quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

23/02/2019
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ESCUTAR JESUS, PALAVRA DO PAI, É VIVER UMA VIDA GLORIFICADA
Sábado Da VI Semana Comum

Primeira Leitura: Hb 11,1-7
Irmãos, 1 a fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. 2 Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. 3 Foi pela fé que compreendemos que o universo foi organizado por uma palavra de Deus. Assim, as coisas visíveis provêm daquilo que não se vê. 4 Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor que o de Caim; e por causa dela, ele foi declarado justo, pois Deus aprovou a sua oferta. Graças a ela, mesmo depois de morto, Abel ainda fala! 5 Foi pela fé que Henoc foi arrebatado, para não ver a morte; e não mais foi encontrado, porque Deus o arrebatou. Antes de ser arrebatado, porém, recebeu o testemunho de que foi agradável a Deus. 6 Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável, pois aquele que se aproxima de Deus deve crer que ele existe e que recompensa os que o procuram. 7 Foi pela fé que Noé, avisado divinamente daquilo que ainda não se via, levou a sério o oráculo e construiu uma arca para salvar a sua família. Pela fé, ele se separou do mundo, tornando-se herdeiro da justiça que se obtém pela fé.


Evangelho: Mc 9,2-13
Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.  6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai-O!”  8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos. 11Os três discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que antes deve vir Elias?”  12Jesus respondeu: “De fato, antes vem Elias, para pôr tudo em ordem. Mas, como dizem as Escrituras, que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado? 13Eu, porém, vos digo: Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como as Escrituras falaram a respeito dele”.
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A Exemplo Dos Antepassados Mantenhamos a Fé Em Deus Que Tem a Última Palavra Sobre a Humanidade


Irmãos, a fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem. Foi a fé que valeu aos antepassados um bom testemunho. Foi pela fé que compreendemos que o universo foi organizado por uma palavra de Deus”.


Terminamos nossa leitura dos primeiros onze capítulos do livro de Gênesis com uma página da Carta aos Hebreus, que resume os exemplos mais edificantes deste capítulos, como estímulo para nossa perseverança na fé.


O texto da Primeira Leitura é um elogio para nossos antepassados remotos, que começa com uma definição do que é ter fé: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem”. Nisto tiveram muito mérito os crentes do Antigo Testamento. Aqui são mencionados Abel, Henoc e Noé. Os três aceitaram em sua vida o plano de Deus. Como todos os demais que viveram no AT, não chegaram a ver nem a experimentar a vinda do Salvador prometido por Deus. Mas a partir desse claro-escuro, eles sabiam como crer em Deus e se entregaram totalmente nas mãos de Deus.


Esta revisão das páginas do livro de Gênesis, para o autor da Carta aos Hebreus, serve como um encorajamento para os cristãos de seu tempo para que não deixem de crer em Deus apesar das diciculdades, como perseguições, pois vivem em meio de um mundo hostil. Para muitos cristãos, o Evangelho era uma utopia menos irrealizável. Por isso, começaram a desfalecer diante das perseguições, alguns abandonavam inclusive a Igreja (cf. Hb 10,25). Por isso, o autor lher exorta para a esperança e à fidelidade. Para conseguir o efeito desejado, o autor recorre aos exemplos bíblicos sobretudo ao exemplo de Abraão. O autor não pretende dar uma definição da fé, e sim destacar aqueles traços fundamentais que obteve o fé nos grandes crentes e que convenia recordar aos que vacilavam: a firmrza na esperança que antecipa os bens futuros, e o convencimento do que ainda está por ver e por vir. A fé, como resposta à Palavra de Deus que tem o caráter de promessa, é inseparável da esperança.


Para o autor da Carta aos Hebreus fé é absolutamente uma certeza de que o que se acredita é certo e o que se espera, virá. É a esperança que olha para frente com muita convicção. A esperança cristã é acreditar no futuro apesar do presente. “A fé é uma faculdade de visão, ou melhor, uma espécie de sentido interior que nos faz ver, com evidência inabalável, coisas que para os que não possuem a fé simplesmente não existem e nem podem existir” (Frederico Dattler, SVD: A Carta Aos Hebreus, Ed. Paulinas, 1980 p.143).


A exortação do autor também serve para nós hoje, para que não exageremos nossas dificuldades, procurando desculpas para nossa pouca fé e pouca fidelidade. A leitura de hoje quer que sejamos encorajados por aqueles que souberam ser fiéis a Deus mesmo em dias difíceis.


A Bíblia, embora também contenha histórias de pecado, fraquezas e falhas, é sempre instrutiva ou educativa. Trata-se de aprendermos do pecado dos outros e, acima de tudo, de admirarmos e imitarmos a fé de tantas pessoas que desfilam em suas páginas, como aconteceu nos capítulos de Gênesis, que meditamos nessas duas semanas.


Temos também outra série de antepassados que nos animam ainda mais de perto em nossa caminhada de fé: a Virgem Maria e os santos cristãos dos últimos dois mil anos. Aos quais temos de acrescentar familiares e conhecidos que também certamente nos deram um exemplo de fidelidade a Deus a partir de sua vida concreta.


Esta orientação pode nos fazer rever nossa concepção de fé, perguntar a nós mesmos se não temos idéia da fé que é muito focada no intelectual e menos no vital. Portanto, seria uma fé muito pobre?!


