PERFEIÇÃO CRISTÃ
ESTÁ NA PRÁTICA DA MISERICÓRDIA
Segunda-feira da II Semana da Quaresma
25 de Fevereiro de 2013
Naquele tempo ,
disse Jesus aos seus discípulos : 36 "Sede misericordiosos, como
também vosso
Pai é misericordioso. 37 Não
julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não
sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; 38 dai, e dar-se-vos-á.
Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia ,
recalcada e transbordante , porque ,
com a mesma
medida com
que medirdes, sereis medidos vós também ".
**************
“Sede
misericordiosos como também o vosso Pai é misericordioso”
O evangelho
lido e proclamado neste dia fala da moral
cristã que se caracteriza pelo
fato de que
é, habitualmente , uma imitação de Deus ,
e por isso ,
não é uma simples
moral humana .
Na sua primeira
Carta são
João diz: “Deus é amor ”
(1Jo 4,8.16), e são Lucas diz no evangelho deste dia :
“Deus é misericórdia ”. Ser cristão é imitar o Deus de amor e
de misericórdia . Conseqüentemente ,
na vivência do amor
e da misericórdia não
haverá lugar para
o julgar e o condenar o
próximo .
O cristão
deve ser reconhecível e reconhecido pelo amor (e pela misericórdia). Jesus
concebe este amor não como um sentimento e sim como uma atuação. Não é um
simples sentimento humanitário. Este amor do qual fala Jesus tem uma raiz
existencial: a realidade do Pai: "Sede misericordiosos, como também
vosso Pai é misericordioso”. É o Pai quem dá sentido ao amor vivido na
fraternidade. Pelo amor Deus reconhece o homem como filho Seu e o homem se
reconhece como filho de Deus.
Segundo Jesus, ser misericordioso
deve ser uma regra para todos os discípulos. Se no Antigo Testamento o ideal da
perfeição era ser santo (cf. Lv 19,2; veja também 11,44), o Jesus de Lucas
coloca a misericórdia como o ideal da perfeição para um cristão. O ideal da
perfeição cristã consiste em estar em conformidade ou em sintonia com a
misericórdia de Deus. A imitação e a vivência da misericórdia excluem o cristão
de qualquer tipo de julgamento para assumir a atitude de perdão, pois o próprio
Deus não usa de justiça contra nós pecadores e sim Ele usa de misericórdia. Sem
a misericórdia de Deus ninguém sobreviveria sobre a face da terra. “O amor apaixonado de Deus pelo seu
povo — pelo homem — é ao mesmo tempo um amor que perdoa. E é tão grande, que
chega a virar Deus contra Si próprio, o seu amor contra a sua justiça. Nisto, o
cristão vê já esboçar-se veladamente o mistério da Cruz: Deus ama tanto o homem
que, tendo-Se feito Ele próprio homem, segue-o até à morte e, deste modo,
reconcilia justiça e amor” (Bento XVI: Carta Encíclica: Deus Caritas Est,
10).
O melhor
caminho para humanizar cada vez mais um ser humano
é o do amor e da misericórdia .
Um cristão
cheio de amor
e de misericórdia é muito
humano e educado. Ele
é tão humano
que se transforma em
uma manifestação daquilo que é divino . Naquele que ama tem algo divino , pois
“Deus é amor ”.
Jesus Cristo foi tão
humano e por
isso , foi tão
divino . Para sermos divinos temos que
ser muito humanos . É o paradoxo
de ser cristão .
Alem de reconhecer
nossa debilidade, temos que aceitar outro passo que Jesus nos
propõe hoje : ser
misericordioso e perdoar os demais
como o próprio
Deus é misericordioso e perdoa nossos pecados .
Perdoar significa crer na
capacidade que
nós seres
humanos temos para
começar de novo . O perdão não é
uma simples trégua
para fazer tolerável a vida sem uma nova criação que nos
aproxima do plano de Deus . Nosso grande desafio é chegarmos
a entender que
precisamos viver toda
a existência cristã na dinâmica do perdão
que é a dinâmica
do começo e do recomeço
permanente .
·
“O julgamento será sem misericórdia
para aquele que não pratica
a misericórdia . A misericórdia ,
porém desdenha o julgamento ” (Tg 2,13).
· “A Igreja
vive vida autêntica quando professa e proclama a misericórdia, o mais admirável
atributo do Criador e do Redentor, e quando aproxima os homens das fontes da
misericórdia do Salvador, das quais ela é depositária e dispensadora. Neste
contexto, assumem grande significado a meditação constante da Palavra de Deus
e, sobretudo, a participação consciente e refletida na Eucaristia e no
sacramento da Penitência ou Reconciliação” (João Paulo II: Carta Encíclica: Dives
In Misericórdia, 13c).
P. Vitus Gustama,svd
Nenhum comentário:
Postar um comentário