segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

27/02/2019
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PRATICAR O BEM E A BONDADE É UMA FORMA DE VIVER NA SABEDORIA DE DEUS
Quarta-feira da VII Semana Comum


Primeira Leitura: Eclo 4,12-22
12 A sabedoria comunica a vida a seus filhos e acolhe os que a procuram. 13 Os que a amam, amam a vida; os que a procuram desde manhã cedo serão repletos de alegria pelo Senhor. 14 Quem a ela se apega herdará a glória; para onde for, Deus o abençoará. 15 Os que a veneram prestam culto ao Santo; pois Deus ama os que a amam. 16 Quem a escutar julgará as nações; quem a ela se dedicar viverá em segurança. 17 Se alguém confiar nela, vai recebê-la em herança; e na sua posse continuarão seus descendentes. 18 No começo, ela o acompanha por caminhos contrários, 19 trazendo-lhe temor e tremor; começa a prová-lo com a sua disciplina, até que ele a tenha em seus pensamentos e nela deponha sua confiança. 20 Então voltará a ele em linha reta, o confirmará e lhe dará alegria, 21 lhe revelará os seus segredos e lhe dará o tesouro da ciência e da compreensão da justiça. 22 Se, porém, se desviar, ela o abandonará e o entregará às mãos de seu inimigo.


Evangelho: Mc 9,38-40
Naquele tempo, 38 João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39 Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40 Quem não é contra nós é a nosso favor”.
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Viver Com Sabedoria, Pois a Sabedoria É a Mestre Para o Homem


Em Eclo 1,1-10 o autor do Eclesiástico fala da origem da sabedoria: que a sabedoria foi criada antes de todas as coisas.


No texto de hoje a sabedoria é apresentada como mestra do homem. Como mestra, a sabedoria tem seu papel de doutrinar, de bendizer e de cuidar do homem.


A sabedoria aparece, então, personificada: é como uma mãe que instrui seus filhos, uma mestra que busca o bem de seus discípulos, que lhes sai ao encontro, que lhes guia dissimuladamente e lhes revela seus segredos. A sabedoria atua como mediador entre Deus e os crentes.


O autor do Eclesiásticos enumera a série de vantagens para os que amam a sabedoria e a conseguem: terão vida, gozarão do favor e da glória e da bênção de Deus, aprenderão a julgar retamente, serão acompanhados pela sabedoria diariamente, a sabedoria lhes irá instruindo e educando.


Mas o autor vai além, pois ele não somente personafica a sabedoria com uma mulher ou uma mestre. Isso sabemos através da resposta do homem.


A resposta do homem diante da sabedoria se expressa através do uso de vários verbos que E a resposta do homem se expressa através do uso de vários verbos que lemos no texto da Primeira Leitura de hoje: buscar, escutar, amar, servir, prestar culto, julgar as nações, viver seguro; quem confia na sabedoria vai herdar a sabedoria e herdarára a glória. E lemos no texto da Primeira Leitura de hoje: buscar, escutar, amar, servir, prestar culto, julgar as nações, viver seguro; quem confia na sabedoria vai herdar a sabedoria e herdarára a glória.


Especialmente, o verbo “servir” e “buscar”, muitas vezes, tem como objeto o próprio Deus (cf. Dt 4,29; 10,8; 17,12; 21,5; Is 61,6; Jr 33,21; Sf 1,6; 2,3; Os 3,5; 5,6 e assim por diante). Existencialmente, quem deve ser buscado e servido é Deus.


Consequentemente, o verbo “escutar” que se usa no texto se transforma em sinônimo de atitude de obediência, de disponibilidade absoluta do homem à ação de Deus.


Logo, no texto da Primeira Leitura de hoje, a sabedoria está se identificando com o Senhor (Deus). Dentro deste contexto, procurar a sabedoria significa procurar Deus. A sabedoria comunica a vida”. Quem pode comunicar a vida é somente Deus exclusivamente.


Ao ouvri esta descrição sobre a sabedoria, não podemos deixar de pensar que para nós cristãos, a sabedoria de Deus nos está bem próximo e continuamente presente em Jesus Cristo, o Mestre, a Palavra vivente de Deus, que nos convida a segui-Lo, que nos acompanha em nosso caminho (cf. Mt 28,20), que nos ajuda a discernirmos a a vermos as coisas e os acontecimentos a partir dos olhos de Deus.


Se o autor do Eclesiástico intentava despertar entusiasmo pela sabedoria no Antigo Testamento e queria que amassem, buscassem, seguissem e possuíssem a sabedoria, quanto mais nós que reconhecemos em Jesus a Palavra definitiva e vivente de Deus para todos os tempos que nos disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).


Como Jesus Cristo, Nós Seus Seguidores Temos Que Viver Fazendo o Bem e a Bondade
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Faça todo o bem que puder.
Por todos os meios que puder
De todas as maneiras que puder
Em todos os lugares que puder
Em todas as ocasiões que puder
Por todas as pessoas que puder
Por tanto tempo que puder
A bondade é o único investimento que nunca falha.


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Jesus continua ensinando seus discípulos. Desta vez Ele lhes ensina que não têm que ser pessoas zelosas nem cair na tentação do ponopólio de nada. Os discípulos pecam muitas vezes na impaciência e no zelo. Queriam arrancar logo o joio do campo. Desejam que caia a chuva de fogo do céu sobre o povo que não quer acolhê-los. Com muita paciência e com um coração generoso Jesus vais instruindo seus discípulos.


