18 de Fevereiro de 2013
Naquele tempo ,
disse Jesus aos seus discípulos : 31“Quando o Filho do Homem
vier em sua
glória , acompanhado
de todos os anjos ,
então se assentará em
seu trono
glorioso . 32Todos os povos
da terra serão
reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros ,
assim como
o pastor separa as ovelhas
dos cabritos . 33E colocará as
ovelhas à sua
direita e os cabritos
à sua esquerda .
34Então o Rei dirá aos que
estiverem à sua direita :
‘Vinde benditos de meu
Pai ! Recebei como
herança o Reino
que meu
Pai vos
preparou desde a criação
do mundo ! 35Pois
eu estava com
fome e me
destes de comer ; eu
estava com sede
e me destes de beber ;
eu era
estrangeiro e me
recebestes em casa ;
36eu estava nu e me
vestistes; eu estava doente
e cuidastes de mim ; eu
estava na prisão e fostes me
visitar ’. 37Então
os justos lhe
perguntarão: ‘Senhor , quando
foi que te
vimos com fome
e te demos
de comer ? Com
sede e te
demos de beber ?
38Quando foi que te vimos como estrangeiro
e te recebemos em
casa , e sem
roupa e te
vestimos? 39Quando foi que te vimos doente ou preso , e fomos te visitar ?’ 40Então
o Rei lhes
responderá: ‘Em verdade
eu vos
digo, que todas as vezes
que fizestes isso
a um dos menores
de meus irmãos ,
foi a mim que
o fizestes!’ 41Depois o Rei dirá aos que
estiverem à sua esquerda :
‘Afastai-vos de mim , malditos ! Ide para o fogo eterno , preparado para o diabo e para os seus anjos . 42Pois eu estava com fome e não me destes
de comer ; eu
estava com sede
e não me
destes de beber ; 43eu
era estrangeiro
e não me
recebestes em casa ;
eu estava nu
e não me
vestistes; eu estava doente
e na prisão e não
fostes me visitar ’.
44E responderão também eles : ‘Senhor , quando foi que te vimos com fome , ou com sede , como estrangeiro ,
ou nu ,
doente ou preso , e não te servimos?’ 45Então
o Rei lhes
responderá: ‘Em verdade
eu vos
digo, todas as vezes que não
fizestes isso a um
desses pequeninos , foi a mim que não o fizestes!’ 46Portanto ,
estes irão para
o castigo eterno ,
enquanto os justos
irão para a vida
eterna ”.
***************
O texto
do evangelho deste dia
é uma das páginas mais
incômodas de todo o evangelho .
Uma das páginas do Evangelho que sempre temos mais medo é a da parábola do
“Juízo final”. Trata-se do momento supremo do homem, do momento em que deverá
prestar contas ao seu Criador, porque todos Lhe pertencem e que Ele esteve
presente na história de todos. Por isso, fala-se de condenação e de salvação,
de bênção e maldição, de chamada e de repulsa: de eternidade. Qualquer
homem pode não
encontrar Deus
durante a vida ,
mas não
tem como escapar
do seu próximo
com quem
Jesus se identifica. O verdadeiro próximo é aquele em cujo caminho eu me coloco e não apenas aquele que eu
encontro no meu caminho.
No julgamento final, Jesus nos
revela um Deus que não se pode medir com os nossos cálculos matemáticos, legais
ou rituais, um Deus que, apesar de ser o mais próximo de nós, também é o mais
afastado porque Ele é o “diferente”, o “diverso”, o “outro”.
O critério usado no julgamento
final é o AMOR ao próximo, de modo especial o bem feito aos pobres e
marginalizados, pois o cerne da religião bíblica é a prática ou a vivência do
amor. Todo o mais, por mais belo e importante que ele seja, como o conhecimento
e a fé em Deus parecem ter valores apenas “parciais”. Mesmo o testemunho do
sangue não significa nada em comparação com o amor ao próximo (cf. 1 Cor
13,1-13). Mas não se trata do bem, feito para atrair sobre si a bênção de Deus,
ou com a esperança duma recompensa, servindo-se do próximo como instrumento da
benevolência divina, mas trata-se do bem, feito ao homem pelo homem: o amor
pelo amor. O ateu pode percorrer as ruas do mundo sem encontrar Deus, mas não pode
deixar de cruzar-se com o seu próximo e com o próximo mais pobre, menos livre,
mais oprimido, mais só. Jesus se identifica com eles.
No evangelho
de hoje Jesus nos
recorda que no último
dia seremos julgados sobre o amor : “Todas
as vezes que
não fizestes isso
(caridade ) a um
desses pequeninos , foi a mim que não o fizestes!”, diz o Senhor
(Mt 25,45). Entre o homem
e Deus há um
certo laço .
Deus não
se desinteressa da conduta do homem .
As palavras
do Senhor neste dia
devem servir de exame
de consciência sobre
o estilo e a qualidade
de nossas relações com
todas as pessoas que
tratamos: falta de caridade ,
mentira , agressão ,
falsidade , exploração ,
apatia , insensibilidade
humana e assim
por diante .
Devemos nos deter
em cada
uma destas palavras e nas outras semelhantes . E cada
um deve se perguntar :
“Qual é o meu
estilo ou
meu modo
de tratar os outros ?”.
Deus se faz juiz
da qualidade de nossas relações com os
outros , e não
os comentários humanos .
Na Eucaristia ,
com os olhos
da fé , não
nos custa
muito descobrir
Cristo presente
no sacramento do pão
e do vinho . Mas
nos custa
muito descobrirmos Cristo
fora da Eucaristia ,
no sacramento do irmão .
Mas precisamente
a partir deste ângulo
é que será feita
a pergunta final ,
se descobrimos Cristo no irmão ou não . O Cristo que escutamos e que
recebemos na Eucaristia é o mesmo a quem
devemos servir nas pessoas
com as quais
nos encontramos durante
o dia .
Muitas vezes ,
e, sobretudo , em
situações de crise
perguntamos: “Onde está Deus ?”. Hoje , através do texto
de Mateus temos uma resposta clara :
nos que
sofrem, nos pobres ,
nos enfermos ,
ainda que
não queiramos ver
porque é incômodo ,
desagradável. Mas
comprometer-se, conviver , procurar qualidade
de vida , calor ,
não é isso
ser santo ?
Se decidirmos
A quaresma é o tempo oportuno para
praticar a solidariedade pela solidariedade. Dividir o que se tem com quem não
tema nada para viver é uma das maneiras de viver a quaresma. Não basta fazer
jejum. É preciso saber partilhar com o necessitado com quem Jesus se
identifica. O modo de amar, de
abraçar, de aceitar o meu irmão mais pequeno e mais oprimido é uma participação
evidente da intimidade mesma de Deus- Amor, um valor absoluto em si próprio.
Tudo o que é amor já é de Deus. Um critério que servirá, então, para crentes e
ateus será a lei do amor aos irmãos, escrito no interior de cada ser humano,
impulso para o bem, a chamada à fraternidade. Porque alguém pode ter fé em Deus
sem amar ao próximo e alguém pode se considerar ateu, mas sabe amar ao próximo
P. Vitus Gustama,svd
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