. Mt 4,18-22;9,9s;19,21;Lc 9,61;Mc 10,28), submetendo-se com fé
e obediência à salvação oferecida em Cristo. Seguir também tem sentido de
imitação. Neste sentido seguir significa unir-se com Jesus numa comunhão de
vida e de destino; é modelar-se segundo o exemplo de Jesus (cf. Jo 13,15.34;15,12;1Ts 1,6;1Cor 11,1;Ef 5,2;1Jo 2,6 etc.). Assim, seguir a
Jesus não é apenas aderir a um ensinamento moral e espiritual, mas compartilhar
sua sorte. Por isso, Jesus exige o desapego total: renunciar às riquezas e à
segurança, deixar os familiares (Mt
8,19-22;10,37;19,16-22),
sem esperar o retorno (troca ou retribuição). Ao exigir de seus discípulos um
tal sacrifício, Jesus se revela como Deus, única garantia, e revela
integralmente até que ponto vão as exigências de Deus. Pode ser que seja até o
sacrifício da cruz e até se sentir abandonado pelos outros, como Jesus sentiu
(Mt 26,56).
A partir deste sentido, somos convidados a
refletir sobre o nosso seguimento de Cristo. Até que ponto nós estamos dentro
deste padrão? Em outras palavras, o que significa para nós hoje seguir a Jesus?
Para responder esta pergunta, devemos responder outra pergunta: quem é Jesus a
quem seguimos?
Seguir a Jesus é viver a sua vida. E a vida
de Jesus foi marcada particularmente por amor ao Pai e aos homens,
especialmente aos mais necessitados. Seu relacionamento profundo com o Pai se
traduz na prática da solidariedade com os marginalizados e pecadores. Seguir a
Jesus é viver segundo o seu projeto. Ele quer que as relações humanas e sociais
se baseiem sobre a justiça, o amor, a fraternidade e o perdão. Tudo isso se
tornará realidade, se o homem se descobrir como filho de um Pai amoroso. Seguir
a Jesus é estar pronto para viver o Seu destino. Viver segundo o projeto de
Jesus leva o seguidor a viver o martírio. O martírio é o preço a pagar pela
fidelidade à causa jamais traída. Quem se propõe a seguir a Jesus deve estar
pronto também para viver a bem-aventurança das perseguições (Mt 5,10s).
Ao ouvir a chamada do Senhor Mateus
prontamente aceitou o convite. Não só a prontidão para seguir a Jesus, mas a
prontidão para limpar seu coração de toda a maldade praticada, pois ele era um
cobrador de impostos e por isso, era um ladrão diplomado, pecador público,
ladrão do bem comum. Ele deixa seu coração livre e limpo para que o Senhor
possa usá-lo para o bem do seu Reino. O fruto maior de sua conversão para nós
hoje é o evangelho que ele escreveu sobre a vida de Jesus: O evangelho de
Mateus. Através do seu evangelho conhecemos o Jesus em quem acreditamos, como
Emanuel, Deus Conosco (Mt 1,23; 18,20; 28,20).
Para celebrar e agradecer a Jesus, Senhor dos
senhores, que o chamou, Mateus preparou um banquete. Entre os convidados estão
também os seus amigos, publicanos. Não sabemos se alguns dos seus amigos
abandonaram a profissão de publicano para seguir a Jesus a exemplo de Mateus. Mas
temos certeza de que quando servimos o Senhor, quando aceitamos a chamada do
Senhor para ser Seu seguidor a fim de fazer algum bem para o próximo a partir
de nossas aptidões ou inclinações, sempre encontramos motivos suficientes para
a ação de graças. Ser chamado do Senhor para servir o próximo é uma graça de
Deus. A graça de Deus nos causa alegria e ação de graças. A graça de Deus que
vivemos nos leva a servirmos o Senhor no próximo alegremente. Servir é reinar
com o Senhor. Reinar com o Senhor é salvar.
