12/11/2015
ESTAMOS
NO REINO DE DEUS
DEUS
ESTÁ EM NÓS E ENTRE NÓS NA VIVÊNCIA DO AMOR FRATERNO N
Quinta-Feira
da XXXII Semana Comum
Evangelho: Lc 17,20-25
Naquele tempo, 20os fariseus
perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus
respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se poderá
dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.
22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.
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Continuamos escutando as últimas e
importantes lições de Jesus para todos os cristãos dadas na sua ultima viagem
para Jerusalém (Lc 9,51-19,28). São Lições do Caminho. Na passagem do evangelho
deste dia Jesus quer que abramos o coração e os olhos para perceber a presença
do Reino de Deus em nós e entre nós.
Os fariseus voltaram a fazer sua pergunta
para Jesus, e desta vez sobre o quando da vinda do Reino de Deus (eles
perguntam sobre o momento exato da vinda do Reino de Deus). Quais são seus
sinais? Trata-se de uma pergunta apocalíptica. Este tipo de pergunta
normalmente surge no momento de crise como no da perseguição ou no momento da
ocupação estrangeira ou em outras situações semelhantes em que o povo local ou
as pessoas sofrem bastante.
Era assim a experiência do povo eleito. No
tempo de perseguição e de domínio estrangeiro na Palestina o povo começou a se
interessar sobre a chegada do Reino de Deus para acabar com a perseguição e o
domínio do poder estrangeiro que era considerado como um poder pagão (impuro).
Em outras palavras, dentro desta perspectiva, para os judeus na época os sinais
do Reino de Deus seriam uma força espetacular e um poder avassalador que
eliminaria o poder estrangeiro (poder romano) a fim de restabelecer o reino
esplendor do rei Davi.
Na mente dos fariseus estava viva a memória
da libertação da escravidão do Egito que despertava a esperança de acontecer a
mesma libertação, que desta vez, do poder estrangeiro (romano) instalado na
Palestina.
A memória nos ajuda a encurtarmos a distância
e o tempo. A memória nos leva, mentalmente, para os acontecimentos passados. A
memória, se for usada corretamente, nos ajuda a renovarmos as forças para
continuar nossa luta ou para melhorar a qualidade de nossa vida. Dizia o
filósofo Sören Kiekergaard: “A vida só pode ser compreendida olhando-se para
trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente”. Muitas vezes
começamos a entender o sentido de uma experiência depois que nos distanciamos
do seu acontecimento e depois que criamos um momento de silêncio e de reflexão.
Para quem acredita em Deus não há coincidência, e sim a providência. Por
incrível que pareça, Deus nos fala sobre muitas coisas de nossa vida em todos
os momentos. A vida e o universo são o livro divino em que Deus escreveu
algo sobre nós e obviamente sobre Ele próprio. Basta termos tempo para
reler nossas experiências na
tranqüilidade de nossa meditação a fim de encontrar seu sentido. Cada dia é
uma página onde Deus escreve sua mensagem para nós e sobre nós. nenhum dia pode
nos atrapalhar na leitura da mensagem de Deus. Cada dia é uma página nova de
nossa vida.
Jesus respondeu aos fariseus com as seguintes
palavras: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer:
‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
As palavras de Jesus são muito profundas. O
Reino de Deus é o Reino de amor, de corações, de sentimentos fraternos, de fé,
de fidelidade, de igualdade, de mútuo respeito, de comunhão como irmãos, de
entrega pelo bem de todos a exemplo do próprio Jesus e por isso, está ao
alcance de todos. Em Jesus se realiza o Reino de Deus: “O Reino de Deus está
entre vós”. Jesus é o Rei de amor, de fraternidade, de dignidade, de igualdade,
de compaixão, de reconciliação, de esperança e assim por diante. Vivendo como
Jesus viveu será cumprido em nós o que o Senhor nos disse hoje: “O Reino de
Deus está entre vós”. Se não vivermos como Jesus viveu, o Senhor e os outros
vão nos dizer: “O Reino de Deus não está entre vós”, pois “Não existem sinais
premonitórios extraordinários, externos à historia humana, que possam dispensar
o homem da liberdade e da responsabilidade pessoal. O Reino de Deus diz respeito à história
humana confrontada com a ação e a presença de Deus, como revelado naquilo que
Jesus faz e diz [cf. Lc 11,20]” (Rinaldo Fabris). O Reino de Deus está dentro
daqueles que vivem segundo a vontade de Deus que se resume no amor fraterno
como concretização do amor a Deus. Eles são sinais da presença de Deus neste
mundo. Portanto, o Reino de Deus não tem lugar geográfico nem uma questão de um
tempo cronológico. O Reino de Deus é uma questão de experiência pessoal que
cada um de nós deve fazer e descobrir permanentemente através da experiência pessoal
com Jesus Cristo. Trata-se, então, de uma descoberta, de busca e de seguimento.
Além disso, através de Sua Palavra de hoje
Jesus nos faz um apelo à responsabilidade humana de nos prepararmos, com toda a
liberdade e seriedade para o encontro com o Senhor diariamente, pois “O Reino
de Deus está entre vós”. A consciência da presença do Reino de Deus entre nós
muda nossa maneira de viver e conviver, nos coloca na ordem das coisas e da
escala de valores e de prioridades, nos serena apesar de tudo, nos tira de
qualquer desespero. Essa consciência não nos faz corrermos, de cá para lá, em
busca de fatos extraordinários ou milagres. Observando as palavras de Jesus e sua
maneira de viver teremos capacidade de perceber o senhorio absoluto de Deus na
história humana. Quem deixar Deus como Senhor de sua vida, será transformado em
manifestação de Deus neste mundo e todos vão perceber e dizer: “O reino de Deus
está nele”. Se o Reino de Deus está entre nós, não devemos ficar desesperados
quando aparecer alguma dificuldade, pois quando se fala do Reino inclui o
próprio Rei que é Deus. “O Reino de Deus está entre vós” equivale a nos dizer
“Deus está entre vós. Deus está convosco” (cf. Mt 28,20).
“Dias
virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver”.
“Dias virão”, assim falam os profetas que anunciam desgraça. A história da
salvação desemboca no tempo escatológico. Ele se iniciou com Jesus e por isso,
o fim já chegou. Os cristãos vivem em tensão entre o que já chegou e o que
ainda não aconteceu. Eles vivem entre realização e expectativa, entre ter e
esperar, entre alegria e temos, mas acima de tudo “alegres na esperança” (Rm
12,12). Trata-se de tudo isso como do tempo da Igreja em que deve ser um tempo
de testemunho até o fim “aquele que perseverar até o fim, será salvo” (Mt
10,22). “O Reino de Deus está entre vós”,
recorda-nos Jesus. Tenhamos consciência disso! Vivamos no Reino embora ainda
esperemos sua plena realização.
P. Vitus Gustama, svd
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