quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

APRESENTAÇÃO DO SENHOR JESUS CRISTO

 
 

02 de Fevereiro

Texto: Lc 2,22-40

 
Naquele tempo, 22Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, 23conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2); 24e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. 25Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. 27Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, 28tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 29Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. 30Porque os meus olhos viram a vossa salvação 31que preparastes diante de todos os povos, 32como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel. 33Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. 34Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, 35a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma. 36Havia também uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada. 37Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. 38Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação. 39Após terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, à sua cidade de Nazaré. 40O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.

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A apresentação do Senhor no Templo celebra uma chegada e um encontro. É a chegada do Salvador sonhado, núcleo da vida religiosa do povo eleito e as boas vindas a ele pelos dois representantes dignos do povo eleito: Simeão e Ana.

 
Ao viver este mistério na , a Igrejanovas boas vindas a Cristo. É o momento do encontro de Cristo e sua Igreja. Isto vale para qualquer celebração litúrgica. Na celebração eucarística há o momento de encontro entre Jesus e todos nós. O verdadeiro encontro com Cristo na liturgia sempre causa a alegria e a felicidade, pois trata-se do encontro com nosso Salvador. O verdadeiro encontro com o Senhor causa mudança na nossa vida para uma maneira melhor de viver a vida de acordo com o mandamento do Senhor. O verdadeiro encontro com o Senhor produz em cada um de nós muitos frutos bons para a convivência. O verdadeiro encontro com o Senhor nos torna reflexos do Senhor para os demais. Não é por acaso que no Oriente a festa da apresentação do Senhor no Templo é chamada de a festa do Encontro.

 
A apresentação do Senhor no Templo é um mistério da salvação. O nomeapresentação” tem um conteúdo muito rico. Fala de oferecimento, fala de sacrifício. A apresentação do Senhor no Templo recorda a auto-oblação inicial de Cristo que aponta para a vida de sacrifício desta auto-oblação no Calvário para salvar o mundo.

 
Para Maria, a apresentação e oferta de seu Filho no templo não é um simples gesto ritual. Para ela essa apresentação significa que ela oferece seu Filho para a obra da redenção com a qual ele estava comprometido desde o princípio. Maria renuncia a seus direitos maternais e a toda pretensão sobre seu Filho, Jesus e o oferece à vontade de Deus-Pai. São Bernardo expressou muito bem esse pensamento ao dizer: “Santa Virgem oferece o teu Filho e apresenta ao Senhor o fruto bendito de teu ventre. Oferece para reconciliação de todos nós, a santa Vítima que é agradável a Deus”.

 
um novo simbolismo no fato de que Maria põe seu Filho nos braços de Simeão. Ao atuar desta maneira, Maria não oferece seu Filho ao Deus-Pai, mas também ao mundo, representado por aquele ancião Simeão. Desta maneira Maria representa seu papel de mãe da humanidade e nos recorda que o dom da vida vem de Deus através de Maria.

 
A festa do encontro de Jesus com a humanidade no Templo nos projeta para o futuro encontro com o Senhor. Por isso, o encontro com Jesus com a humanidade representada pelos anciãos Simeão e Ana prefigura nosso encontro final com Cristo na sua segunda vinda. Nós, peregrinos de Deus, caminhamos penosamente através deste mundo, guiados pela luz de Cristo e sustentados pela esperança de encontrar finalmente o Senhor da glória no seu Reino eterno. Toda nossa vida cristã tem esse objetivo: encontrar-nos com o Senhor na vida eterna. Por este objetivo temos sempre força suficiente para superar tudo na nossa peregrinação terrestre. Estando com Cristo e seguindo seus passos nossa vida sempre será iluminada: “Eu sou a Luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).


Jesus é sinal de contradição

          
Israel tinha murmurado contra Deus na passagem do deserto (Nm 20,1-13;Dt 32,51). Na apresentação do Senhor no templo, Simeão profetiza a nova rebelião de Israel contra Jesus, que será relatada no evangelho da vida pública e da paixão e a rejeição da missão cristã em Israel que será contada no livro de Atos. Tudo isto resulta também no sofrimento de sua mãe, Maria.

          
Lucas relata ao longo de sua obra que diante de Jesus e sua missão, uns são a favor, outros contra; uns abrem os olhos à luz, outros os fecham; uns encontram força nele e por isso, se levantam, enquanto os outros tropeçam e caem por não crer. Isto quer dizer que ninguém pode ficar indiferente diante de Jesus: ou aceitar Jesus para ser libertado ou rejeitá-lo que significa tropeço na caminhada.

