21 de Janeiro de 2013
Naquele tempo ,
18os discípulos de
João Batista e os fariseus
estavam jejuando. Então , vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos
de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus
discípulos não
jejuam?” 19Jesus respondeu: “Os convidados
de um casamento
poderiam, por acaso ,
fazer jejum , enquanto o noivo está com eles ? Enquanto o noivo está com eles , os convidados não
podem jejuar . 20Mas vai chegar
o tempo em
que o noivo
será tirado do meio deles; aí , então , eles vão jejuar . 21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha ; porque o remendo
novo repuxa o pano
velho e o rasgão fica maior ainda . 22Ninguém põe vinho novo em odres velhos ; porque
o vinho novo
arrebenta os odres velhos
e o vinho e os odres
se perdem. Por isso ,
vinho novo em odres novos ”.
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Jesus sempre
se apresenta como um
independente diante
das regras e das observâncias
legais conforme
as tradições . A independência
de Jesus choca os que
estão apegados ao pé da letra todas as leis
e as tradições ; choca
com os que
deixam de pensar e de analisar
o espírito dos costumes
e das leis Jesus entra no espírito da lei ,
naquilo que possa edificar
o ser humano .
Por isso ,
em outra
ocasião ele
diz: “O sábado existe para
o homem e não
o contrário ”. No evangelho
de hoje ele
faz uma declaração que
tem o mesmo conteúdo :
“Ninguém põe o vinho
novo em odres velhos ”.
O tema
da discussão entre
Jesus e os fariseu no evangelho de hoje
é o do jejum . A Lei
estabelecia somente um
jejum , no dia
da Expiação , e não
se fazia para expiar os pecados e sim para preparar-se ao encontro
com Deus ,
o único que
pode perdoar o pecado
(Lv 12,24; 23,27; Nm 29,7). Moisés jejuava durante
40 dias e 40 noites
para conseguir que Deus
perdoasse o pecado de seu povo (Dt
8,18). Depois surgiram muitos outros motivos para jejuar
(cf. 1Samuel 31,17; Zacarias 8,18; 2Rs 25,1-4; Ester 4,16; Judite 8,6 etc.). Os judeus
jejuavam duas vezes por
semana , nas segundas-feiras e nas
quintas-feiras dando a essa prática um tom de espera do Messias . Também o Jejum
de João Batista e seus
discípulos apontava para
a preparação da vinda
do Messias . Agora
ele já
chegou na pessoa de Jesus Cristo ,
e por isso
não tem sentido
dar tanta importância ao jejum .
De modo
geral , a prática
do jejum está, então ,
ligada , no AT, à espera
da vinda do Messias .
A prática do jejum
aceleraria a chegada do Messias .
Os fariseus e os discípulos
de João Batista praticam o jejum . Por isso , questionam o comportamento
dos discípulos de Jesus que não o praticam.
A resposta de Jesus aqui
é bem clara :
se seus discípulos
não praticam o jejum
é porque não
tem nada que
esperar porque
o Messias já
chegou e está com eles .
O tempo chegou, o Reino
de Deus está próximo
(Mc 1,15), o banquete messiânico
começou. E os sinais são estes : os leprosos ficam purificados (Mc 1,40-45), os paralíticos andam (Mc 2,1-12), a Boa Nova se anuncia (Mt 11,5). Jesus é Aquele que deve
vir . Os discípulos de Jesus estão vivendo esta intimidade . Esta intimidade
será rompida no momento da paixão e da morte de seu Mestre . No dia em que Jesus deixar de estar , a comunidade
cristã, através do jejum ,
fará a memória da morte
de Cristo , anunciará ao mundo que Jesus
morreu por causa
dos pecados dos homens
e por nossos
pecados .
Estamos em
outro contexto .
Por isso ,
o jejum ganha
seu novo significado .. Quando
soubermos dar ou
preparar o espaço
para Deus na nossa vida , este espaço não será ocupado
por outra
coisa . Ao darmos esse
espaço para Deus o resto ganha seu justo valor e sua justa perspectiva . Por
isso , ao praticarmos o jejum estamos manifestando nossa
vontade de não
deixar nenhuma coisa material dominar nossa vida ou mandar na nossa vida .
Podemos possuir as coisas ,
mas as coisas
jamais podem nos
possuir para não perdermos nossa
liberdade . Mesmo
não querendo, um
dia largaremos tudo .
É preciso que
aprendamos a ser livres
todos os dias ,
desde já .
Mas não
basta saber controlar nossas apetências ;
é preciso sabermos partilhar
o que temos para
quem não
tem nada para
viver . A partilha é a alma
do projeto de Jesus Cristo .
Ele multiplica os pães
para que
aprendamos a partilhar e a ser
solidários com
os necessitados. É preciso fazermos o jejum , pois estamos no tempo da ausência
visível , na espera
da manifestação final
do Esposo , Jesus Cristo .
“Ninguém põe vinho novo em odres velhos ; porque
o vinho novo
arrebenta os odres velhos
e o vinho e os odres
se perdem. Por isso ,
vinho novo em odres novos ”, disse Jesus. O vinho novo é o Evangelho de
Jesus Cristo . O vinho
novo é símbolo
do amor (Ct 1,2; 7,10; 8,2). Os odres velhos são instituições
e costumes que
não têm razão
de existir por
não serem capazes
de construir uma humanidade
fraterna . Os odres
novos são
a mentalidade nova ,
o coração novo .
Os valores de convivência
que o Evangelho
propõe nunca poderiam compatibilizar-se com a injustiça .
Jesus exige que abandonemos a imagem de Deus ,
justificadora dos egoísmos , e nos convida para sua purificação
para adotar a misericórdia divina
que exige uma ampla
abertura de aceitação
na relação com
nossos próximos .
Somente a partir daí é que podemos entender corretamente nossa
relação o Senhor
de todos . O jejum
tem, então , sentido
a partir da solidariedade
com Jesus e com
os crucificados deste mundo . Devemos reflexos da misericórdia
divina .
P. Vitus Gustama,svd
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