Mestre, vimos um homem que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos porque não nos seguia”, são palavras de João, um dos discípulos de Jesus, no texto do evangelho de hoje.


É um tema muito atual e sempre atual. Este tema nos convida a olharmos para além dos confins da comunidade cristã, da Igreja e perceberemos que há muita gente que faz o bem independentemente de pertencer ou não a uma crença, a uma Igreja ou a uma religião. Fazer o bem não é exclusividade dos que pertencem a uma religião. Quem sabe, os que não pertencem a uma Igreja ou a uma religião fazem muito mais o bem do que os que se dizem crentes. Precisamos tomar parte dos que praticam o bem, pois eles são reflexos do Bem Maior que é o próprio Deus (cf. Mt 25,40.45). Quando está em jogo o bem, o primeiro dever daqueles que têm “poder” na comunidade ou dos que simplesmente pertencem à comunidade é não impedir o bem, mas ser parceiro do bem ou dos que o praticam. Ninguém pode ficar alheio do bem ou aleijado do bem, muito menos ser inimigo do bem. Não podemos odiar quem pratica o bem nem os que não o praticam. É preciso sermos parceiros do bem, da verdade, da solidariedade, da bondade, da compaixão, da caridade e dos demais valores semelhantes. Temos que ser educados ou instruídos no bem e temos que desistir da inveja diante de quem pratica o bem.


A reação de João, que é um dos discípulos de Jesus, é uma reação de domínio, uma vontade de poder, uma preocupação de conservar um monopólio. Anteriormente, os discípulos foram enviados por Jesus a pregar e a expulsar demônios (Mc 6,7-13).  João quer guardar para si só, monopolizar para o grupo dos Doze o poder de Cristo. É uma das tentações “dos bons”: monopolizar Deus, monopolizar seus dons e seus bens, sentir ciúmes porque os outros fazem algo melhor. João quer ver a atuação do Espírito de Deus enquadrado em um grupo definido para evitar a perda de prestigio, de poder e de influência.


Jesus rejeita esta tendência de monopólio ou a de exclusivismo: Não o impeçais, pois não há ninguém que faça milagre em meu nome e logo depois possa falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós”, responde Jesus a João. Para Jesus o bem não tem fronteiras, nem religiosas nem sagradas nem denominacionais nem ideológicas.


Quem não atua como inimigo da comunidade na qual vive Jesus já é, em certo sentido, parte da comunidade. Se alguém, que não é cristão, faz o bem invocando o nome de Jesus, isto significa que Jesus já está atuando nele e que um dia o unirá também visivelmente à sua comunidade (cf. Mt 25,34-40). Jesus não é monopólio da comunidade e sim construtor da comunidade mediante o Espírito e para fazer isto tem que atuar também fora dela. Temos que descobrir a presença de Jesus também fora da Igreja através do bem que as pessoas praticam.


“Ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim”, disse Jesus. Homem nenhum tem o direito de encurtar a mão de Deus e de projetar como instrumento exclusivo dele. Não somos os únicos bons. Não somos donos do Espírito de Deus. Quem é de Deus reconhece o que é divino no outro. Todos os homens de boa vontade, os que querem salvar a humanidade, embora não pisem nossos templos ou igrejas, são de Deus porque eles fazem aquilo que tem a marca divina: a bondade e o amor. Todos aqueles que amam seu próximo e lutam por um mundo melhor e mais fraterno e pelos direitos dos homens, especialmente pelos menos favorecidos fazem parte da família de Deus embora não pertençam a nenhuma Igreja e religião. Quem é de Deus é identificado não pela sua pertença religiosa, mas pelo modo de viver, pelas suas opções diárias. Mas quem pertence a uma Igreja ou a uma religião tem obrigação maior de fazer o bem. Se não fizer o bem, estará contra a própria Igreja ou a própria religião.


Quem de nós não teve alguma vez o sectarismo de grupo ou monopólio de grupo? Muitas vezes usamos a capa da solidariedade, da defesa pelo bem comum, mas escondemos nossos próprios interesses? Quem de nós não teve alguma resistência diante de uma capacidade dos outros, só porque não gostou deles? Não exageramos algumas vezes nossa tendência de monopolizar a verdade, o poder ou a razão?


A partir do ensinamento de Jesus no evangelho de hoje, nós devemos saber aceitar a parte ou a total razão dos outros, reconhecer seus valores, admitir que os outros possam e podem atuar de acordo com o Espírito de Deus. O Espírito de Deus não é propriedade de nenhum grupo, de nenhuma estrutura. Ele sopra para onde e por quem quer. Precisamos ter discernimento para ler as marcas onde o Espírito de Deus passa. Hoje em dia convivemos como vizinhos próximos de outras religiões e crenças. O Espírito ecumênico de Jesus deve nos levar a aceitarmos e reconhecermos com gozo a presença de Deus que atua em todos os povos. Quem não é contra nós é a nosso favor”. O bem praticado nos faz mais humanos, mais irmãos, mais próximos, mais solidários e consequentemente, mais divinos, pois praticar o bem nos identifica com o Bem Maior que é o próprio Deus. “O defeito moral não se define pelo mal que se isenta, mas pelo bem que se abandona” (Santo Agostinho: De civ. Dei. 2,8). "Todo homem é culpado por todo bem que ele não fez” dizia o filósofo Voltaire.
 
P. Vitus Gustama,svd

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