Com Jesus, Apesar Das Dificuldades, Tudo Termina Na Vitória


 A transfiguração é uma antecipação da ressurreição do Senhor Jesus que intenta levantar o ânimo dos discípulos, ratificando que o destino final não é a morte e sim a ressurreição. Por isso, em cada anúncio de sua Paixão (três anúncios), Jesus acrescenta esta frase: “... depois de três dias (o Filho do Homem) deve ressuscitar” (Mc 8,31; 9,31; 10,34).


Por isso, um dos temas fundamentais que toma novo rumo no relato da transfiguração é o tema da morte e ressurreição. A morte deixa de ser o fim irremediável para o homem e a sombra do horror, para começar a ser entendida como o transladar-se para onde Deus está, isto é, na plenitude. Por isso, desde então, a morte está intimamente ligada ao triunfo, e não pode ser entendida sem a luz da ressurreição. A morte não terá a última palavra sobre a vida do homem. A partir da experiência da transfiguração tudo pode ser graça apesar de ter uma aparência da cruz, pois Deus envolve tudo na sua misericórdia. O mistério da glória ilumina o sentido ultimo da Cruz de Jesus. Mas o mistério da Cruz ilumina o caminha da glória.


Podemos dizer que a transfiguração é o grito de Deus para não ficarmos desanimados nme nos desistir na nossa luta pelo bem durante a nossa vida, pois a lógica de Deus não nos conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim. Cada um de nós precisa parar da agitação cotidiana para escutar esse grito de Deus.


Pedro se extasia diante da luz da transfiguração. Ele sente como se estivesse no céu. Por isso, Pedro quer permanecer ali sem jamais voltar à realidade cotidiana. Para isso, ele propõe a Jesus construir três tendas. Mas o evangelista Marcos comenta: “Pedro não sabia o que dizer”.


Podemos viver a experiência de transfiguração se nós negarmos a busca de interesses próprios e optarmos por assumir uma fé mais humanizada que produz uma nova forma de viver a realidade e renova nossa convivência de fraternidade.


A fé é o caminho da renúncia e da morte de nós mesmos para que Deus possa se manifestar através de nós. Somente com a morte de nós mesmos é que Deus pode anunciar e prometer uma vida nova para nós. Subir até Deus é morrer de nossos projetos pessoais, de tantos planos, esquemas e cálculos puramente humanos e pessoais para dar o lugar aos projetos de Deus. Certamente, nesta morte, Deus manifesta sua glória salvadora e sua eterna misericórdia.


Contemplar a cena da transfiguração é seguir o Transfigurado, Jesus Cristo. Cristo chama sem cessar novos discípulos, homens e mulheres, para comunicar-lhes o amor divino, o ágape, sua maneira de amar, e para convidá-los a servir ao próximo, no humilde dom de si mesmos, longe de todo cálculo de interesse.


Este é o meu Filho amado. Escutai-O!”. É a mesma voz do Batismo de Jesus no Jordão (Mc 1,11). Porém, há uma diferença. No Batismo a voz foi dirigida somente a Jesus. Agora é dirigida aos discípulos com o seguinte detalhe: “Escutai-O!”. A Palavra do Pai (voz) vem autenticar os ensinamentos de Jesus. Conseqüentemente, é preciso prestar atenção para tudo o que Jesus diz e ensina e vivê-lo logo em seguida para que a vida seja transfigurada desde já.


Por isso, contemplar a cena da transfiguração é seguir o Transfigurado, Jesus Cristo e viver seus ensinamentos, pois todos eles são reconhecidos por Deus Pai. E Cristo chama sem cessar novos discípulos, homens e mulheres, para comunicar-lhes o amor divino, o ágape, sua maneira de amar, e para convidá-los a servir ao próximo, no humilde dom de si mesmos, longe de todo cálculo de interesse. A vida dada é a vida recebida. Uma vida vivida para o bem dos outros é uma vida vivida para Deus e por isso, é reconhecida por Deus.


Portanto, com Jesus, a Palavra do Pai (Jo 1,1-3.14), a vida glorificada se inicia mesmo que estejamos ainda neste mundo. O cristão é aquele que vive na antecipação. A vida glorificada para a qual ele dirige seu olhar renova sua maneira de viver e de conviver de cada dia neste mundo. Tudo que ele faz e diz é sempre em função da vida glorificada.


Somos convidados a manter em dia nossas orações como expressão viva de nossa fé. A oração transforma. Ela muda nosso rosto, nosso aspecto, nosso ser. Quem diz que orar e não acontecer transformações, mudanças em sua vida, está se mentindo a si mesmo. A experiência de oração nos faz realmente sentir a senção de estar no Tabor e de querer ficar lá. No entanto, a oração nos capacita para a vida e por isso, devemos descer do Tabor para viver. É orando que poderemos seguir adiante no mundo e ao mesmo tempo deixar que Deus atue em nós. Além disso, aprender a rezar é aprender a viver como filhos(as) de Deus na verdade plena da própria criatura. A oração diz à criatura humana a verdade mais complexa e mais simples que existe: não é ela o Absoluto, mas o Criador que é Nosso Pai.
P. Vitus Gustama,svd

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