sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

25/02/2019
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VIVER NA SABEDORIA DE DEUS E NA FÉ SUSTENTADA PELA ORAÇÃO A FIM DE SUPERAR DIFICULDADES
Segunda-Feira da VII Semana Comum


Primeira Leitura: Eclo 1,1-10
1 Toda a sabedoria vem do Senhor Deus. Ela esteve e está sempre com Ele. 2 Quem pode contar a areia do mar, as gotas de chuva, os dias do tempo? 3 Quem poderá medir a altura do céu, a extensão da terra, a profundeza do abismo? 4 Antes de todas as coisas foi criada a sabedoria, a inteligência prudente vem da eternidade. 5 Fonte da sabedoria é a palavra de Deus no mais alto dos céus e seus caminhos são os mandamentos eternos. 6 A quem foi revelada a raiz da sabedoria? Quem conheceu as capacidades do seu engenho? 7 A ciência da sabedoria, a quem foi revelada? E quem compreendeu sua grande experiência? 8 Só um é o altíssimo, criador onipotente, rei poderoso e a quem muito se deve temer, assentado em seu trono e dominando tudo, Deus. 9 Ele é quem a criou no espírito santo: Ele a viu, a enumerou e mediu; 10 ele a derramou sobre todas as suas obras e em cada ser humano, segundo a sua bondade. Ele a concede àqueles que o temem.


Evangelho: Mc 9,14-29
Naquele tempo, 14descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles. 15Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”. 19Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”.  23Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé”. 24O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”. 26O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé. 28Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?”  29Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.
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Toda Sabedoria Tem Sua Origem Em Deus


Toda a sabedoria vem do Senhor Deus. Ela esteve e está sempre com Ele. Antes de todas as coisas foi criada a sabedoria, a inteligência prudente vem da eternidade”.


Durante alguns dias vamos refletir sobre outro livro do Antigo Testamento: Eclesiastico. “Eclesiástico” é uma tradução greco-latina: Livro da Assembleia (Ekklesia), em razão do uso frequente pelas comunidades cristãs dos primeiros séculos da Igreja.


O Eclesiástico foi escrito, em hebraico, entre os anos 190 e 171 a.C. O neto do autor, membro da Diáspora egípcia traduziu o livro para o grego por volta do ano 110 a.C.


O Eclesiástico é uma série de frases e pensamentos, ditos e refrões breves que nos ajudam a olharmos sabiamente as coisas, as pessoas e os acontecimentos da vida. A sabedoria da qual fala o livro é uma mistura de dom de Deus, de fé, de sentido comum e visão religiosa da história. O autor do livro nos irá transmitindo com amabilidade e bom sentido prático as riquezas de seu pensamento e sua experiência humana e religiosa. Chama-se “Eclesiástico” pelo grande uso que se fez do livro na Igreja primitiva.


O texto que lemos hoje na Primeira Leitura é a introdução que o autor colocou no início de sua obra. O autor tem uma alma sensível e percebe uma misteriosa transcendência a que chama de Sabedoria de Deus, sabedoria criadora que encerra em si o segredo de todas as coisas.


Hoje lemos os primeiros versículos que são como um hino à sabedoria. Como uma frase inicial que é o resumo de tudo: a sabedoria vem do Senhor e está com Ele eternamente. É sabedoria transcendente, misteriosa e insondável. Portanto está intimamente unida à religiosidade e à fé em Deus.


Toda a sabedoria vem do Senhor Deus. Ela esteve e está sempre com Ele. Antes de todas as coisas foi criada a sabedoria, a inteligência prudente vem da eternidade”.


É a primeira frase do livro de Sabedoria e a chave de todo o restante do livro. Sabedoria, inteligência, fineza, ciência são dons de Deus, fonte e origem de toda a sabedoria. Não se trata do fruto dos conhecimentos acumulados pela experiência humana, mas de uma qualidade divina. Deus criou a sabedoria antes de todas as coisas e concede-a como dom a quem ama ou teme a Deus. Deus inspira quem O procura e contempla.


Ben Sirac possui um sólido humanismo que chama “sabedoria”, que é ao mesmo tempo, inseparável de sua fé. Segundo ele, o êxito do homem, a arte de viver bem procede de uma correspondencia com o pensamento divino. Para chegar a esta noção da sabedoria divina, o autor (Ben Sirac) partiu da sabedoria humana, do bom senso e de uma técnica bem empregada.


