11 de Janeiro
SER MÃO QUE AJUDA E QUE
SUSTENTA
Leitura:
Lc 5,12-16
12Aconteceu que Jesus estava numa cidade, e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, o homem caiu a seus pés, e pediu: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. 13Jesus estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero, fica purificado”. E imediatamente, a lepra o deixou. 14E Jesus recomendou-lhe: “Não digas nada a ninguém. Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela purificação o prescrito por Moisés como prova de tua cura”. 15Não obstante, sua fama ia crescendo, e numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. 16Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.
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Na época de Jesus todas as doenças
eram consideradas como um castigo de Deus, mas a lepra era o próprio símbolo do
pecado. E a lepra era considerada como a própria morte, pois dificilmente podia
ser curada. A cura da lepra era, por isso, considerada um milagre, como se
fosse uma ressurreição de um morto. Isto quer dizer que somente Deus podia
curá-lo dessa lepra. Acreditava-se, além disso, que a lepra era um instrumento
eficaz usado por Deus para castigar os invejosos, os arrogantes, os ladrões, os
assassinos, os responsáveis por falsos juramentos e por incestos.
Os leprosos eram considerados no AT
como impuros (cf. Lv 13,3), por isso eram excluídos de qualquer direitos
sociais e eram marginalizados do convívio da comunidade até a sua cura (eles
deviam ficar fora dos povoados), pois a lepra era considerada como uma impureza
contagiosa (cf. Lv 13,45-46). Qualquer judeu piedoso evitava o contato com um
leproso para não se tornar impuro. O leproso sofria, então, não somente
fisicamente, mas também psicológico e social e religiosamente. O leproso estava
condenado à morte. O leproso é o protótipo da marginalização religiosa e social
imposta pela Lei(Lv.13,45-46). E para a lepra não tinha nenhum remédio. Restava
esperar um milagre para sobreviver.
No meio da falta de solução e de
saída, Jesus apareceu para superar o problema. Aproximou-se de Jesus um leproso
e lhe suplicou: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”.
A oração desse leproso é breve e confiante.
Como resposta Jesus estendeu a mão e
tocou nele e disse: “Eu quero. Fica purificado”. A palavra de Deus se torna
fato, se for obedecida e praticada. A força salvadora de Deus está na ação de
Jesus. De fato, o leproso ficou curado. Podemos imaginar alegria deste homem
que era solitário, abandonado, excluído e maldito pela sociedade, e agora
feliz, pois volta a olhar para o futuro com muita esperança.
A mão estendida, o contato é um
sinal de amizade. Jesus se apresenta como amigo do sofredor, do abandonado e se
aproxima dele para dizer que o sofredor não está sozinho. Jesus compartilha os
dramas da humanidade. Por este humilde gesto Jesus reintegra o leproso curado
na sociedade dos que o excluíam.
Esta mão estendida é também um gesto
de vitoria. Esta mão estendida é o gesto de amor. É uma mão pronta para ajudar
como ajudou Pedro que estava para afogar. É uma mão que está pronta para ajudar
quem se encontra em dificuldades. Não é por acaso que de vez em quando cantamos
a música do compositor Nelson Monteiro de Mota: “Se as águas do mar
da vida quiserem te afogar. Segura na mão de Deus e vai. Se as tristezas desta
vida quiserem te sufocar. Segura na mão de Deus e vai. Segura na mão de Deus,
pois ela te sustentará. Não temas, segue adiante e não olhes para trás. Segura
na mão de Deus e vai. Se a jornada é pesada e te cansas da
caminhada. Segura na mão de Deus e vai. Orando, jejuando, confiando e
confessando. O Espírito do Senhor sempre te revestirá. Jesus Cristo prometeu
que jamais te deixará. Segura na mão de Deus e vai”.
Todos nós somos débeis de alguma
forma e necessitamos da ajuda permanente de Jesus. Nossa oração, confiada e
simples, como a do leproso, se encontra sempre com o olhar de Jesus, com sua
vontade de nos salvar. Jesus nos toca com sua mão diariamente. Mas muitas vezes
estamos bem anestesiados pelas preocupações e agitações que acabamos não
sentindo a mão de Jesus tocando nossa mão. Jesus nos alimenta com o Pão e o
Vinho da Eucaristia, tocando nossa vida. Ele nos perdoa através da mão de seus
ministros estendida sobre nossa cabeça, tocando e ungindo nossa testa e nossa
mão com o óleo santo de batismo, de crisma, dos enfermos.
Olhando para Jesus que estendeu a
mão para curar o leproso, como seguidores de Cristo nós devemos ser uma mão
pronta para ajudar e não um dedo pronto para acusar e para apontar os erros dos
outros. Jesus não tem mais suas mãos na terra para ajudar os homens, pois os
próprios cristãos são suas próprias mãos. Seja você uma mão de Jesus para ajudar
os outros!
P. Vitus Gustama,svd
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