         
Jesus e seu evangelho continuam sendo em todos os tempos e lugares sinal de divisão e de contradição. Perante Jesus e seu evangelho ninguém pode ficar indiferente: ou aceitar ou rejeitar, com conseqüências para cada opção feita. A salvação é oferecida a todos, mas não é dada automaticamente nem pode ser recebida passivamente. Ela tem que ser recebida conscientemente como um compromisso a ser assumido a vida toda. O Evangelho de Jesus, quando for proclamado e vivido verdadeiramente, sempre incomoda tanto para quem o prega e vive como para quem o escuta, pois ele é como uma luz que brilha na escuridão: revela o verdadeiro ser de pessoas e das coisas. Aquele que quer manter uma vida falsa e dupla ou camuflada, a presença do Evangelho funciona como se fosse um espinho que irrita a carne. Se alguém não tiver medo de ser feliz, a presença incômoda do Evangelho será um momento oportuno de libertação. Para quem vive somente em função do prazer, não tem prazer de viver. O prazer tem que ser fruto de um viver bem.

 
Nós e o ancião  Simeão

          
Na parte central do relato(vv.25-35) encontramos o ancião Simeão. Ele é apresentado como um homem justo e piedoso, isto é, um homem fiel aos mandamentos de Deus. Ele se deixa guiar pelo Espírito Santo e por isso, compreende o sentido de sua existência. Ele é o símbolo da perseverança. Apesar de ter consciência de sua iminente morte, continua esperando a salvação. Na sua velhice ele é premiado, pela sua fidelidade e perseverança, pela presença do Messias esperado. Ele é uma pessoa que sabe olhar para frente para viver melhor o presente.

          
A partir de Deus e com Deus nada é perdido no mundo. Simeão é a testemunha e prova disto. Ele nos ensina a conversarmos com Deus permanentemente e a olharmos para a frente. Ele nos ensina a olharmos para Jesus, o nosso Salvador e a irmos ao seu encontro. No encontro com Jesus, como aconteceu com Simeão, realizam-se nossas esperas e esperanças, encontramos alegria e paz, nossos olhos são iluminados para ver as pessoas e as coisas no seu justo valor, como também a nossa própria vida. Mas para que o nosso encontro com Jesus aconteça, precisamos nos deixar guiar pelo Espírito Santo.


O silêncio de Maria e o nosso silêncio

 
No relato, Maria é descrita como uma personagem que não profetiza nem fala. Em outras palavras, ela está em silêncio total. Ela acolhe na obediência as profecias sobre o futuro de seu Filho silenciosamente.

          
Maria nos ensina a fazermos o silêncio obrigatório no meio de nossa vida e trabalho para vermos melhor as coisas, os acontecimento e as pessoas na sua justa perspectiva. O silêncio chega quando as nossas energias começam a descansar e nos acolhe quando o nosso ego fica em paz e sossego. Quando não sabemos o que é descansar, não sabemos também o que é viver. O nosso ego não é o nosso centro de gravidade. O ego é o centro de todos os desejos desenfreados, dos lucros, possessões e domínios. Hoje em dia há uma dependência exagerada do trabalho. Quandodependência, não existe liberdade. Há pessoas que se entregam a tudo desde que não fiquem no vazio. A vida nunca é o que se consegue. Não é o que se tem. A vida é o que se é. Não se pode ignorar que tudo quanto se alcança, se perde. o que se é, permanece. O silêncio, por isso, é tão importante, pois ele nos leva a encontrarmos o nosso eixo. As nossas palavras serão boas, se brotarem do silêncio. E Deus nunca cessa de clamar, mas para escutarmos a sua voz é preciso criarmos o silêncio dentro de nós. E a escuta exige uma atenção total e plena. O silêncio é um vazio que faz tornar presente a plenitude. Mas a plenitude não se torna presente de repente. É preciso tempo. Na semente está a qualidade do fruto, mas naturalmente é preciso tempo. Dizia Cícero: “três coisas na vida nas quais não pode haver pressa: a natureza, um ancião e a ação dos deuses na tua história”. O silêncio é esvaziar-se para receber. No silêncio diminuem as defesas e fica-se pronto para receber o que vier. O silêncio quando se souber aproveitá-lo melhor, ele será frutificante e benéfico para quem o cria e conseqüentemente para os que o cercam.


P. Vitus Gustama,svd

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