Hoje é o dia mais adequado para recordar
nosso particular “segue-me”. É o dia em que celebramos uma festa por nosso
nome, pois Deus nos chama pelo nome. Diante de Deus cada um tem nome e Deus
chama cada um pelo nome (cf. Is 43,1; Jo 10,3). É o dia adequado para recordar
a maneira que Deus chamou cada um de nós. O seguimento é a expressão prática da
fé/adesão. Mas temos que estar conscientes de que esse chamamento é permanente.
Quem não tem tempo para ouvir Deus permanentemente, vai ouvir somente desgraças
dos outros e do mundo. Quem não presta para Deus, não presta para os outros.
Mas quem presta para os outros é porque no seu coração mora Deus, mesmo que ele
não tenha nenhuma religião. Temos que confessar que o que determina a nossa
salvação não é aquilo que rezamos, pois pode acontecer que façamos apenas
monólogos nas nossas orações. A oração feita é um compromisso assumido para
viver de acordo com o Espírito de Deus. Ninguém crê impunemente. O que determina
nossa salvação é o nosso comportamento diário, nossa maneira de viver e de
conviver de acordo com o bem praticado (cf. Mt 25,31-46).
“Aprendei, pois, o que significa: `Quero misericórdia e não sacrifício'. De fato, eu não
vim para chamar os justos, mas os pecadores'”, disse-nos Jesus no
Evangelho deste dia.
Reflitamos
sobre as seguintes palavras do Papa Francisco a respeito da misericórdia:
·
“Precisamos
sempre contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e
paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o
mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo
qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no
coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no
caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos
abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do
nosso pecado” (Papa Francisco: Misericordiae
Vultus.
Bula De Proclamação do Jubileu Extraordinário Da Misericórdia. Ano Santo da
Misericórdia começa em 8/12/2015 até 20/11/2016).
·
“´É
próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a
sua omnipotência´. Estas palavras de São Tomás de Aquino mostram como a
misericórdia divina não seja, de modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a
qualidade da onipotência de Deus. É por isso que a liturgia, numa das suas coletas
mais antigas, convida a rezar assim: ´Senhor, que dais a maior prova do vosso
poder quando perdoais e Vos compadeceis…´ Deus permanecerá para sempre na
história da humanidade como Aquele que está presente, Aquele que é próximo,
providente, santo e misericordioso” (Idem).
·
“Na
Sagrada Escritura, como se vê, a misericórdia é a palavra-chave para indicar o
agir de Deus para conosco. Ele não Se limita a afirmar o seu amor, mas torna-o
visível e palpável. Aliás, o amor nunca poderia ser uma palavra abstrata. Por
sua própria natureza, é vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que
se verificam na atividade de todos os dias. A misericórdia de Deus é a sua
responsabilidade por nós. Ele sente-Se responsável, isto é, deseja o nosso bem
e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos. E, em sintonia com isto,
se deve orientar o amor misericordioso dos cristãos. Tal como ama o Pai, assim
também amam os filhos. Tal como Ele é misericordioso, assim somos chamados
também nós a ser misericordiosos uns para com os outros” (Idem).
·
“A
arquitrave que suporta a vida da Igreja é a misericórdia. Toda a sua ação
pastoral deveria estar envolvida pela ternura com que se dirige aos crentes; no
anúncio e testemunho que oferece ao mundo, nada pode ser desprovido de
misericórdia. A credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso
e compassivo. A Igreja vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia”
(Idem).
·
“A
Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do
Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa. A
Esposa de Cristo assume o comportamento do Filho de Deus, que vai ao encontro
de todos sem excluir ninguém. No nosso tempo, em que a Igreja está comprometida
na nova evangelização, o tema da misericórdia exige ser reproposto com novo
entusiasmo e uma ação pastoral renovada. É determinante para a Igreja e para a
credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia.
A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e
desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem
irradiar misericórdia” (Idem).
P. Vitus Gustama,svd
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