O início do Eclesiastico nos recorda o do Evangelho de são João. Ben Sirac fala da sabedoria de Deus, no princípio de tudo. São João fala de que no princípio era o Verbo, a Palavra, que de outra maneira também se pode chamar Sabedoria. A Sabedoria vivente de Deus se chama Jesus Cristo e de sua plenitude recebemos graça sobre graça (cf. Jo 1,1-18).


No mundo de hoje pergunta-se: Onde encontrar a verdadeira sabedoria?


Nós o sabemos: na Palavra de Deus, que é o próprio Cristo, a quem escutamos diariamente como interpelação de Deus sempre nova, sobretudo na celebração eucarística. “Antes de todas as coisas foi criada a sabedoria, a inteligência prudente vem da eternidade. Fonte da sabedoria é a palavra de Deus no mais alto dos céus e seus caminhos são os mandamentos eternos”. Feliz seja quem tem o segredo desta sabedoria em sua vida. Feliz seja quem escuta esta Palavra, a assimila, a recorda, a põe em prática, construindo sobre ela o edifício de sua vida. Feliz seja quem se deixa ensinar por Cristo Jesus, Mestre de sabedoria.


O homem fica maravilhado e surpreendido diante do universo que não pod medir: a altura do céu, a extensão do universo e a profundidade insondável do abismo.


E o homem, ao descobrir sua própria pequenez e limitação, vislumbra que a areia e as gotas de água e os dias estão contados e medidos pelo próprio Deus: “Ele é quem a criou no espírito santo: Ele a viu, a enumerou e mediu”. Não há nada, por menor que seja, que escape do controle de Deus. E o homem que não fez o universo nem pode abraçá-lo, vê a sabedoria que vem do Senhor, como uma criatura sua. "O Senhor a criou, conheceu e mediu, derramou sobre todas as suas obras" (vv 9-10). O Eclesiastico proclama que existe apenas uma pessoa sábia: o Senhor. Para ter um pouco da sabedoria divina é necessário contemplar Deus para se tornar, depois, o reflexo de Sua sabedoria: “Ele concede a sabedoria àqueles que o temem” (Eclo 1,10). Portanto, para o autor do Eclesiástico, quando alguém chega a ter sabedoria, a contemplar o mundo e a vida sustentados por ela, não é pela sagacidade de sua mente, mas trata-se de um dom que vem do Senhor. Quando tivermos consciência da origem de toda sabedoria que é em Deus, jamais ficaremos soberbos com nossa sabedoria.


A Fé Inabalável Em Deus Sustentada Pela Oração Permanente Supera Qualquer Dificuldade


O relato do evangelho de hoje não é o dos mais fáceis. Mas mesmo assim captamos sua mensagem. Trata-se do relato sobre a lição da fé. A fé é muito importante para o seguidor para que ele possa estar em sintonia com Jesus e ser beneficiado de sua ação curadora e salvadora. A fé é onipotente porque nos une ao Onipotente.


O núcleo do relato do evangelho de hoje está nas seguintes frases: Primeiro: “Eles não conseguiram expulsar o espírito”. Esta frase é dita pelo pai do jovem epiléptico a Jesus. Segundo: “Por que não conseguimos expulsar o espírito?”. É a pergunta dos discípulos a Jesus. “Tudo é possível para quem tem fé”, é a resposta de Jesus que serve como frase central do relato. Tudo o mais serve para descrever a necessidade da fé. A escolha da fé é muito importante para estar em sintonia com Jesus e ser beneficiado de sua ação curadora e salvadora. Quem recorre a Jesus movido pela fé é sempre atendido.


Depois da transfiguração, momento glorioso embora momentâneo, Jesus desceu com seus prediletos discípulos para a planície. Ele está pronto para encarar a Cruz que ele vai carregar com honra e dignidade, pois trata-se de uma Cruz fruto de sua obediência à vontade do Pai. É preciso encararmos as crises de nossa vida com honra e dignidade apesar de nossas fraquezas.


Ao descer do monte da Transfiguração, Jesus cura um jovem epiléptico. Os discípulos não conseguiram curar o mesmo jovem de sua doença. Ao se questionar sobre o porquê dos discípulos não terem conseguido curar o jovem Jesus responde: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. Com suas palavras, Jesus sublinha, sobretudo, a necessidade da fé e da oração simultaneamente para poder vencer o mal. Por isso, no fim do relato Jesus acrescentou: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.  O exercício da missão recebida de Jesus requer muita fé. É preciso ter fé inabalável no poder de Jesus. Caso contrário, todos desistirão, pois não faltam cruzes nesse caminho. Quando a fé é pouca, a missão fica comprometida.


