06 de Fevereiro de
2013
Jesus voltou com
os seus discípulos
para a cidade
de Nazaré, onde ele
tinha morado. No sábado
começou a ensinar na sinagoga .
Muitos que
o estavam escutando ficaram admirados e perguntaram: - De onde é que
este homem
consegue tudo isso ?
De onde vem a sabedoria
dele? Como é que
faz esses milagres ?
Por acaso
ele não
é o carpinteiro , filho
de Maria? Não é irmão
de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não
moram aqui ? Por isso
ficaram desiludidos com ele . Mas Jesus
disse: - Um profeta
é respeitado em toda
parte , menos
na sua terra ,
entre os seus
parentes e na sua
própria casa .
Ele não
pôde fazer milagres
em Nazaré, a não
ser curar alguns doentes ,
pondo as mãos sobre
eles . E ficou admirado com a falta de fé que havia ali .
**********
Jesus está de volta
para sua terra , Nazaré. Mais ou menos durante trinta anos
vivendo em Nazaré, convivendo com as pessoas comuns de Nazaré, vivendo com
elas e Ele
era tão
comum como
seus conterrâneos .
Mais ou
menos trinta anos
mantendo-se tão semelhante
àquele povo
que não
se notava diferença alguma entre Ele e
Tiago, José, Judas ou
Simão. Mais ou
menos durante
trinta anos morando num lugar desconhecido
e desprezado. Até um
dos futuros discípulos
de Jesus, Natanael, lançará esta pergunta : “De
Nazaré pode sair algo
de bom ?” (Jo 1,46). Jesus está de volta para Nazaré depois que
instituiu os Doze (Mc 3,13-19). Ele volta para suas raízes antes
de continuar sua
missão itinerante .
Agora é a hora
de se manifestar e de receber
o juízo de seu
povo sobre
ele . O que
pensa o povo
de Nazaré sobre Jesus? Quem é Jesus para seus conterrâneos ?
Será que Deus
tem um aspecto
tão humano ?
Será que é possível
Deus estar tão próximo dos homens comuns como os de Nazaré? Será que
Deus não
pode estar tão
perto dos homens
no seu dia
a dia como
em Nazaré? Ou
onde está Deus ?
Onde Deus
habita?
É preciso
abrir os olhos
e deixar o coração
aberto para poder experimentar Deus e sentir Sua presença no cotidiano , no aspecto cotidiano da vida . Deus está aqui
e agora . Sinta e experimente Sua presença ! Aprenda a saborear o momento , mesmo que ele não dure para sempre . Há momentos de nossas vidas
que podem ser
eternos mesmo
que não
sejam permanentes , por
causa da presença da própria eternidade
que é Deus .
Deus sempre
nos surpreende, porque
na sua atuação
ele não
tem esquemas prévios ,
métodos preestabelecidos, lógica precisa ou raciocínio bem lógico . Pode desistir de uma lógica ,
mas não
desista da vida cuja
origem está em
Deus ! Deus
está sempre acima
de nosso raciocínio ,
“Pois meus pensamentos não
são os vossos ,
e vosso modo
de agir não é
meu ” diz o Senhor
(Is 55,8). Por isso ,
onde menos
O esperamos, onde O menos
imaginamos, Ele aparece, comunicando-se conosco e convivendo conosco
(Jo 1,14). “No meio de vós está quem vós não
conheceis”, alerta-nos o evangelista
João (Jo 1,26). Deus habita e está no homem e não nas
paredes de um
templo ou
de uma igreja (cf. Mt 25,40.45). Os animais não
questionam o sentido da vida , mas as pessoas sim porque em cada um de nós há uma dimensão
divina e somos imagem
de Deus (Gn 1,26) que
nos faz perguntar
sobre o porquê
de nossa vida
e de nossa presença
sobre a face
da terra . Somente a partir de suas
interrogações é que o ser
humano pode encontrar
o sentido de sua
vida . Mas
Deus quer
encontrar seu
povo onde
este vive e atua, pois
Ele o ama
e quer sua
salvação.
A encarnação
de Deus em
um carpinteiro
de Nazaré nos descobre que Deus não é um exibicionista que
se oferece em espetáculo .
Deus não
é o Ser todo-poderoso
que se impõe, mas
propõe e convida. Podemos descobrir Deus nas experiências
mais normais
de nossa vida
cotidiana : em
nossas tristezas inexplicáveis ,
na felicidade insaciável ,
na solidão em
busca da comunhão ,
em nosso
amor frágil ,
mas apaixonante, na saudade
de uma presença de quem
se foi, mas que
está presente fortemente
na sua ausência ,
e nos sonhos
de uma vida de paz
e serenidade , na reconciliação por amor , nas perguntas mais
profundas sobre a vida
e seu sentido ,
em nosso
pecado mais
discreto , nas nossas decisões mais responsáveis , na nossa
busca sincera
do bem e da verdade , no nosso “bom dia , boa tarde ,
boa noite ” endereçado para
as pessoas para
o seu bem , no
nosso “obrigado ”
pelo bem que o outro fez
por nós ,
no nosso agradecimento pelo
novo dia que nos é dado por puro amor de Deus . Por isso , a raiz da
incredulidade é precisamente
esta incapacidade de acolher
a manifestação de Deus
no cotidiano .
O que
necessitamos são uns olhos mais limpos , simples
e menos preocupados em
ter coisas .
As coisas são
meios e jamais
são fim
de nossa vida .
Um ônibus é um meio que me leva até o centro da cidade ,
mas o ônibus não é o centro
da cidade . O que
necessitamos é uma atenção mais profunda e
desperta para o mistério
da vida que
não consiste somente
em ter “espírito observador ” e sim em saber contemplar e acolher
com simpatia
as inumeráveis mensagens
e chamadas que
a mesma vida
irradia permanentemente . Deus não está longe dos que O
buscam. Deus está no centro de nossa
vida . Deus
nos visita
(Lc 1,68; 7,16) como visitou seu povo em Nazaré que jamais ele
abandonou. É preciso abrir
a porta de nosso
lar e de nosso
coração para
a visita do Senhor
como a própria
sinagoga em
Nazaré aberta para
o Senhor entrar nela e falar das coisas essenciais da vida
para seu povo reunido nela.
O evangelista
Marcos acrescenta um
provérbio citado por
Jesus para explicar a incompreensão e a falta
de fé de seus
conterrâneos : “Um
profeta é respeitado em toda parte , menos na
sua terra , entre os seus parentes e na sua
própria casa ”.
A fé não
se adquire por ativismo
ou por
herança . A fé
precede aos milagres , nunca ao contrário .
Por isso ,
é inútil montar
uma apologética para “provar ”
a divindade de Jesus partindo da existência de uns fatos
superiores às forças
da natureza .
P. Vitus Gustama,svd
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