quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

SER PESSOA DE ESPERANÇA E SER PALAVRA DE ALEGRIA

 

Sexta-feira da III Semana do Tempo Comum

01 de Fevereiro de 2013
 
Texto: Mc 4, 26-34

Naquele tempo: 26 Jesus disse à multidão: 'O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27 Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. 28 A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29 Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou'. 30 E Jesus continuou: 'Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31 O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32 Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'. 33 Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34 E lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.

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As duas parábolas de hoje tem em comum o “símbolo” da germinação, da potência da “vida nascente”, da força produtiva e trasnformadora. Jesus assim sua obra.

       
“O Reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra”. Lançar semente à terra é um gesto absolutamente natural, apaixonante e misterioso. É um gesto de esperança e de aventura. Semear é sempre um risco. A semente crescerá? Haverá boa colheita, ou não haverá nada? O semeador é aquele crê na vida, que tem confiança no porvir. O semeador é aquele que semeia a mãos cheias para que a vida se multiplique. O semeador é aquele que investe no porvir. As palavras antitéticas “dormir-despertar/acordar, noite-dia” mostram uma longa espera. O semeador ou o camponês sabe que não pode intervir porque não sabe como ocorre o processo de crescimento. A própria terra faz esse processo segundo suas próprias leis. O camponês espera o tempo de colheita. E o tempo de colheita é sempre um momento de alegria ao ver o bom resultado, pois seus esforços são recompensados.

 
Jesus está consciente de estar fazendo isto: semear.  Desde Mc 4,15.22 sabemos que ele é o Semeador da Palavra de Deus no mundo. Ele empreende uma obra que tem porvir. Mas Jesus sabe quea palavra saída da boca de Deus não volta sem ter produzido seu efeito” (Is 55,11), pois a Palavra em si tem força. Sabe também que necessita-se de tempo para que a semente cresça, isto é, para que a Palavra faça seu trabalho no coração do homem e o homem recorre o caminho traçado pela Palavra. Jesus continua sendo a Palavra para seus discípulos (cf. Jo 1,1-4.14).

 
Deixemos que a alegria e a esperança do Senhor estejam hoje em nós, cristãos, chamados a semear a Palavra e a ser palavra de esperança e de alegria. Nossa certeza está em Deus: um semeia, outro rega, mas é Deus quem faz crescer (cf. 1Cor 3,6-7). A obra de Deus sempre alcança seu objetivo.

       
O homem dorme, levanta-se, de noite e de dia, e a semente brota e cresce, sem ele o perceber.    Pois a terra por si mesma produz, primeiro a planta, depois a espiga e, por último, o grão abundante na espiga”.  Marcos é o único que nos relata esta maravilhosa, curta e otimista parábola do “grão-que-cresce-só”. Tudo reside na vitalidade da semente: aparentemente frágil, mas nela tem uma potência ou uma vitalidade. Basta a semente estar na terra, começa, então, em segredo e em silêncio uma serie de maravilhas, pouco importa que o semeador se preocupa ou não com a semente.

      
Da mesma maneira, disse Jesus, o Reino de Deus é como uma semente viva. Semeada numa alma, semeada no mundo, cresce lentamente, imperceptível, mas com um crescimento contínuo. Sem intervenção destruidora da parte do homem, a vida progride sem que ninguém possa segurar seu avanço ou seu crescimento.

       
O Reino de Deus, a Palavra de Deus, tem dentro de si uma força misteriosa que apesar dos obstáculos encontrados no seu caminho vai germinar e dar fruto. Com esta parábola Jesus quer sublinhar a força intrínseca da graça e da intervenção de Deus. O protagonista da parábola não é o lavrador nem o terreno bom ou mau e sim a semente.

      
Outra comparação é a semente da mostarda, menor de todas as sementes, mas que chega a ser um arbusto notável. Novamente, a desproporção entre os meios humanos e a força de Deus.

       
O evangelho de hoje nos ajuda a entendermos como conduz Deus nossa história. Se esquecermos seu protagonismo e a força intrínseca que tem seu Evangelho, seus sacramentos e sua Graça poderão acontecer duas coisas: se tudo for bem, pensamos que mérito seja nosso. Se tudo for mal, nos afundamos. Não teríamos que nos orgulhar nunca, como se o mundo se salvasse por nossas técnicas e esforços. Não podemos esquecer aquilo que São Paulo nos aconselhou: Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer. Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho.  Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que foi posto: Jesus Cristo” (1Cor 3,6-11). 

       
Jesus quer nos dar lição de que os meios podem ser muito pequenos, mas podem produzir frutos inesperados, não proporcionados nem a nossa organização nem a nossos métodos e instrumentos. A força da Palavra de Deus vem do próprio Deus e não de nossas técnicas. Quando em nossa vida há uma força interior, a eficácia do trabalho cresce notavelmente. Mas quando essa força interior é o amor que Deus nos tem, ou seu Espírito ou a Graça salvadora de Cristo ressuscitado, então, o Reino de Deus germina e cresce poderosamente. O que devemos fazer é colaborar com nossa liberdade. Mas o protagonista é Deus. não é que sejamos convidados a não fazer nada e sim a trabalhar com o olhar posto em Deus, sem impaciência, sem exigir frutos a curto prazo, sem absolutizar nossos méritos e sem demasiado medo ao fracasso. Há que ter paciência como a tem o lavrador esperando a colheita.


P. Vitus Gustama,svd


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