Ao curar o jovem, Jesus aparece novamente como o mais forte do que o mal, pois ele tem a força de Deus. Jesus está em Deus e Deus está nele. E Jesus sempre quer que seus discípulos reforcem sua fé. Neste sentido, a confissão do Pai: “Creio, Senhor! Mas aumenta minha fé!” serve de lição para os discípulos sobre a necessidade de fortificar a própria fé nos momentos difíceis de sua vida como aconteceu com o pai do jovem.


Nossa luta contra o mal, o mal que há dentro de nós, o mal que há dentro da comunidade e o mal dos demais, somente pode ser eficaz se cada um se apóia na força de Deus: “Confia teus negócios ao Senhor e teus planos terão bom êxito” (Provérbios 16,3). Somente pode suceder da fé e da oração, em união com Cristo é que se pode libertar o mundo de todo mal. Não se trata de fazer gestos mágicos ou de pronunciar palavras que tem eficácia por si só. Quem salva e quem liberta é Deus e nós, somente se permanecermos unidos em Deus pela oração. Esta é uma das lições que Jesus nos dá hoje.


O que acontece é que muitas vezes nossa fé é débil, como a fé do pai do menino epiléptico e a fé dos discípulos. Por isso, encontraram dificuldade em libertar os outros de seus males porque confiaram apenas em suas próprias forças. Muitas vezes nos fracassamos, como os discípulos de Jesus, porque confiamos somente nas nossas próprias forças e nos esquecemos de nos apoiar em Deus. O salmista nos convida a voltarmos a nos apoiar em Deus: “Em Vós, Senhor, eu me apoiei desde que nasci, desde o seio materno sois meu Protetor; em Vós eu sempre esperei” (Sl 71,6).


Jesus nos indica dois caminhos para que sejamos fortes diante de qualquer mal: a e a oração inseparáveis. A é onipotente porque nos une ao Onipotente. A nosum poder incrível, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, como podemos verificar na vida de tantos homens e mulheres ao longo da história da Igreja. A fé nos permite rezar de modo eficaz. Segundo Jesus, a verdadeira fé faz desaparecer qualquer impossibilidade, faz qualquer um caminhar na vida com serenidade e paz, com alegria profunda como uma criança nas mãos de sua mãe. A verdadeira fé liberta qualquer um do desapego de todas as coisas. Além disso, é importante para nossa vida comunitária ter em conta que a fé em Deus nos abre muitas possibilidades e qualidades que estão escondidas e adormecidas. Ao assumir pessoalmente a fé, começaremos a ser conscientes de nossas grandes reservas humanas, as quais devem ser postas para o serviço aos demais.


A oração, por sua vez, consiste em pensar em Deus amando-o, eleva-nos para o mesmo Deus, a partir de qualquer circunstância. Um aspecto da Natureza ou na sua íntegra pode nos levar a apreciarmos a sabedoria do Criador em criar tudo mesmo que não saibamos do para quê de tudo isso. Mas um sofrimento provocado por grave doença, qualquer crise que nos perturba física e psiquicamente, a traição de um amigo, um insucesso profissional também podem nos levar à Força Superior que é o próprio Deus. A oração nos humaniza e nos faz aceitarmos Deus como Deus. A oração nos coloca no nosso devido lugar como pó, mas um pó vivente, pois nele foi soprado o hálito de Deus que faz esse pó santo (cf. Gn 2,7; Jo 20,22; 1Cor 3,16-17). Nestas circunstâncias pode ser mais difícil elevar-nos para Deus, dar-nos conta do amor com que continua a nos envolver. Mas é possível, se tivermos a atitude do pai de que nos fala o evangelho. Em qualquer circunstância, cada um há que dirigir-se ao encontro do Senhor e falar-Lhe com humildade e confiança de nossa situação e falar-Lhe de nossa impotência diante de certas dificuldades encontradas na vida. É a oração que nos permite abrir o cofre dos favores divinos, pois nos põe em contato com o Deus vivo a quem, segundo o ensinamento de Jesus, dizemos: «Faça-se a tua vontade». Este abando a Deus é importante para nós, pois Ele sabe de tudo mais nos convém ou não nos convém. Rezar é, sobretudo, encontrar o acesso a Deus; é ligar a terra ao céu; é unir a força humana e a força divina que resulta no milagre da vida. Somente na oração é que podemos ter força maior para superar as dificuldades de nossa vida.
P. Vitus Gustama,svd

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